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Licenciamento ambiental municipal de postos revendedores de combustíveis em Cariacica e Vitória - ES

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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CURSO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL

GEISIANE ASSEFF QUINTÃO

LICENCIAMENTO AMBIENTAL MUNICIPAL DE POSTOS REVENDEDORES DE COMBUSTÍVEIS EM CARIACICA E VITÓRIA - ES

Vitória

(2)

GEISIANE ASSEFF QUINTÃO

LICENCIAMENTO AMBIENTAL MUNICIPAL DE POSTOS REVENDEDORES DE COMBUSTÍVEIS EM CARIACICA E VITÓRIA - ES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenadoria do Curso de Engenharia Sanitária e Ambiental como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Sanitária e Ambiental.

Orientador: Prof. Dr. Lucien Akabassi

Vitória

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) (Biblioteca Nilo Peçanha do Instituto Federal do Espírito Santo)

Q7L Quintão, Geisiane Asseff

Licenciamento ambiental municipal de postos revendedores de combustíveis em Cariacica e Vitória - ES / Geisiane Asseff Quintão. – 2020.

95 f. : il. ; 30 cm

Orientador: Lucien Akabassi.

Monografia (graduação) – Instituto Federal do Espírito Santo, Coordenadoria de Saneamento Ambiental, Curso Superior de Engenharia Sanitária e Ambiental, Vitória, 2020.

1. Gestão ambiental. 2. Combustiveis -- Comércio -- Cariacica (ES). 3. Combustiveis -- Comércio -- Vitória (ES). 4. Licenças ambientais -- Cariacica (ES). 5. Licenças ambientais -- Vitória (ES). 6. Política ambiental. I. Akabassi, Lucien. II. Instituto Federal do Espírito Santo. III.Título.

CDD 22 – 363.7 Elaborada por Marcileia Seibert de Barcellos – CRB-6/ES - 656

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GEISIANE ASSEFF QUINTÃO

LICENCIAMENTO AMBIENTAL MUNICIPAL DE POSTOS REVENDEDORES DE COMBUSTÍVEIS EM CARIACICA E VITÓRIA - ES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenadoria do Curso de Engenharia Sanitária e Ambiental como requisito parcial para obtenção do título de Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental.

Aprovado em 18 de setembro de 2020.

COMISSÃO EXAMINADORA

Prof. Dr. Lucien Akabassi Instituto Federal do Espírito Santo

Orientador

Profª. Drª. Fernanda Aparecida Veronez Instituto Federal do Espírito Santo

Examinadora Interna

Profª. M.Sc. Leila Celin Nascimento Instituto Federal do Espírito Santo

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Dedico este trabalho à minha irmã Gé, por tanto que fez por mim, pelo apoio, incentivo, orações e todo o suporte. Sem você eu não estaria aqui.

Ao Gabriel, meu pedaço de céu na terra, por acreditar em mim quando eu já não mais o fazia. Obrigada por caminhar ao meu lado e por tantas vezes me carregar no colo.

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AGRADECIMENTOS

Quando paro e olho para trás, o sentimento que vem à minha mente é gratidão. A jornada da graduação não foi nada fácil. Tiveram umas pedras, ouso dizer que algumas pedreiras no meu caminho. Desafios gigantes que eu talvez nunca pudesse imaginar quando iniciei a graduação. Tantos foram os desafios, mas também as conquistas e os presentes, e sem dúvida alguma, o melhor presente além do conhecimento foram as pessoas. Deus sempre tão generoso me cercou de pessoas incríveis. De mestres a colegas de turma eu fui muito abençoada!

Gratidão a Deus por todo o sustento, todos os presentes “vivos” ao longo dessa caminhada. E por me abraçar todos os dias em seu amor!

Gratidão aos meus pais, pelo amor, pelos ensinamentos e pelo incentivo sempre a educação. Sei que meu pai, agora no céu, está se alegrando com essa conquista. Gratidão à professora Jacqueline por ter me iniciado no campo da pesquisa. Foram quatro iniciações científicas, dois artigos publicados! Foi um privilégio tanto profissionalmente como pessoalmente poder aprender com você Jaque!

Gratidão à professora Marluce, que me iniciou nesse projeto de pesquisa. Obrigada por ter sido tão generosa, tão compreensiva e por chorar junto em momentos que, muito mais que uma orientação de pesquisa, eu precisava de um abraço.

Gratidão ao professor Lucien. Não me esqueço do dia em que me chamou para conversar e se mostrou tão solidário ao momento que eu vivia. Quanta sensibilidade. Ainda embarcou comigo nesse projeto de pesquisa já em desenvolvimento. Obrigada pela paciência, atenção e por acreditar em mim!

Gratidão à minha amiga Karolini Agrizzi por todo carinho, disponibilidade e ajuda no desenvolvimento deste trabalho. Obrigada por compartilhar suas experiências e vivências comigo.

Gratidão às colegas de turma que se tornaram amigas e foram essenciais na minha caminhada! Compartilhamos tantos sorrisos, choros, corujões da madrugada estudando, tantos abraços e apoio: Marjore, Thais Dias, Fernanda, Camila, Amanda, Nathalia, Nathany, Flávia, Suellen, Thais Dalvi e Karolina. Vocês são muito especiais. Gratidão a todos os mestres da coordenadoria de saneamento!

Gratidão às secretarias de meio ambiente de Vitória e Cariacica e ao IEMA pela colaboração nesta pesquisa.

E por fim, gratidão aos amigos e família por toda compreensão, apoio, incentivo e amor!

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“Você é um convidado. Deixe essa terra um pouco mais bela, um pouco mais humana, um pouco mais amorosa, um pouco mais perfumada, para aqueles que virão depois de você”.

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RESUMO

A municipalização do licenciamento ambiental é uma ferramenta estratégica de gestão ambiental. Instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente, o licenciamento tem como objetivo controlar as atividades que possam causar intervenções no meio ambiente, integrando e compatibilizando o desenvolvimento econômico e a garantia da qualidade ambiental. Por ser a instância mais próxima dos desafios locais, os municípios são peça chave para implementação desse instrumento. Apesar da atuação dos municípios no controle ambiental ser promissora, são diversos os desafios enfrentados pela esfera local e que podem colocar em risco a efetividade do licenciamento ambiental. As atividades de revenda de combustíveis estão presentes na maioria dos municípios brasileiros e apresentam alto potencial de contaminação ao meio ambiente. Neste contexto, este trabalho busca contrastar a atuação dos municípios de Cariacica e Vitória nos processos de licenciamento ambiental dos postos revendedores de combustíveis no período de 2013 a 2019. Para o desenvolvimento da pesquisa, foram realizados levantamentos bibliográficos e a coleta de dados foi por meio de análise documental dos dispositivos legais referentes aos controles ambientais e das licenças ambientais dos municípios de Vitória e Cariacica. Constatou-se que, de forma geral, os municípios apresentam padrões para controle ambiental coerentes com os impactos que podem ser gerados em um posto revendedor de combustíveis. Porém, o ponto crítico (e que coloca em questão a efetividade do licenciamento nos municípios) é a falta de estrutura e planejamento para o acompanhamento das condicionantes e vistorias durante a vigência das licenças. Há fragilidades em certos controles ambientais, com potencialidades para melhorias. Neste cenário, entende-se que uma forma de se alcançar a efetividade em seus processos seria através do compartilhamento de suas experiências.

Palavras-chave: Licenciamento ambiental municipal. Postos de combustíveis. Controle ambiental. Licenças ambientais.

(9)

ABSTRACT

The municipalization of environmental licensing is a strategic environmental management tool. As an instrument of the National Environment Policy, licensing aims to control activities that may cause changes in the environment, by integrating and making economic development compatible with guaranteeof environmental quality. As it is the closest instance to local challenges, municipalities are essential to implement this instrument. Despite the promising performance of municipalities in environmental control, there are several challenges faced by the local sphere that can put the effectiveness of environmental licensing at risk. Fuel resale activities are present in most Brazilian municipalities and have a high potential for contamination of the environment. In this context, this work seeks to contrast the performance of the municipalities of Cariacica and Vitória in the environmental licensing processes of the fuel retail stations in the period from 2013 to 2019. For the development of the research, bibliographic surveys were carried out and data collection was carried out through documentary analysis of the legal provisions regarding environmental controls and environmental licenses in the municipalities of Vitória and Cariacica. It was found that, in general, the municipalities have standards for environmental control consistent with the impacts that can be generated at a fuel station. However, the critical point (which calls into question the effectiveness of licensing in municipalities) is the lack of structure and planning for monitoring the conditions and inspections during the term of the licenses. There are weaknesses in certain environmental controls, which have a potential for improvement. In this scenario, it is understood that a way to achieve effectiveness in their processes would be through sharing their experiences.

Keywords:Municipal Environmental Licensing. Fuel Stations.Environmental Control. Environmental Licenses.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Municipalização do licenciamento ambiental no Brasil... 27

Figura 2 – Representação de Sistema de Armazenamento Subterrâneo de Combustíveis ... 35

Figura 3 – Tanques subterrâneos de combustíveis de parede dupla ... 36

Figura 4 – Mapa do Espírito Santo, em destaque Cariacica (em rosa) e Vitória em (azul) ... 46

Figura 5 – Categorização das condicionantes... 49

Figura 6 – Atividades secundárias desenvolvidas nos PRCs ... 64

Figura 7 – Principais controles ambientais de Efluentes em PRCs. ... 65

(11)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Principais características dos municípios em estudo ... 45

Tabela 2 – Limites da área total e número de empregados para classificação do porte do empreendimento ... 53

Tabela 3 – Determinação do Nível de Poluição Geral da Atividade ... 53

Tabela 4 – Determinação da classe do empreendimento ... 53

Tabela 5 – Enquadramento para postos revendedores de combustíveis ... 59

Tabela 6 – Características Gerais dos PRC’s ... 62

Tabela 7 – Enquadramento dos PRC´s em estudo ... 63

Tabela 8 – Postos que possuem lavador de veículos ... 71

(12)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Principais desafios do licenciamento ambiental municipal no Brasil

(continua) ... 29

Quadro 2 – Impactos gerados em PRCs ... 41

Quadro 3 – Impactos gerados em PRCs causados por atividades secundárias ... 42

Quadro 4 – Classificação Geral das condicionantes ... 48

Quadro 5 – Legislações ambientais do município de Vitória ... 50

Quadro 6 – Licenças ambientais emitidas pelo município de Vitória (continua) ... 51

Quadro 7 – Equipe técnica da coordenação de licenciamento – SEMMAM (continua) ... 54

Quadro 8 – Dispositivos legais que orientam o licenciamento ambiental municipal em Cariacica (continua) ... 56

Quadro 9 – Licenças ambientais emitidas pelo município de Cariacica (continua) .. 58

Quadro 10 – Equipe técnica da coordenação de licenciamento de Cariacica ... 61

Quadro 11 – Condicionantes referentes a limpeza do SSAO ... 65

Quadro 12 – Comparativo das condicionantes de limpeza do SSAO ... 66

Quadro 13 – Condicionantes referentes ao monitoramento do SSAO ... 67

Quadro 14 – Comparativo condicionantes de monitoramento do SSAO ... 68

Quadro 15 – Condicionantes referentes ao monitoramento de VOC’s ... 69

Quadro 16 – Comparativo condicionantes referentes ao monitoramento dos VOC’S ... 70

Quadro 17 – Condicionantes referentes ao lavador de veículos ... 71

Quadro 18 – Monitoramento dos SASC e dos tanques ... 72

Quadro 19 – Condicionantes referentes à remoção dos tanques e correlatas ... 74

Quadro 20 – Condicionantes referentes a troca dos SASCs e correlatas (continua) ... 74

Quadro 21 – Condicionantes referentes a destinação de resíduos classe I ... 76

Quadro 22 – Comparativo condicionantes referentes aos resíduos classe I ... 76

Quadro 23 – Condicionantes referentes aos resíduos classe II ... 77

Quadro 24 – Comparativo condicionantes referente aos resíduos classe II ... 77

Quadro 25 – Condicionantes Administrativas Comuns a Vitória e Cariacica ... 78

(13)

Quadro 27 – Condicionantes comuns apenas a Cariacica (continua) ... 79 Quadro 28 – Síntese das principais condicionantes informativas aos municípios (continua) ... 80 Quadro 29 – Realização de vistorias, fiscalização pelos órgãos ambientais aos PRCs (continua) ... 84

(14)

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABIEPS – Associação Brasileira das Empresas de Equipamentos e de Serviços para o Mercado de Combustíveis e de Conveniência

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANAMA – Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente BTEX – Benzeno, Tolueno, Etilbenzeno e Xilenos

CERH – Conselho Estadual de Recursos Hídricos

CETESB –Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

CF – Constituição Federal

CNPJ – Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CONSEMA – Conselho Estadual de Meio Ambiente

IDAF – Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo IEMA – Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos MUNIC – Pesquisa de Informações Básicas Municipais

PCS – Programa de Comunicação Social

PEAT – Programa de Educação Ambiental Para os Trabalhadores

PMC – Prefeitura Municipal de Cariacica

PMV – Prefeitura Municipal de Vitória

PRC – Posto(s) Revendedor(es) de Combustível(eis)

SEAMA – Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos

SEMDEC – Secretaria Municipal de Desenvolvimento da Cidade e Meio Ambiente de Cariacica

SEMMAM – Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Vitória SIGAVIX – Sistema Digital de Vitória

SILCAP – Sistema de Licenciamento e Controle das Atividades Poluidoras ou Degradadoras do Meio Ambiente

SISMMAC – Sistema Municipal de Meio Ambiente de Cariacica

SLAP – Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras ou Degradadoras do Meio Ambiente, denominado

SSAO – Sistema Separador de Água e Óleo

(15)

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 17 2 OBJETIVOS ... 19 2.1 OBJETIVO GERAL ... 19 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 19 3 REVISÃO DE LITERATURA ... 20

3.1 BREVE HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL ... 20

3.2 ASPECTOS LEGAIS DO LICENCIAMENTO NO BRASIL ... 22

3.2.1 Licenças ambientais ... 24

3.2.2 Competência para o licenciamento ambiental ... 25

3.3 LICENCIAMENTO AMBIENTAL MUNICIPAL ... 26

3.3.1 Experiências de licenciamento ambiental municipal no Brasil ... 28

3.4 LICENCIAMENTO AMBIENTAL NO ESPÍRITO SANTO ... 30

3.5 POSTOS DE COMBUSTÍVEIS ... 32

3.5.1 Estrutura física de um posto revendedor de combustível ... 34

3.5.1.1 Tanques subterrâneos de combustível ... 35

3.5.1.2 Tanque subterrâneo de óleo lubrificante usado ... 36

3.5.1.3 Dispositivos de contenção e prevenção de derramamentos e transbordamentos ... 37

3.5.1.4 Unidades de abastecimento ... 38

3.5.1.5 Sistema separador de água e óleo (SSAO) ... 38

3.5.1.6 Piso impermeável ... 39

3.5.1.7 Canaletas de contenção ... 39

3.5.1.8 Tubulações de respiro de válvulas de retenção ... 39

3.5.1.9 Tubulações de polietileno de alta densidade ... 39

3.5.2 Impactos ambientais de um posto revendedor de combustíveis ... 40

4 METODOLOGIA... 44

4.1 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO ... 44

4.2 DELINEAMENTO METODOLÓGICO ... 44

4.2.1 Tipo de pesquisa ... 44

(16)

4.2.3 Levantamento dos processos de licenciamento ambiental nos municípios de

Vitória e Cariacica ... 46

4.2.4 Levantamento de dados da SEMMAM e SEMDEC ... 47

4.3 ANÁLISE DE DADOS ... 47

5 RESULTADOS ... 50

5.1 LICENCIAMENTO AMBIENTAL MUNICIPAL EM VITÓRIA ... 50

5.1.1 A Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Vitória ... 54

5.2 LICENCIAMENTO AMBIENTAL MUNICIPAL EM CARIACICA ... 56

5.2.1 A Secretaria Municipal de Meio Ambiental de Cariacica ... 60

5.3 POSTOS DE COMBUSTÍVEIS ANALISADOS ... 61

5.4 CATEGORIZAÇÃO E ANÁLISE DAS CONDICIONANTES AMBIENTAIS ... 64

5.4.1 Condicionantes de Caráter Ativo ... 64

5.4.1.1 Efluentes ... 64

5.4.1.2 Sistema de abastecimento subterrâneo de combustíveis e tanques ... 71

5.4.1.3 Resíduos Sólidos ... 75

5.4.1.4 Administrativas ... 77

5.4.1.5 Outras ... 79

5.4.2 Condicionantes de Caráter Passivo ... 80

6 ANÁLISE E DISCUSSÃO ... 82

7 CONCLUSÃO... 86

REFERÊNCIAS ... 87

ANEXO I – Organograma SEMMAM ... 94

(17)

1 INTRODUÇÃO

A ação do homem sobre a natureza ao longo da história é caracterizada por um processo de desconstrução e construção do meio ambiente para a garantia da vida. De um lado as atividades humanas representaram a construção, o desenvolvimento, a melhoria das condições de vida e saúde da sociedade. Por outro, a ideia de infinitude do meio ambiente como fonte inesgotável de recursos naturais essenciais à sobrevivência à vida levou a um processo de alteração e degradação da qualidade ambiental. Baseados nessa premissa de infinitude, os recursos naturais foram explorados sem limites. Ao mesmo tempo que os recursos estavam disponíveis a todos, a proteção, preservação e conservação não cabiam a ninguém (MILARÉ, 2009).

As legislações de tutela do meio ambiente surgiram a partir da década de 1970 com a realização do Clube de Roma (1969) e da Conferência de Estocolmo (1972). Ambos eventos alertaram o mundo para a impossibilidade de renovação dos recursos naturais e para a necessidade de um desenvolvimento sustentável. No Brasil, segundo Benjamim (1999), o marco da proteção ambiental se deu através da promulgação da Política Nacional de Meio Ambiente ( BRASIL, 1981) e se consolidou com a Constituição Federal (BRASIL, 1988), a qual destinou um capítulo exclusivo ao meio ambiente, elevando-o a categoria de bem constitucional.

O licenciamento ambiental é um instrumento de controle da Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), de caráter preventivo ou corretivo, através do qual o órgão ambiental competente autoriza, ou não, a localização, instalação, ampliação, alteração e operação de empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais considerados efetiva ou potencialmente poluidores, ou que possam causar degradação ambiental (BRASIL, 1981).

Milaré (2009, p. 313) discorre que é através do licenciamento ambiental que a administração exerce o necessário controle sobre as atividades humanas que interferem nas condições ambientais, de “forma a compatibilizar o desenvolvimento econômico com a preservação do equilíbrio ecológico”.

A descentralização da gestão ambiental promovida pela Constituição Federal e reafirmada pela Lei Complementar nº 140/2011 garantiu a União, Estados e municípios a competência para o licenciamento ambiental (BRASIL, 1988, 2011).

(18)

Embora seja uma importante ferramenta para a gestão ambiental, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), (2015), a municipalização do licenciamento é ainda incipiente no Brasil, visto que apenas 30% dos municípios brasileiros estão aptos a licenciar.

A atuação dos municípios na gestão ambiental apresenta-se como peça chave para alcançar o desenvolvimento sustentável. Porém, segundo pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), (2013), os municípios enfrentam diversos desafios para implementação do licenciamento de forma efetiva, como carência de equipe técnica, recursos e estrutura para acompanhamento das licenças ambientais, o que pode comprometer o processo de licenciamento e colocar em risco a proteção do meio ambiente.

A atividade de revenda de combustíveis é desenvolvida na maioria dos municípios brasileiros. Em 2019, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP) foram contabilizados 42.900 postos de revenda de combustíveis em operação no país. A atividade, embora comum, representa grandes riscos ao meio ambiente, visto que os combustíveis comercializados possuem alto potencial poluidor (ANP, 2019).

Dado este contexto, entende-se que o licenciamento ambiental a nível municipal apresenta desafios em sua implementação. Portanto, tem-se como relevante a busca neste trabalho em descrever como são realizados os processos de licenciamento para PRCs em operação pelos órgãos municipais de meio ambiente de Vitória e Cariacica, identificação de pontos passíveis de melhorias ou modificações, e da constatação de principais falhas nos processos. Espera-se fornecer apoio para a gestão ambiental dos municípios e assim contribuir para a efetiva tutela do meio ambiente.

(19)

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Diagnosticar a atuação dos municípios de Cariacica e Vitória nos processos de licenciamento ambiental dos postos revendedores de combustíveis no período de 2013 a 2019.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Levantar os dispositivos legais, normas, decretos, legislações que orientam o licenciamento ambiental dos municípios de Vitória e Cariacica (ES);

b) Descrever estrutura das Secretaria Municipais de Meio Ambiente de Cariacica e Vitória de forma a compreender suas formas e mecanismos de atuação no licenciamento ambiental de PRCs;

c) Coletar informações das licenças ambientais de postos revendedores de combustíveis emitidas entre 2013 e 2019;

d) Categorizar e comparar as condicionantes das licenças ambientais dos municípios;

e) Verificar nas secretarias municipais a existência de procedimentos referentes ao acompanhamento do cumprimento das condicionantes;

f) Constatar fragilidades e potencialidades do licenciamento ambiental dos municípios estudados.

(20)

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 BREVE HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL

A legislação ambiental no Brasil permeia a história do país desde a chegada dos portugueses no século XVI, advinda do pioneirismo da legislação protecionista ambiental portuguesa (MAGALHÃES, 2002). Entretanto, até a década de 80, a prerrogativa para a existência de leis e decretos não tinha cunho de proteção, preservação, conservação dos recursos naturais ou prevenção da degradação ambiental. A função do aparato legal era garantir a continuidade e viabilidade da exploração dos recursos naturais garantindo assim a preservação da atividade humana e o desenvolvimento econômico (ANTUNES, 2004).

Durante o período colonial no Brasil, compreendido desde a chegada dos portugueses ao Brasil até a independência do Brasil em 1822, algumas legislações ambientais portuguesas foram aplicadas ao Brasil colônia. O corte predatório de madeira e árvores frutíferas no início da colonização assustou a metrópole portuguesa que apesar de não ter preocupação em conservar a flora e fauna brasileira, temia a perda das suas propriedades (LEMOS, 2013).

O Regimento do Pau Brasil foi o primeiro dispositivo legal de cunho ambiental no país a tratar da proteção das florestas. O regimento delimitava a exploração de madeira, em especial o Pau Brasil, devido ao seu valor econômico para a metrópole portuguesa (BIZAWU, LEMOS, 2012).

Na visão de Magalhães (2002), esse dispositivo não tinha como fundamento direto a ecologia, uma vez que a premissa máxima era o aspecto econômico das florestas. Entretanto, de forma secundária, a implementação da legislação acabou por proteger o meio ambiente, já que uma vez protegidas as florestas, há proteção dos rios, das nascentes, da fauna, do clima e do solo.

Um dos pilares econômicos do período imperial do Brasil, foi a monocultura da cana. A atividade desenvolvida em latifúndios, representou de um lado a riqueza do império e de outro o empobrecimento do meio ambiente, tendo em vista a degradação das florestas para implantação da monocultura, atrelada a técnicas rudimentares que acabavam por degradar ainda mais o meio ambiente (LEMOS, 2013).

(21)

Os primeiros anos após a proclamação do Brasil em 1889, foram ainda marcados pela herança dos colonizadores quanto às questões ambientais: a proteção das florestas estava vinculada apenas ao desenvolvimento econômico (BIZAWU, LEMOS, 2012).

Da proclamação da república até a década de 80 foram promulgados cerca de 10 dispositivos legais entre decretos e leis, que dispunham sobre questões ambientais direta ou indiretamente. Santiago (2013), salienta que esses dispositivos legais não tinham como premissa a tutela do meio ambiente, mas sim, garantir o controle dos setores estratégicos para o crescimento econômico. Dentre os principais dispositivos promulgados a época, tem destaque: Código Florestal (1934), Código das águas (1934), Estatuto da Terra (1967) e Código da Caça e Pesca (1967).

As políticas públicas implementadas no Brasil entre a década de 50 e 70, dentre elas o Plano de Metas (1956 – 1971) e o I Plano Nacional de Desenvolvimento (1971) promoveram o período do “milagre econômico”. Este período foi marcado pelo incentivo à exploração dos recursos naturais e desbravamento do território, marcando assim o auge do crescimento e do modelo exploratório (BIELSCHOWSKY, 2004). Ainda segundo Bielschowsky, os impactos desse modelo exploratório eram visíveis, entretanto, os benefícios gerados pelo tal progresso justificavam-no como um “mal necessário”.

As declarações do Brasil na Conferência de Estocolmo (1972) denunciavam a posição brasileira quanto à preservação e proteção do meio ambiente. O ministro Costa Cavalcanti declarou à época: "Desenvolver primeiro e pagar os custos da poluição mais tarde". Os dizeres de um cartaz elaborado pelo Brasil na Conferência de Estocolmo reafirmava a posição do Brasil na contra mão da proteção ambiental: “Bem vindos à poluição, estamos abertos a ela. “O Brasil é um país que não tem restrições, temos várias cidades que receberiam de braços abertos a sua poluição, porque nós queremos empregos, dólares para o nosso desenvolvimento” (DIAS, 1991, p. 4).

Os países em desenvolvimento como o Brasil e Índia, encararam a Conferência de Estocolmo e o Relatório Limites do Crescimento, resultado do Clube de Roma, como uma tentativa de frear seu desenvolvimento, por meio do controle da poluição. A primeira ministra da Índia, Indira Gandhi, proferiu que “o pior tipo de poluição é a pobreza e a falta de condições mínimas de alimentação, de saneamento e educação” (LEMOS, 2006, p. 2).

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Para Milaré (2014), a postura dos países em desenvolvimento na Conferência denunciava a desigualdade econômica, social e industrial que existia em relação aos países desenvolvidos. A grande crítica dos países em desenvolvimento era de que os países ricos, já tendo alcançado “pujança industrial” através do uso predatório dos recursos naturais impunham agora exigências à industrialização em seus países por meio do controle ambiental. Sob a ótica dos países em desenvolvimento, a proteção ambiental potencializaria ainda mais as desigualdades existentes entre os países ricos e pobres.

A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), instituída pela Lei nº 6938 de 31 de agosto de 1981 é o marco da construção do arcabouço jurídico ambiental no Brasil. (OLIVEIRA, 2012). A estruturação da legislação ambiental brasileira aconteceu de forma efetiva a partir da promulgação da referida lei, uma vez que os recursos naturais eram analisados de forma segmentada até então. Isso significa que a proteção era orientada através de leis específicas direcionadas aos bens individuais na natureza, como flora, fauna, água (CUNHA; GUERRA, 2010).

A Constituição Federal de 1988, ao dedicar ao meio ambiente um capitulo exclusivo, conforme cita Silva (2004, p.20), “elevou-o a categoria de valor ideal da ordem social e o equilíbrio ambiental foi definitivamente incluído no rol dos direitos fundamentais do indivíduo”. Assim, a proteção do meio ambiente resulta na proteção e garantia do direito à vida, uma vez que a existência humana tem no meio ambiente o suporte para sua existência (TUPIASU, 2003).

A partir da Carta Magna (BRASIL, 1988), o meio ambiente assumiu status constitucional, como estabelece o artigo 255:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988, art. 225).

3.2 ASPECTOS LEGAIS DO LICENCIAMENTO NO BRASIL

A Constituição Federal (CF), nos termos de seu artigo 225, assegura a todos o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Para a garantia desse direito fundamental, se faz necessário que todas as atividades que possam resultar em perda da qualidade ambiental sejam objeto de controle do Estado. Instituído pela Política

(23)

Nacional de Meio Ambiente, o licenciamento ambiental, é um dos instrumentos de controle preventivo e corretivo à degradação ambiental (SANTIAGO, 2013).

O termo licenciamento ambiental começou a ser usado no Brasil na década de 1970 nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo com a finalidade de controlar a poluição industrial. Através do Decreto-Lei nº 1.413/1975 foi determinado a implantação de medidas para prevenir ou corrigir os danos causados ao meio ambiente pelas indústrias instaladas ou a se instalarem em território nacional (LEMOS, 2013).

O marco do licenciamento ambiental se deu a partir da promulgação da PNMA. Entretanto, há uma série de resoluções e leis que regulamentam e orientam o licenciamento ambiental no Brasil. Tem destaque a Resolução Conama nº 001/1986 que estabelece as definições, responsabilidades, critérios básicos e diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA); a Resolução Conama nº 237/1997 que apresenta revisão de critérios e procedimento utilizados no licenciamento ambiental, estabelece critérios para definição de competências para o licenciamento e orienta a atuação e integração dos órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) (BRASIL, 1997) e a Lei Complementar nº 140/2011 que estabelece as normas para a cooperação entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios nas ações decorrentes do exercício da competência comum relativa à proteção e preservação do meio ambiente, da fauna e da flora SANTIAGO,2013).

A Lei de Crimes Ambientais n° 9.605/1998, dentre outras temáticas, também faz referência ao licenciamento ambiental como sendo obrigatório para qualquer empreendimento potencialmente poluidor ou degradador do meio ambiente (BRASIL, 1998).

A Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) nº 237/97 (BRASIL, 1997, p.1) define licenciamento ambiental como o:

procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.

Instrumento de gestão ambiental, o licenciamento objetiva o controle das atividades que possam causar intervenções no meio ambiente, integrando e compatibilizando o

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desenvolvimento econômico e a garantia da qualidade ambiental, sendo a administração pública, a responsável pelo estabelecimento de condições e limites para o exercício de determinadas atividades (MILARÉ, 2009).

3.2.1 Licenças ambientais

Para assegurar que não sejam praticadas violações contra o ambiente, através do licenciamento ambiental, a administração pública expede documentos que asseguram o exercício legal da atividade ou empreendimento desde o planejamento da atividade até sua operação. Esses documentos recebem o nome de licenças ambientais (ANTUNES, 2004). As licenças ambientais estabelecem as condições para que o empreendedor, pessoa física ou jurídica, de direito privado ou de direito público, implante, amplie ou opere o empreendimento sob sua responsabilidade.

O licenciamento ambiental compreende a concessão de três licenças ambientais. A Resolução CONAMA nº 237/97, as define em seu artigo oitavo:

Art. 8º - O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças: I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação;

II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante;

III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação (BRASIL, 1997, art.8).

A licença ambiental pode ser compreendida como uma espécie de outorga com prazo de validade determinado pela Administração Pública para a realização das atividades humanas que tenham o potencial de comprometer o equilíbrio ecológico (BURMANN, 2012).

Milaré (2009) ressalva que a licença ambiental pode ser caracterizada por uma ‘estabilidade temporal”, ou seja, a licença não garante ao seu titular a sua manutenção. As licenças têm prazos de validade, assim, com periodicidade definida pelo órgão competente é exigida sua renovação.

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3.2.2 Competência para o licenciamento ambiental

A defesa e preservação do meio ambiente foi imputada no artigo 225 da Carta Magna ao Poder Público. “Poder Público” refere-se a todo ente federativo que será responsável por implantar, executar e fiscalizar as políticas públicas de forma a garantir a proteção ambiental. (BURMANN, 2012).

A Constituição Federal, em seu artigo 23, atribui à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, a competência comum na defesa do meio ambiente, no combate à poluição, bem como preservar as florestas, a fauna e a flora (BRASIL, 1988). Em 2011, a Lei complementar nº 140 também reafirmou o papel e as atribuições dos munícipios como gestores ambientais locais (BRASIL, 2011).

A competência para licenciar sobre meio ambiente é comum, ou seja, compartilhada entre os entes federativos. Entretanto, o licenciamento de uma determinada atividade é realizado em uma única instância, ou seja, por apenas um ente federativo. Como então identificar as competências de cada ente? (SANTOS, 2015).

O princípio geral que delimita a competência entre os entes federativos para o licenciamento ambiental é o da predominância do interesse. Segundo o qual, à União caberão aquelas matérias e questões de predominante interesse geral, nacional, ao passo que aos Estados tocarão as matérias e assuntos de predominante interesse regional, e aos Municípios concernem os assuntos de interesse local (BRASIL, 1988).

A Resolução nº 237 em seus artigos IV e V trazem algumas competências específicas para o órgão nacional representado pelo IBAMA e pelos órgãos estaduais quanto ao licenciamento ambiental (BRASIL, 1997).

As competências para o licenciamento têm sido definidas pela abrangência dos impactos, assim para impactos que ultrapassam as fronteiras do estado cabe ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) o licenciamento.Nos impactos que ultrapassam mais de um município, o licenciamento fica a cargo dos órgãos estaduais, e, para os impactos de predominância local, o licenciamento compete ao órgão ambiental local (ROMAN, 2013).

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3.3 LICENCIAMENTO AMBIENTAL MUNICIPAL

Até a promulgação da CF/88, os municípios brasileiros não compartilhavam da autonomia que era atribuída aos Estados e a União. A Carta Magna o elevou a categoria de ente federado coberto de autonomia administrativa, legislativa e de governo, sendo de responsabilidade do município elaborar regras próprias para assuntos de interesse local (MONTEIRO, 2009).

A municipalização do licenciamento ambiental veio a se consolidar pós CF/88 com a promulgação da Resolução Conama nº 237/1997 e da Lei Complementar nº 140/2011, tendo em vista que quando elaborada a PNMA, que instituiu o licenciamento ambiental, os municípios não eram considerados entes federados, assim não tinham competência para licenciar (IPEA, 2013).

Segundo a Pesquisa de Informações Básicas Municipais, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2015, 30,4% (1.696) dos municípios brasileiros realizavam licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades de impacto ambiental local, conforme Figura 1. Quando analisado pelo tamanho do município em termos de sua população, esse percentual é ainda mais baixo, ficando em 21,3% (341) dos municípios de 5.001 a 10.000 habitantes. Já nos municípios com mais de 500.000 habitantes, a proporção atinge 90,2%.

A região brasileira com os maiores percentuais de municipalização do licenciamento é a região Sul. Analisando-se os dados da Pesquisa de Informações Básicas Municipais MUNIC, de 2002 a 2008, verifica-se uma evolução da municipalização do licenciamento ambiental. Em 2002, apenas 109 municípios, o que corresponde a 1,96% do total, realizavam licenciamento ambiental.

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Figura 1 – Municipalização do licenciamento ambiental no Brasil

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2015, p.19).

A Agenda Nacional 21 realizada em 1992, evidenciou o papel dos municípios na gestão ambiental ao afirmar que as estratégias de sustentabilidade mais eficientes são as concebidas localmente e que contam com apoio da população. Assim, os municípios são considerados tanto nacional, quanto internacionalmente, como peças chaves na gestão ambiental. A municipalização do licenciamento ambiental no Brasil, apresenta-se sob essa perspectiva como uma das mais importantes ferramentas na tutela preventiva do meio ambiente (IPEA, 2015).

Por ser a instância mais próxima dos desafios locais, os municípios são peça chave para implementação de políticas públicas necessários à melhoria da qualidade de vida. A autonomia municipal na gestão ambiental apresenta-se assim, como uma importante ferramenta na garantia e proteção do meio ambiente (CHIESA, 2008).

A descentralização da gestão ambiental no âmbito municipal apresenta uma diversidade de vantagens, como elenca o Ministério do Meio Ambiente (2006): i) maior proximidade dos problemas a enfrentar e melhor acessibilidade dos usuários aos serviços públicos; ii) maiores possibilidades de adaptação de políticas e programas às peculiaridades locais; iii) melhor utilização dos recursos e mais eficiência na implementação de políticas; iv) maior visibilidade e, consequentemente, maior transparência na tomada de decisão; e v) democratização dos processos decisórios e de implementação.

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Como supracitado, os municípios que licenciam no Brasil, são em pequeno número, e segundo Escobar (2010), esses, enfrentam inúmeras dificuldades devido à precariedade das condições administrativas (carência de recursos humanos capacitados e de recursos financeiros, materiais e de infraestrutura física adequada ao cumprimento das suas atribuições).

A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) estima que 70% dos pedidos de licenciamento ambiental que eram protocolados nos órgãos estaduais até a década passada, poderiam ser licenciados pelos órgãos locais (CNM, 2009). O acúmulo dos processos nos órgãos estaduais é uma das expoentes críticas do setor empresarial, devido a lentidãono ritmo das análises.

3.3.1 Experiências de licenciamento ambiental municipal no Brasil

Para Vulcanis (2010), o licenciamento ambiental no País não vem sendo desenvolvido de forma a alcançar e promover a sustentabilidade do desenvolvimento, isso acontece devido à inexistência de um planejamento integrado entre o setor econômico e o ambiental que analise as realidades e a ocupação do território de forma complexa. Egler (2010) complementa que como resultado da ausência do planejamento, o licenciamento ambiental é instrumento utilizado para avaliar propostas específicas e, assim, não abrange os impactos cumulativos e sinérgicos, não alcançando assim a sustentabilidade.

De acordo com a CNM (2016), desde a promulgação da Constituição Federal no fim da década de 80 com a elevação do município a ente federado, não houve destinação significativa e específica para a gestão ambiental municipal, assim municípios foram forçados a ajustar-se as determinações estabelecidas por cada estado.

No âmbito municipal, como já supracitado a municipalização para o licenciamento ambiental é ainda incipiente. Alguns estudos de casos de municípios acerca da temática comprovam as fragilidades da municipalização do licenciamento ambiental.

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), elaborou em 2013 uma pesquisa sobre licenciamento ambiental em alguns estados e municípios brasileiros e apontou diversos problemas como pode ser verificado no Quadro 1:

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Quadro 1 – Principais desafios do licenciamento ambiental municipal no Brasil (continua)

Categoria Sub- categoria Principais problemas

Logística e recursos humanos

Pessoal

Os órgãos licenciadores, tanto estaduais quanto municipais, possuem recursos humanos insuficientes para atender às crescentes necessidades de licenciamento no meio urbano. Capacitação

Constatou-se que os profissionais destinados ao licenciamento ambiental, além do número reduzido, não recebem treinamento adequado para o exercício de suas atividades.

Fiscalização

É considerada, de forma geral, bastante deficiente nos órgãos pesquisados, principalmente no cumprimento das condicionantes e do acompanhamento pós-licença.

Infraestrutura e logística

Em todos os estados e municípios pesquisados há grande deficiência quanto à infraestrutura e logística para o processo de licenciamento.

Sistemas de informação

Há deficiência de bancos de dados e de sistemas informatizados de licenciamento nos órgãos ambientais e, particularmente, nos órgãos municipais que, normalmente, mantêm seus arquivos impressos. Aspectos político-institucionais Articulação entre as instituições

Foram observados problemas no fluxo de informações e conflitos de ordem técnica entre os diferentes órgãos envolvidos no processo de licenciamento. Normas: tramitação dos processos, procedimentos de análise e prazos para concessão das licenças ambientais

falta de padronização das normas tem contribuído para a discricionariedade e a subjetividade das análises, decisões mais rígidas e aumento do número de condicionantes por parte dos analistas dos órgãos ambientais. Excesso de burocracia e falta de orientação quanto aos procedimentos a serem realizados. Ausência de prazos a serem estabelecidos para a concessão das licenças. Observou-se, na maioria dos casos, tempo de tramitação excessivo no processo de licenciamento.

Prazos e Licenciamento simplificado

De forma geral, há uma grande demanda por licenciamento e uma baixa capacidade operacional dos órgãos licenciadores em emitir as licenças em tempo hábil, gerando um grande “passivo” de licenças solicitadas e não emitidas.

Termos de Referência – Estudos Ambientais

Os termos de referência, em geral, são genéricos, deixando de contemplar especificidades dos estudos requeridos frente ao tipo de empreendimento a ser licenciado. Quanto aos estudos ambientais aponta-se a falta de parâmetros e critérios

consistentes e adequados para a definição do tipo de estudo a ser realizado.

Não há clareza das exigências por parte do órgão ambiental e há solicitação excessiva de estudos complementares.

Descentralização

No âmbito da pesquisa foi constatado que o processo de descentralização do licenciamento ambiental para municípios ainda é incipiente.

Custos do Licenciamento

Parte dos relatórios da pesquisa apontou que o valor da taxa de licenciamento ambiental é elevado. Considerando-se a falta de prazo e aumento dos “passivos” das licenças, tais fatos são, ainda, mais graves. Também são elevados os custos dos estudos ambientais, quando se trata de empreendimentos ou regularização destinados à população de baixa renda. Audiências

Públicas

Baixa participação da sociedade nas audiências públicas, resultando em reduzida contribuição para o aperfeiçoamento dos estudos ambientais.

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Quadro 1 – Principais desafios do licenciamento ambiental municipal no Brasil (conclusão)

Categoria Sub- categoria Principais problemas Relações institucionais Relações institucionais com o ministério publico

A pesquisa identificou divergências de interpretação, demandas excessivas e conflitos de competência em relação aos órgãos ambientais. Falta articulação institucionalizada entre o órgão ambiental licenciador e o Ministério Público.

Fonte: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (2013, p.205).

Bezerra (2017) aponta fragilidades no licenciamento ambiental do município da Serra-ES, como deficiências nas atribuições dos departamentos de controle ambiental e fiscalização ambiental, comprometendo assim, o monitoramento e acompanhamento das condicionantes.

3.4 LICENCIAMENTO AMBIENTAL NO ESPÍRITO SANTO

Até finais da década de 1980, os assuntos relacionados ao meio ambiente no estado do Espírito Santo eram de responsabilidade do Departamento de Ações Ambientais, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde - SESA (CHIESA, 2008).

De acordo com a Lei nº 3582 de 1983 eram atribuições da SESA:

Art. 7º - A localização, instalação, operação e ampliação de fontes de poluição, indicadas no regulamento desta Lei, ficam sujeitas à autorização da SESA - Secretaria de Estado da Saúde, mediante licenças apropriadas, após o exame do impacto ambiental e de acordo com o respectivo relatório conclusivo (ESPÍRITO SANTO, 1983).

A partir de 1988, a gestão das políticas públicas de meio ambiente e recursos hídricos foi conduzida através da criação da Secretaria de Estado para Assuntos do Meio Ambiente. Em 2002, com a promulgação da Lei nº 248 foi instituído o Instituto de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA). E, pela referida lei a Secretaria de Assuntos para o meio ambiente passa a ser denominada de Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEAMA) (ESPÍRITO SANTO, 2002).

O IEMA é uma “entidade autárquica, com autonomias técnicas, administrativa e financeira, e vinculado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – SEAMA”. (ESPÍRITO SANTO, 2002).

Segundo a Lei Complementar n° 248/2002, em seu Art. 5º, a finalidade do IEMA é “planejar, coordenar, executar, fiscalizar e controlar as atividades de meio ambiente, dos recursos hídricos estaduais e dos recursos naturais federais, cuja gestão tenha sido delegada pela União”. (ESPÍRITO SANTO, 2002, art.5).

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Dentre as competências estabelecidas pelo IEMA estão: “licenciar a localização, instalação, operação e ampliação das atividades potencial ou efetivamente poluidoras, nos termos das normas legais e regulamentares em vigor” (ESPÍRITO SANTO, 2002, art.5).

Ainda em 1988 foi instituído o Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras ou Degradadoras do Meio Ambiente, denominado (SLAP), com aplicação obrigatória no Estado do Espírito Santo. Em 2007, o SLAP passou a ser chamado de SILCAP Sistema de Licenciamento e Controle das Atividades Poluidoras ou Degradadoras do Meio Ambiente através do decreto n 1.777-R de 08/01/2007, que foi revogado posteriormente em 2016 pelo Decreto nº 4039 (ESPÍRITO SANTO, 2007, 2016).

No Espírito Santo, a partir de 2007, com a promulgação da Lei Complementar nº 404, foi delegado ao Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo IDAF a competência para o licenciamento ambiental de determinadas atividades. Assim, o estado possui dois órgãos licenciadores ambientais, IEMA e IDAF (FARIA, 2017).

Ainda, segundo Faria (2017) a maioria das atividades passíveis de licenciamento sejam elas industriais ou não, portuárias e de infraestrutura em geral são de competência do IEMA.

De acordo com o Art. 4º do Decreto nº 4039, o Estado poderá delegar aos municípios competência para licenciar empreendimentos e atividades de impacto local, para tal, o ente municipal deve dispor de “órgão ambiental capacitado a executar as ações administrativas a serem delegadas e de conselho de meio ambiente” (ESPÍRITO SANTO, 2016, art.4).

Entende-se como órgão ambiental capacitado:

“Parágrafo único: Considera-se órgão ambiental capacitado, para os efeitos do disposto no caput, aquele que possui técnicos próprios ou em consórcio, devidamente habilitados e em número compatível com a demanda das ações administrativas a serem delegadas” (ESPÍRITO SANTO, 2016, art.4).

Em 2016, foi promulgado uma Instrução Normativa 016-N do IEMA para regularização ambiental da atividade de Postos Revendedores de Combustíveis que se encontravam irregulares, até mesmo sem licenciamento ambiental (ESPÍRITO SANTO, 2016).

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A Resolução CONSEMA nº 01 de 2019 determinou o prazo de 31/12/2019 como sendo o limite para que todo município capacitado assumisse a competência do licenciamento ambiental de impacto local. Segundo dados do IEMA, até a presente data (julho de 2020), 74 dos 78 municípios capixabas já realizam o licenciamento. A estimativa é que até o final de 2020 todos os municípios capixabas estejam atuando em sua esfera local. (IEMA, 2019).

Em dezembro de 2019 o governo do Estado representado pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEAMA) fomentou apoio aos municípios. Foram disponibilizados recursos como veículos e equipamentos de informática (IEMA, 2019).

Devido a dificuldades em estruturar o licenciamento ambiental em nível local, alguns municípios optaram por se unir e institucionalizaram consórcios municipais de licenciamento. Assim é formada uma equipe de cooperação entre os municípios para desenvolver e executar o processo de licenciamento em sua área de atuação. Consequentemente, os custos envolvidos em todo o processo de licenciamento são compartilhados entre os municípios e acabam sendo menores (IEMA,2019).

No Espírito Santo existem cincos consórcios municipais de licenciamento ambiental: Consórcio Guandu, Consórcio CIM Polinorte, CIM Noroeste, Consórcio Caparaó e o Consórcio Prodnorte (IEMA, 2019).

De acordo com o setor de coordenação de licenciamento do IEMA (2020), o órgão ainda gerencia cerca de 340 processos de licenciamento de postos revendedores de combustíveis no estado do Espírito Santo. Grande parte desses processos são em municípios que já estão aptos para o licenciamento em suas jurisdições. Entretanto, a transferência do processo de licenciamento ao município só ocorre ao final do prazo da última licença ambiental emitida pelo IEMA. No caso da empresa ter realizado o último requerimento de licença no IEMA em data que antecede à do município ter se declarado apto, o licenciamento ambiental continua no IEMA até que a próxima licença ambiental finde seu prazo de vigência.

3.5 POSTOS DE COMBUSTÍVEIS

O Brasil é o quarto maior mercado consumidor de combustíveis do mundo. As rodovias são o principal modal de transporte de cargas e pessoas, sendo este setor, o maior consumidor de combustível no país. Para garantir o suprimento e a logística

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do modal rodoviário, postos de revenda de combustíveis estão instalados em todo território nacional (NETO, 2017).

Em 2018, foram contabilizados 42.900 PRCs em operação no país segundo dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP, 2019). No Brasil, a regulamentação da atividade de posto de revenda de combustível é orientada por duas resoluções a nível federal: a Resolução CONAMA nº 237/97, que elenca a atividade como sendo passível de licenciamento e a Resolução CONAMA nº 273/2000 que define os critérios e procedimentos para o licenciamento dessa atividade, desde os projetos de localização, construção, instalação, modificação, ampliação e operação (BRASIL, 1997, 2000). Além das resoluções mencionadas há outros dispositivos legais correlatos que orientam a atividade como as legislações estaduais específicas de cada estado e município e as normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas.

A atividade é ainda regulamentada e fiscalizada pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Bicombustível. Essa entidade regula as atividades de distribuição, revenda, importação e exportação de combustíveis líquidos, gás liquefeito de petróleo (GLP), solventes, lubrificantes e bicombustíveis (ANP, 1998).

De acordo com a Resolução CONAMA nº 273 promulgada em 2000, os Postos Revendedores são caraterizados como instalações que realizam a revenda varejista de combustíveis líquidos derivados de petróleo, álcool combustível e outros combustíveis automotivos (BRASIL, 2000). A atividade principal desenvolvida em um PRC consiste em abastecer veículos e armazenar combustível, entretanto, hoje são também desenvolvidas atividades secundárias que agregam valor à atividade como a troca de óleo, lava-jato e a loja de conveniência que, por consequência, acabam por gerar maior risco de contaminação ambiental (SANTOS, 2005).

A rotina operacional de postos revendedores de combustíveis consiste basicamente das seguintes atividades, segundo Santos (2005, p.74):

a. recebimento de produto através de carros-tanques de combustíveis;

b. armazenamento dos combustíveis em tanques subterrâneo;

c. abastecimento dos veículos;

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e. troca de óleo lubrificante dos motores dos veículos;

f. lavagens de veículos.

3.5.1 Estrutura física de um posto revendedor de combustível

A dinâmica do combustível no empreendimento apresenta um alto potencial poluidor, pelo risco de vazamento, derramamento, transbordamento e corrosão de tanques e tubulações, colocando assim o combustível em contato com o solo e as águas subterrâneas (ROCHA, 2005).

Para a garantia da proteção ambiental em PRCs são necessários uma complexa gama de equipamentos que constituem o chamado Sistema de Armazenamento Subterrâneo de Combustíveis (SASC). Esse sistema é constituído por tanques, tubulações e acessórios, interligados e enterrados (SANTOS, 2005).

De acordo com a ABNT NBR 13.786 (2019) as principais funções do Sistema de Armazenamento Subterrâneo de Combustíveis SASC estão relacionadas a proteção seja:

a. contra vazamento;

b. contra derramamento;

c. contra transbordamento;

d. contra corrosão dos tanques;

e. contra corrosão em tubulações subterrâneas.

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Figura 2 – Representação de Sistema de Armazenamento Subterrâneo de Combustíveis

Fonte: Nascimento (2013, p.6).

3.5.1.1 Tanques subterrâneos de combustível

De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Equipamentos e de Serviços para o Mercado de Combustíveis e de Conveniência (ABIEPS) (2018), os tanques subterrâneos de combustíveis são estruturas cilíndricas horizontais cuja função é o armazenamento de combustíveis derivados de petróleo e álcool etílico. Por estarem em contato direto com o solo apresentam alto risco de corrosão e assim consequente contaminação dosolo e das águas subterrâneas.

De acordo com estudos americanos, 91% dos tanques subterrâneos sofrem corrosão nos pontos de solda das chapas e conexões, a partir de seu exterior, causados principalmente pela umidade, pHe salinidade do solo. Assim, os tanques de parede simples vêm sendo substituídos pelos tanques de parede dupla, de forma a garantir maior proteção ambiental (MAGALHÃES, 2009).

Os tanques de parede dupla, comumente chamados de tanques jaquetados são constituídos por duas paredes, a interna geralmente de aço-carbono e a externa de uma resina termofixa não metálica. O espaço entre as duas paredes é chamado de espaço intersticial, conforme pode ser visto na Figura 3. Assim, caso ocorra algum vazamento no tanque interno, o produto fica contido no tanque externo.

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Figura 3 – Tanques subterrâneos de combustíveis de parede dupla

Fonte: MCM Postos (2020).

Os tanques subterrâneos podem ser compartimentados podendo armazenar até três tipos diferentes de combustíveis, sendo a capacidade máxima de 30 metros cúbicos. A vida útil dos tanques é de aproximadamente 15 a 20 anos a depender das características do solo (OLIVEIRA; LOUREIRO, 1998).

A garantia de vedação dos tanques é determinada através da realização dos testes de estanqueidade das (linhas e tanques). Os testes devem ser feitos após instalação e no período que antecede a operação. Durante a operação, o monitoramento é realizado através do espaço intersticial. Entre as paredes dos dois tanques é instalado um sensor eletrônico, na presença de vazamento, o sensor é ativado. Esse tipo de controle contínuo é mais eficiente e ágil pois permite que reparos sejam feitos imediatamente após identificado qualquer tipo de problemas, reduzindo-se assim o risco de contaminação ambiental (GOMES FILHO, 2014).

3.5.1.2 Tanque subterrâneo de óleo lubrificante usado

Os tanques subterrâneos de óleo lubrificante são utilizados para o armazenamento temporário do óleo lubrificante oriundo das trocas dos veículos. Esses tanques apresentam configuração semelhante à dos tanques subterrâneos de combustíveis e devem apresentar o mesmo rigor no monitoramento a fim de evitar contaminação

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tendo em vista a periculosidade desses resíduos. Depois de atingida a capacidade de armazenamento os resíduos são encaminhados para sua destinação final. (ABIEPS, 2018).

3.5.1.3 Dispositivos de contenção e prevenção de derramamentos e transbordamentos

A fim de evitar transbordamentos e derramamentos de combustíveis devem ser instalados nos tanques, dispositivos preventivos e de contenção, como elenca a ABNT NBR 13.786/2019. Os principais dispositivos utilizados estão destacados em seguida:

a. Câmara de acesso à boca de visita: trata-se de uma câmara estanque produzida de polietileno de alta densidade que dá acesso ao tanque de armazenamento de combustíveis. É um dispositivo que permite o acesso às tubulações e conexões ligadas ao tanque (ABNT, 2019).

b. Descarga selada: a descarga selada é um dispositivo utilizado na descarga do combustível dos caminhões tanques proveniente das distribuidoras para os tanques de armazenamento subterrâneos dos postos. Tem como função evitar o derrame de combustíveis. O dispositivo utiliza conexões de engate montados nas extremidades do mangote que faz a ligação do tanque do caminhão tanque ao tanque do posto (GOMES FILHO, 2014).

c. Câmara de contenção de descarga (spill container): de acordo com a NBR 13.786, a descarga de combustíveis dos caminhões tanques para os tanques subterrâneos de armazenamento deve contar com a presença de uma câmara estanque de polietileno de alta densidade, a chamada câmara de contenção da descarga selada ou “sump” da descarga selada. Este dispositivo armazena durante a descarga do caminhão o excesso de combustível e através de um dreno interno, encaminha o excesso para o tanque subterrâneo (ABNT, 2019).

d. Válvula de proteção contra transbordamento: também é conhecida como válvula de retenção de esfera flutuante e alarme de transbordo. A válvula de proteção contra transbordamento é um dispositivo que evita o retorno de combustível através do tubo de descarga do tanque. A válvula de retenção de esfera flutuante, tem a função de evitar a passagem de combustível através da linha do respiro. Podem ser instalados nos tanques sensores contra

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transbordamento, cuja função é a de sinalizar quando o combustível ultrapasse o limite de segurança do tanque (ABNT, 2019).

e. Monitoramento do interstício: o espaço intersticial conforme mencionado, corresponde ao espaço entre as duas paredes dos tanques jaquetados. O monitoramento intersticial baseia-se na instalação de um sensor no espaço intersticial do tanque de parede dupla, ativando o alarme quando da presença de líquido. O sistema é constituído por um sensor instalado permanentemente e ligado a uma central de controle (ABNT, 2019).

3.5.1.4 Unidades de abastecimento

As unidades de abastecimento comumente chamadas de bombas abastecedoras são os equipamentos responsáveis pelo abastecimento dos veículos, indicam o volume, o preço unitário e o valor a ser pago (ABNT, 2019).

São exigidos ainda, alguns dispositivos para serem instalados junto as bombas, como válvulas de retenção, válvulas de segurança contra colisões e câmaras de contenção de vazamento. Todos esses dispositivos garantem a segurança na operação. (ABNT, 2019).

3.5.1.5 Sistema separador de água e óleo (SSAO)

Na rotina operacional de postos de gasolina, diversos procedimentos envolvem a geração de efluentes líquidos gerados na lavagem de veículos, manutenção, reparos, lubrificação, troca de fluidos. Os principais constituintes desse efluente são os óleos e graxas, mas também há uma parcela significativa de sabões, detergentes sintéticos e solventes com ação desengordurante, desengraxante, solubilizante, emulsificantes e de polimento e a própria água (SECRON, 2006).

O sistema separador de água e óleo (SSAO) consiste no tratamento dos efluentes líquidos oleosos gerados no posto. Como o próprio nome diz, o sistema realiza a separação das fases oleosas e aquosas do efluente pela diferença de densidade existente entre elas. Assim, a fase oleosa que corresponde a parcela que apresenta maior potencial de poluição em contato com os corpos hídricos é removida e direcionada para a destinação final. E a fase líquida é direcionada para a rede pluvial de esgoto (SECRON, 2006).

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3.5.1.6 Piso impermeável

Os locais de descarga, abastecimento e carregamento, bem como a praça de bombas, os sistemas de filtragem e a bacia de contenção dos tanques são consideradas potencialmente poluidoras de acordo com a NBR 13786: 2019. De forma a evitar a contaminação do solo e das águas essas áreas devem possuir piso impermeabilizado em concreto armado com caimento para as extremidades das áreas, de maneira a direcionar os efluentes gerados às canaletas coletoras (ABNT, 2019).

3.5.1.7 Canaletas de contenção

São equipamentos construídos em material metálico, destinados a receber os efluentes gerados nas áreas potencialmente poluidoras dos postos de combustíveis (pista de abastecimento, área de tancagem, troca de óleo e lavação). As canaletas direcionam os efluentes ao Sistema Separador de Água e Óleo impedindo que os mesmos ultrapassem os limites dos pisos de concreto impermeável e promovam a contaminação do solo e das águas subterrâneas e superficiais. (ABNT, 2019).

3.5.1.8 Tubulações de respiro de válvulas de retenção

Cada compartimento do tanque demanda uma tubulação que faça a comunicação com o tanque (enterrado) e a atmosfera. A finalidade desses dispositivos é garantir a transferência de gases e assim estabilizar a pressão interna dos tanques quando estes são carregados ou descarregados por combustíveis. Em suas extremidades são instaladas válvulas retentoras para a contenção de vapores inflamáveis (ABNT, 2019).

3.5.1.9 Tubulações de polietileno de alta densidade

O sistema de transporte de combustíveis dos tanques até a unidade de abastecimento é realizado abaixo da superfície. Assim toda a tubulação e acessórios devem ser construídas com materiais não metálicos. Os materiais utilizados para construção das tubulações são o polietileno de alta densidade (PEAD) e seu revestimento interno é especialmente projetado para aplicação na condução de combustíveis automotivos (ABIEPS, 2018).

As tubulações de PEAD do SASC são utilizadas nas linhas de suprimento primário, linhas de enchimento, linhas de respiro, linhas de recuperação de vapores, contenção secundária, eliminador de ar do filtro de óleo diesel, retorno do filtro de óleo diesel (ABIEPS, 2018).

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3.5.2 Impactos ambientais de um posto revendedor de combustíveis

De acordo com a Resolução CONAMA nº 001 de 1986 impacto ambiental é definido como:

qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:

I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas;

III - a biota;

IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais (BRASIL, 1986, art.1º).

As atividades desenvolvidas em PRCs que direta ou indiretamente envolvem o manuseio dos combustíveis são consideradas potencialmente poluidoras. Isso se deve a constituição dos derivados de petróleo que são altamente tóxicos ao homem e a natureza. As atividades secundárias desenvolvidas nos postos de serviço também representam significativo potencial de contaminação (LORENZETT, ROSSATO,2011).

Nos Quadro 2 e Quadro 3, são apresentados os possíveis impactos ambientais que podem ocorrer em função das diversas atividades desenvolvidas nos postos de serviços. O Quadro 2 elenca as operações relacionadas a logística e dinâmica dos combustíveis no empreendimento desde o seu recebimento até o abastecimento dos veículos. No Quadro 3 tem-se os serviços agregados oferecidos pelos postos de combustíveis como troca de óleo e lubrificantes, a lavagem de veículos, os escritórios e as lojas de conveniência (LORENZETT; ROSSATO, 2011).

Referências

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