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A própria concepção de inteligência está mudando. Novas concepções, como a de Sternberg (1986) e a teoria das inteligências múltiplas de Gardner (1983) apud Kerr (1990), desafiam a noção do resultado dos testes de QI como único indicador de desempenho intelectual extraordinário. De acordo com Kerr (1990), enquanto essas novas teorias aperfeiçoam nosso entendimento de inteligência, tornam a tarefa de identificação da superdotação mais difícil, porque os instrumentos não são ainda capazes de mensurar as atividades que esta tarefa propõe. Mais crítico, contudo, para o problema da superdotação feminina é que as novas teorias de inteligência pouco ou nada dizem sobre os gêneros. Levará provavelmente algum tempo antes que existam pesquisas substanciais sobre tais tópicos.

Os testes padrão de inteligência podem pecar ainda na identificação de alguns indivíduos do gênero feminino, principalmente aquelas com expressivo decréscimo na auto-estima, com problemas emocionais ou de comportamento (SABATELLA, 2005). Outro aspecto relevante é que os testes de inteligência deveriam ser interpretados levando-se em consideração o gênero do indivíduo que foi submetido ao teste. As mulheres tendem a obter resultados mais altos nas tarefas que requerem velocidade perceptual, habilidades motoras finas, produção e compreensão de prosas complexas e uso de informação fonológica e semântica a longo prazo, enquanto que os homens têm melhor desempenho nas tarefas que envolvem a memória viso-espacial, respostas espaço-temporais e raciocínio matemático (HALPERN, 1998).

A desigualdade de gênero tem sido uma preocupação da nossa época, mas tem tomado significado maior na medida em que a sociedade experimenta uma mudança de paradigmas. O processo de mudança ainda está começando; o grande perigo é que as pessoas apenas tomem consciência do problema, mas efetivamente não façam nada para que haja mudança, não trazendo nenhum impacto na ação das escolas e na vida diária dos indivíduos do gênero feminino.

Um artigo escrito por Peters (1994), contando a trajetória de vida de Leta Hollingworth, ressalta a importância dessa mulher intelectualmente talentosa e com ilimitadas energia e ambição em sua luta contra a discriminação, incluindo gênero. A primeira pesquisadora a estudar o talento em indivíduos do gênero feminino, nasceu em 1886, em Nebraska. Graduada aos 19 anos, esperava seguir carreira como escritora. Casou-se em 1908 e, para sua frustração, verificou que mulheres casadas

não eram contratadas para lecionar em Nova York, onde morava. Forçada a um papel tradicional da mulher, que não desejava, tentou adaptar-se às obrigações de dona de casa até que a frustração a dominou completamente. Determinada a desacreditar todas as alegações sobre “a inferioridade” feminina, encontrou na pesquisa um meio efetivo de combater os preconceitos.

Uma das mais profundas transformações na sociedade humana ocorreu nas três últimas décadas, quando os papéis das mulheres mudaram em toda a parte do mundo. Kerr (2000) destaca que, em relação às condições das meninas e jovens superdotadas, há razões para otimismo e preocupação. Parece que as várias formas de opressão que por tanto tempo impediram as mulheres de realizarem seu potencial finalmente tendem a diminuir.

Segundo Reis (1994), quase metade da força de trabalho nos Estados Unidos atualmente é feminina, o que indica um longo caminho percorrido pelas mulheres desde os idos de 1950. Contudo, para Kerr (1990), embora estas tendam a apresentar um bom desempenho acadêmico durante a formação educacional, certos traços de personalidade não são enfatizados, como iniciativa e independência, que poderiam favorecer o seu melhor aproveitamento no campo profissional. É também mais difícil para a mulher conciliar os diferentes papéis exigidos pela carreira profissional e pela vida conjugal e familiar.

Um estudo sobre atitudes de adolescentes superdotados com 144 sujeitos do gênero feminino e igual número do gênero masculino, em face da educação, realizações e futuro, na Universidade de Virgínia, ressalta que, embora os alunos tivessem opiniões sólidas sobre seu futuro e objetivos profissionais, acreditavam que suas esposas não deveriam seguir uma carreira quando os filhos nascessem, pelo fato de que essas gastariam muito mais tempo cuidando dos filhos e da casa do que eles fariam (REIS et al, 1994).

Leroux (1994), contudo, faz referência a um instinto de sobrevivência que os indivíduos superdotados do gênero feminino parecem possuir. que as conduz através de várias provações e estresse da vida. Buscando vencer desafios, expressam-se livremente e participam ativamente. Em seu caminho para o sucesso, essas preferem não perder seus valores femininos, recusam-se a culpar os homens por obstáculos e preferem verem-se como parceiras. Acreditam que para ter sucesso é preciso planejar cuidadosamente, combinando suas vidas profissionais e pessoais. Leroux

(1994), avaliando uma mulher modelo de sucesso, escreveu que estas pagam um alto preço por suas realizações.

Kerr (1990) afirma ainda que, finalmente, os conflitos de valores sobre os papéis das mulheres passaram a permear não apenas a sociedade, mas a educação e a pesquisa. Deve ser considerado o argumento de que homens e mulheres são biologicamente diferentes e habitam realidades diferentes. Nosso conhecimento dessas diferenças dá a chave para marcar uma nova era na compreensão e orientação dos indivíduos superdotados do gênero feminino na realização de seu potencial. A autora lembra que muito tem sido investigado desde que Lewis Terman e Melita Oden descreveram pela primeira vez a menina superdotada, mas ainda resta muito para ser investigado. E ressalta que, nós, pesquisadores, temos o que parece ser uma enorme tarefa: descobrir as barreiras para o sucesso das mulheres superdotadas e encontrar meios de superá-las.

Lupart e Wilgosh (1998) revelam que, embora tenha havido marcante progresso com respeito às atitudes sociais e opções de carreiras para mulheres, em particular as mulheres talentosas, as expectativas para completa realização do potencial feminino são menos favoráveis em comparação com as previstas para os homens.

Rimm (2005) faz referências ao livro “Smart girls, gifted woman”, onde Kerr relata um estudo de dez anos, em que vinte e quatro de suas colegas de turma foram acompanhadas. Os resultados indicaram que seis não tinham completado o bacharelado, doze tinham obtido apenas o grau de bacharel, três haviam conseguido o título de mestre, oito eram donas de casa e quatro estavam empregadas como técnicas. Entre os homens que haviam se graduado na mesma escola, todos tinham no mínimo o grau de bacharel, três tinham o grau de mestre, dois tinham doutorado e todos estavam empregados nas suas profissões. Neste artigo, Rimm (2005) também faz recomendações para o desenvolvimento de orientação apropriada para os pais das jovens e meninas que são educadas nos dias de hoje.

Calic-Newman (2001) ressalta que, no início do século XXI, o mundo parece bem mais benevolente para com os indivíduos superdotados do gênero feminino, do que qualquer outra época. Elas são encorajadas a sonhar alto com seu futuro e imaginar que podem ser qualquer coisa que elas queiram. No entanto, a partir da adolescência, seus sonhos e entusiasmo começam a declinar. Isto ocorre, em grande parte, por valores e estereótipos ainda existentes na sociedade. Por um lado, as meninas tendem a se ajustar ao grupo de colegas; por outro, persistem os conflitos

entre os papéis das mulheres que atuam na sociedade moderna e os tradicionais papéis ainda destinados a elas, os quais refletem a imagem da realidade vivida desde a infância até a vida adulta: dilemas, fracassos, perdas, etc., focando nas três importantes perdas que as meninas talentosas experimentam durante a adolescência – perda da auto-estima, declínio do rendimento escolar e redução das opções de carreira.

A educação como parte essencial do processo de socialização transmite uma herança sócio-cultural por meio da aquisição de conhecimento, habilidades e valores. E os perfis de comportamento masculino e feminino definem-se social, cultural e historicamente, um em função do outro. A forte influência, exercida na nossa cultura pelo casamento e pela maternidade, sustentam a dependência e a fragilidade feminina, comumente descritas nas histórias infantis, que nos fazem crer que a realização pessoal virá por intermédio do marido e dos filhos e, assim, a mulher/dona- de-casa deixa de pensar em si mesma como um indivíduo.

Segundo Wechsler (1993), essa questão do gênero é tão sutil que sequer nos damos conta de que, ao darmos uma boneca para nossa filha estamos perpetuando a idéia de que a menina deverá “ser bonita como uma boneca e tomar conta de alguém como de um filho”. Estudos citados por Wechsler (1993) apontam para o fato de que a energia e o tempo dedicados para cuidar do lar e dos filhos limitam a mulher nas suas manifestações criativas, e reforça também o medo da desaprovação social e da rejeição que leva a mulher a esconder suas habilidades. Ainda que os avanços e as necessidades da nossa sociedade obriguem homens e mulheres a buscarem novos papéis, no caso da mulher tanto as barreiras externas como as internas são ainda causadoras de inúmeros conflitos.

Wechsler (1993, p. 109) aponta, ainda, ”o medo do sucesso, o sentimento de

engano e o complexo de Cinderela” como sendo as principais barreiras internas

enfrentadas pela mulher. Este último, também conhecido por “desejo de ser salva”, é descrito pela autora como “uma necessidade, desde muito cedo cultivada na mulher, de ser cuidada por alguém... de ser salva”, expressando a vontade de a mulher de encontrar alguém mais forte, capaz de sustentá-la e protegê-la. Tudo isso corrobora a afirmação de Wechsler (1993), segundo quem a famosa desvantagem da mulher no mercado de trabalho deve-se não apenas ao comportamento machista masculino, mas também ao medo feminino de competir e arriscar-se.

Benevides (2004, p.97) alerta para o nosso paradoxo, quando, por meio de um relato pessoal, mostra como de alguma forma nós internalizamos referências e valores aos quais nos achávamos imunes. Maria Benevides, militante feminista por toda uma vida, mãe de dois rapazes e uma menina confessa:

Certa vez chamei minha filha, quando ela tinha 14 ou 15 anos e disse: “Marina, você não gostaria de aprender a cozinhar? Eu vou te ensinar, nós podemos passar os sábados na cozinha, que tal?”. Ela respondeu: “Você vai ensinar também para o Daniel e para o André?” Eu levei um susto e falei: “Não, é claro”. Ela então encerrou com seu melhor sorriso: “Ah, então eu também não quero.Ou você ensina aos três, ou a ninguém. Eu não gosto de cozinhar, o dia que precisar eu aprendo”.

Se ainda permanece o sexismo na sociedade brasileira, isso também se deve à maneira como educamos nossos filhos, alunos, maridos, etc. Ao mesmo tempo em que reivindicamos legitimamente direitos e oportunidades, sabemos que somos nós, mães, avós, professoras, babás e esposas, a parte mais importante neste processo educativo (BENEVIDES, 2004).

Pelo menos no Brasil, a mudança social está intimamente relacionada com educação. Segundo Castro e Abramovay (2004, p.130), 36% da força de trabalho formal feminina, no Brasil em 2002, concentrava-se no grupo de docentes na educação infantil e ensino fundamental. A educação gera oportunidades para ambos os gêneros, mas esta mesma educação está condicionada pelos valores que criam opções e resultados que envolvem a diferença entre os gêneros.

O mercado de trabalho continua a favorecer indivíduos do gênero masculino, ao passo que as oportunidades para os indivíduos do gênero feminino continuam muitas vezes a ser determinadas pela noção do papel primordial da mulher dentro de casa e cuidando da família. Os desafios que se colocam para atingir a paridade não podem ser reduzidos às questões quantitativas. Eles se relacionam a questões bem mais amplas, como oportunidades iguais, tratamento e resultados obtidos pela educação (UNESCO, 2004, p.150).

Maia-Pinto (2002, p.97) aponta como resultado de sua pesquisa que o grupo de alunos talentosos do gênero feminino apresentam desempenho superior ao do gênero masculino na medida de criatividade. Por outro lado, alunos do gênero masculino indicados para a área de talentos e habilidades acadêmicas obtiveram melhor desempenho no teste de criatividade, do que os alunos do gênero feminino. Segundo esta autora, a literatura apresenta dados onde a criatividade é mais

valorizada em meninas do que em meninos, e apóia-se em Siegel para dizer que “há o predomínio da noção de que pessoas do gênero masculino têm mais facilidade nas áreas que requerem habilidades físicas e técnicas, e que as do gênero feminino têm melhor desempenho nas áreas de domínio artístico, social, e afetivo”; desenvolvendo comportamentos estereotipados, e vieses de identificação.

Nesse estudo, Maia-Pinto (2002) apresenta dados que apontam o dobro do número de alunos do gênero masculino em relação aos do gênero feminino, atendidos num programa especial; e, ressalta que a falta de controle sobre os fatores sociais, culturais e ambientais influencia o desenvolvimento das habilidades dos indivíduos do gênero feminino. As barreiras enfrentadas pelas alunas podem inibir o seu potencial superior, sendo necessário providências para minimizar essas barreiras.

White (2000) também aponta para uma clara necessidade do desenvolvimento do potencial feminino, ressaltando que, se quisermos reverter a situação, devemos implementar estratégias efetivas em programas adaptados e encorajadores às meninas, evitando assim o que considera uma “tragédia nacional”, o fato de apenas um número mínimo de mulheres talentosas alcançarem a eminência, enquanto as demais permanecem na obscuridade.

Diante das questões apresentadas, urge a necessidade de entender como os modos de ensino afetam a aprendizagem das alunas, criando estratégias para os diferentes estilos de aprender (ADAMS, 2004). Sendo necessário implantar, junto aos serviços de atendimento aos superdotados, modos múltiplos de identificação e de estratégias de desenvolvimento do potencial, além de um programa de apoio psicológico para alunas superdotadas, para que estas sejam capazes de superar as barreiras internas e externas, de modo alcançar assim, sua auto-realização (VIRGOLIM, 2007).

Fechar os olhos para a questão de gênero nos processos educacionais de meninos e de meninas ainda é grave omissão. A reversão dos vieses de gênero no contexto educacional depende da atenção dispensada às diferenças de gênero na aprendizagem, uma vez que meninos e meninas reagem de formas diferentes nas complexas relações, sejam estas sociais ou educacionais, que envolvem o processo ensino-aprendizagem.

METODOLOGIA

Antes de mais nada, é preciso pensar a pesquisa como instrumentalização da prática pedagógica, evitando a velha problemática da dicotomia entre teorias e práticas, que gera o surgimento de linguagens pedagógicas distintas, evidenciadas nas dissertações e teses que apresentam uma linguagem academicamente rebuscada e hermética, alheia à realidade da prática educacional (FAZENDA, 1992).

Lüdke (1992) ressalta que a verdadeira função dos resultados de uma pesquisa só se fará sentir, efetivamente, na medida em que os professores possam apoiar-se neles, na busca de soluções para enfrentarem os problemas do seu dia-a-dia, e que técnicos e dirigentes do sistema educacional os reconheçam como sugestões válidas para redirecionar suas decisões e diretrizes.

No contexto das pesquisas educacionais é elevado o interesse pelo uso dos métodos qualitativos, uma vez que este pressupõe um contato mais direto com o ambiente e a situação investigada. Por meio de técnicas como a entrevista, que permite um maior aprofundamento das informações obtidas, estuda-se um problema e como ele se manifesta nas interações cotidianas, com base numa variedade de informações, coletadas de fontes diversificadas e em diferentes situações, cruzar-se as informações e associa-se a literatura da área.

Entretanto, embora as ciências do homem tenham requerido o uso dos métodos qualitativos, na prática muitos pesquisadores destes campos científicos (como a sociologia e a psicologia) têm utilizado o método quantitativo para abordá-los. Discutir a cientificidade dos métodos quantitativos e qualitativos é como discutir os percursos histórico das ciências naturais e das ciências humanas. Especialistas na pesquisa metodológica e filósofos das ciências vêm propiciando debates com o intuito de abordar e esclarecer as controvérsias entre as metodologias qualitativas e quantitativas. Ainda assim, resta-nos a dúvida: quando devemos empregar uns ou outros? (TURATO, 2003)

Segundo Turato (2003), ainda existem grandes problemas que envolvem a conciliação de práticas teórico-metodológicas quantitativas e qualitativas de investigação. Embora ambas as estratégias tenham algo em comum, cada uma dessas metodologias apresenta sua complexidade na formulação de problemas, aplicação de métodos, técnicas, procedimentos, tratamento de dados, interpretação e apresentação dos resultados; além de considerar os fortes aspectos ideológicos já

que cada linha de trabalho metodológico traz em si, implicitamente, um paradigma que lhe é próprio.

Para o autor, embora haja contraposição entre as metodologias, há também, complementaridade entre trabalhos com o emprego dos respectivos recursos metodológicos. Ao tratarmos de complementaridade, porém, não significa utilizar a aproximação quantitativa e qualitativa sob a mesma orientação paradigmática, mas, sim, que as conclusões finais de estudos realizados com um e com outro método, complementam-se, permitindo um maior entendimento do tema em estudo. Assim, quando a literatura afirma que são complementares, quer dizer que os resultados e as conclusões se complementam para propiciar uma melhor interpretação dos sentidos e das significações que se dá ao fenômeno em foco.

Dados coletados com técnicas mais objetivas, como questionários, escalas de avaliação e formulários, como a pesquisa em questão, possuem alto valor científico, mas não trazem material como as entrevistas menos estruturadas, em que são valorizados e analisados em profundidade o contato com a pessoa (TURATO, 2003).

Segundo Flick (2004), de modo diferente da pesquisa quantitativa, os métodos qualitativos consideram a subjetividade daqueles que estão sendo estudados como partes do processo de pesquisa. A pesquisa qualitativa é orientada para a análise de casos concretos em sua particularidade, partindo das expressões e atividades das pessoas em seu contexto, o que permite a esse tipo de pesquisa ter condições de traçar caminhos para a psicologia e as ciências sociais.

Este autor destaca ainda, que a questão referente a como expor as descobertas e os procedimentos nesse tipo de pesquisa, não representa apenas um instrumento para documentar dados e uma base para interpretação, mas é, sobretudo, um instrumento para mediar e comunicar as descobertas e o conhecimento, talvez estando o maior problema na possível influência sobre aquilo que será relatado. Um outro aspecto da pesquisa qualitativa, que também requer atenção especial, é a generalização, que, segundo o autor, estará intimamente relacionada à forma como a amostragem será feita (FLICK, 2004).

Os métodos qualitativos buscam as relações dos símbolos como representação de contextos histórico-sociais e dos significados e valores. Assim, a pesquisa qualitativa possibilita a análise e a comparação sobre os relatos dos sujeitos da pesquisa, permitindo compreender a origem, as causas e possíveis conseqüências de um fato sobre a vida humana. Não se trata de dizer, como é costume, que a pesquisa

qualitativa conclui intuitivamente, mas sim de formular um conhecimento acerca das propriedades que lhe são inerentes, tornando-a capaz de distinguir-se das outras formas de pesquisa. Os pesquisadores dedicados a pesquisa qualitativa procuram entender o processo pelo qual as pessoas constroem significados, tentando dar sentido ou interpretar fenômenos em termos das significações que as pessoas trazem para eles, envolvendo uma abordagem interpretativa (TURATO, 2003).

A pesquisa de fenômenos educacionais, como cerne das ciências humanas e sociais vem impregnada, inevitavelmente, de valores, preferências e interesses do próprio pesquisador, de modo a não permitir uma perfeita separação entre o pesquisador e seu objeto de estudo (LÜDKE; ANDRÉ, 1986). No entanto, o pesquisador deve estar sempre atento ao rigor do trabalho científico, para que a pesquisa se torne válida e fidedigna, uma vez que a nossa história pessoal e bagagem cultural, bem como nossas aptidões e predileções, podem nos levar a privilegiar certos aspectos da realidade e negligenciar outros.

Segundo Fleith e Costa Jr. (2005) não existe, a priori, um método de pesquisa que seja mais apropriado ou eficiente, entretanto, ao se utilizar um número limitado de participantes, embora estes possam ser estudados mais detalhadamente, haverá limitações em termos do potencial de generalização. Os autores enfatizam porém, que o propósito básico da ciência é chegar a concepção de uma teoria, que constitui uma exposição sistemática de relações entre um conjunto conhecido de variáveis, para explicação de um fenômeno particular, ou pelo menos, de um aspecto deste; sendo generalizável entre os indivíduos.

De acordo com Berg (apud Fleith e Costa Jr, 2005), a pesquisa qualitativa se refere aos significados, conceitos, definições, características, metáforas e símbolos, enquanto que a quantitativa refere-se à contagem e mensuração das coisas. Assim, “enquanto a pesquisa quantitativa transforma material verbal (por exemplo, questionários) em números, a qualitativa coleta material verbal (por exemplo, entrevista) e analisa-o textual e lingüisticamente, buscando o seu significado para os

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