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Estimativa do potencial para expansão da cultura de cana-de-açúcar

3.3 PARÂMETROS E FONTE DOS DADOS UTILIZADOS NA MODELAGEM

3.3.3 Estimativa do potencial para expansão da cultura de cana-de-açúcar

A estimativa do potencial para expansão da produção de cana-de-açúcar em cada região de oferta fundamentou-se no estudo realizado pelo Ministério da Agricultura, denominado Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar (ZAE Cana). Esse trabalho teve como principal objetivo realizar o levantamento das áreas no Brasil com aptidão para o plantio de cana-de-açúcar, pautado em critérios edafoclimáticos, ambientais, legais e socioeconômicos.

O Quadro 3.3 apresenta um resumo sobre a disponibilidade de terras aptas para o cultivo de cana-de-açúcar que foram mapeadas pelo referido estudo.

Território ou Área Estimada Milhões (hectares)

Percentagem em relação ao território

nacional

Território nacional (IBGE1) 851,5 100,00%

Terras Agricultáveis 553,5 65,00%

Terras em uso 2002 (Estimativa Probio) 235,5 27,70%

Áreas aptas ao cultivo de cana

*expansão sobre áreas com uso agrícolas diversos 64,7 7,50% Áreas aptas ao cultivo de cana

*expansão sobre áreas ocupadas com pastagens 34,2 4,02% Áreas atualmente cultivadas com cana-de-açúcar

(Safra 2008/2009)2 7,8 0,90%

Expansão da área cultivada com cana-de-açúcar

prevista para 2017 (EPE) 3 6,7 0,80%

1 Intistuto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE 2 Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB (2009) 3 Empresa de Pesquisa Energética - EPE (2008)

Quadro 3.3 - Quadro resumo do uso do solo nacional para fins agrícolas Fonte: Adaptado de BRASIL (2010)

Cabe ressaltar que atualmente a cultura de cana-de-açúcar ocupa uma área de 7,8 milhões de hectares. Considerando as projeções apontadas pelo estudo da Empresa de Pesquisa Energética – EPE (2008), até 2017 a área ocupada com cana deve expandir 6,7 milhões de hectares. O ZAE Cana identificou 64,7 milhões de hectares aptos para o cultivo dessa cultura em áreas com uso agrícolas diversos.

O mapeamento do território nacional pelo Zoneamento Agroecológico da Cana-de- Açúcar foi pautado em projeto de lei que estabelece as seguintes regras para disciplinar o cultivo de cana-de-açúcar:

1) É proibido o cultivo dessa cultura em áreas cobertas com vegetação original nativa;

2) Também é vedada a implantação de novas unidades sucroalcooleiras nos Biomas Amazônia, Pantanal e na Bacia do Alto Paraguai;

3) É papel do Ministério da Agricultura orientar o processo de expansão da produção de cana, impedindo a ampliação de riscos à produção de alimentos e segurança alimentar.

O mapeamento das áreas com aptidão agrícola sugerido pelo ZAE Cana para fins de cultivo da cana-de-açúcar considerou condições de solo, clima e disponibilidade de variedades, além de priorizar áreas nas quais a produção da cultura não seria dependente de irrigação plena; de forma a evitar-se o aumento excessivo do consumo de água dos mananciais hídricos naturais.

Ademais, o zoneamento adotou como critério de escolha das áreas as condições de relevo, buscando recomendar, predominantemente, regiões com declividade menor do que 12%. Ressalta-se que glebas de terra com perfil de relevo pouco declivoso contribui para a otimização das operações mecanizadas, resultando em menores custos e menor emissão de gases causadores do efeito estufa, além de favorecer a diminuição da colheita manual e fim das queimadas de canaviais.

Pautando-se então em critérios edafoclimáticos, baixa declividade e tipo de uso da terra o ZAE Cana classificou as áreas analisadas em classes com diferentes graus de aptidão para o cultivo da cana-de-açúcar, conforme dados apresentados no Quadro 3.4.

Brasil Áreas aptas para cana-de-açúcar por tipo de uso da terra (mil hectares) Classes de Aptidão Ap 1 Ag2 Ac3 Ap + Ag Ap + Ag + Ac Alta (A) 11.300 600 7.300 11.900 19.200 Média (M) 22.800 2.010 16.300 24.800 41.200 Baixa (B) 3.040 483 731 3.500 4.200 (A) + (M) 34.100 2.610 23.600 36.700 60.400 (A) + (M) + (B) 37.140 3.093 24.331 40.200 64.600

1 Áreas com uso em pecuária 2 Áreas com uso em agropecuária 3 Áreas com uso em agricultura

Quadro 3.4 - Áreas aptas para cultivo de cana-de-açúcar por classe de aptidão e por tipo de uso da terra

Os resultados do ZAE Cana indicam em ordem crescente maior disponibilidade de terras aptas para o cultivo da cana-de-açúcar nos estados do Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Mato Grosso, Paraná, Bahia e Rio Grande do Sul, conforme apresentado no Quadro 3.5.

UF Área Total

Área atualmente cultivada com cana (ha)

Área apta para expansão do plantio (ha) GO 34.008.669 401.800 12.600.530 MG 58.652.829 601.900 11.250.202 MS 35.712.496 275.800 10.869.820 SP 24.820.942 3.851.200 10.645.485 MT 90.355.790 223.200 6.812.854 PR 19.931.485 524.500 4.039.496 BA 56.469.266 37.400 2.937.982 RS 28.174.853 2.100 1.527.110 TO 27.762.091 5.700 1.140.597 MA 33.198.329 38.900 789.547 RJ 4.369.605 50.000 480.703 ES 4.607.751 65.200 329.654 PI 25.152.918 13.100 294.375 PE 9.831.161 321.400 205.157 AL 2.776.766 432.200 187.299 SC 9.534.618 0 173.455 SE 2.191.034 36.000 169.808 RN 5.279.679 59.500 119.650 PB 5.643.983 112.500 89.973 CE 14.882.560 1.800 77.775 DF 580.193 0 1.223 Total 493.937.018 7.054.200 64.742.695

Quadro 3.5 - Área total, área cultivada com cana e área apta para expansão do plantio de cana-de-açúcar por unidade da federação segundo levantamento do Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar

A Figura 3.3 a seguir apresenta a distribuição geográfica das áreas com aptidão para a expansão da cultura de cana-de-açúcar conforme recomendações do Zoneamento Agroecológico da Cana.

Figura 3.3 - Regiões aptas para expansão da cultura da cana-de-açúcar segundo ZAE Cana

Fonte: BRASIL (2010)

A partir das informações sobre as áreas aptas para o plantio de cana-de-açúcar em cada município, disponibilizadas pelo ZAE Cana, realizou-se a estimativa do potencial de produção de cana nas regiões de origem.

Considerando a produtividade de cana-de-açúcar em cada município multiplicada pela área com aptidão agrícola obteve-se o potencial para expansão da cana (toneladas) em cada localidade.

Cabe ressaltar que a produtividade adotada para cada município foi diferenciada em função das classes de aptidão das áreas mapeadas pelo zoneamento.

No caso das áreas com aptidão média, considerou-se a produtividade média de cana em cada município, conforme dados do IBGE (2011). Quando não havia dados disponíveis sobre a produtividade municipal, adotou-se a produtividade do estado como referência. No caso das áreas com aptidão alta, empregou-se uma produtividade 20% maior em relação à produtividade média. As áreas com aptidão baixa foram desconsideradas da solução do modelo.

O potencial para expansão da oferta da cana-de-açúcar (toneladas) estimado para cada microrregião está disponível na mídia apresentada como Anexo C da Tese.