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Estratégias energéticas e características das paisagens energéticas italianas

No documento Comunidades urbanas energeticamente eficientes (páginas 109-112)

As estratégias energéticas italianas, assim como aquela de todos os Estados-Membros da União Europeia (UE), baseiam suas referências nas polí- ticas europeias sobre o clima e a energia, políticas influenciadas pelos acordos (veja as Conferências sobre o Clima, os acordos estratégicos entre os países produtores e consumidores...) e estratégias (veja as decisões sobre a quantidade de petróleo a ser produzido, sobre a construção de grandes usi- nas intercontinentais...) definidas a nível global.

As políticas energéticas europeias

As políticas europeias dividem-se em diretivas, regulamentos e financiamentos destinados a al- cançar um abastecimento energético seguro, sus- tentável e a custo competitivo2.

Os atuais objetivos da UE são o resultado de uma evolução iniciada com o debate ocorrido duran- te a elaboração da estratégia contida no pacote “Clima-Energia”, aprovado em 2009, e conhecido como o “20-20-20”. Através de seis medidas legis- lativas que combinam políticas para a luta contra as alterações climáticas com políticas energéti- cas, esta estratégia visa atingir, até 2020, a redu- ção de 20% das emissões de gases do efeito estufa em relação aos níveis de 1990, e produzir a partir de fontes renováveis 20% da energia consumida, melhorando o desempenho de energia em 20%. Estas medidas foram integradas pela Diretiva 2012/27/UE sobre eficiência energética, através da qual é regulamentado e incentivado um fator re- lacionado às políticas energéticas que não tinha sido considerado em modo especifico nas seis medidas anteriores. De fato, a eficiência energéti- ca é um fator-chave para alcançar metas de longo prazo e é o modo economicamente mais eficaz para reduzir as emissões, tornando mais seguro e competitivo o fornecimento de energia e reduzin- do o custo da energia gerada.

Figura 4 Torres de captação de energia eólica no litoral do Rio Grande do Norte, Brasil, em fevereiro de 2015

Fonte Giovana Paiva de Oliveira

2 Para aumentar a segurança no abastecimento energético e diminuir os custos energéticos, a União Europeia busca favorecer o livre comércio

A importância de se trabalhar com um pacote de estratégias integradas de intervenção para alcan- çar os ambiciosos objetivos que a UE estabeleceu, está também no fato de que estes objetivos estão fortemente interligados. Por exemplo, a redução do consumo de energia leva, em comparação à ener- gia produzida por fontes renováveis, a um aumento da sua quota percentual da produção e vice-versa. A Diretiva 2012/27/UE estabelece diversos e impor- tantes objetivos e medidas normativas que afetam principalmente as áreas que oferecem maior po- tencial de economia de energia (transporte públi- co, edifícios, climatização, eletrodomésticos) e têm efeitos significativos sobre as estratégias energéti- cas nacionais e regionais. Essas medidas incluem: • A implementação pelos Estados-Membros,

de estratégias de longo prazo para a mobilização de investimentos na reestruturação dos edifícios residenciais e comerciais, sejam públicos que privados; • A economia energética anual de pelo

menos 1,5% do total de energia vendida por concessionárias públicas. Isso significa que essas empresas deverão com o tempo, modificar seu modelo de negócio, por isso deverão deixar de fornecer energia elétrica, gás ou petróleo, mas terão que fornecer serviço de aquecimento, iluminação, operacionalizar máquinas e eletrodomésticos;

• A renovação anual de 3% dos edifícios de propriedade e ocupados pelos governos centrais;

• A obrigação para as grandes empresas de se submeter à auditoria energética até 2015, a ser repetido pelo menos de quatro em quatro anos;

• A obrigação de adoção, até 31 de dezembro de 2016, de sistemas de contabilidade do consumo de aquecimento ou arrefecimento para cada unidade de aquecimento/ arrefecimento centralizado. A Diretiva 2010/31/CE reforçou as medidas para a redução de consumo no setor da construção, sen- do esta área responsável na UE por cerca de 40% do consumo energético total e por 36% das emis-

sões de gases do efeito de estufa, através da ex- tensão de certificado de desempenho energético a todos os consumos de energia do edifício e da definição de novos requisitos mínimos de desem- penho energético dos edifícios novos.

A este respeito, a partir de 31 de dezembro de 2018 todos os edifícios novos ocupados pela adminis- tração pública e de propriedade desta última, in- cluindo edifícios escolares, deverão ser edifícios com consumo energético perto de zero e terão que usar uma parte significativa de fontes de energia renováveis produzida no local. A partir de 01 de ja- neiro de 2021 esta obrigação se estenderá a todos os novos edifícios, tanto privados como públicos. Além disso, os Estados-Membros da UE devem elaborar planos nacionais e ativar estratégias e ações que permitam estimular a transformação de edifícios que serão restruturados em edifícios com consumo energético perto de zero.

Com as medidas subsequentes, incluindo a Ta- bella di marcia per l’energia 2050, a UE alargou os objetivos em matéria de clima e energia para 2050, tornando-os ainda mais ambiciosos. Na verdade, se com as estratégias previstas para atingir as metas para 2020 alcançaria em 2050 uma redução das emissões de pouco mais de 30%, para aquela data a União Europeia, no entanto, fixa uma redu- ção entre 80 e 95%, dependendo de acordos inter- nacionais. Para apoiar a definição dos objetivos das estratégias nacionais, indica-se uma meta intermediária de redução das emissões de gases de efeito estufa até 2030 de 40% em relação a 1990. Este objetivo está associado a um aumento da quota de energias renováveis utilizadas, que não deverá ser inferior a 27% do consumo energético total e da quota de eficiência energética de 25%.

As estratégias energéticas nacionais

A Estratégia Energética Nacional (SEN) é o instru- mento para nortear e programar as diretrizes da po- lítica energética italiana. Ela responde tanto à Direti- va 2009/28/CE relativa à promoção da utilização de energia proveniente de fontes renováveis, que exige aos Estados-Membros adotar um plano de ação na- cional para as energias renováveis, quanto a Direti- va 2012/270/UE relativa a eficiência energética, que exige que cada Estado-Membro elabore até 2014 um Plano Nacional de Ação para a Eficiência Energética.

A SEN vigente está centrada em quatro objetivos principais (AA.VV, 2013):

• Alcançar e superar as metas estabelecidas pelo Pacote Europeu Clima-Energia 2020, para o qual se pretende alcançar 20% de incidência de energia renovável sobre o consumo final e a redução de 86 a 76% de combustíveis fósseis. As energias renováveis deveriam tornar-se a principal fonte de geração de eletricidade para cobrir 38% do consumo. Há uma previsão de economia de 20 Mtep de energia primária, atingindo em 2020, um nível de consumo cerca de 25% menor em relação ao cenário de referência na Europa. Para 2030 espera- se cumprir as exigências da UE, bem como para 2050, a expectativa é alcançar o cenário de descarbonização delineado no Tabella di marcia per l’energia 2050. • Reduzir a da diferença entre o custo da

energia para os consumidores e para as empresas, com um alinhamento entre os preços e os custos da energia. Isso envolve (I) o desenvolvimento de um mercado elétrico totalmente integrado com o europeu através da gradual integração da produção renovável através da potencialização das redes elétricas, (II) a reestruturação dos setores de refino e distribuição de combustíveis, para obtenção de uma estrutura de custos mais competitiva e uma melhor qualidade do serviço oferecido, (III) o desenvolvimento da produção nacional de hidrocarbonetos em conformidade com os mais altos padrões internacionais em termos de segurança e proteção do ambiente;

• Melhorar a segurança do aprovisionamento, especialmente para o gás e a redução da dependência do mercado externo. Além da promoção de um mercado de gás mais competitivo, através da realização de infraestruturas capazes de tornar a Itália o principal ator do centro sul europeu; • Desenvolver o setor energético como

fator de apoio ao crescimento econômico nacional de tipo sustentável.

A eficiência energética é reconhecida como uma estratégia prioritária de SEN, uma vez que contri- bui para alcançar todos os objetivos energéticos, econômicos e ambientais. Com esse objetivo, pre- tende-se agir em nível normativo simplificando e reforçando instrumentos e ações existentes a fa- vor dos vários setores do mercado. Em particular, prevê-se o seguinte:

• Reforço das normas mínimas e da normativa, em particular dos setores da construção civil e do transporte e o suporte à co-geração de alta eficiência; • Extensão do benefício fiscal, especialmente

para reestruturação de obras civis, revistas para torná-las mais eficazes em termos de custo-benefícios; • Introdução de incentivos diretos

para a intervenção da administração pública, que deverá atuar como modelo e guia para o resto da economia; • Reforço dos objetivos e mecanismos dos

Certificados Brancos, prevalentemente dedicados aos setores industriais e de serviços, mas relevantes também para os setores de transporte e residencial; • Reforço do modelo ESCO (Energy

Service Company), o controle e a potencialização de medidas através de ações de monitoramento, a comunicação e a sensibilização dos usuários (Cidadãos, empresas...) e o suporte à pesquisa e à inovação. • Deslocamento do consumo dando mais

relevância ao setor elétrico através da difusão de bombas de calor geotérmicas para o aquecimento e resfriamento, da mobilidade eléctrica nas estradas e na rede ferroviária e da modernização da distribuição da energia elétrica; • Recuperação e valorização dos

resíduos, especialmente dos orgânicos para a produção de biometano;

• Início de ações na área do planejamento energético e do desenvolvimento urbano sustentável.

Estratégias energéticas e características

No documento Comunidades urbanas energeticamente eficientes (páginas 109-112)