• Nenhum resultado encontrado

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.3 TELESSAÚDE NO APOIO ASSISTENCIAL PARA A APS

A telessaúde é uma área de atuação multidisciplinar que pode ser dividida em práticas de teleassistência e tele-educação com atenção às necessidades e aprimoramentos na área da saúde buscando um modelo de atenção focado no usuário e em respostas às suas necessidades, para ampliação e facilitação do acesso dos usuários aos serviços e para a resolução dos seus problemas no contexto da APS (ASCENCIO, 2012; CASTRO FILHO, 2007).

Há uma relação direta entre os serviços de tele-educação e teleassistência, que oportuniza pensar e desenvolver estratégias educacionais que possam potencializar a transformação de práticas e serviços de saúde (OLIVIERA et al., 2015). Contudo, entende-se neste trabalho, que enquanto a teleassistência tem condições de dar respostas mais rápidas às fragilidades dos profissionais em serviço e promover EPS ao longo do tempo, a tele-educação caminha em sentido complementar, promovendo EPS e, a longo prazo, fortalecendo os profissionais para tomar decisões na assistência aos usuários.

O apoio assistencial responde diretamente às demandas por apoio clínico, relacionados ao cuidado em saúde e tem especial importância em locais onde há carência de profissionais e serviços em determinadas áreas geográficas, permitindo a conexão e o compartilhamento de conhecimento entre profissionais de forma a possibilitar a discussão de casos e a tomada de decisão para o cuidado (ALKMIM et al., 2015). Schmitz e colaboradores (2017, p.2) propõe uma lista de ações em telessaúde organizadas por tipo de interação, modalidade e sincronicidade entre quem utiliza (Quadro 1).

Quadro 1. Ações de telessaúde organizadas por tipo de interação, modalidade e

sincronicidade.

Ação de

telessaúde Interação à distância mediada por TIC entre: Modalidade

Sincroni- cidade

Teleconsulta profissional de

saúde ↔ paciente assistencial

síncrona / assíncrona Teleconsultoria profissional de saúde ↔ profissional de saúde assistencial assíncrona síncrona / Telediagnóstico equipamento de coleta ↔ profissional de saúde assistencial assíncrona síncrona /

Telecirurgia profissional de saúde ↔

equipamento robótico de

cirurgia assistencial síncrona Telemonitora-

mento sensor de coleta ↔

dispositivo de monitoramento e

armazenamento

assistencial síncrona / assíncrona Tele-educação profissional (is) de saúde ↔ profissional (is) de saúde educacional assíncrona síncrona / Tele-educação profissional (is)

de saúde ↔ Objeto de Aprendizagem educacional assíncrona Tele-educação profissional de

saúde ↔

Segunda Opnião

Formativa educacional assíncrona Fonte: Schmitz et al. (2017, p.2).

Ao qualificar e fortalecer a APS como centro coordenador e organizador do cuidado em saúde, a teleassistência contribui para a organização da rede de atenção e alcance do modelo integral de atenção proposto para o SUS (CASTRO FILHO, 2007). No âmbito do SUS, a Teleconsultoria proposta pelo Telessaúde Brasil Redes tem como

objetivo direto a resposta aos profissionais, apoiando para a resolução de dúvidas clínicas ou relacionadas ao processo de trabalho e, a longo prazo, promover a formação de conhecimento e preparar esse profissional para lidar com situações semelhantes em outros momentos (BRASIL, 2012a). Para fins desse trabalho, detalharemos a teleconsultoria e o telediagnóstico, serviços de apoio clínico-assistencial entre profissionais para a tomada de decisão na APS, ofertados por núcleos de telessaúde no Brasil. As outras formas de uso de telessaúde com foco na assistência ainda não dispõe de ampla regulamentação e não compõe os serviços oferecidos pelo Telessaúde Brasil Redes. A Segunda Opinião Formativa (SOF), resultado das teleconsultorias, auxilia os profissionais de saúde no uso das melhores evidências e conhecimentos científicos para resolver suas questões de prática diária, melhorando, qualificando e aumentado a resolubilidade da APS no SUS no Brasil (HADDAD et al., 2016). Contudo, sua oferta é aberta e de consulta livre via Biblioteca Virtual em Saúde, não constituindo exclusiva e necessariamente um apoio assistencial; muitas vezes trata-se de educação permanente.

O Telessaúde Brasil Redes propõe que a teleconsultoria seja um espaço de consulta entre profissionais que possa dar respostas às necessidades de apoio da APS para resolver os problemas locais a partir de evidências científicas atuais, qualificando o cuidado por meio do fortalecimento e qualificação do profissional que a solicita (BRASIL, 2012a). Ao ser articulada com áreas estratégicas como a regulação, pode elevar o potencial da APS de ser resolutiva, diminuindo filas e o tempo de espera por acesso aos serviços, além de qualificar esse acesso (BRASIL, 2015b; FIGUEIREDO; GUEDES, 2015).

O parágrafo I do artigo 2º da Portaria nº 2.546/2011 (BRASIL, 2011a) define teleconsultoria como:

Consulta registrada e realizada entre trabalhadores, profissionais e gestores da área de saúde, por meio de instrumentos de telecomunicação bidirecional, com o fim de esclarecer dúvidas sobre procedimentos clínicos, ações de saúde e questões relativas ao processo de trabalho [...].

A teleconsultoria permite o compartilhamento e troca de conhecimento entre profissionais e pode evitar em aproximadamente 70% a necessidade de remoção dos pacientes, com possibilidade de resolução nas próprias Unidades de Saúde da Família (FIGUEIREDO; GUEDES, 2015). Ela permite que os profissionais que atuam nas equipes de APS possam acessar informações e evidências científicas e trocar experiências com outros profissionais, construindo uma rede de saúde que os conecta

e, oportunizando apoio, melhora a qualidade de vida de quem usa e amplia suas capacidades (GONÇALVES et al., 2014).

O telediagnóstico é definido pela Portaria nº 2.546/2011 como “o serviço autônomo que utiliza as tecnologias de informação e comunicação para realizar serviços de apoio ao diagnóstico através de distâncias geográfica e temporal”, por meio do qual exames complementares realizados no âmbito da APS são laudados a distância por médicos especialistas (BRASIL, 2011a).

Quando a oferta de telediagnóstico responde às necessidades de estrutura e oferta de serviços pela rede, tem como benefícios a melhoria do acesso dos pacientes aos serviços de saúde, redução de custos e da necessidade de deslocar pacientes e profissionais a centros de referência, melhoria do acesso a diagnóstico e tratamento adequados e resolutivos com menor tempo de espera (BRASIL, 2012a; VON WANGEHEIM et al., 2012).

A emissão de laudos à distância para exames como eletrocardiogramas já tem resultados comprovados de redução de custos e benefícios secundários por evitar transportes desnecessários e manter os pacientes sob os cuidados de sua equipe de saúde de referência (ANDRADE et al., 2011; CAMPELO; BENTO, 2010; VON WANGEHEIM et al., 2012; VON WANGEHEIM; CAVALCANTE; WAGNER, 2013).

Há núcleos de Telessaúde no Brasil já organizados e ofertando os serviços orientados para atender as necessidades de seus usuários. Contudo, expandir e consolidar a oferta e o uso das tecnologias ainda é um desafio, pois há subutilização e é necessário fortalecer as ações de monitoramento e avaliação, melhorar a conexão de internet nos municípios e manter livre o acesso ao repositório institucional com a produção na área (FIGUEIREDO; GUEDES, 2015).

3.4 AVALIAÇÃO DE UM PROGRAMA DE SAÚDE ORIENTADA