• Nenhum resultado encontrado

Redução das mortes relacionadas com o consumo de droga

Respostas eficazes

Chegar às populações de consumidores de droga não tratadas e criar formas de comunicar com elas é uma condição prévia para a educação e a gestão dos riscos, bem como para a mediação do acesso aos serviços, nomeadamente aos serviços de tratamento.

A investigação das situações de overdose tem apoiado o desenvolvimento de intervenções dirigidas a situações ou indivíduos de alto risco. Essas medidas podem contribuir para uma importante redução das mortes atribuíveis aos efeitos imediatos do consumo de drogas. O papel das diferentes intervenções na redução das mortes por overdose de droga foi sintetizado num documento político recente do OEDT (OEDT, 2004d).

Dado que, na Europa, a maior parte das mortes por

overdose envolve o consumo de heroína, o aumento da

percentagem de consumidores de heroína em tratamento pode ser encarado como uma medida de prevenção das

overdoses. Vários factores poderão ser responsáveis pelas

ligeiras inversões recentemente registadas na tendência das mortes por overdose, em alguns Estados-Membros. Neles se incluem a diminuição das taxas de prevalência e de consumo por via endovenosa, o aumento dos esforços de prevenção, a maior disponibilidade, adesão e permanência em tratamento e, eventualmente, uma redução dos

comportamentos de risco. Perfil e respostas

Na maior parte dos países, os peritos consideram que o tratamento de substituição dos opiáceos é a mais útil das

diversas estratégias de intervenção utilizadas para reduzir as mortes por overdose de droga (212). Na Hungria e na

Suécia, este tipo de tratamento, apesar de estar disponível, não é considerado como uma forma de reduzir as mortes relacionadas com o consumo de droga. Além disso, na Estónia e na Polónia, o baixo nível de oferta de tratamento de substituição leva a que o tratamento de substituição com metadona não seja actualmente considerado como uma resposta importante para reduzir as mortes por overdose. As respostas orientadas para a informação, a educação e a comunicação são outras medidas importantes na maioria dos países europeus. A divulgação de mensagens de sensibilização para os riscos e de instruções sobre o modo de proceder em situações de overdose, através de publicações específicas ou de outros meios (folhetos, sítios na Internet, campanhas nos meios de comunicação social), é comum ou predominante em 19 países. Porém, em sete países (Estónia, França, Irlanda, Letónia, Hungria, Malta, Finlândia) essas medidas raramente são utilizadas e um país (Suécia) não as utiliza de todo.

Segundo os pontos focais nacionais, a integração sistemática de uma avaliação individual dos riscos nas rotinas de aconselhamento e tratamento e a organização de sessões de grupo, destinadas a consumidores de droga, sobre o modo de prevenir e responder aos riscos, constituem uma abordagem menos comum.

Uma vasta categoria de actividades pode ser definida como «intervenções antes da saída da prisão». Estas intervenções iam desde a simples divulgação de informações até ao início ou à continuação do tratamento de substituição na prisão, passando pelo aconselhamento sobre os riscos e a prevenção de overdoses. Contudo, as actividades incluídas neste espectro de respostas raramente foram utilizadas em treze países e não são de todo utilizadas noutros cinco (Letónia, Hungria, Polónia, Roménia e Suécia). Em Espanha, em Itália e no Reino Unido, as intervenções em meio prisional figuram entre as principais abordagens à redução das mortes por intoxicação aguda.

As situações de risco a nível local, provocadas pelo consumo público de droga injectada, levaram à abertura de salas de consumo de droga vigiado por profissionais em quatro Estados-Membros da UE e na Noruega (213). Estas salas

destinam-se a CDI muito marginalizados e em risco, que vivem na rua (OEDT, 2004c).

(212) Resultados baseados num inquérito efectuado através de 27 PFN em 2004. O instrumento pode ser descarregado a partir do endereço http://www.emcdda.europa.eu/?nnodeid=1333.

88

Toxicodependência, dependência da droga, consumo de droga, consumo prejudicial, consumo problemático de drogas: são vários os conceitos associados ao indicador do consumo problemático de droga do OEDT, cada um deles com distinções subtis próprias em termos médicos ou sociais. O indicador do consumo problemático de droga (CPD) do OEDT monitoriza «o consumo de droga injectada ou o consumo prolongado/regular de heroína, cocaína e/ou anfetaminas». Nesta definição convencionou-se incluir o consumo de outros opiáceos, como a metadona.

Esta definição do consumo problemático de droga é meramente comportamental, baseada em padrões de consumo de droga, e não mede explicitamente os problemas. No entanto, está ligada aos vários conceitos de dependência pelo entendimento de que alguém que se comporta desta forma poderá enquadrar-se, muito provavelmente, no conceito mais geral de «consumidor problemático». Importa notar, neste aspecto, que o indicador do consumo problemático de droga apenas estima um importante subgrupo de pessoas que podem ser consideradas como afectadas por algum tipo de problema relacionado com o consumo de droga. Todavia, esta abordagem é útil: como conceito comportamentalmente determinado, tem os seguintes méritos:

• permitiu que a monitorização se desenvolvesse sem estar presa às próprias definições de toxicodependência, dependência, danos e problema;

• é relativamente fácil de operacionalizar nos estudos de investigação;

• agrupa diversos tipos de drogas e modos de administração em alternativa, sem os diferenciar especificamente entre si.

Historicamente, o indicador de monitorização do OEDT ostentava as características próprias da época em que surgiu (na década de 80 e, em grande parte da década de 90, o consumo de heroína e o consumo de droga injectada eram considerados elementos fundamentais do fenómeno da droga que careciam de avaliação). Além disso, estas formas de consumo de droga não podiam ser convincentemente medidas por meio de técnicas de inquérito. A adição da referência às anfetaminas adequou a definição a alguns dos países nórdicos que tinham um consumo significativo de anfetaminas por via endovenosa; e não obstante a inclusão da cocaína, na prática, esta

raramente era uma componente importante das estimativas. Apesar de o indicador do consumo problemático de droga ainda nos proporcionar uma perspectiva útil sobre um elemento importante do fenómeno da droga, é cada vez mais notório que ele tem de ser desenvolvido para responder às necessidades da monitorização da actual situação europeia em matéria de droga, caracterizada por maior heterogeneidade. Estamos perante um panorama cada vez mais complexo no que respeita aos problemas de droga cronicamente existentes na Europa. Para continuar a ser pertinente num mundo de drogas ilegais em mutação, o trabalho de monitorização tem de avançar e responder aos desafios da cobertura de um espectro de drogas mais vasto, abrangendo o seu consumo de forma mais circunstanciada do que até à data.

O alargamento da UE levou à inclusão de uma maior variedade de comportamentos sociais, em que o consumo de drogas ilícitas não constitui excepção. A evolução da cultura ligada à droga, o aumento das drogas sintéticas e dos medicamentos consumidos de forma ilícita, a mudança para o consumo de cocaína e a prevalência geralmente elevada do consumo de cannabis são aspectos que têm de ser reconhecidos para se entenderem as necessidades concretas das pessoas com problemas associados ao consumo de drogas. As secções anteriores do presente relatório permitem constatar que, apesar de os consumidores de heroína continuarem a predominar claramente na procura dos serviços de tratamento da toxicodependência, o panorama está a mudar no caso das pessoas que iniciam o tratamento pela primeira vez e que apresentam problemas crescentes relacionados com o consumo de cannabis e de estimulantes (figura 14). Esta evolução deve ser enquadrada no contexto de uma oferta de tratamento muito mais vasta para os consumidores problemáticos de opiáceos, bem como uma maior cobertura do sistema de notificação dos serviços de tratamento. Em particular o tratamento de substituição de opiáceos, que obriga à permanência dos utentes em cuidados contínuos e prolongados (situação que não é mostrada nestes diagramas, que apenas indicam as pessoas que iniciam o tratamento no presente ano), realça o papel dos opiáceos nos actuais encargos com o tratamento relativamente aos novos utentes que iniciam o tratamento. Em muitos países, porém, afigura-se provável que os indivíduos que hoje desenvolvem um problema de consumo de droga, na

Capítulo 8