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e 6 Estado de Degradação do Bloco de Apartamentos TAIWAN

No documento Trabalho de Projecto Cali 16 Abril 2012 VF (páginas 95-100)

Fonte: Fotos do Arq.º Estanislau da Silva Ferreira.

Sempre com o recurso às ajudas internacionais, o executivo beneficiou de algum financiamento “no quadro de alguns projetos-piloto a saber: Projecto de Melhoramento de Bairros de Bissau (PMBB), outros no quadro da definição de novos projetos, Programa de Acção Social e Infraestrutural (PASI) e ainda outro no contexto da definição da política habitacional, Projecto de Reabilitação de Infraestruturas (PRI) ” (FERREIRA, 2010). Tendo como principal objetivo a resolução da problemática de realojamento e intervir na redução da brutal degradação ambiental com as construções precárias e clandestinas, de entre os três projetos-piloto apresentados, o segundo, projeto (PASI) foi o mais emblemático pela robustez espacial e pelos agentes financeiros internacionais envolvidos.

Com o início ainda na Cidade de Bissau, a construção de raiz, de um Bairro Social Antula Bono, num terreno com cerca de 50 hectares cedidos pelo Estado no Bairro de Antula a norte e a uns escassos quatro quilómetros do Centro de Bissau, conta com o aval dos sistemas das Nações Unidas nomeadamente o PNUD/FENU o cofinanciamento do Projecto de Melhoramento de Condições de Habitat, para a Cidade de Bissau e no interior do País. O projeto trouxe uma nova esperança á população, em particular a do estrato mais carenciado, todavia, tudo ficou parado até hoje, desde o eclodir do conflito armado de 17 de Junho de 1998. Segundo a

mesma fonte o projeto é constituído por duas componentes, sendo a primeira previa a

viabilização para produzir 717 parcelas de terrenos para a construção de moradias económicas e a segunda para a construção de alojamentos, ver a figura-20.

Fig. 20- Planta de Loteamento de Antula Bono, do Projecto PASI (1997)

Fonte: Arq.º Estanislau da Silva Ferreira.

Foi introduzido pela primeira vez na história de urbanização na Guiné-Bissau, um parcelamento de quatro tipos de lotes dimensionados da seguinte forma: 150m2 (10x15), 250m2 (10x25), 300m2 (15x20) e 500m2 (20x25), para que haja justiça na atribuição de lotes. Desta forma, poder-se-á beneficiar todas as classes com diferentes possibilidades financeiras. Foram ainda programadas áreas para parques e zonas verdes, equipamentos coletivos para Serviços Sociais, Desporto, Educação, Saúde e para o maior Mercado a construir na Cidade de Bissau. Estas intervenções de contenção acontecem no país, por falta de autarquias e normas para o Ordenamento do Território pelos princípios “Democrático, Integrado, Funcional e Prospetivo” (Conselho da Europa, 1988, p. 10) citado in (http://www.igeo.pt/conceito_ot.org.pdf, consultado em 19-2-2012).

A questão ambiental e financeira são outras necessidades que engrossam a lista das necessidades e preocupações das entidades de tutela, sobretudo nas sedes regionais mas também nos centros urbanos com a concentração de serviços e pessoas. Nesses centros surgem depósitos de lixo a céu aberto por todo lado e adensa a rede de latrinas por falta de saneamento de base. Nas áreas rurais, a prática das queimadas nos terrenos agrícolas, contribuem para um acentuado desequilíbrio ambiental. Além de Bissau, muitos outros centros atualmente emergentes são grande exemplo desse fenómeno ambiental, como veremos no próximo ponto.

4.3 - A intervenção na Cidade de Bissau, principal Pólo do sistema urbano guineense;

O importante papel que a Cidade de Bissau desempenha como principal polo do sistema urbano guineense, ajudou em termos de Ordenamento do Território e Urbanismo por parte de sucessivos governos que por ali passaram, desde a “Revisão Constitucional em Maio de 1951” (RAMOS, 2005, 148).

Segundo (MENDY, 2006), o crescimento demográfico da Cidade de Bissau em desproporção com as infraestruturas e equipamentos para a satisfação das necessidades dos residentes, provocou o alargamento do parque habitacional através de um plano urbanístico da cidade, aprovado em Junho de 1948.

Devido ao intenso êxodo rural, dos anos 60 por causa da luta armada no interior, foi elaborado um novo instrumento de gestão, o Plano Geral Urbanístico de Bissau em 1970. 20 Anos mais tarde, ou seja, em 1990, o Município de Bissau em colaboração com o Ministério das Obras Públicas elaborou o primeiro Plano Diretor Municipal para a Cidade de Bissau depois da independência, designado por Plano Geral de Urbanismo. Visa melhorar a gestão do sistema urbano da Capital, para além dos chamados Planos de Ocupação do Solo (POS) a nível nacional, elaborados pelo Ministério das Obras Públicas, juntamente com o da Administração do Território, em 1995.

Esta preocupação com a intervenção urbanística em Bissau, abrandou entre 1974 e 1992, porque a Câmara Municipal de Bissau, foi paulatinamente perdendo espaço em matéria da tomada de decisões, face aos inúmeros problemas que afetam diretamente os seus munícipes. As competências técnicas foram transferidas para o Ministério das Obras Públicas e as competências políticas passaram para o Ministério do Interior, ficando apenas com as responsabilidades administrativas. Como resultado, assistiu-se a deterioração da Baixa de Bissau colonial, por falta da manutenção de imóveis públicos e ruas despavimentadas, uma vez que o MOP, entidade responsável pela área a nível nacional, não consegue responder á tudo.

Apenas em 1992 com o multipartidarismo, tudo volta a normalidade, com a Câmara Municipal de Bissau recuperou algumas das suas competências. Considerando que o crescimento da população em Bissau continuará conforme o quadro-10, a intervenção a levar a cabo deverá ser mais ambiciosa, ir para além da implementação da

rede pública de saneamento de base, capacitação e alargamento da rede elétrica e da distribuição da água potável e passar pela eliminação das fronteiras administrativas com a Região de Biombo. Em meu entender, isso poderá ser uma solução que permitirá a legisladores e responsáveis pelo processo de Planeamento e Ordenamento do Território, a adoção de mecanismos de gestão racional do uso e transformação do uso do solo. Porque só assim é que o sistema urbano do Sector Autónomo de Bissau (SAB) poderá equilibrar-se.

Quadro 10- Crescimento Populacional no SAB, na Década de 2000

REGIÃO 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2009 PAÍS 1.210.911 1.238.314 1.266.612 1.295.841 1.326.039 1.357.240 1.389.497 1.520.830

SAB 309.291 323.827 339.047 354.983 371.667 389.135 407.424 387.909

SAB (%) 25.54 26,15 26,76 27,39 28,02 28,67 29,32 25,5 Fonte: Autoria Própria com dados do INEC (25-02-2012)

Analisando bem os dados do quadro-10, conclui-se que houve um aumento da população na Cidade de Bissau durante a década de 2000, apesar de ter sido o epicentro de várias convulsões político-militar. No período entre 2001 e 2007, registou-se um aumento médio anual de 16.355 habitantes. Os valores relativos ao ano 2009, resultaram do Recenseamento Geral da População e Habitação desse mesmo ano. São valores que transparecem um paradoxo, atendendo ao aumento da população que tem vindo a registar-se, mas a verdade é que notou-se uma pequena retração da população em termos absolutos, sendo muito acentuada em termos percentuais, ficando nos 25,50%, um pouco abaixo dos valores registados no ano 2001.

Trata-se de uma situação atípica em meu entender, e que só pode ter uma justificação política, porque o que acontece na realidade, a população continua a crescer nos bairros com construção precária na periferia de Bissau, como se pode ver na figura-21. É bom lembrar que esse crescimento populacional trouxe por arrastamento problemas graves para o ambiente, saúde pública e o bem-estar das pessoas. Ainda a elevada taxa da mendiguidade e da delinquência juvenil motivada pela proliferação de drogas e estupefacientes de que se fala em Bissau advém desta situação.

Fig. 21 – Densidade das Habitações Precárias nos Bairros de Bissau (2003)

Fonte: MENDY, 2006, 145.

Olhando para esta figura 18, nota-se que, com apenas a exceção do antigo centro de Bissau e do Bairro de Santa Luzia, poucos são os Bairros habitações precárias entre 50,1 á 60%. Por outro lado, sem contar com a Ilha do Rei, que é predominantemente industrial, os Bairros que mais alargaram na década de 80 de século passado, são os que apresentam maior percentagem das habitações precárias, onde não existem centros de serviços e é onde há pouca sustentabilidade.

Na outra abordagem de MENDY (2006, 146) 3/4 dos Bairros em Bissau tem mais de 80% das suas habitações em construção precária, concluindo que na generalidade, a Cidade de Bissau conta com 87,4% do edificado precário.

Já existem alguns sinais positivos no quadro da infraestruturação e melhoria das condições de vida das pessoas nos últimos tempos a começar por Bissau, com a conclusão da reabilitação de duas importantes vias dotadas de equipamentos modernos para a segurança dos transeuntes, ver as imagens da foto 7 em baixo.

No documento Trabalho de Projecto Cali 16 Abril 2012 VF (páginas 95-100)