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Estimativas da prevalência do consumo problemático de opiáceos

Os dados apresentados nesta secção são resultantes do indicador do consumo problemático de droga do OEDT, que inclui o «consumo de droga injectada ou consumo prolongado/regular de heroína, cocaína e/ou anfetaminas». Tradicionalmente, as estimativas do consumo problemático de droga reflectem principalmente o consumo de heroína, embora em alguns países, como se analisa noutra secção do presente relatório, os consumidores de anfetaminas também constituam uma componente importante.

Ao interpretar as estimativas do consumo problemático de opiáceos, deverá ter-se em atenção que os padrões de consumo se estão a diversificar. Por exemplo, os problemas associados ao policonsumo têm vindo a adquirir um peso crescente na maioria dos países, enquanto outros, onde os (161) Ver quadro SZR-7 no Boletim Estatístico de 2006.

(162) Ver quadro SZR-8 no Boletim Estatístico de 2006. (163) Ver quadro PPP-2 no Boletim Estatístico de 2006.

(164) Tomando 1999 como ano de base para o valor da moeda em todos os países.

(165) No período de 1999-2004, os dados sobre os preços da heroína estiveram disponíveis durante três anos consecutivos, pelo menos: em relação à heroína castanha na Bélgica, República Checa, Espanha, França, Irlanda, Luxemburgo, Polónia, Portugal, Eslovénia, Suécia, Reino Unido, Bulgária, Roménia, Turquia e Noruega; em relação à heroína branca na República Checa, Alemanha, França, Letónia e Suécia; e para a heroína de tipo indistinto na Lituânia e no Reino Unido.

(166) Estes dois valores correspondem a dados provenientes de dois sistemas de monitorização diferentes — ver quadro PPP-6 (parte iii) no Boletim Estatístico de 2006; é necessária prudência porque o valor de 50% se baseia numa única amostra.

(167) Ver quadro PPP-6 no Boletim Estatístico de 2006.

(168) No período de 1999-2004, houve dados disponíveis sobre a pureza da heroína durante três anos consecutivos, pelo menos: em relação à heroína castanha na República Checa, Dinamarca, Espanha, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Áustria, Portugal, Eslováquia, Reino Unido, Turquia e Noruega; em relação à heroína branca na Dinamarca, Alemanha, Estónia, Finlândia e Noruega; e à heroína de tipo indistinto na Bélgica, Lituânia, Hungria e Países Baixos.

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Relatório Anual 2006: A Evolução do Fenómeno da Droga na Europa

problemas associados aos opiáceos têm tradicionalmente predominado, dão agora conta de mudanças para outras drogas. Pensa-se que a maioria dos consumidores de heroína consome estimulantes e outras drogas para além dos opiáceos, mas é muito difícil obter dados fiáveis sobre o policonsumo de droga a nível da UE (ver capítulo 8 «Melhorar a monitorização do consumo...»).

Apesar da tendência geral para a diversificação do fenómeno, em muitos países as estimativas do consumo problemático de droga são exclusivamente baseadas no consumo problemático de heroína ou de outros opiáceos como substância principal. Isto é visível nas taxas estimadas de consumo problemático de opiáceos (ver figura 8), que em geral são muito semelhantes às do consumo problemático de droga (170). Não é claro se nos outros países a prevalência

do consumo problemático de drogas não-opiáceas é quase insignificante, ou se poderá ser importante mas demasiado difícil de estimar.

O número de consumidores problemáticos de opiáceos é difícil de calcular, sendo necessárias análises sofisticadas

para obter valores relativos à prevalência a partir das fontes de dados disponíveis. Além disso, as estimativas referem-se, muitas vezes, a zonas geograficamente circunscritas e as extrapolações para criar estimativas nacionais nem sempre são fiáveis.

Os cálculos da prevalência do consumo problemático de opiáceos a nível nacional, no período de 2000 a 2004, situam-se entre um e oito casos por cada 1 000 habitantes com idades compreendidas entre 15 e 64 anos (utilizando os pontos médios das estimativas). As taxas estimadas da prevalência do consumo problemático de opiáceos apresentam grandes diferenças entre os países, embora nos casos em que foram utilizados métodos diferentes dentro do mesmo país os resultados sejam em grande medida coerentes. As estimativas mais elevadas são as comunicadas pela Irlanda, Itália, Luxemburgo, Malta e Áustria (5 a 8 casos por 1 000 habitantes com idades compreendidas entre 15 e 64 anos), e as taxas mais baixas são mencionadas pela República Checa, Alemanha, Grécia, Chipre, Letónia e Países Baixos (menos de quatro casos por 1 000 habitantes com idades compreendidas

(170) Ver figura PDU-1 (parte i) no Boletim Estatístico de 2006.

Figura 8: Estimativas da prevalência do consumo problemático de opiáceos e estimulantes, 2000-2004

(taxa por 1 000 habitantes entre 15 e 64 anos)

NB: ■ Os quadrados vermelhos indicam o consumo de estimulantes, as restantes estimativas dizem respeito ao consumo de opiáceos.

MM, multiplicador de mortalidade; CR, Captura-recaptura; MT, Multiplicador de tratamento; MP, Multiplicador polícia; IM, Indicador variantes múltiplas; RTP, Regressão truncada de Poisson; MC, Métodos combinados. Para mais pormenores ver quadros PDU-1, PDU-2 e PDU-3 no Boletim Estatístico de 2006. O símbolo indica uma estimativa pontual e uma barra indica um intervalo de incerteza, que pode ser um intervalo de confiança de 95% ou um intervalo baseado numa análise de sensibilidade. Os grupos-alvo podem variar ligeiramente em virtude dos diferentes métodos e fontes de dados, pelo que as comparações devem ser efectuadas com prudência.

Fontes: Pontos focais nacionais. 0 2 4 6 8 10

Taxa por 1 000 habitantes

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Capítulo 6: Consumo de opiáceos e droga injectada

entre 15 e 64 anos) (figura 8). Alguns dos cálculos mais baixos, bem documentados, actualmente disponíveis são provenientes dos novos Estados-Membros da UE, mas em Malta foi comunicada uma prevalência mais elevada (5,4-6,2 casos por 1 000 habitantes com idades compreendidas entre 15 e 64 anos). Dos poucos dados existentes é possível concluir que a prevalência geral do consumo problemático de opiáceos a nível da UE varia entre dois e oito casos por 1 000 habitantes com idades compreendidas entre 15 e 64 anos. Contudo, estas estimativas estão longe de estar adequadamente fundamentadas e terão de ser revistas quando existirem mais dados disponíveis.

Não há estimativas locais e regionais disponíveis que se refiram especificamente ao consumo problemático de opiáceos; contudo, os dados disponíveis sobre

o consumo problemático de droga (incluindo o consumo de estimulantes e outras drogas) sugerem que a prevalência varia muito consoante a cidade e a região. As estimativas de prevalência locais mais elevadas, no período de 2000-2004, são comunicadas pela Irlanda, Portugal, Eslováquia e Reino Unido, com índices que atingem 15 e 25

por cada 1 000 habitantes (171). A variabilidade geográfica

também é, como seria de esperar, acentuada a nível local; por exemplo, a prevalência em diferentes partes de Londres varia entre 6 e 25 casos por cada 1 000 habitantes. A ampla variação das taxas de prevalência locais dificulta as generalizações.

Tendências do consumo problemático de opiáceos ao longo do tempo

A falta de dados históricos fiáveis e coerentes dificulta a avaliação das tendências do consumo problemático de opiáceos ao longo do tempo. Os dados recolhidos sugerem que a prevalência deste consumo apresenta grandes diferenças consoante os países, e que não há coerência entre as tendências registadas no território da UE. As informações transmitidas por alguns países, apoiadas por outros dados indicadores, sugerem que o consumo problemático de opiáceos continuou a aumentar entre meados e finais da década de 90 (figura 9), mas parece ter estabilizado ou diminuído um pouco nos últimos anos. Estão disponíveis estimativas repetidas em relação ao período

(171) Ver figura PDU-6 (parte i) no Boletim Estatístico de 2006. Toxicodependentes reclusos

As informações sobre o consumo de droga entre os reclusos são desiguais. Grande parte dos dados disponíveis na Europa provêm de estudos ad hoc, por vezes realizados a nível local e em estabelecimentos não representativos do sistema prisional nacional e utilizando amostras de reclusos cuja dimensão varia consideravelmente. Em consequência, as diferentes características das populações estudadas limitam a comparação dos dados dos diversos inquéritos (tanto entre países como no interior de um mesmo país), a extrapolação dos resultados e a análise das tendências.

A maioria dos países europeus forneceu dados sobre o consumo de droga entre a população prisional, nos últimos cinco anos (1999-2004) (1). Estes dados mostram que, em comparação

com a população em geral, os consumidores de droga estão sobre-representados nas prisões. A percentagem de detidos que afi rmam já ter consumido uma droga ilegal varia consoante as prisões e os centros de detenção, mas as taxas médias vão desde um terço ou menos na Hungria e na Bulgária até dois terços ou mais nos Países Baixos, Reino Unido e Noruega, comunicando a maior parte dos países taxas de prevalência ao longo da vida de aproximadamente 50% (Bélgica, Grécia, Letónia, Portugal, Finlândia). A cannabis continua a ser a droga ilícita mais frequentemente consumida, apresentando taxas de prevalência ao longo da vida entre os reclusos que oscilam entre 4% e 86%, comparativamente a taxas de prevalência ao longo da vida de 3% a 57% para a cocaína, 2% a 59% para as anfetaminas e 4% a 60% para a heroína (2).

O consumo regular de droga ou a existência de dependência antes do encarceramento são mencionados por 8% a 73% dos reclusos, ao passo que a prevalência ao longo da vida do

consumo de droga injectada entre a população prisional é de 7% a 38% (3).

Apesar de a maioria dos toxicodependentes reduzir o consumo ou deixar de consumir depois de ingressar na prisão, alguns detidos continuam, e outros começam a consumir drogas (e/ou a injectá-las) enquanto estão na prisão. De acordo com os estudos disponíveis, 8% a 51% dos reclusos consumiram drogas na prisão, 10% a 42% dizem tê-lo feito regularmente e 1% a 15% injectaram-nas enquanto estiveram presos (4). Estes

resultados suscitam questões relativas à potencial propagação de doenças infecto-contagiosas, nomeadamente no tocante ao acesso a equipamento de injecção esterilizado e às práticas de partilha de equipamentos entre a população prisional. Os repetidos inquéritos realizados na República Checa (1996-2002), Dinamarca (1995-2002), Lituânia (2003/2004), Hungria (1997/2004), Eslovénia (2003/2004) e Suécia (1997-2004) revelam um aumento da prevalência de vários tipos de consumo de droga entre os detidos, ao passo que a França (1997/2003) comunica uma diminuição signifi cativa da percentagem de consumidores de droga injectada entre a população prisional (5).

(1) Os países que referiram estudos realizados nos últimos 5 anos

(1999-2004) e que forneceram dados sobre os padrões do consumo de droga entre as populações prisionais foram a Bélgica, República Checa, Dinamarca, Alemanha, Grécia, França, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Hungria, Malta, Países Baixos, Áustria, Portugal, Eslovénia, Eslováquia, Finlândia, Suécia, Reino Unido, Bulgária e Noruega.

(2) Ver quadro DUP-1 e fi gura DUP-1 no Boletim Estatístico de 2006.

(3) Ver quadros DUP-2 e DUP-5 no Boletim Estatístico de 2006.

(4) Ver quadros DUP-3 e DUP-4 no Boletim Estatístico de 2006.

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Relatório Anual 2006: A Evolução do Fenómeno da Droga na Europa

de 2000 a 2004 provenientes de sete países (República Checa, Alemanha, Grécia, Espanha, Irlanda, Itália, Áustria): quatro (República Checa, Alemanha, Grécia, Espanha) comunicaram uma diminuição do consumo problemático de opiáceos e um comunicou um aumento (Áustria — embora esta informação seja difícil de interpretar porque o sistema de recolha de dados mudou durante este período). Os dados relativos às pessoas que iniciaram o tratamento pela primeira vez sugerem que a incidência do consumo problemático de opiáceos poderá estar, de um modo geral, a diminuir lentamente, sendo por isso de esperar que a prevalência diminua, num futuro próximo.