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CAPÍTULO 3 – LIDERANÇA

3.3 Estilos de liderança

Chiavenato (1992) cita alguns estudos famosos sobre os estilos de liderança. Dentre eles, estão os três estilos mais conhecidos e talvez os mais difundidos que são o Autocrático, Liberal e Democrático; e as outras duas abordagens são a Liderança centrada na tarefa versus Liderança centrada nas pessoas; e a terceira e última é a Ênfase na produção versus Ênfase nas pessoas.

a) Liderança “Autocrática, Liberal e Democrática”.

Esses três estilos foram criados pelos autores White e Lippitt através de um estudo em 1939 que obteve grande repercussão nos Estados Unidos. De forma bastante resumida esses estilos de liderança dizem o seguinte: a autocrática põe forte ênfase no líder; a liberal enfatiza os colaboradores e a democrática põe ênfase tanto no líder como nos colaboradores.

O quadro abaixo explica como funciona cada um dos três, sob diferentes perspectivas e facilita o entendimento dos estilos.

Quadro 4 - Comparativo entre estilos de liderança

LIDERANÇA

AUTOCRÁTICA LIDERANÇA LIBERAL DEMOCRÁTICA LIDERANÇA

Tomada de decisões

Apenas o líder decide e fixa as diretrizes sem qualquer

participação do grupo

Total liberdade para a tomada de decisões grupais

ou individuais, com participação mínima do

líder.

As diretrizes são debatidas e decididas pelo grupo que é estimulado e assistido pelo líder.

Programação dos trabalhos

O líder determina as providências para a execução das tarefas, cada uma por vez,

à medida que se tornam necessárias e de maneira imprevisível para o grupo.

A participação do líder no debate é limitada, apresentando apenas alternativas variadas ao grupo, esclarecendo que

poderia fornecer informações desde que as

pedissem.

O próprio grupo esboça as providências e técnicas para

atingir o alvo, com aconselhamento técnico do líder,

quando necessário. As tarefas ganham novas perspectivas com

os debates.

Divisão do trabalho

O líder determina qual a tarefa que cada um deverá

executar e qual o seu companheiro de trabalho.

Tanto a divisão das tarefas como a escolha dos colegas fiacam totalmente por conta do grupo. Absoluta falta de

participação do líder.

A divisão das tarefas fica a critério do próprio grupo e cada

membro tem liberdade de escolher seus colegas de tarefa.

Participação do líder

O líder é "pessoal" e dominador nos elogios e nas

críticas ao trabalho de cada membro.

O líder não faz nenhuma tentativa de avaliar ou regular o curso das coisas.

Somente faz comentários irregulares sobre as

atividades, quando perguntado.

O líder procura ser um membro normal do grupo, em espírito,

sem encarregar-se muito de tarefas. É objetivo e limita-se aos

fatos em seus elogios e críticas. (Chiavenato, 1992, p. 150)

O que pode ser observado é que, em uma organização, um líder nunca adotará apenas um estilo de liderança. O método a ser escolhido irá depender sempre dos tipos de pessoas e dos tipos de tarefas a serem executadas, ou seja, é muito provável que um líder tenha a necessidade de utilizar os três estilos. Isso reforça o fato de que os gestores precisam ser pessoas dinâmicas e precisam também ter ampla capacidade de adaptação a novas situações.

Hersey e Blanchard (1986, p. 117) afirmam que:

(...) quanto mais os gerentes adaptarem seu estilo de comportamento de líder no sentido de atender à situação específica e às necessidades dos seus subordinados, tanto mais eficazes serão na consecução dos objetivos pessoais e organizacionais.

b) “Liderança centrada na tarefa versus liderança centrada nas pessoas”.

Esses dois estilos foram criados por Douglas Mcgregor cuja menção é feita por Chiavenato 1992. Através de um estudo na década de 1960 Mcgregor obteve grande repercussão nos Estados Unidos e posteriormente em outros países. Tendo como base os estudos de Mcgregor, Chiavenato (1992, p. 151) descreve abaixo esses dois estilos.

A liderança centrada na tarefa: trata-se de um estilo de liderança preocupado estritamente com a execução da tarefa e com os resultados. É típica das empresas ou unidades que costumam concentrar as pessoas em cargos desenhados segundo o modelo clássico, de maneira padronizada e isolada. É a liderança preocupada exclusivamente com o trabalho e em conseguir que as coisas sejam feitas de acordo com os métodos preestabelecidos e com os recursos disponíveis. Lembra alguma coisa da Teoria X.

A liderança centrada nas pessoas: trata-se de um estilo preocupado com os aspectos humanos dos subordinados e que procura manter uma equipe de trabalho atuante, dentro de maior participação nas decisões. Dá mais ênfase às pessoas do que ao trabalho em si, procurando compreender e ajudar os subordinados e preocupando-se mais com as metas do que com os métodos, sem descurar-se do nível de desempenho desejado. Lembra a Teoria Y.

Quadro 5 – Comparativo entre as lideranças centrada na tarefa e centrada nas pessoas. Como se comporta um líder orientado

para as tarefas: Como se comporta um líder orientado para as pessoas:  Planeja e define como o trabalho será

feito.  Atua como apoio e retaguarda para os seguidores.

 Atribui responsabilidades pelas tarefas.  Desenvolve relações sociais com seguidores.  Define claramente os padrões de

trabalho.  Respeita os sentimentos das pessoas.

 Busca completar as tarefas.  É sensitivo quanto às necessidades dos seguidores.  Monitora os resultados do desempenho.  Mostra confiança nos seguidores.

(Chiavenato, 1992, p. 152)

Um gestor, que decida utilizar o estilo de liderança centrado na tarefa, deve ter muito cuidado, pois, por a mesma estar fortemente ligada a execução da tarefa, ela pode vir

acompanhada de fortes pressões e isso pode acabar causando um sentimento de insatisfação gerando conflitos dentro da equipe e atrapalhando a produtividade.

Mas, a liderança centrada na tarefa pode ser benéfica em ações de curto prazo, por exemplo, onde os resultados estabelecidos por metas precisam ser atingidos mais rapidamente e a própria equipe tem a consciência do benefício que essa rapidez irá gerar para todos dentro da organização.

Como foi dito anteriormente, esse estilo pode ser aplicado em ações de curto prazo e é importante que o mesmo não se estenda para o médio ou longo prazo, pois, casso isso aconteça, algumas características negativas podem ser observadas, como: maior rotatividade de pessoal, devido ao grande nível de insatisfação gerado nos funcionários, elevado absenteísmo, alto nível de desperdício, redução do ritmo de trabalho e possíveis reclamações trabalhistas contra a empresa. Portanto, o gestor precisa saber quando e como será a melhor maneira de utilizar esse estilo, pois a utilização do mesmo pode acabar gerando muitos conflitos para a organização e isso irá impactar, negativamente, a produtividade da mesma.

Já a liderança centrada nas pessoas mostra-se uma ótima opção no que diz respeito a gerir pessoas, pois ela cria um ambiente de confiança entre o líder e os liderados, isto é, o liderado passa a perceber que ele é importante para a organização e que os seus resultados contribuem para o crescimento da mesma, dessa forma o gestor consegue manter um bom grau de motivação dentre os colaboradores da empresa.

c) “Ênfase na produção versus ênfase nas pessoas”.

Figura 1. Grid Gerencial

Alta 9 1,9 9,9 8 7 6 5 5,5 4 3 2 1 1,1 9,1 Baixa 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Baixa Alta

Preocupação com a Produção Preocupação

com as Pessoas

O Grid Gerencial (ou Grade Gerencial) foi criado pelos autores Blake e Mouton. Segundo estes autores existem dois pontos muito importantes nos quais os gestores devem estar atentos a fim de poder exercer a liderança mais adequada possível, são eles: a produção e as pessoas.

A Grade Gerencial é composta por dois eixos cada um com nove divisões, onde 1 é o menor grau e 9 representa o maior grau de ênfase possível. O eixo X demonstra a Preocupação com a Produção e o eixo Y demonstra a Preocupação com as pessoas e a interação entre os dois eixos define o estilo de liderança do gestor.

No cruzamento de linhas e colunas podem existir 81 posições diferentes para caracterizar os estilos de liderança, porém Blake e Mouton (1972 apud CHIAVENATO 1992, p. 152 e 153) destacam cinco principais estilos de liderança, são eles:

1. Estilo 1.1: Representa quase nenhuma preocupação pela produção ou pelas pessoas. É a tendência do mínimo esforço indispensável para permanecer na empresa.

2. Estilo 9.1: Representa forte preocupação pela produção e pouquíssima preocupação pelas pessoas que estão produzindo.

3. Estilo 1.9: É o estilo de liderança que enfatiza as pessoas, com pouquíssima preocupação com a produção ou pelos resultados que elas estão obtendo.

4. Estilo 5.5: É o meio-termo sem grandes ênfases. O gerente adota a atitude de conseguir apenas resultados médios, mas sem grande esforço das pessoas. É a tendência a mediocridade.

5. Estilo 9.9: Demonstra elevada preocupação tanto pela produção, como pelas pessoas que produzem. É a tendência à excelência, tanto nos resultados da produção como na satisfação das pessoas.

É importante que um gestor saiba avaliar o seu estilo de liderança através da Grade Gerencial, pois após fazer essa verificação ele será capaz de saber quanto de ênfase ele está colocando em cada variável e a partir desse ponto verificar se a forma como ele está liderando está adequada com a realidade da área na qual ele atua e com a equipe que ele lidera, e caso seja necessário, é indispensável que o líder faça ajustes para obter os resultados desejados.

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