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(IES) Total de alunos

4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

4.1. Estatísticas descritivas

Nessa seção, são apresentados dados extraídos de dois instrumentos de coleta de dados, a saber, o Inventário de Âncoras de Carreira e o Inventário de Valores Motivacionais. O intuito é fornecer um panorama do perfil dos entrevistados.

O grupo é composto de 30 jovens, com idade variando entre 20 e 31 anos, e idade média de 23 anos, sendo a maioria formada por mulheres (70%). Dentre as modalidades de bolsa e financiamento utilizados, destaca-se o ProUni, com mais da metade dos entrevistados. A tabela a seguir apresenta esses dados, sendo que a quantidade total excede o número de participantes porque dois deles possuem mais de uma bolsa (bolsa mérito + ProUni; bolsa mérito + ajuda de custo oferecida pela empresa). A bolsa mérito é uma modalidade de bolsa oferecida por uma das IES contempladas na pesquisa (UE-2) que procura premiar os alunos bem classificados no vestibular. Neste caso, nem todos os entrevistados dessa IES são jovens que precisam da bolsa.

Tabela 4 – Mapa de bolsas e financiamentos BOLSAS / FINANCIAMENTOS Tipo Quantidade ProUni 50% 9 ProUni 100% 8 Mérito 50% 4 Escola da Família 100% 3 FIES 100% 2

Educa Mais Brasil 50% 2 Bolsa funcionário 100% 1 Ajuda de custo empresa 1

FIES 70% 1

Bolsa funcionário 50% 1

TOTAL 32

Fonte: Elaborado pela autora

O mapeamento das Âncoras de Carreira apresenta as âncoras Estilo de Vida e Puro Desafio empatadas como as mais frequentes, seguidas da âncora Senso de Dever/Serviço e Dedicação a uma causa. A presença da âncora Estilo de Vida entre as mais frequentes, em um grupo nessa faixa etária, confirma uma tendência já apresentada em outras pesquisas que utilizaram a mesma ferramenta (TIEPPO et al., 2011; GOMES et al., 2012; GOMES et al., 2013; VELOSO et al., 2014; SILVA et al., 2014; TREVISAN et al., 2015).

Tabela 5 – Âncoras de Carreira dos entrevistados 1ª Âncora EV 5 PD 5 SD 4 GG 3 CE 3 TF 2 SE 2 AI 1 SD / EV 1 PD / GG 1 CE / PD 1 SE / EV 1 SE / SD 1 Total 30

Gráfico 4 – Âncoras de Carreira dos entrevistados

Fonte: Elaborado pela autora

Os empates entre âncoras para cinco dos entrevistados também sugerem certo nível de indefinição. Como nessa faixa etária o nível de exposição a variadas experiências de trabalho ainda é restrito – pois os jovens estão em início de carreira – não é de se estranhar que, para alguns, o autoconhecimento esteja em processo de amadurecimento, impactado pelas histórias de vida, meio e valores, para além das experiências profissionais. Os estudos que utilizam mapeamento de âncoras de carreira, invariavelmente, apresentam certo índice de empates (TIEPPO et al., 2011; GOMES et al., 2012; GOMES et al., 2013)

Em relação aos valores pessoais, a pesquisa de Silva et al. (2014) mostra-se especialmente útil às considerações dessa seção, tendo em vista seu objetivo e público alvo serem muito próximos aos tratados aqui:

Assim, define-se o objetivo desta pesquisa: analisar as diferenças e semelhanças entre as escolhas de carreira e os valores laborais dos jovens profissionais da geração Y. [...] Para analisar as diferenças e semelhanças entre as orientações das escolhas de carreira e os valores laborais dos jovens profissionais da geração Y foram utilizados os resultados de pesquisa descritiva, realizada com 189 formandos do curso de administração [...]. Para a identificação da âncora de carreira dos indivíduos, utilizou-se o instrumento de Schein (1990), e para os valores o de Schwartz (1994). [...] A média de idade dos respondentes era de 23 anos [...]. A maior idade era de 28 anos e, a menor, de 19 anos. (SILVA et al., 2014 p. 2 e 7).

7% 10% 3% 7% 10% 14% 17% 17% 3% 3% 3% 3% 3%

Âncoras de Carreira

TF GG AI SE CE SD PD EV SD / EV PD / GG CE / PD SE / EV SE / SD

Silva et al. (2014) utilizaram uma abordagem quantitativa em sua pesquisa descritiva. Embora a opção metodológica seja diferente do presente estudo, parece razoável trazer algumas considerações e conclusões apresentadas pelos autores.

Primeiramente, sobre os valores pessoais do grupo de entrevistados, as tabelas a seguir apresentam um panorama dos mais e dos menos frequentes em números absolutos.

Tabela 6 – Valores mais importantes VALORES MAIS IMPORTANTES VALOR MOTIVACIONAL Frequência

Hedonismo 22 Benevolência 22 Universalismo 21 Conformidade 12 Realização 10 Autodeterminação 9 Estimulação 8 Segurança 5 Poder 3 Tradição 2

Fonte: Elaborado pela autora

Tabela 7 – Valores menos importantes VALORES MENOS IMPORTANTES VALOR MOTIVACIONAL Frequência

Poder 14 Conformidade 6 Tradição 5 Segurança 5 Estimulação 4 Realização 3 Autodeterminação 2 Universalismo 0 Benevolência 0 Hedonismo 0

Fonte: Elaborado pela autora

Considerando as âncoras mais frequentes (EV, PD e SD), os valores mais importantes (hedonismo, benevolência e universalismo) e o menos importante (poder), parece haver mesmo aspectos parecidos com aqueles pontuados pela pesquisa de Silva et al., ainda que consideradas as peculiaridades de cada estudo e opção metodológica.

Como exemplo disso, tem-se a relação entre algumas âncoras e valores destacados na pesquisa dos autores cujos resultados do levantamento aqui realizado sugerem alguma proximidade.

Dentre os valores que marcam os jovens da Geração Y – nascidos a partir de 1986 (SILVA, 2013) – destacam-se aqueles voltados para o bem estar pessoal e o prazer naquilo que realizam (TWENGE et al., 2010). Na tipologia de valores motivacionais de Schwartz (1992; 2005) isso se refere ao hedonismo, valor entre os mais importantes dos entrevistados, assim como remete aos ancorados em Estilo de Vida (EV) que buscam satisfação dos interesses pessoais através do equilíbrio entre vida pessoal e profissional. O mesmo ocorre coma âncora Senso de Dever, cujo suporte valorativo encontra eco na benevolência e universalismo (autotranscendência) que se opõem ao poder (autoaperfeiçoamento), valores entre os mais importantes e os menos importantes, respectivamente, para os entrevistados nesse estudo.

Da âncora Puro Desafio (PD) aproximam-se os valores de autoaperfeiçoamento (realização) e abertura à mudança (estimulação e autodeterminação) que, no ranking, da Tabela 6, não figuram entre os mais importantes. À primeira vista, isso pode parecer uma inconsistência. Entretanto, olhando os valores mais importantes assinalados especificamente pelos entrevistados ancorados em PD, eles aparecem em evidência.

Essa observação em relação aos ancorados em PD suscitou outra observação interessante: não só os valores afins à âncora figuravam entre os mais importantes. Com pontuações quase empatadas apareceram outros valores que, segundo Schwartz (1992, 2005) destaca, estão na dimensão oposta, a saber, os valores de autotranscendência (universalismo e benevolência) e de conservação (conformidade). Os valores de autotranscendência, aliás, estão entre os mais importantes para o grupo (com mesmo nível de frequência que hedonismo), imediatamente seguidos pelo valor de conservação (que é o de conformidade, estranhamente evidenciado pelos ancorados em PD). Na seção seguinte, em que são apresentadas inferências a partir da análise e interpretação dos dados, essa observação é retomada.