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DE RESISTÊNCIA A FUNGICIDAS

ESTRATÉGIAS DE COMBATE AO OÍDIO DA VIDEIRA

Na luta anti-oídio da videira, encontram-se disponíveis no mercado nove tipos de substâncias ativas as quais, devido às suas características peculiares, leva-nos a distribuí-las por 3 grupos (A, B e C).

O grupo A é constituído por 2 tipos de substâncias ativas que têm em comum pertencerem a fungicidas de contacto ou de superfície que têm modo de ação multi- sítio (isto é, que possuem múltiplos modos de atuação), não sendo por isso suscetíveis a fenómenos de resistência (Quadros 1 e 2):

Quadro 1 – Fungicidas com substância ativa à base de Minerais.

Quadro 2 – Fungicida com substância ativa à base de derivados do Fenol.

O grupo B é constituído por 3 tipos de substâncias ativas que apesar de serem

fungicidas penetrantes ou, mesmo sistémicos, têm uma ação essencialmente preven- tiva, por já terem sido detetados fenómenos de resistência do oídio a estes fungicidas. Assim, em situações de ataque de oídio já declarado, por princípio, não se deve recorrer a estas substâncias ativas (Quadros 3, 4 e 5).

Quadro 3 – Fungicidas com substância ativa à base de IDM (Inibidores da

Demetilação na biossíntese dos esteróis) ou seja, à base de IBE do grupo 1.

Quadro 4 – Fungicidas com substância ativa à base de Azanaftalenos (AZN).

Quadro 5 – Fungicidas com substância ativa à base de QoI (Quinone outside

Como nota complementar aos fungicidas pertencentes ao grupo B importa salien- tar que não se devem utilizar em sucessão fungicidas à base de IDM, AZN e QoI (DGAL-SDQPV et al., 2015) como é o caso, por exemplo, da sequência: TOPAZE + TALENDO + QUADRIS ou de outras equivalentes. Com efeito, é mais seguro alternar tratamentos fitossanitários com substâncias ativas sujeitas a fenómenos de resistência (QoI, IDM ou AZN) com fungicidas não sujeitos a resistência e, portanto, oferecendo uma maior eficácia na luta anti-oídio. Contudo, em determinadas situações de oídio declarado existe, entre outras soluções, a possibilidade de recorrer, por exemplo, a uma mistura de KARATHANE STAR (Quadro 2) a 50% da sua concentração máxima reco- mendada, com um fungicida à base de IDM (Quadro 3) à concentração normal.

No que se refere às Estrobilurinas (QoI) é de salientar que têm particular interesse no combate a outras doenças, como é o caso das doenças do lenho (ao abrolhamento) e, também, na prevenção do black-rot tardio (do bago de ervilha ao pintor). Contudo, como referido anteriormente apresentam certas debilidades na luta anti-oídio, princi- palmente, no período pós floral.

O grupo C, por sua vez, é constituído por 4 tipos de substâncias ativas que têm

em comum pertencerem a fungicidas penetrantes ou sistémicos que não são sujeitos, até à data, a fenómenos de resistência conhecida relativamente ao oídio da videira (Qua-

dros 6, 7, 8 e 9). No entanto, nas substâncias ativas deste grupo foram já detetados

fenómenos de resistência relativamente a outros oídios ou a outros fungos (Botrytis

cinerea) pelo que devem ser utilizados com precaução, de modo a preservar a sua efi-

cácia no presente e no futuro.

Quadro 6 – Fungicidas com substância ativa à base de Benzofenona.

Quadro 8 – Fungicidas com substância ativa à base de SDHI (Inibidores da Sucinato

Desidrogenase).

Quadro 9 – Fungicida com substância ativa à base de Amidoximas.

Na maioria das situações concretas de combate ao oídio da videira é sempre mais económico prevenir atempadamente para não ter que remediar. Com efeito, quanto mais tardiamente se procura solucionar a presença visível de oídio na vinha, mais ele- vados serão os prejuízos sobre a quantidade e a qualidade da vindima, bem como os custos da erradicação da doença, os quais se prolongam frequentemente para o ano agrícola seguinte. Quando o ataque de oídio se torna intenso sobressai, principalmente, a perda de produção, a qual se torna muito relevante. Nas situações intermédias avulta, essencialmente, a perda de qualidade da vindima a qual se pode tornar muito gravosa, dado que o fendilhamento da película dos bagos provocado pelo oídio abre as portas à instalação da podridão cinzenta, a qual se as condições climáticas forem medianamente favoráveis serão suficientes para impedir a produção de vinhos com direito a DOP ou a IGP. Nos casos mais graves, a podridão cinzenta poderá ainda dar origem à podridão ácida e à subsequente contaminação do vinho, o que o pode tornar impróprio para consumo.

CONCLUSÕES

A luta contra o oídio da videira (Erysiphe necator) nunca teve à sua disposição tantas substâncias ativas alternativas como hoje, pelo que uma gestão sustentável, ou seja, criteriosa, adequada e atempada dos fungicidas anti-oídio existentes permitirá diminuir drasticamente os prejuízos com esta doença que, atualmente, ainda se verifi- cam na maioria das regiões vitícolas nacionais.

As observações ou recomendações efetuadas neste trabalho tiveram exclusiva- mente em atenção a gestão dos fenómenos de resistência do oídio a fungicidas, pelo que não se efetuam juízos de valor sobre a eficiência intrínseca das diferentes substâncias ativas consideradas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAYER CROP SCIENCE (2012). Manual Bayvitis: A fitossanidade da videira, 331 pp, II Edição. Carnaxide. Portugal.

DGAL-SDQPV, ANSES-RPP, INRA, CIVC, IFV (2015). Note technique commune gestion de la résistance 2015. Maladies de la vigne. Mildiou, oïdium, pourriture grise. France (versão

online).

DGAL-SDQPV, ANSES-RPP, INRA, CIVC, IFV (2014). Note technique commune gestion de la résistance 2014. Maladies de la vigne. Mildiou, oïdium, pourriture grise. France (versão

online).

DGAV (2015). Guia dos produtos fitofarmacêuticos. Lista dos produtos com venda autorizada. MAM. Lisboa (versão online).

SNAA (2015). Avisos Agrícolas. Estação de Avisos do Douro. Circular nº 3/2015. Características dos fungicidas anti-oídio. DRAPN. Peso da Régua (versão online).

EXPRESSÃO DIFERENCIAL DE GENES AO