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4. METODOLOGIA

4.4 Estudo de caso

Yin (2001) conceitua estudo de caso como pesquisa empírica que investiga um fenômeno contemporâneo, em seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto estão claramente definidos. Para Stake (2000), o estudo de caso se diferencia das outras estratégias de pesquisa devido ao fato de o foco de atenção do pesquisador estar na busca da compreensão de um caso particular, em sua idiossincrasia, em sua complexidade. Segundo o autor, não se trata de uma escolha metodológica, mas de um determinado objeto a ser estudado, que pode ser uma pessoa, um programa, uma instituição, uma empresa ou determinado grupo de pessoas que compartilham o mesmo ambiente e a mesma experiência. O autor propõe três tipos de estudo de caso: a) intrínseco, quando se pretende alcançar uma compreensão mais profunda de um caso em particular (não se preocupando, neste caso, com o desenvolvimento de uma teoria); b) instrumental, quando o caso oferece insights ou permite o refinamento de uma teoria; e c) coletivo, estudo estendido a um grupo de casos com vistas a pesquisar um fenômeno, população ou um contexto genérico.

Considerando que o estudo de caso único na modalidade instrumental possui caráter de estudo em profundidade, buscando o escrutínio de seu contexto, o detalhamento de suas atividades e a busca de um interesse extenso, esta pesquisa se insere nesta modalidade.

Para além da busca da compreensão profunda de um caso particular, Eisenhardt (1989) afirma que o estudo de caso pode contribuir para a construção de teoria relevante e original acerca do tema investigado. Entretanto, a construção de teoria a partir de estudo de caso é mais adequada nas fases iniciais da investigação sobre um tema ou quando se deseja revigorar uma perspectiva teórica já existente. Para a autora, essa construção teórica está direcionada ao desenvolvimento de hipóteses passíveis de serem testadas e à obtenção de uma teoria generalizável. Exige-se, contudo, uma relação estreita com a realidade empírica. Portanto, faz parte desse processo a construção de uma teoria empiricamente verificável, relevante e válida, envolvendo as seguintes etapas: revisão da literatura; definição de construtos e da população; uso de instrumentos de pesquisa flexíveis, envolvendo diversos investigadores; formulação de hipótese; pesquisa de campo; adoção de táticas de análise comparativa com outros casos, fazendo cruzamento de dados e informações; revisão teórica; e finalização. Porém, como os estudos de caso não buscam generalização estatística, Yin (2001) sugere que os pesquisadores

devem maximizar quatro aspectos da qualidade passíveis de serem adotados em qualquer projeto: a) a validade do construto – adoção de fontes múltiplas de evidência, encadeamento de evidências e revisão do rascunho do relatório de pesquisa por informantes-chave; b) a validade interna (para estudos causais ou explanatórios) – construção da explanação para o estabelecimento de relação causa e efeito, análise de séries temporais e adequação ao padrão; c) a validade externa – utiliza lógica de replicação em estudos de casos múltiplos; e d) a confiabilidade – uso de protocolo e desenvolvimento de banco de dados para o estudo de caso.

Segundo Gil, Licht e Oliva (2005), uma das características mais distintivas do estudo de caso em relação a outros tipos de pesquisa é o uso de múltiplas fontes de evidência. Estudos de caso requerem a aplicação do maior número possível de técnicas para a coleta de dados porque envolvem muitas variáveis significativas, que não podem ser verificadas com apoio de uma única estratégia de coleta de dados. Além disso, para garantir a validade dos resultados obtidos por determinada fonte, é necessário que sejam confrontados com os dados obtidos por outras fontes. Nessa perspectiva, Yin (2001) afirma que o pesquisador do estudo de caso deve possuir uma versatilidade metodológica que não é necessariamente exigida em outras estratégias e deve obedecer a certos procedimentos formais, para garantir o controle de qualidade durante o processo de coleta. Os princípios que conduzem a essa direção são: adoção de várias fontes de evidência; constituição de um banco de dados para o estudo; e encadeamento de evidências. Esses princípios devem tornar o processo tão explícito quanto possível, de forma que os resultados finais reflitam uma preocupação com a validade do construto e com a confiabilidade, validando a realização de análises adicionais.

A fundamentação teórica é a maneira mais usual de análise das evidências de um estudo de caso. É a partir da revisão da literatura que proposições são feitas, surgindo questões de pesquisa, objetivos e novos insights. Essas inquietações é que definem a estratégia da pesquisa e modelam o plano de coleta de dados. Assim, as proposições fornecem a orientação teórica necessária à análise do estudo de caso, orientando a pesquisa e definindo explanações alternativas a serem examinadas.

A estratégia analítica adotada para este estudo é a lógica de adequação padrão. Essa lógica compara um padrão fundamentalmente empírico com outro de base prognóstica. Se os padrões coincidirem, os resultados podem ajudar o estudo de caso a reforçar sua validade interna. Sendo o estudo de caso descritivo, os padrões podem se relacionar a variáveis

76 dependentes ou independentes do estudo (ou a ambas) (YIN, 2001). Pelo fato de o referencial teórico anteceder o estudo de caso, o qual será contraposto aos dados empíricos, sendo feita, na sequência a análise do relacionamento entre as variáveis, esse procedimento apresenta-se como o mais indicado.

O Quadro 5 relaciona as principais técnicas envolvidas na estratégia de pesquisa para o desenvolvimento da tese.

QUADRO 5 – Estratégias de pesquisa adotadas na tese

Pesquisa Método

Objetivos

Explanatória (descritiva)

Definição Quantitativa (análise de redes sociais) e qualitativa (estudo de caso) Meio de investigação Não experimental.

Técnicas Estudo de caso único, explanatório, na modalidade Instrumental. Fontes de evidência Documentação, registros em arquivos, entrevistas, observações diretas,

observação participante, artefatos físicos (vídeos e livros), aplicação de questionários.

Estratégia analítica Proposições teóricas Método analítico Adequação ao padrão Fonte: Elaborado pelo autor

As escolhas estratégicas de pesquisa adotadas neste trabalho se estruturam nas proposições de Eisenhardt, Yin, Denzin e Lincoln, Vergara, Moreira e Gil.