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No início da economia de mercado, o sistema econômico era constituído, entre outros aspectos, por grande número de pequenas empresas. Com o crescimento e a diversificação da Revolução Industrial, a partir do final do século XIX, foi aumentando o grau de concentração no sistema, com a criação de grandes conglomerados e monopólios, que alteraram a face do modelo capitalista.

A maior parte das estruturas de mercado admite a maximização do lucro total, o que, na teoria neoclássica, é representado pela igualdade entre a receita e a despesa marginal na produção de determinado bem ou serviço.

Algumas estruturas permitem o controle de preços pelos agentes econômicos, enquanto outras, como é o caso da concorrência perfeita, faz com que eles se comportem como tomadores e não formadores de preços. Considerações iniciais

Passos e Nogami (2003, p. 287) indicam que

(...) mercados estão estruturados de maneira diferenciada em função de dois fatores principais: número de firmas produtoras atuando no mercado e homogeneidade ou diferenciação dos produtos da firma.

Síntese do módulo

Neste ítem, serão tratadas as diferentes estruturas de mercado. A estrutura escolhida será um dos fatores mais determinantes na formação dos preços nos variados mercados.

4 . 1 O s m o d e l o s d e e s t r u t u r a d e m e r c a d o

As estruturas de mercado são diversificadas, observando-se desde aquela em que se vê um grande número, tanto de ofertantes quanto de demandantes de produtos e serviços, até a situação em que apenas um produtor ou mesmo um consumidor dominam, por completo, o mercado.

As teorias econômicas clássicas e neoclássicas enfatizam suas leis e princípios tendo em vista a primeira dessas estruturas, isto é, a da concorrência perfeita entre os agentes econômicos.

A concorrência perfeita reflete uma condição de mercado na qual a quantidade de compradores e vendedores é tão grande que, na verdade, nenhum deles, em sua ação

individual, consegue alterar o nível de preços vigente na economia.

As hipóteses para a constituição do mercado operando em concorrência perfeita referem-se:

 à existência de um grande número de compradores e vendedores, pequenos, porém, em relação ao tamanho do mercado. Costuma-se afirmar que os agentes desse mercado são tomadores de preços;  aos produtos homogêneos, isto é, perfeitamente substituíveis entre

si;

 à livre entrada e saída de firmas do mercado, dada a inexistência de barreiras legais e econômicas e de direitos de propriedade e patentes;

 à transparência de mercado, garantindo informação tanto para vendedores quanto para compradores no mercado, de tal modo que os concorrentes conhecem tanto a qualidade quanto o preço de nossos produtos e vice-versa.

Todas as demais estruturas são, generica mente, conhecidas como sendo de concorrência imperfeita.

Para melhor visualização dessas estruturas, monta-se o quadro 3, a seguir:

A figura 4, a seguir, demonstra as estruturas fundamentais, mostrando o “posicionamento” da concorrência perfeita, do monopólio e do oligopólio.

Como vemos, o monopólio representa uma alternativa em que uma única empresa domina a oferta de determinado bem ou serviço, que, por isso, não possui substituto.

O monopólio puro ocorre raramente, sendo mais comum o oligopólio, em que um pequeno número de empresas é responsável pela oferta de produtos e serviços.

Quando temos a predominância de um único comprador, fica caracterizada a estrutura conhecida como monopsônio, cuja ocorrência também mais comum é o oligopsônio, identificado por um mercado composto por muitos vendedores, mas com poucos compradores. Um exemplo pode ser identificado no setor industrial, quando um fabricante ou montador de automóveis negocia com fornecedores que o atendem exclusivamente.

Resumida mente, compradores e vendedores interagem, com base em diversas estruturas de mercado. Entre os fatores que dão forma a essas estruturas de mercado, temos:

 a quantidade de empresas vendedoras que atuam neste mercado;  o tamanho das empresas, quanto ao seu poder de compra e de

negociação;

mercado;

 as semelhanças ou diferenças entre os produtos dessas em presas;

 a natureza e a quantidade de consumidores (empresas e indivíduos);

 a disponibilidade de informações disponíveis para os vendedores e compradores, no que se refere a preços e condições comerciais;  o grau de habilidade de que as empresas individuais dispõem para

influenciar a procura no mercado como um todo via promoção do produto, aspectos qualificativos, facilidades de comercialização, etc.;

 a facilidade com que as firmas entram e saem da indústria (isto é, do respectivo setor de produção).

Uma das classificações mais simples e, ao mesmo tempo, mais abrangente, foi proposta por Stakelberg em 1934, que estudou detalhadamente as estruturas de concorrência imperfeita. Tanto do lado da oferta como da demanda, podemos identificar as situações em que existe apenas um agente econômico, uma pequena quantidade e uma grande quantidade de agentes econômicos. Combinando-se essas situações, chegamos a uma matriz de nove diferentes estruturas, como é mostrado no gráfico 6, a seguir:

As estruturas de quase monopólio e quase monopsônio refletem os casos em que existe um único vendedor ou comprador confrontando-se com um pequeno número de compradores ou de vendedores, respectiva mente.

Os oligopólios são os modelos que mais se aproximam das estruturas de mercado encontradas atualmente. O oligopólio bilateral caracteriza-se por pequena quantidade de vendedores e também por uma pequena quantidade de compradores.

Atualmente, destaca-se a concorrência monopolística, em que há muitas empresas vendendo produtos diferenciados, que não são substitutos

próximos entre si, identificados por marcas diferentes, fazendo com que os produtores possam comercializar o seu produto a um preço mais conveniente, maximizando seus lucros.

As características das estruturas caracterizadas como de concorrência imperfeita são:

Monopólio

É o extremo oposto da concorrência perfeita, admitindo apenas um ofertante de um bem ou serviço que não apresenta um substituto próximo ou concorrente no mercado, exercendo uma significativa influência na determinação do preço do bem ou do serviço, em função de:

 existência de uma única empresa ofertante para o produto: seja por condições de acesso a determinada matéria-prima, detenção de patente industrial sobre o produto e/ou processo de fabricação ou mesmo direitos autorais;

 inexistência de produtos substitutos próximos: no caso de produtos complexos ou muito caros;

 existência de barreiras à entrada de novas firmas na indústria: necessidade de grande aporte de capital e/ou de conhecimentos técnicos, permitindo a obtenção de economias de escala;

 controles sobre a matéria-prima;

 direitos autorais e patentes de produção: que impedem a competição de outros produtores, na tecnologia de produto ou de processo;

 existência de monopólios legais: quando há a concessão do setor público para a exploração de determinados serviços, como abastecimento de água, fornecimento de energia elétrica, transporte coletivo, etc. Nesse caso, cabe ao governo a fiscalização da quantidade e da qualidade do serviço oferecido e das taxas e dos preços praticados no mercado. Há situações em que o próprio Estado se encarrega da exploração de determinados recursos minerais estratégicos (como o petróleo).

Concorrência monopolística

Este modelo insere-se entre a concorrência perfeita e o monopólio, à medida que existem muitos ofertantes concorrendo entre si, com certa facilidade para entrar ou sair do mercado. Há, como outro elemento comparativo, certa facilidade para entrar ou sair do mercado. Os produtos oferecidos são substitutos muito próximos, mas contam com elementos diferenciadores que os tornam únicos, como é o caso de equipamentos eletrônicos, eletrodomésticos, etc. E é essa diferenciação que irá possibilitar ao produtor o poder de monopólio e a liberdade para determinar o preço do produto, como é o caso do monopolista. Há uma resposta da demanda às variações dos preços desses bens e serviços, que depende da “elasticidade-

preço da demanda”, que veremos posteriormente. Oligopólio

Nesse caso, poucas empresas detêm o controle da maior parte do mercado e este modelo se desenvolve por fusão, incorporação ou eliminação de pequenas empresas, propiciando, tal como no monopólio, a obtenção de economias de escala, em função de controle sobre as matérias-primas e da existência de patentes e licenças de uso de marcas. Trata-se de uma estrutura muito utilizada nas economias atuais.

No caso de oferta de produtos como o cimento e o alumínio, que são considerados substitutos perfeitos entre si e, portanto, homogêneos, a pequena quantidade de ofertantes caracteriza um oligopólio puro ou oligopólio perfeito. O oligopólio diferenciado é caracterizado por uma concentração de poucos ofertantes de produtos que possuem algum diferencial entre si, como é o caso da indústria de cigarros e indústria automobilística, dentre outras.

Os processos de união desses oligopólios abrangem situações como as caracterizadas por um cartel, que é uma organização formal de produtores de um mesmo setor, visando favorecer os participantes mediante a divisão da produção e a maximização dos lucros totais do grupo. A capacidade ociosa dos produtores é, segundo muitos estudiosos, um fator de instabilidade dos cartéis, estimulando o não-cumprimento das condições por eles com bi nadas.

Deve ser mencionada, também, a significativa interdependência entre os oligopolistas, considerando que as decisões sobre preços são estabelecidas de forma interdependente, em razão direta das condições de cada participante e, naturalmente, influenciam as dos demais produtores.

A seguir, um resumo das principais estruturas de mercado, adaptadas no quadro 4, abaixo.

Síntese do tema

Esse tópico identificou e comparou as características das diferentes estruturas de uma economia baseada no livre funcionamento dos mercados. Questões para revisão

1. Qual era o tamanho das empresas no início da sociedade baseada no livre funcionamento dos mercados?

2. O que se entende por mercado funcionando em regime de concorrência perfeita? Cite exemplos.

3. Quais são as características das estruturas mistas de mercado? Cite um exemplo.

4. Quais são as características das estruturas oligopolistas de mercado? Cite um exemplo.

5. A livre entrada e saída de firmas do mercado caracteriza que tipo de estrutura de mercado? Por quê?

6. O que é oligopsônio? Qual é a diferença desse conceito em relação ao de oligopólio?

7. Aponte quatro fatores que sejam determinantes para a estruturação de mercado de um sistema econômico.

8. O que caracteriza um monopsônio? Dê um exemplo de monopsônio em sua região, caso exista algum.

9. O que é um exemplo claro de concorrência imperfeita? 10. Como Stakelberg classificou as estruturas de mercado?

11. O que caracteriza um quase monopólio? Existe algum na sua região? 12. Qual é a semelhança entre o conceito de monopólio e o de

13. O que caracteriza um monopólio bilateral? Cite exemplo.

14. O que a homogeneidade dos produtos significa para uma estrutura de mercado identificada como “concorrência perfeita”?

15. Muitos vendedores e um só comprador é situação que define um mercado do tipo a) Monopólio. b) Monopsônio. c) Quase monopólio. d) Oligopólio. e) Monopólio bilateral.

Resposta correta: alternativa b. A classificação proposta por Stakelberg, em 1934, evidencia essa estrutura de mercado, observada em casos como, por exemplo, aquisição de um determinado tipo de válvula, utilizada exclusivamente pela Petrobrás. Nesse caso, esta última define o tipo de produto, suas características construtivas e funcionais, submetendo suas especificações aos diversos produtores. A alternativa a está incorreta, pois se refere a um mercado com um único vendedor e vários compradores. As alternativas c e d estão erradas, dado que se referem a mercados com poucos vendedores. A alternativa e está incorreta por se tratar de um mercado com um único vendedor negociando com um único comprador. 4 . 2 U m a v i s ã o h i s t ó r i c a

Os mercados foram se tornando mais concentrados a partir do final do século XIX, com concorrência predatória entre as empresas que eram dotadas de potentes estruturas de capital. Ocorreu, então, a formação de associações, como os pools, trustes, companhias holding e fusões de empresas.

Sandroni (2005, p. 669) informa que

Os pools reúnem, em caráter temporário, duas ou mais empresas, com fins especulativos. É justamente o caráter de manipulação de preços que diferencia o pool do consórcio (...). O pool (...) procura forçar a elevação de preços e, então, vender com lucros elevados. Os trustes, de outra parte, são associações mais fortes do que os pools, tendo sido adotados, por exemplo, pelas empresas de petróleo norte- americanas, e foram declarados ilegais pelo governo norte-americano.

A criação de uma companhia holding representou outra alternativa de controle e limitação da concorrência. Trata-se de uma companhia central que assume o controle acionário de empresas subsidiárias. Independentemente de fusões e associações, o próprio crescimento vertiginoso das empresas determinou o estabelecimento de leis antitrustes.

Outra grande mudança ocorreu com a forma de administração das empresas, que foi sendo transferida dos donos (e seus descendentes) para administradores e executivos especializados.

Heilbroner (1979, p. 168) comenta:

(...) a nova administração adotava agora uma nova estratégia de crescimento da empresa – ou melhor, abandonava a antiga. Avanços na tecnologia, mudanças no design do produto, publicidade, observação atenta de outras firmas a serem adquiridas em outras áreas – tudo isso forneceu amplas oportunidades para o impulso gerencial de expansão.

Síntese do tema

Neste tema, foi oferecida uma perspectiva histórica sobre as várias formas de atuação das corporações nos mercados respectivos, verificando- se a tendência à concentração da produção para a maximização dos lucros e das vendas.

Questões para revisão

1. O que é um pool de empresas? 2. O que são companhias holding?

3. O que caracteriza uma economia de escala? 4. Como são formados os trustes?

5. O que contribuiu para o gigantismo das organizações sobre todos os demais fatores?

6. Qual é a contribuição da administração científica para a consolidação das grandes companhias no seu segmento de atuação?

7. Que razões levaram as empresas a se juntarem em um processo de fusão?

8. A concorrência direta e frontal de uma firma contra outra foi substituída por quais atributos?

9. Quais são as evidências de que a administração profissional exerceu algum impacto sobre a estrutura de mercado?

10. O que caracteriza uma concorrência predatória? Aponte algum exemplo.

11. No tocante à concentração da produção, um truste caracteriza:

a) Um aglomerado de pequenas e médias empresas com alguma diversificação de produção.

verticalização de produtos.

c) Um conjunto de empresas muito grandes, altamente diversificado. d) Um conjunto de empresas pertencentes a diversos grupos não-

financeiros, geralmente situados numa mesma localidade, próximo ao centro abastecedor de matéria - prima.

e) Uma particular estrutura de mercado, com nítidas semelhanças com o duopólio.

Resposta correta: alternativa c. Os trustes são associações mais fortes do que os pools e foram adotados por empresas de grande porte, como as petrolíferas norte-americanas. As alternativas a e b estão erradas pois se referem a associações de pequenas empresas. A alternativa d está incorreta, dado que os trustes não precisam estar situados em localidades próximas ou se referirem a associações apenas de grupos não-financeiros. A alternativa e refere-se a uma estrutura de mercado com apenas dois vendedores e vários compradores.

5 A OFERTA, A DEMANDA E O EQUILÍBRIO DE MERCADO