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Instrumentos e Procedimentos para Coleta e Análise de Dados

Capítulo III: Metodologia da pesquisa

3.4 Instrumentos e Procedimentos para Coleta e Análise de Dados

Considerando a necessidade de triangulação de dados da presente pesquisa, detalharemos a seguir os instrumentos e procedimentos que serão utilizados, assim como os objetivos dos mesmos.

Quadro 13 – Instrumentos/Procedimentos e seus objetivos INSTRUMENTOS E

PROCEDIMENTOS

OBJETIVOS RELACIONADOS À UTILIZAÇÃO DESSES INSTRUMENTOS

Questionário com perguntas abertas e fechadas (VIEIRA,

2009)

Identificar o perfil de aprendizagem dos alunos (suas motivações; estratégias; estilos; tipos de personalidade; diferenças biológicas; aptidão; afetividade; conhecimentos informais; atitudes e ações).

Narrativa

Identificar o histórico de aprendizagem de Língua Inglesa dos alunos a partir da pergunta “Como você aprendeu Inglês?”.

Gravações em áudio

As gravações em áudio permitiram o registro de algumas interações em grupo dos alunos participantes, mais especificamente, suas estratégias e conhecimentos utilizados, assim como suas possíveis crenças envolvidas. Elas aconteceram simultaneamente com as gravações em vídeo, durante a apresentação final dos alunos.

Gravações em vídeo

Por meio destas, foi possível registrar o desenvolvimento dos alunos ao longo das apresentações realizadas no final do curso dos alunos.

Notas de campo

Esse instrumento possibilitou a triangulação de dados, a partir de uma fonte diferente: neste caso, a partir da ótica da pesquisadora. Dessa forma, a presente pesquisadora observou as ações e desenvoltura dos alunos participantes. Atividade de

Interpretação de texto

Analisar o desenvolvimento linguístico dos alunos e suas atitudes e conhecimentos.

Comentários dos alunos em blog da

turma

Analisar o nível de reflexão, conhecimento e possíveis crenças e atitudes dos alunos com relação ao seu conhecimento de LI.

A utilização de questionário – “instrumento de pesquisa constituído por uma série de questões sobre determinado tema” (VIEIRA, 2015, p. 15) – é recorrente, como afirma Vieira (2015), em pesquisas sociais. Nas palavras do autor:

Questionários bem feitos produzem informações valiosas, mas os pesquisadores costumeiramente enfrentam uma grande dificuldade: as pessoas hesitam – ou, até mesmo, resistem – em responder às muitas

perguntas que lhes são feitas. Isso é compreensível porque responder a um questionário toma tempo, exige atenção e reflexão, requer tomada de decisão diante de algumas questões. E algumas pessoas temem que as respostas dadas ao pesquisador possam ser usadas contra elas próprias. (VIEIRA, 2009, p. 16)

Como discutiremos no capítulo de Análise de dados, alguns participantes deixaram de responder algumas perguntas do questionário. Apesar de não sabermos o porquê deles agirem de tal forma, buscamos respeitar alguns parâmetros colocados por Vieira (2009) para não tornar o questionário mais extenso ou confuso, o que poderia resultar em mais perguntas sem respostas pelos participantes: evitamos realizar mais de uma pergunta por questão, assim como frases negativas ou palavras de duplo significado.

A princípio, aplicamos, como um pré-teste (VIEIRA, 2009), o questionário e solicitamos a narrativa de alunos do primeiro ano de Letras da mesma universidade. Até a aplicação final do questionário, este foi pilotado duas vezes. Optamos por pilotar o questionário e a narrativa com esse público (alunos de Letras) por uma questão de viabilidade, uma vez que esses eram alunos da orientadora desta pesquisa70. Outro fator relevante foi o de que esses alunos estavam no primeiro ano e, portanto, não tinham tido ainda contato com teorias de ensino-aprendizagem de línguas. Considerando esse aspecto, esses alunos ainda poderiam contribuir para testar esses instrumentos, que seriam utilizados com aprendizes que, possivelmente, nunca tiveram contato com tais teorias.

Após a pilotagem, aplicamos o questionário para todos os alunos que quiseram participar da pesquisa, durante uma das aulas de Inglês Instrumental em dezembro - uma vez que os alunos já estavam mais familiarizados com a presença das estagiárias e com a dinâmica em sala de aula. As narrativas foram solicitadas para serem enviadas por e-mail pelos alunos voluntariamente. Apenas três dos vinte e nove participantes iniciais desenvolveram-na e, a partir desses dados, selecionamos os seis participantes sobre os quais analisaríamos suas CEAs.

Paralelamente, utilizamos e analisamos duas produções desses alunos da disciplina de Inglês Instrumental: uma atividade de interpretação71 que foi proposta pela

70

Pela impossibilidade de pilotar os instrumentos com outros alunos que poderiam ter um perfil mais adequado (desvinculado da formação como profissional da área de Letras), reconhecemos que essa pilotagem foi uma das limitações da pesquisa.

71

Infelizmente não conseguimos a proposta de interpretação de texto original, apenas as respostas dos alunos.

professora de Inglês Instrumental desses alunos para verificar o nível linguístico dos alunos; e os comentários dos alunos sobre textos em inglês escolhidos pelos mesmos, da área em questão, que foram feitos em um blog da turma.

Também observamos os alunos durante todas as aulas de Inglês Instrumental, realizamos notas de campo e gravamos em vídeo e áudio, no final do semestre, as apresentações de todos os alunos para triangular com os dados obtidos no questionário, observando ações que poderiam sugerir informações sobre o filtro-afetivo dos alunos, estratégias, entre outras variantes.

Para Dörnyei (2009, p. 185), “o principal mérito dos dados observacionais é que ele permite pesquisadores verem diretamente o que as pessoas fazem sem ter que confiar no que elas dizem que fazem.”. Entretanto, como afirma o mesmo autor, “apenas fenômenos observacionais podem ser observados, considerando que na Linguística Aplicada muitas variáveis-chave e processos que pesquisadores investigam são mentais e inobserváveis.” (DÖRNYEI, 2009, p.185). Dessa forma, apenas alguns elementos da CEA averiguados foram observados e, portanto, analisados como as ações e traços do filtro-afetivo dos participantes a partir das observações e gravações em vídeo e áudio.

Além desses instrumentos, notas de campo foram utilizadas para dar suporte às observações realizadas. Segundo Yin (2015, p. 128):

Para os estudos de caso, suas próprias notas de campo são, provavelmente, o componente mais comum do banco de dados. Essas anotações tomam formas variadas. Elas podem ser resultantes das entrevistas, observações ou da análise de documentos. Também podem ser manuscritas [...]

No final, realizamos a triangulação de todos os dados obtidos por esses instrumentos. Ressalta-se que, por não termos acompanhado esses indivíduos ao longo de suas histórias de aprendizagem de Língua Inglesa, dependemos daquilo que dizem no questionário e de suas recordações e que podem, ocasionalmente, se esquecerem de fornecer algumas informações relacionadas à pesquisa.

Após estas considerações metodológicas, prosseguiremos com a análise de dados e respostas das perguntas de pesquisa.