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3 REVISÃO DE LITERATURA

4.2. ESTUDO DE CASO

O Estudo de Caso (EC) foi o desenho escolhido por ser muito útil para estudar fenômenos sem limites precisos em relação ao contexto, bem como para o estudo de fenômenos individuais, organizacionais, sociais e políticos (YIN, 2005; NATAL et al., 2008).

4.2.1 Seleção de caso

Para responder aos objetivos, optou-se por um desenho de pesquisa com estudo de caso único, de forma a dar atenção às diferenças entre as subunidades a partir de um caso representativo e cujas características são passíveis de replicação com outros casos (YIN, 2005; 2013), composto da seguinte forma:

- Caso: Núcleo Telessaúde Santa Catarina (Telessaúde SC); - Unidade de análise: Serviços de telessaúde para apoio assistencial na APS;

- Níveis de análise: provedor (coordenadores de serviços do núcleo de telessaúde que oferta os serviços); gestão (coordenadores de APS de municípios, cujas equipes usam os serviços de telessaúde para apoio assistencial); e, usuários (profissionais médicos, enfermeiros e dentistas

de equipes de Saúde da Família que usam serviços de telessaúde para apoio assistencial).

O caso foi selecionado intencionalmente, devido à conveniência, e por ser um dos núcleos do Projeto Piloto de Telessaúde no Brasil e desenvolver todos os serviços previstos. Os municípios participantes foram selecionados a partir de estudo exploratório desenvolvido (LÜDKE et al., 2018), que levou em conta a utilização pelas equipes dos serviços oferecidos pelo Telessaúde SC em 2015. Os municípios foram selecionados por estratos, de acordo com o número de equipes de saúde da família (0 – 3 equipes: estrato 1, 4 – 10 equipes: estrato 2, 11 – 20 equipes: estrato 3, mais de 20 equipes: estrato 4), sendo selecionado um município por estrato.

A partir da identificação dos municípios, houve atualização dos dados de utilização dos serviços do Telessaúde SC pelas equipes nos anos 2016 e 2017. Um quinto município (estrato 4) foi incluído intencionalmente pelo destaque no uso dos serviços oferecidos pelo Telessaúde SC a partir de meados do ano 2015.

De cada município foi selecionada uma equipe, com maior uso dos serviços. Considerou-se inicialmente o maior número total de participações; participação em todos os serviços; maior variedade de profissionais usuários; e, maior número de teleconsultorias realizadas. Os dados de uso dos serviços foram avaliados a partir de relatórios exportados do portal do Telessaúde SC – Sistema Catarinense de Telemedicina e Telessaúde (STT) –, emitidos em Excel®.

4.2.2 Fontes de evidências e coleta de dados

Entrevistas semi-estruturadas foram utilizadas para a coleta de evidências. Antes da aplicação das entrevistas foi realizado teste piloto com aplicação do roteiro para médico e enfermeiro de uma equipe de ESF e o coordenador de APS de um município. A realização desse pré-teste permitiu ajustar a estrutura do roteiro e a sua aplicação, com inclusão de exemplos aos questionamentos realizados (Apêndice B).

Posteriormente, nos meses de junho e julho de 2017, foram realizadas 19 entrevistas, individualmente, com cada profissional de saúde (cinco médicos, cinco enfermeiros, quatro cirurgiões-dentistas) e os coordenadores de APS (cinco). O tempo total de entrevistas foi de 15 horas, 36 minutos e 50 segundos, com média aproximada de 50 minutos por entrevista. Com os nove coordenadores de serviços e atividades do Núcleo Telessaúde SC foi utilizado o roteiro semi-estruturado para realização de um grupo focal. O grupo focal teve duração de 1 hora e 36

minutos. Antes de aplicar os roteiros, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi lido, houve concordância e assinatura do mesmo. A coleta de evidências foi gravada em áudio e, posteriormente, houve a transcrição integral do conteúdo, resguardando-se o sigilo dos entrevistados, que foram identificados de acordo com a função e o número relacionado ao local/município de trabalho (exemplos: C.Tele1; C.APS1; M1, E1, D1).

As evidências foram complementadas por pesquisa documental para fundamentar as discussões acerca do objeto e ampliar as possibilidades de análise, e incluiu registros protocolares do uso de Telessaúde no Estado de Santa Catarina a partir de normativas do cenário Nacional e documentos oficiais do Telessaúde SC. A pesquisa documental contempla a análise de materiais que ainda não receberam tratamento analítico ou que podem fornecer informações complementares para contribuir com a interpretação dos dados (NEVES, 1996).

4.2.3 Análise dos dados

A análise das evidências foi realizada por meio de análise de conteúdo temática, a partir dos elementos propostos no quadro de análise. Foi realizada a decomposição e agregação das informações de forma sistematizada e objetiva para descrição do conteúdo das mensagens (MINAYO, 2014). Foram considerados os níveis de análise e os passos propostos por Minayo (2014):

a) leitura flutuante do material para pré-análise, verificando a pertinência das respostas quanto às perguntas;

b) exploração do material de acordo com cada nível de análise: as respostas foram organizadas de acordo com os âmbitos e a cadeia lógica proposta pela TM, com extração de trechos das entrevistas e síntese das observações;

c) interpretação das falas.

Os documentos foram mapeados a partir de temas-chave para ser possível organizar a descrição dos dados. A análise foi realizada no sentido de contribuir para qualificar e complementar as evidências disponíveis e disponibilizar novas informações não levantadas anteriormente (MINAYO, 2014).

Na sequência, os dados foram analisados levando em conta os atores envolvidos e as ações esperadas para cada grupo, nos diferentes níveis de análise, para construir o conjunto de evidências quanto ao que se esperava, gostaria ou adoraria verificar (YOUNG et al., 2014).

Finalmente, foram cumpridos os demais passos para mapear os resultados e propor uma Teoria de Mudança (YOUNG et al., 2014):

a) extrapolar a análise para propor formas de alcançar os resultados;

b) propor as atividades a serem desenvolvidas pelos atores e estratégias para alcançar;

c) destacar as competências e os recursos necessários à implementação das estratégias de engajamento.

4.2.4 Divulgação dos resultados e retorno aos participantes

A divulgação dos resultados será realizada por meio da publicação de artigos científicos a serem submetidos a revistas especializadas na área de telessaúde e Saúde Coletiva e apresentação em eventos científicos.

Para os municípios participantes, profissionais de saúde, núcleo de telessaúde e demais interessados, o retorno dos resultados será realizado por meio de relatório a ser encaminhado em versão escrita. Será solicitado espaço para apresentação dos resultados também em reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) do Estado de Santa Catarina.