Primeiramente será abordado aspecto referente ao município de Guarani das Missões/RS, como localização, população, características socioeconômicas e estruturas relacionadas aos serviços de saúde.
Esta dissertação foi desenvolvida junto à equipe de Saúde da Família no município de Guarani das Missões, localizado na região noroeste do Rio Grande do Sul, sendo conhecido como “A Capital Polonesa dos Gaúchos” por ter uma colonização predominantemente polonesa. A colonização do Município iniciou-se em 1891, onde os primeiros colonizadores foram os suecos e poloneses, depois vieram os italianos, alemães, russos, portugueses, tchecoslovacos, austríacos, espanhóis, ucranianos e outros. Hoje existe uma miscigenação de etnias.
Atualmente é constituído por 8.115 habitantes em um território de 290,497 Km2 e sua economia gira em torno da indústria, agricultura e pecuária (IBGE, 2013). Os limites geográficos compreendem, ao Norte, os municípios de Ubiretama, Senador Salgado Filho e Sete de Setembro; ao Sul, Caibaté; ao Leste, Sete de Setembro; ao Oeste, Cerro Largo e; ao Sudeste, Vitórias das Missões.
O Município foi criado pela Lei Estadual nº 3.699 de 31 de março de 1.959 e a instalação ocorreu no dia 27 de maio do mesmo ano, com a posse do primeiro Prefeito e da Câmara de Vereadores, data em que se comemora o dia do Município.
A economia do município gira em torno da agropecuária principalmente na plantação de canola, girassol e linhaça e na transformação de grãos (soja) em óleo vegetal, também conta com fábricas de esquadrias metálicas e de madeira e indústria metal-mecânica. Sua cultura é fortemente marcada pela manutenção da língua polonesa, sendo transmitida aos alunos da rede municipal como uma forma de incentivar o aprendizado da língua materna. Entre outras manifestações encontramos gastronomia típica, o vestuário, o artesanato, a música, a arte, e a religiosidade.
Na área da saúde encontramos quatro unidades de saúde, duas em território urbano e duas em território rural com um total de 61 profissionais de saúde, além dos serviços prestados na secretaria municipal de saúde. Mantém vários programas de atuação na rede de atenção básica, entre eles uma equipe de Saúde da Família. Também conta com um hospital filantrópico de pequeno porte contando com 41 leitos e estabelecimentos de saúde particulares e conveniados ao SUS, entre eles: consultórios médicos, farmácias, laboratórios, consultórios dentários, consultórios de fisioterapia e nutricional.
Figura 04: Mapa do Rio Grande do Sul – RS Fonte: <http://pt.wikipedia.org>
Figura 05: Mapa de Guarani das Missões – RS Fonte: <http://www.guaranidasmissoes.rs.cnm.org.br>
3.3.1 Trajetória metodológica com a estratégia saúde da família em Guarani das Missões/RS
O desenvolvimento deste estudo foi realizado através da técnica de observação na unidade de saúde, durante as atividades grupais com a comunidade e nos momentos de visitas domiciliares, posteriormente foi aplicada uma entrevista semi-estruturada junto aos profissionais que atuam na equipe de Estratégia Saúde da Família – Bairro Esperança, Guarani das Missões/RS. Para iniciar foi realizada uma explanação sobre o projeto de pesquisa em uma das reuniões de equipe. Visto a aceitação foram organizadas as etapas para obtenção dos dados, sempre facilitando a disponibilidade dos atores.
Para dar continuidade e presenciar as atividades desenvolvidas, utilizou-se a técnica de observação. Esta caracteriza-se pelo contato direto do pesquisador com o fenômeno estudado, com a finalidade de obter informações acerca da realidade vivenciada pelas pessoas em seus próprios conceitos (GIL, 2010).
Os participantes foram assistidos em suas atividades profissionais, sendo em reuniões de equipe e em atendimentos individuais e coletivos no período de fevereiro a abril de 2013, em turnos da manhã e tarde. Este contato foi realizado na unidade básica de saúde, nos espaços da comunidade, nos momentos de grupos em saúde e nas visitas domiciliares. Estas observações foram registradas em um diário de campo, sendo um instrumento caracterizado como registro fiel e detalhado de cada visita de campo, onde o pesquisador deve registrar todas as suas impressões em uma ordem cronológica (VICTORA; KNAUTH; HANSSEN, 2000).
Em um segundo momento, foram agendadas as entrevistas de cunho qualitativo organizado através de um instrumento semi-estruturado (Anexo I). Conforme Minayo (2010), a entrevista deve desdobrar os vários indicadores considerados essenciais e em suficientes tópicos que contemplem a abrangência das informações esperadas.
A utilização de entrevista semi-estruturada com perguntas orientadoras, formuladas a partir do tema de pesquisa, é uma técnica que envolve duas pessoas numa situação “face a face” e em que uma delas formula questões e a outra responde. Já o formulário pode ser definido como a técnica de produção de dados em que o pesquisador formula questões previamente elaboradas e anota as respostas (GIL, 2010).
Para Minayo:
O que torna a entrevista instrumento privilegiado de coleta de informações para as ciências sociais é a possibilidade de a fala ser reveladora de condições estruturais, de sistemas de valores, normas e símbolos (sendo ela mesma um deles) e ao mesmo tempo ter a magia de transmitir, através de um porta-voz, as representações de grupos determinados, em condições históricas, socioeconômicas e culturais específicas (1998, p.109-110).
As entrevistas foram agendadas com cada participante e realizadas na unidade de saúde, em local reservado. No momento das entrevistas foram seguidas as questões orientadoras e gravadas para serem analisadas e categorizadas. O anonimato sobre a identidade dos sujeitos foi garantida, mediante o uso de pseudônimos caracterizado por meio de letras do alfabeto ao final de cada fala.
Foram realizadas dez entrevistas com questões referentes ao perfil da equipe, ao processo de educação em saúde no cotidiano profissional e à concepção particular de cada participante frente aos objetivos da pesquisa. Segundo Minayo (2001, p. 57) “a entrevista é o procedimento mais usual no trabalho de campo, sendo um instrumento que busca obter informes contidos na fala dos atores sociais”.
Como forma de ventilar alguns questionamentos frente ao tema da pesquisa, a entrevista vem balizar e discutir as concepções dos profissionais acerca do processo de educação em saúde e sua viabilidade relacionada ao cotidiano de trabalho. Pode-se relatar que a aceitação das entrevistas ocorreu de forma amigável, pois a equipe demonstrou colaboração e interesse na pesquisa. O significado que cada participante demonstrou em cada questão abordada, foi o foco da pesquisadora tentando capturar as perspectivas dos sujeitos.
De maneira geral, no transcorrer das entrevistas vieram à tona reflexões e identificações das necessidades de modelar e participar da dinâmica dos processos de educação em saúde produzidos nos espaços de trabalho.