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3.5 POSTOS DE COMBUSTÍVEIS

3.5.1 Estrutura física de um posto revendedor de combustível

A dinâmica do combustível no empreendimento apresenta um alto potencial poluidor, pelo risco de vazamento, derramamento, transbordamento e corrosão de tanques e tubulações, colocando assim o combustível em contato com o solo e as águas subterrâneas (ROCHA, 2005).

Para a garantia da proteção ambiental em PRCs são necessários uma complexa gama de equipamentos que constituem o chamado Sistema de Armazenamento Subterrâneo de Combustíveis (SASC). Esse sistema é constituído por tanques, tubulações e acessórios, interligados e enterrados (SANTOS, 2005).

De acordo com a ABNT NBR 13.786 (2019) as principais funções do Sistema de Armazenamento Subterrâneo de Combustíveis SASC estão relacionadas a proteção seja:

a. contra vazamento;

b. contra derramamento;

c. contra transbordamento;

d. contra corrosão dos tanques;

e. contra corrosão em tubulações subterrâneas.

Figura 2 – Representação de Sistema de Armazenamento Subterrâneo de Combustíveis

Fonte: Nascimento (2013, p.6).

3.5.1.1 Tanques subterrâneos de combustível

De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Equipamentos e de Serviços para o Mercado de Combustíveis e de Conveniência (ABIEPS) (2018), os tanques subterrâneos de combustíveis são estruturas cilíndricas horizontais cuja função é o armazenamento de combustíveis derivados de petróleo e álcool etílico. Por estarem em contato direto com o solo apresentam alto risco de corrosão e assim consequente contaminação dosolo e das águas subterrâneas.

De acordo com estudos americanos, 91% dos tanques subterrâneos sofrem corrosão nos pontos de solda das chapas e conexões, a partir de seu exterior, causados principalmente pela umidade, pHe salinidade do solo. Assim, os tanques de parede simples vêm sendo substituídos pelos tanques de parede dupla, de forma a garantir maior proteção ambiental (MAGALHÃES, 2009).

Os tanques de parede dupla, comumente chamados de tanques jaquetados são constituídos por duas paredes, a interna geralmente de aço-carbono e a externa de uma resina termofixa não metálica. O espaço entre as duas paredes é chamado de espaço intersticial, conforme pode ser visto na Figura 3. Assim, caso ocorra algum vazamento no tanque interno, o produto fica contido no tanque externo.

Figura 3 – Tanques subterrâneos de combustíveis de parede dupla

Fonte: MCM Postos (2020).

Os tanques subterrâneos podem ser compartimentados podendo armazenar até três tipos diferentes de combustíveis, sendo a capacidade máxima de 30 metros cúbicos. A vida útil dos tanques é de aproximadamente 15 a 20 anos a depender das características do solo (OLIVEIRA; LOUREIRO, 1998).

A garantia de vedação dos tanques é determinada através da realização dos testes de estanqueidade das (linhas e tanques). Os testes devem ser feitos após instalação e no período que antecede a operação. Durante a operação, o monitoramento é realizado através do espaço intersticial. Entre as paredes dos dois tanques é instalado um sensor eletrônico, na presença de vazamento, o sensor é ativado. Esse tipo de controle contínuo é mais eficiente e ágil pois permite que reparos sejam feitos imediatamente após identificado qualquer tipo de problemas, reduzindo-se assim o risco de contaminação ambiental (GOMES FILHO, 2014).

3.5.1.2 Tanque subterrâneo de óleo lubrificante usado

Os tanques subterrâneos de óleo lubrificante são utilizados para o armazenamento temporário do óleo lubrificante oriundo das trocas dos veículos. Esses tanques apresentam configuração semelhante à dos tanques subterrâneos de combustíveis e devem apresentar o mesmo rigor no monitoramento a fim de evitar contaminação

tendo em vista a periculosidade desses resíduos. Depois de atingida a capacidade de armazenamento os resíduos são encaminhados para sua destinação final. (ABIEPS, 2018).

3.5.1.3 Dispositivos de contenção e prevenção de derramamentos e transbordamentos

A fim de evitar transbordamentos e derramamentos de combustíveis devem ser instalados nos tanques, dispositivos preventivos e de contenção, como elenca a ABNT NBR 13.786/2019. Os principais dispositivos utilizados estão destacados em seguida:

a. Câmara de acesso à boca de visita: trata-se de uma câmara estanque produzida de polietileno de alta densidade que dá acesso ao tanque de armazenamento de combustíveis. É um dispositivo que permite o acesso às tubulações e conexões ligadas ao tanque (ABNT, 2019).

b. Descarga selada: a descarga selada é um dispositivo utilizado na descarga do combustível dos caminhões tanques proveniente das distribuidoras para os tanques de armazenamento subterrâneos dos postos. Tem como função evitar o derrame de combustíveis. O dispositivo utiliza conexões de engate montados nas extremidades do mangote que faz a ligação do tanque do caminhão tanque ao tanque do posto (GOMES FILHO, 2014).

c. Câmara de contenção de descarga (spill container): de acordo com a NBR 13.786, a descarga de combustíveis dos caminhões tanques para os tanques subterrâneos de armazenamento deve contar com a presença de uma câmara estanque de polietileno de alta densidade, a chamada câmara de contenção da descarga selada ou “sump” da descarga selada. Este dispositivo armazena durante a descarga do caminhão o excesso de combustível e através de um dreno interno, encaminha o excesso para o tanque subterrâneo (ABNT, 2019).

d. Válvula de proteção contra transbordamento: também é conhecida como válvula de retenção de esfera flutuante e alarme de transbordo. A válvula de proteção contra transbordamento é um dispositivo que evita o retorno de combustível através do tubo de descarga do tanque. A válvula de retenção de esfera flutuante, tem a função de evitar a passagem de combustível através da linha do respiro. Podem ser instalados nos tanques sensores contra

transbordamento, cuja função é a de sinalizar quando o combustível ultrapasse o limite de segurança do tanque (ABNT, 2019).

e. Monitoramento do interstício: o espaço intersticial conforme mencionado, corresponde ao espaço entre as duas paredes dos tanques jaquetados. O monitoramento intersticial baseia-se na instalação de um sensor no espaço intersticial do tanque de parede dupla, ativando o alarme quando da presença de líquido. O sistema é constituído por um sensor instalado permanentemente e ligado a uma central de controle (ABNT, 2019).

3.5.1.4 Unidades de abastecimento

As unidades de abastecimento comumente chamadas de bombas abastecedoras são os equipamentos responsáveis pelo abastecimento dos veículos, indicam o volume, o preço unitário e o valor a ser pago (ABNT, 2019).

São exigidos ainda, alguns dispositivos para serem instalados junto as bombas, como válvulas de retenção, válvulas de segurança contra colisões e câmaras de contenção de vazamento. Todos esses dispositivos garantem a segurança na operação. (ABNT, 2019).

3.5.1.5 Sistema separador de água e óleo (SSAO)

Na rotina operacional de postos de gasolina, diversos procedimentos envolvem a geração de efluentes líquidos gerados na lavagem de veículos, manutenção, reparos, lubrificação, troca de fluidos. Os principais constituintes desse efluente são os óleos e graxas, mas também há uma parcela significativa de sabões, detergentes sintéticos e solventes com ação desengordurante, desengraxante, solubilizante, emulsificantes e de polimento e a própria água (SECRON, 2006).

O sistema separador de água e óleo (SSAO) consiste no tratamento dos efluentes líquidos oleosos gerados no posto. Como o próprio nome diz, o sistema realiza a separação das fases oleosas e aquosas do efluente pela diferença de densidade existente entre elas. Assim, a fase oleosa que corresponde a parcela que apresenta maior potencial de poluição em contato com os corpos hídricos é removida e direcionada para a destinação final. E a fase líquida é direcionada para a rede pluvial de esgoto (SECRON, 2006).

3.5.1.6 Piso impermeável

Os locais de descarga, abastecimento e carregamento, bem como a praça de bombas, os sistemas de filtragem e a bacia de contenção dos tanques são consideradas potencialmente poluidoras de acordo com a NBR 13786: 2019. De forma a evitar a contaminação do solo e das águas essas áreas devem possuir piso impermeabilizado em concreto armado com caimento para as extremidades das áreas, de maneira a direcionar os efluentes gerados às canaletas coletoras (ABNT, 2019).

3.5.1.7 Canaletas de contenção

São equipamentos construídos em material metálico, destinados a receber os efluentes gerados nas áreas potencialmente poluidoras dos postos de combustíveis (pista de abastecimento, área de tancagem, troca de óleo e lavação). As canaletas direcionam os efluentes ao Sistema Separador de Água e Óleo impedindo que os mesmos ultrapassem os limites dos pisos de concreto impermeável e promovam a contaminação do solo e das águas subterrâneas e superficiais. (ABNT, 2019).

3.5.1.8 Tubulações de respiro de válvulas de retenção

Cada compartimento do tanque demanda uma tubulação que faça a comunicação com o tanque (enterrado) e a atmosfera. A finalidade desses dispositivos é garantir a transferência de gases e assim estabilizar a pressão interna dos tanques quando estes são carregados ou descarregados por combustíveis. Em suas extremidades são instaladas válvulas retentoras para a contenção de vapores inflamáveis (ABNT, 2019).

3.5.1.9 Tubulações de polietileno de alta densidade

O sistema de transporte de combustíveis dos tanques até a unidade de abastecimento é realizado abaixo da superfície. Assim toda a tubulação e acessórios devem ser construídas com materiais não metálicos. Os materiais utilizados para construção das tubulações são o polietileno de alta densidade (PEAD) e seu revestimento interno é especialmente projetado para aplicação na condução de combustíveis automotivos (ABIEPS, 2018).

As tubulações de PEAD do SASC são utilizadas nas linhas de suprimento primário, linhas de enchimento, linhas de respiro, linhas de recuperação de vapores, contenção secundária, eliminador de ar do filtro de óleo diesel, retorno do filtro de óleo diesel (ABIEPS, 2018).

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