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Nas análises precedentes desenvolveu-se um diagnóstico detalhado da Paisagem Protegida, identificando os seus constrangimentos, recursos e potencialidades, com base nas quais é possível definir uma estratégia para o planeamento do seu território. Nesta estratégia atende-se principalmente aos aspectos relacionados com o ordenamento do território, não perdendo contudo de vista as questões de interface entre planeamento e gestão. As linhas orientadoras foram delineadas por biótopo, uma vez que constituem entidades territoriais globalmente homogéneas na perspectiva dos valores naturais, potencialidades e necessidades de conservação. Em cada caso, são definidos os cenários de planeamento mais compatíveis com a conservação dos valores patrimoniais e a valorização dos recursos naturais.

11.1 Biótopos aquáticos

A.1. Rios colinos / linhas de água

Os rios colinos/linhas de água são um dos biótopos com maior relevância em termos de conservação dos valores naturais da PP. Com efeito, muitas das espécies com maior valor de conservação da PPCB estão associadas aos cursos de água e galerias ripícolas, Salientam-se a panjorca (Chondrostoma arcasii), a salamandra-lusitânica (Chioglossa lusitanica), o lagarto-de--água (Lacerta schreiberii), a toupeira-de-água (Galemys pyrenaicus), e o guarda-rios (Alcedo atthis). A gestão integrada das linhas de água é assim essencial para a manutenção dos valores naturais da Paisagem Protegida. Por essa razão, este biótopo deverá ser sujeito a um plano de intervenção específica, no qual se deverão contemplar um conjunto de acções direccionadas não só às linhas de água como às galerias ripícolas contíguas. Entre estas acções destacam-se a recuperação de galerias ripícolas e a erradicação de espécies vegetais e animais invasoras.

11.2 Biótopos herbáceos

B.1. Prados húmidos

Este biótopo ocupa uma área muito reduzida, localizada na zona sul da Paisagem Protegida. Não obstante, apresenta uma elevada importância para os valores naturais na PP, nomeadamente para várias espécies de anfíbios e alguns répteis, e um grande número de espécies de mamíferos, referindo-se a título de exemplo o lobo e o corço

Capreolus capreolus. Foi agrupado em “Zonas agrícolas e pastagens”, para os quais são

definidas medidas de gestão específicas.

B.2. Prados de sequeiro

Juntamente com os biótopos Prados húmidos e Áreas agrícolas, foi agrupado como “Zonas agrícolas e pastagens”. Este agrupamento assume-se assim no seu conjunto como extremamente relevante do ponto de vista da conservação, devido à sua diversidade de biótopos de elevado interesse natural. À semelhança dos prados húmidos, os prados secos reflectem-se grande importância tendo associadas várias espécies de répteis, destacando-se a víbora de Seoane e algumas espécies de aves, realçando-se destas o tartaranhão-caçador Circus pygargus.

11.3. Biótopos arbustivos

C.1. Matos

Este biótopo resulta essencialmente da conversão de anteriores zonas de bosques de espécies autóctones em vários tipos de matos, que são relativamente homogéneos quanto à fauna que os utiliza. Apesar desta transformação, as zonas de matos albergam valores naturais muito significativos, e contribuem substancialmente para a diversificação quer em termos de paisagem, quer em termos de valores naturais. Os matos são frequentados por comunidades de fauna diversas, podendo destacar-se a cobra-lisa-europeia Coronella austriaca e as duas espécies de víboras; o noitibó- cinzento Caprimulgus europaeus, e a maioria das espécies de mamíferos, das quais se evidencia o lobo. As medidas de gestão, nomeadamente as limpezas de matos decorrentes de intervenções de prevenção e combate de incêndios, deverão ser condicionadas e sujeitos a parecer, de modo a compatibilizar os objectivos de redução do risco de incêndio com a manutenção do seu valor em termos de conservação.

11.4 Biótopos florestais

D.1. Bosques de caducifólias

Este biótopo assume extrema relevância, quer a nível da importância da vegetação presente quer a nível de importância para a comunidade faunística. Por essa razão, deverá ser englobado por um grau de protecção elevado e ser alvo de medidas de gestão que permitam manter a sua diversidade presente. Poderá em certa medida ser permitida a exploração sustentável deste recurso.

D.2. Bosques ripícolas

Este biótopo possui uma elevada riqueza específica, sendo usado por espécies prioritárias de anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Encontra-se a todos os níveis associado às linhas de água, e consequentemente deverá englobado num plano de intervenção específica, que terá em contas medidas já descritas anteriormente.

D.3. Pinhais

Este biótopo corresponde a áreas que anteriormente estariam cobertas por carvalhais e que foram progressivamente sendo alvo de aproveitamento silvícola. De uma forma geral, não apresenta grande interesse em termos de conservação da natureza, e a sua exploração em certas áreas (Perímetro Florestal de Entre Vez e Coura) não permite optimizar o potencial para conservação da biodiversidade. Neste sentido, novos povoamentos deverão ser interditas ou fortemente condicionados. Em paralelo, deverão ser estudados projectos de reconversão deste tipo de povoamentos, tendo o objectivo de aumento da biodiversidade, mas também a redução do risco de incêndio.

D.4. Eucaliptais

Este biótopo teve uma génese semelhante à dos pinhais (D.3.). De uma forma geral, os eucaliptais têm um interesse muito reduzido ou nulo em termos de conservação. É assim necessária a implementação de um conjunto de acções, a incidir tanto sobre os eucaliptais como sobre os pinhais, que promovam uma gestão agrícola sustentável, e que contribuam para a reconversão destes povoamentos em povoamentos de

espécies autóctones com considerável maior valor natural. Destaca-se também o elevado risco de incêndio destes povoamentos, o qual deverá ser considerado na formulação de regras de planeamento e medidas de gestão.

11.5. Ambientes artificializados

E.1. Zonas urbanas

Esta categoria inclui as áreas muito modificadas pela actividade humana, tais como os espaços construídos, incluindo casario disperso com hortas e pomares incorporados. Este biótopo tem geralmente muito pouco interesse de conservação, dado ser ocupado quase exclusivamente por espécies antropófilas muito comuns. Desta forma, deverá ser limitado o aumento de áreas edificadas no interior da PP.

E.2. Zonas agrícolas

Este biótopo é principalmente ocupado por espécies antropófilas. No entanto, apresenta uma riqueza específica apreciável, provavelmente por constituir um mosaico diverso e pela proximidade a outros biótopos mais relevantes. Como espécies mais típicas deste tipo de biótopo podem encontrar-se a petinha-dos-prados Anthus

pratensis, a alvéola-branca Motacilla alba, o chasco-cinzento Oenanthe oenantheou o

leirão Eliomys quercinus. De realçar que a presença de mosaicos agro-florestais da PP têm um papel essencial na manutenção dos habitats e da estrutura da paisagem. Deverão assim criar-se incentivos às actividades agrícolas em regime extensivos de produção. De igual forma, deverão criar-se um conjunto de medidas de gestão, que incluem a título de exemplo, a manutenção das sebes vivas dos campos agrícolas.

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