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12. QUADRO ESTRATÉGICO DE REFERÊNCIA

12.2. Usos e actividades

No território da Paisagem Protegida ocorrem, ou poderão vir a ocorrer, múltiplos usos e actividades que deverão ser devidamente regulamentadas. Seguidamente, apresentam-se as principais actividades identificadas, descrevendo em cada caso o quadro estratégico para o seu desenvolvimento. Em todos os casos, este quadro estratégico tem como princípios básicos a necessidade de assegurar a conservação dos valores naturais e o uso sustentável dos recursos.

i. Agricultura e pastoreio. As actividades agrícolas e pastoris devem ser

desenvolvidas de forma a garantir o seu papel essencial na manutenção dos

habitats e da estrutura da paisagem. Os sistemas agro-ambientais de incentivo

às actividades agrícolas que venham a incidir especificamente na PPCB devem visar de forma prioritária a manutenção dos sistemas extensivos de produção, especialmente nas áreas de protecção parcial II. Deverão ser fomentados modos de produção sustentáveis, incluindo a produção integrada e a produção biológica em todas as culturas e produções vegetais e animais. Adicionalmente, deverão ser desenvolvidos acordos com os agricultores visando a alteração ou reconversão das actividades que, de acordo com o regime de protecção definido para cada espaço, manifestamente se encontrem em desequilíbrio com os objectivos de conservação da natureza. A PPCB deverá promover os produtos resultantes da agricultura extensiva, no quadro do fomento e certificação dos produtos da região. Para a prossecução das acções e objectivos referidos anteriormente, na PPCB deve ser fornecido apoio técnico aos agricultores, quer no esclarecimento quanto aos apoios financeiros disponíveis, sejam nacionais sejam comunitários, quer no desenvolvimento de eventuais candidaturas.

ii. Floresta. As actividades florestais devem ser desenvolvidas de forma a

garantir o seu papel essencial na manutenção dos habitats e da estrutura da paisagem. Deverão ser criados Planos de Gestão Florestal aprovados pelas entidades competentes com o parecer vinculativo da comissão directiva do PPCB. Deve privilegiar-se o coberto florestal de folhosas autóctones adaptadas às condições ecológicas locais, promovendo a reconversão a médio prazo dos povoamentos dominados por pinheiros e eucaliptos. Deve ser promovida a instalação e garantida a conservação de corredores ecológicos ao longo das linhas de água principais, constituídos pela vegetação ripícola natural; Adicionalmente, devem ser promovidas acções de sensibilização dos produtores florestais, no sentido da adopção de práticas adequadas e que não resultem na degradação dos valores naturais em presença, nomeadamente no que respeita à utilização de técnicas de instalação, gestão e manutenção da floresta, e fornecimento de informação relativa a formas alternativas de produção. Devem ser estabelecidos acordos com os produtores florestais

visando a reconversão da actividade florestal naqueles locais que manifestamente se encontrem em desequilíbrio com os objectivos de conservação da natureza, de acordo com o regime de protecção definido para cada espaço. A PPCB deverá disponibilizar esclarecimentos quanto aos apoios financeiros disponíveis, sejam nacionais sejam comunitários, quer no desenvolvimento de eventuais candidaturas

iii. Actividade cinegética. O exercício da caça na área de intervenção do

POPPCB deverá assegurar a compatibilidade com os valores naturais presentes. Por essa razão, a actividade cinegética deverá ser interdita fora das zonas de regime ordenado. A PPCB deverá promover, em articulação com a Direcção Geral dos Recursos Florestais, a elaboração dos Planos Globais de Gestão e dos Planos Específicos de Gestão necessários para assegurar o ordenamento, gestão e exploração integrados dos recursos cinegéticos e a sua compatibilização com a conservação dos valores naturais. Adicionalmente, as acções de repovoamento ou reforço cinegético deverão carecer de autorização da PPCB e devem ser feitas com animais geneticamente semelhantes aos da população receptora e que apresentem bom estado sanitário, utilizando preferencialmente animais capturados no bravio num raio máximo de 50 km do local do repovoamento.

iv. Pesca. O exercício da pesca na área da PPCB deverá ser permitido nas águas livres. Esta actividade deverá ser exercida em regime ordenado. A realização de convívios ou de competições desportivas de pesca em grupo deverá carecer de licenciamento da entidade competente nos termos da legislação específica em vigor, podendo a PPCB, definir, no seu parecer, restrições quanto a aspectos particulares atendendo ao local e ao número provável de praticantes.

v. Edificações e infraestruturas. Na PPCB poderão ser permitidas novas

edificações nos perímetros urbanos, mediante os condicionamentos e regras previstas no PDM de Paredes de Coura. Todas as novas edificações nas zonas de protecção complementar deverão ser sujeitas a parecer vinculativo da PPCB. Em todas as restantes áreas da PP, só deverão ser permitidas, após

autorização ou parecer vinculativo da PPCB, a construção de edificações e estruturas de apoio às actividades agrícolas, florestais, e de educação e interpretação ambiental. Adicionalmente, estas construções deverão estar sujeitas a uma série de condicionamentos, entre os quais se incluem a sua integração na envolvente natural e a sua compatibilidade com os valores paisagísticos, ecológicos e culturais da PP. Deverá ainda ser demonstrada a necessidade de qualquer nova edificação, designadamente pela inexistência de outras edificações que possam cumprir a mesma função. Nas construções já existentes, carecem de autorização ou parecer vinculativo da PPCB as obras de reconstrução, alteração e ampliação. A instalação de infra-estruturas eléctricas e telefónicas, de telecomunicações, de gás natural, de saneamento básico e de aproveitamento de energias renováveis carecem de autorização ou parecer vinculativo da PPCB, devendo ser subterrâneas sempre que tecnicamente exequível.

vi. Turismo da natureza. O Turismo na PPCB deverá observar critérios de boas

práticas de gestão ambiental, quer na vertente da animação turística quer na vertente do alojamento. No que respeita à vertente do alojamento, os empreendimentos deverão dispor de medidas de poupança de água, energia e de redução e separação dos resíduos. A PPCB deverá publicar uma Carta de Desporto de Natureza, detalhando as regras e orientações relativas a cada modalidade desportiva. Esta carta de desporto deverá ainda incluir os locais e as épocas do ano em que cada actividade possa ser praticada, bem como a respectiva capacidade de carga da PP em relação a esta. A PPCB poderá suspender, temporária ou permanentemente, actividades de turismo de natureza em determinados locais, sempre que se verifique a sua incompatibilidade com os valores naturais presentes.

vii. Actividades desportivas e recreativas. As actividades desportivas e

recreativas não enquadráveis nas modalidades definidas para o turismo de natureza deverão estar sujeitas a parecer do ICNB. Na realização de actividades, deverão ser impostas as restrições adequadas, de modo a salvaguardar a capacidade de carga e os objectivos de conservação da natureza da PPLBSPA. A título de exemplo, a realização de passeios a pé, de cavalo ou de bicicleta, ainda que por indivíduos ou grupos não organizados, deve ser feita pelas vias pavimentadas ou pelos percursos

viii. Investigação científica e monitorização. Os trabalhos de investigação

científica são fundamentais para o conhecimento e correcta gestão da Paisagem Protegida. Deverão ser privilegiados trabalhos de longo termo, que permitam obter informação sobre a evolução dos habitats e espécies, bem como trabalhos sobre componentes menos conhecidas da biodiversidade, incluindo os invertebrados aquáticos e terrestres. Estes devem assim permitir avaliar a sua prioridade e exigências em termos de conservação. As actividades científicas deverão ser sujeitas a autorização da Paisagem Protegida.

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