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REPRESENTAÇÃO DOS DADOS RELACIONADAS À OBSERVAÇÃO

A Política Nacional da Atenção Básica vislumbra nas equipes de Saúde da Família um processo de expansão e qualificação, tendo no seu desenvolvimento, o mais alto grau de descentralização e capilaridade, balizado nos princípios da universalidade, acessibilidade, vínculo, responsabilização, humanização e participação social.

Nessa orientação, as Políticas da Rede de Atenção Básica, em especial a implantação e o fortalecimento das equipes de ESFs projetam-se para viabilizar as ações que vão ao encontro com as necessidades da comunidade, buscando despertar no usuário o autocuidado, a prevenção e a oportunidade de estimular práticas saudáveis. Segundo Almeida (2002), o espaço de produção de saberes ocupa todo o campo em que pessoas compartilham vivências, valores, sentidos e identidades, figurando uma possibilidade de reflexão produzida no cotidiano.

A consolidação da equipe de Saúde da Família deu-se em 2009, correspondendo a um território definido de atuação de 05 (cinco) microáreas e uma média de 2.000 pessoas. Este trabalho faz parte do processo de trabalho, delimitando a área geográfica a fim de melhor organizar o planejamento e priorizar as ações de intervenções clínicas e sanitárias.

Conforme Pereira e Barcellos (2006, p.48) a territorialização

é um dos pressupostos básicos do trabalho do PSF. Essa tarefa adquire, no entanto, ao menos três sentidos diferentes e complementares: de demarcação de imites das áreas de atuação dos serviços; de reconhecimento do ambiente, população e dinâmica social existente nessas áreas; e de estabelecimento de relações horizontais com outros serviços adjacentes e verticais com centros de referência. Essas características, naturais ou elaboradas pelo homem, dão feitio ao ambiente, que por sua vez influi no processo saúde-doença da população.

Abaixo, apresenta-se a descrição do território, compreendido como microáreas, sob responsabilidade da equipe de Saúde da Família – Bairro Esperança, sendo três em área urbana e duas em área rural.

Tabela 1: Microáreas da equipe de saúde da família – Bairro Esperança.

Microárea Localidade Famílias acompanhadas Pessoas acompanhadas

01 02 03 04 05 Bairro Esperança Bairro Esperança Bairro Santa Tereza Linha Seca e Viola Linha do Rio 155 138 170 80 92 496 441 544 256 294 Total 635 2031 Fonte: Carvalho, 2013.

Conforme a Portaria do Ministério da Saúde, 2488/90, cada equipe de Saúde da Família deve ser responsável por no máximo 4.000 pessoas, sendo a média recomendada de 3.000 pessoas. Dessa forma, podemos observar que esta equipe atende a um número inferior de pessoas, este fato possibilita uma maior atenção por parte da equipe junto à comunidade adscrita.

Nesta equipe, existem duas microáreas (4 e 5) com considerável redução no número de famílias. Isso ocorre em virtude de pertencerem a áreas do meio rural tendo uma extensão geográfica muito maior que a área urbana.

Contudo, apesar de esta equipe estar em desenvolvimento há 4 (quatro) anos em território adscrito, observou-se a falta de um mapa que demonstra o diagnóstico situacional das famílias. De maneira geral, ao investigar a falta deste mapa, a equipe relata que se envolve com outras atividades e acaba priorizando outras ações, como as consultas, visitas e reuniões,

também reconhecem que poderiam realizar este diagnóstico, pois com este pode-se visualizar melhor as áreas e situação de risco e elencar a intervenção da equipe conforme as necessidades de cada família.

Abaixo, apresenta-se parte externa da unidade de saúde ESF Esperança.

Figura 06: Imagem da unidade Básica de Saúde da Família - Bairro Esperança. Fonte: Carvalho, 2014.

Quanto ao espaço físico, relativo ao desenvolvimento das ações, observou-se uma carência em relação, tais como: consultório de enfermagem, sala de imunização, banheiros masculino e feminino separados, sala de reuniões, sala de estoque, espaço para almoxarifado. Considerando o fortalecimento e a necessidade de estruturação física para implementar as ações, esta Unidade Básica de Saúde apresenta limitações no seu espaço físico o que compromete a garantia da evolução das normativas e protocolos das atividades dos profissionais.

Para o fortalecimento da atenção básica é necessário contar com instalações físicas adequadas, com equipamentos e insumos necessários para o desenvolvimento do trabalho, de maneira que promova a valorização dos ambientes de trabalho e do trabalhador.

Em relação à carga horária da equipe, foi observado que todos os profissionais estão vinculados a uma carga horária semanal de 40 (quarenta) horas, seguindo a orientação do

Ministério da Saúde. Dessa forma, potencializa-se a reorientação do processo de trabalho de ampliar a resolutividade e o impacto na situação de saúde das pessoas e coletividades.

Segundo dados obtidos através da técnica de observação, a equipe tem trabalhado de forma a atender as diretrizes da Atenção Básica, nas quais se elencam atividades de prevenção e promoção com ações de orientações, palestras, grupos e consultas que visam hábitos saudáveis, evitando acontecer a patologia; e de recuperação da saúde onde são contempladas atitudes curativas e terapêutica que reabilitam a saúde de cada pessoa ou grupo de pessoas.

Para tanto, é compartilhada uma agenda (instrumento que informa datas, horários e tipo de atendimento de cada profissional) com todos os profissionais, com informações que demonstram as atividades grupais e individuais, refletindo a dinâmica do grupo. Esta agenda contempla as atividades na unidade de saúde pelo período da manhã. As atividades são distribuídas em consultas médicas, odontológicas, de enfermagem e realização de procedimentos como injeções, curativos, nebulizações e verificação dos sinais vitais. Observa-se, ainda, que estão disponibilizados serviços com agendamento como, preventivos de câncer uterino, consultas obstétricas e consultas para idosos, bem como são mantidos serviços de emergência para melhor atender a demanda.

Esta agenda promove uma visualização do trabalho multiprofissional, uma vez que sistematiza o processo de trabalho entre todos os membros, mas a execução desta proposta nem sempre é efetivada, pois constatou-se uma grande dificuldade no deslocamento da equipe até os locais propostos, como visitas domiciliares e grupos nas comunidades do interior. Esse fato dificulta o planejamento da equipe, sua credibilidade diante da comunidade e a confiança do usuário no trabalho a ser desenvolvido.

Matumoto (1998) apresenta o acesso aos serviços como uma primeira etapa a ser vencida pelo usuário quando parte em busca da satisfação de uma necessidade de saúde. Desta forma os obstáculos enfrentados pela equipe, impedem respostas mais efetivas frente à utilização dos serviços.

O período da tarde destina-se às atividades grupais (na unidade e em locais do território adscrito), como, palestras para a comunidade, visitas domiciliares, reuniões de equipe e grupos específicos de saúde como de gestantes, puérperas, hipertensos e diabéticos. Observou-se receptividade por parte dos usuários ao receber a equipe em seus domicílios,

bem como nas atividades grupais, momentos em que são compartilhados conhecimentos e intervenções nos cuidados com a saúde.

Para fortalecimento da Atenção Básica é necessário desenvolver processos de educação permanente para os trabalhadores, discutindo os processos de trabalho e a relação com os outros profissionais, pois a intenção do trabalho multidisciplinar é fortalecer e transitar entre diferentes intervenções, esta proposta ainda é um desafio percebendo que muitos profissionais presenciam a separação dos fazeres e saberes, dificultando a ideia do trabalho compartilhado.

4.1.1 Educação Permanente: dados observados

Segundo a Política da Atenção Básica, a educação permanente é a programação educativa ascendente, a partir de uma análise coletiva dos processos de trabalho identificando- se múltiplas situações a serem enfrentadas, possibilitando a construção de estratégias contextualizadas que promovam o diálogo entre as políticas gerais e a singularidade dos lugares e pessoas (BRASIL, 2011).

A educação permanente pode ser entendida como um processo de aprendizagem onde o aprender e ensinar se incorporam ao cotidiano das organizações e dos processos de trabalho, tendo como objetivo a transformar e qualificar as práticas e melhorar a assistência em saúde. (BRASIL, 2004).

A partir deste pressuposto, é pontual que cada equipe desenvolva discussões, estudos e momentos de reflexão e troca de experiências, buscando fortalecer e apoiar o trabalho com base no protagonismo dos diferentes sujeitos. Este reordenamento propicia espaços fundamentais para a formação e participação das responsabilidades em defesa da saúde. Neste sentido as análises distintas de cada momento enriquecem e estimulam experiências inovadoras na gestão do cuidado e nos serviços de saúde.

Em relação aos dados referente à formação dos trabalhadores, a maioria mencionou ter participado de algum curso ou capacitação relacionada ao trabalho da ESF, observa-se ainda que muitos anseiam em atualizar seus conhecimentos nas áreas específicas e na área de

saúde pública/comunitária. Para tanto reforçam algumas dificuldades para buscar este aperfeiçoamento como: incompatibilidade de horários em função de outros compromissos, recursos financeiros e deslocamento.

Além disto, foi confirmado que dificilmente são disponibilizados cursos para a formação de trabalhadores com foco nos processos educativos em saúde, evidenciando a carência de programas e estudos em nossa região. Pensando nisso a educação permanente pode ser entendida como aprendizagem-trabalho, ou seja a partir dos problemas enfrentados na realidade levando em consideração os conhecimentos e as experiências que as pessoas já têm (BRASIL, 2006).

É importante ressaltar a importância em fortalecer conhecimentos, atitudes e estratégias que possam expandir e compreender os espaços de qualificação pessoal, onde são permeadas a capacidade crítica e a possibilidade de transformação das práticas em saúde. A educação permanente é um importante elemento para entender que a prática alinhava atividades de educação, ação técnica e troca de experiências, exigindo disposição para o aprendizado responsabilidade e empatia. Neste sentido torna-se um instrumento para a transformação da práxis que, segundo Freire (2005), constitui-se no encontro entre sujeitos embasada na generosidade social, humildade, amorosidade e solidariedade, compreendendo a ação e a reflexão, juntas implicam na práxis.