• Nenhum resultado encontrado

Capítulo IV: Análise de dados

4.6 Estilos de Aprendizagem e Preferências Sensoriais

Durante esta seção, discutiremos sobre alguns estilos de aprendizagem apontados pelos aprendizes durante a aplicação do questionário da pesquisa, assim como suas preferências sensoriais.

Oxford (1990) aponta a diferença entre aprendizes globais ou analíticos. A pergunta n. 12 possibilitava o aluno classificar-se de acordo com essas duas possibilidades. As respostas dos participantes selecionados foram:

Quadro 49 – Estilos global e analítico de aprendizes com CEA não tão producente Participantes 12. Você se considera uma pessoa:

Alice Que gosta de questões gramaticais, preferindo não se arriscar a partir de dicas do contexto a não ser que tenha certeza.

João Que gosta de interagir, prefere focar nas ideias principais da interação. Tainara --

Quadro 50 – Estilos global e analítico de aprendizes com CEA producente Participantes 12. Você se considera uma pessoa:

Breno Que gosta de interagir, prefere focar nas ideias principais da interação./ Que gosta de questões gramaticais, preferindo não se arriscar a partir de dicas do contexto a não ser que tenha certeza.

Katia Que gosta de interagir, prefere focar nas ideias principais da interação. Matheus Que gosta de interagir, prefere focar nas ideias principais da interação.

Como pontuamos que a participação dos aprendizes não era obrigatória e que o aluno poderia responder o que quisesse, Tainara não respondeu a questão 12. Vemos que Alice e João respondem diferentemente: Alice já havia apontado em suas respostas sobre estratégias de aprendizagem que não tentava se encorajar a falar inglês mesmo com receio de cometer erros (estratégia afetiva), não praticava inglês com outros colegas (estratégia social) e não se arriscava em adivinhar o significado de palavras que

81

não conhece (estratégia de compensação). Dessa forma, ao dizer que não gosta de se arriscar a não ser que tenha certeza e que prefere questões gramaticais à interação (OXFORD, 2003), ela apresenta uma coerência com suas respostas anteriores. Podemos perceber, portanto, que é a partir dessas questões gramaticais, analíticas, que a aluna se sente mais à vontade em aprender a língua-alvo.

João, por outro lado, pontua que prefere a interação e focar nas ideias principais, mas em outros momentos do questionário não mostrou iniciativa em tentar conversar com nativos (estratégia cognitiva), em tentar encorajar-se a falar inglês mesmo quando tem receio em cometer erros (estratégia afetiva) ou em buscar praticar inglês com outros alunos (estratégia social). Possivelmente ele, quando tem a oportunidade de praticar com alguém, apesar de não parecer recorrente e de não procurar oportunidades como essa para praticar, prefere focar-se no global, na ideia no geral do que nas partes gramaticais da língua, uma vez que sua resposta não exclui as outras que ele relatou. Essa resposta de João mostra como dois indivíduos com características semelhantes (Alice e João), com pouca utilização de estratégias, podem preferir focar-se em aspectos diferentes da interação, de acordo com seu estilo de aprendizagem.

Por outro lado, todos os aprendizes com CEA producente preferem interagir, focar nas ideias gerais da interação – são mais globais do que analíticos (OXFORD, 2003). Apenas Breno mostrou que se considera global e analítico, mas não explicou se essa variação acontecia de acordo com algum fator.

Com relação às preferências sensoriais (ou estilos de aprendizagem) de Reid (1987) – visual, auditivo, cinestésico e táctil –, perguntamos aos alunos “Como você prefere aprender inglês? (pode assinalar mais de uma alternativa)”. Como Ligtbown e Spada (1995) e Ellis (1996) concluem, todo indivíduo pode beneficiar-se de mais de um dos estilos/preferências. Considerando isso, os participantes poderiam escolher mais de um estilo que utilizam:

Quadro 51 – Canais físicos e perceptíveis para estudar línguas de aprendizes com CEA não tão producente

Aprendizes Atividades Estilos de aprendizagem

Alice Vendo; Lendo; Escrevendo. Visual; táctil.

João Ouvindo. Auditivo.

Tainara Vendo; Ouvindo; Colocando a mão na massa, fazendo; Lendo.

Quadro 52 – Canais físicos e perceptíveis para estudar línguas de aprendizes com CEA producente Aprendizes Atividades que envolvem diferentes estilos de

aprendizagem

Estilos de aprendizagem

Breno Vendo; Ouvindo; Representando uma situação; Colocando a mão na massa, fazendo; Lendo; Escrevendo.

Visual; auditivo; cinestésico; táctil.

Katia Vendo; Ouvindo; Representando uma situação; Colocando a mão na massa, fazendo; Lendo; Escrevendo.

Visual; auditivo; cinestésico; táctil.

Matheus Vendo; Lendo; Escrevendo. Visual; táctil.

Selecionamos algumas práticas mais comuns de cada preferência a partir do piloto que realizamos. Assim, a preferência visual é representada pelas práticas de ver e ler; a preferência auditiva pela escuta; a preferência cinestésica pela representação; e a preferência táctil por “colocar a mão na massa” e pela escrita. Deixamos um espaço para que os participantes acrescentassem mais alguma prática que achavam relevante, mas nenhum dos seis escreveu algo.

Ao compararmos todos os estilos/preferências utilizados pelos aprendizes, podemos perceber que aqueles que possuem uma CEA mais producentes dizem possuir mais preferências sensoriais (4) do que os aprendizes com uma CEA pouco producente, com exceção de Matheus que possui duas preferências. As preferências táctil e visual são mais utilizadas (5 dos 6 participantes possuem-nas) e a menos utilizada é a cinestésica. Segundo Ellis (1996) e Oxford (2003), em algumas culturas, um(a) estilo/preferência pode ser mais predominante do que outros(as). Apesar do nosso universo de participantes ser pequeno, a predominância de preferências dos participantes pode ser, inclusive, consequência das metodologias utilizadas em suas salas de aulas e demais experiências de aprendizagem desses indivíduos.

Apesar dos estilos/preferências não contribuírem com elementos específicos para a caracterização da CEA producente, concluímos que aprendizes com tal estado de competência possivelmente possuem mais de um estilo de aprendizagem/preferência sensorial. Entretanto, como temos poucos participantes, essa questão não pode ser apontada como decisiva. Com relação ao grau de generalidade do aprendiz (global ou analítico), também não podemos generalizar, mas os participantes com CEA producente desta pesquisa possuem mais propensão ao foco global, mais na interação em si do que foco nos aspectos gramaticais.