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Em todos os documentos publicados ou mesmo aqueles encontrados nos arquivos o programa manteve ao longo de sua existência uma estrutura composta de 11 subprogramas criados para atender às políticas adotadas:

1)Subprograma de Promoção Social e Habitação no Centro Histórico de São Luís.

A questão habitacional constitui-se um dos mais graves problemas sociais do país. Na cidade de São Luís o déficit atual alcança cerca de 25 mil domicílios para pessoas que se encontram nas áreas periféricas em condições muito precárias. Todavia existe no centro histórico uma rara oportunidade de conjugar as soluções necessárias para preservar o rico acervo de arquitetura urbana e ao mesmo tempo minorar o agudo problema habitacional para um razoável contingente de trabalhadores que necessitam morar perto do seu local de trabalho.

Há muito tempo esta parte da cidade possui um expressivo número de unidades habitacionais ocupadas por diferentes classes sociais: desde as residências de classe média alta, passando pelas residências unifamiliares de classe média baixa até os “cortiços”, grandes sobrados coloniais ocupados em regime multifamiliar sob péssimas condições de habitabilidade por não apresentar os mínimos requisitos quanto à segurança, salubridade e espaço vital.

Entretanto, há aí também um estoque de área construída que se encontra sub-utilizado ou mesmo em ruínas, que se devidamente adaptado, poderá permitir uma intensificação do uso residencial, reforçando as características de diversidade na utilização do solo urbano.

O grande argumento a favor, é a pré-existência de toda uma infra- estrutura e serviços públicos instalados no setor, o que contribuirá para minimizar os custos de implementação de um programa habitacional. Ao mesmo tempo a presença do morador contribui para estabelecer um vínculo maior entre os cidadãos e o espaço urbano, tornando-os diretamente interessados em sua conservação.

2) Subprograma de Restauração do Patrimônio Artístico e Arquitetônico

mais eruditos e outros de caráter religioso, como as Igrejas e Palácios, cuja recuperação se faz cada vez mais urgente, devido ao seu valor referencial para a cultura e que se manifesta através da celebração de rituais místicos e tradicionais.

Além disso é de se considerar os aspectos históricos desses monumentos no contexto do conjunto arquitetônico, bem como o seu potencial para contribuir como fator de geração de renda proveniente das atividades turísticas.

3)Subprograma de Recuperação da Infra-Estrutura e Serviços Públicos.

O tratamento que se pretende conferir ao Centro Histórico envolve, natural e obrigatoriamente, toda a problemática urbana, independentemente de seu caráter histórico, uma vez que aí estão localizadas as funções vitais da capital maranhense.

Assim, estão sendo consideradas como prioritárias as questões referentes à pavimentação, transporte rodoviário e hidroviário, sinalização de trânsito, estacionamentos, saneamento básico (incluindo limpeza urbana, drenagem, abastecimento de água, redes de esgoto), redes de energia elétrica e de telefone, e outras intervenções.

4)Subprograma de Prédios Públicos no Centro Histórico.

Centro Histórico de São Luís abriga ainda a maior parte das funções vitais da capital maranhense. É grande o número de repartições públicas dos níveis federal, estadual e municipal que estão instaladas em antigos sobrados localizados nas áreas tombadas pelo Patrimônio Histórico.

Alguns desses imóveis necessitam de urgentes intervenções capazes de assegurar a sua preservação. Esta proposta visa a garantir projetos e recursos para atender às referidas edificações.

5)Subprograma de Incentivo às Atividades de Turismo Cultural.

Reconhecendo o extraordinário papel das atividades turísticas como fator de geração de emprego e renda, com os reflexos evidentes na própria revitalização econômica da cidade e na preservação do acervo cultural, estabeleceu-se este subprograma como forma de direcionar uma parte dos investimentos exclusivamente para o aproveitamento do potencial turístico do patrimônio arquitetônico.

Entretanto, há que se considerar aqui a prioridade no sentido de que este patrimônio seja bem preparado para o usofruto de seus próprios habitantes. Considera-se que, se a cidade estiver saneada, segura, sinalizada, iluminada e limpa para o uso cotidiano de sua população, ela estará igualmente pronta para receber o visitante.

6)Subprograma de Revitalização das Atividades Portuárias.

São Luís nasceu do mar. Nos últimos 300 anos, toda uma estrutura de apoio e um processo peculiar de ocupação e de assentamento urbano desenvolveram-se em torno das atividades portuárias: comércio, artesanato, oficinas navais, frigoríficos, feiras e até mesmo uma tradicional área de prostituição. Marinheiros, estivadores, catraieiros, carroceiros, comerciantes, ambulantes, pescadores, remadores, feirantes e as suas famílias são personagens centrais da vida de boa parte do Centro Histórico.

A ligação da capital com as cidades interioranas e a pesca artesanal são funções econômicas de amplo significado, tanto para as populações de baixa renda do interior, como muito especialmente para a comunidade residente no Centro Histórico.

A revitalização das atividades portuárias na forma proposta é considerada fundamental como fator de geração de emprego e renda associado ao processo de recuperação do patrimônio cultural da capital do Maranhão.

7)Subprograma de Recuperação do Patrimônio Ambiental Urbano.

Uma primeira leitura dos documentos fotográficos que registram São Luís no final do século XIX revela uma cidade surpreendentemente bem arborizada e com sofisticados equipamentos urbanos. Praças e jardins limpos e bem tratados proporcionavam aos habitantes da época um ambiente urbano confortável.

Ao longo deste século, muitos desses espaços foram mutilados e hoje observa-se uma escassez de áreas verdes abertas à frequentação pública no Centro Histórico. As que sobrevivem estão carecendo de tratamento paisagístico.

A recuperação das praças e jardins e sua integração ao conjunto arquitetônico, assim como proporcionar alternativa de lazer para a comunidade, são os objetivos gerais da proposta.

8)Subprograma de Recuperação da Arquitetura Industrial.

Os prédios onde funcionaram as fábricas têxteis de São Luís após o período de expansão da economia algodoeira no Estado, constituem-se em exemplares ímpares da arquitetura industrial dos meados do século XIX.

Apresentam elementos arquitetônicos de força e beleza, tais como as estruturas dos telhados, o revestimento de azulejos das fachadas, aberturas em arco, componentes estruturais metálicos, além de oferecerem espaços internos amplos, apropriados ao remanejamento para usos contemporâneos.

A recuperação das fábricas e a adequação de suas instalações a usos mais intensivos pela comunidade representam a garantia de sua preservação e da revitalização da área.

9)Subprograma de Gerenciamento, Planejamento e Administração.

O gerenciamento de um programa desta natureza, envolvendo atividades multidisciplinares e especializadas, congregando a ação de órgãos e instituições de três níveis de governo (federal, estadual e municipal), bem como representantes de entidades de classe do setor privado e da população que vive e trabalha na área do Centro Histórico, e que se propõe a intervir em setores complexos da vida da capital, necessita contar com uma unidade de execução e acompanhamento capaz de atender plenamente as dificuldades naturais de tal empreendimento.

Além disso, todas as ações daí decorrentes devem seguir um rigoroso processo de planejamento e administração. Este subprograma visa garantir as condições institucionais e o apoio logístico ao grupo técnico encarregado de sua implementação.

10)Subprograma de Pesquisa e Documentação.

Fundamentalmente, todas as atividades que integram esta programação dependem dos trabalhos de pesquisa e documentação realizados sobre a área do Centro Histórico de São Luís, na busca de dados fidedignos sobre sua origem e evolução social, econômica, política e cultural.

Por outro lado, é necessário exercer um esforço permanente no sentido de identificar, catalogar e manter organizado um arquivo com as informações e os documentos essenciais à correta orientação e interpretação dos assuntos técnicos, financeiros, políticos e administrativos.

Estas servirão de base para as atividades de um empreendimento que se propõe a conhecer a fundo e preservar o Centro Histórico, atuando em estreita conjugação com os interesses da comunidade.

11)Subprograma de Editoração e de Divulgação

Muitas vezes a ausência de participação da comunidade deve-se à falta de divulgação dos empreendimentos e projetos dos quais ela deveria participar como principal interessada.

A disseminação, no seio da comunidade, do sentimento de que a recuperação é plausível e possível, depende em grande parte do conhecimento das realizações já alcançadas.

Para suprir as deficiências de divulgação, estabeleceu-se este subprograma com o objetivo de publicar periodicamente as principais propostas e planos, bem como os resultados dos estudos e pesquisas, tornando-os acessíveis à comunidade. Ao mesmo tempo a divulgação em nível nacional e internacional será fator decisivo no incremento das atividades de turismo.

6 A IMPLEMENTAÇÃO DO PPRCHSL

Neste capítulo demonstra-se como o PPRCHSL foi sendo implementado em seis etapas, registrando os principais projetos realizados em cada uma delas de forma que se possa identificar os pontos de convergência ou seja os aspectos que mais se aproximam e os que mais se distanciam do método de implementação da Conservação Urbana Integrada.

Para tanto está sendo considerado que as etapas correspondem a cada

período governamental de quatro anos, findo os quais costumam ocorrer as maiores mudanças na administração pública. Estas transições de períodos costumam constituir momentos de fragilidade na gestão, tendo em vista as possibilidades de descontinuidade e quebra no andamento dos programas de governo. Neste caso observa-se que a maior etapa foi a que se estendeu de 1995 a 2002 em virtude de uma reeleição acontecida em 1998, fato que determinou garantias de continuidade em dois períodos governamentais sucessivos.

Trata-se portanto de repassar uma experiência de quase três décadas, (1979 a 2006). E como o planejamento para esta área possui várias etapas executadas, inevitavelmente se estará avaliando também o seu processo de gestão, com ênfase especial nas políticas que o orientam desde sua origem.

De início, verifica-se que, em cumprimento a um dos compromissos firmados durante a I Convenção da Praia Grande e portanto resultado dos debates realizado naquele encontro de outubro de 1979, o Governo Estadual havia criado oficialmente, o Grupo de Trabalho e a Comissão de Coordenação, através do decreto n 7.345 de 16 de Novembro do mesmo ano, institucionalizando o Programa e instalando-o oficialmente no imóvel sito à Rua do Giz, n 59, sede da então Secretaria de Coordenação e Planejamento do Estado e localizado bem no coração do bairro histórico da Praia Grande.

Já no início do ano seguinte (1980), Aloísio Magalhães criou e instalou a diretoria regional do IPHAN em São Luís, indicando que a presença do órgão nacional de patrimônio histórico se fez mais rápida no Maranhão em decorrência de todo este episódio e em virtude do movimento pelo mesmo deflagrado.

A Comissão de Coordenação, pela composição demonstrada nos documentos e atas do arquivo do PPRCHSL, congregava representantes dos três níveis de governo, através dos órgãos diretamente envolvidos no processo, bem

como representantes da sociedade civil e que haviam participado ativamente do conclave. Dentre eles a Universidade Federal do Maranhão, secretarias da administração pública estadual e municipal assim como de entidades não governamentais, sindicatos atuantes na área, com a tarefa de se reunir semanalmente e avaliar com periodicidade os planos e propostas em andamento, bem como acompanhar a execução de obras.