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O estudo do conteúdo disciplinar na pesquisa sobre temas da realidade articuladores

3 A PROMOÇÃO DO INTERESSE PELO ESTUDO ESCOLAR NA PRÁTICA

3.3 O estudo do conteúdo disciplinar na pesquisa sobre temas da realidade articuladores

Cabe reafirmar o pressuposto básico, já referido nesta pesquisa, de que é possível avançar na promoção do interesse e participação ativa dos alunos pelos estudos escolares, por meio da articulação, ao longo das vivências na prática educativa escolar, entre saberes mobilizados, ora nos espaços internos e ora nos espaços além dos muros da escola.

Neste subcapítulo, dá se sequência à apresentação e discussão de dados que descrevem características da prática escolar em questão, são tecidas análises com foco no cumprimento do papel essencial da escola, como já mencionado, o de disponibilizar o acesso pedagógico, pelos estudantes, aos conhecimentos universalmente produzidos pela humanidade, em especial os das ciências (neste caso, os de Biologia).

No que tange à prática educativa em questão, nas aulas vivenciadas no Dia 03, com a presença e intervenção pedagógica da professora estagiária, foi dado início ao estudo do “Aparelho Reprodutor Feminino e Masculino”. Inicialmente, foi assistido um vídeo sobre o assunto (Sistema Reprodutor).

Após, foi abordado, especificamente, sobre o Sistema Genital Feminino e Masculino, para o qual, o ponto de partida foi o enfoque e discussão, em aula, sobre a importância da reprodução para espécie, diferenças entre Reprodução Sexuada e Assexuada e implicações desse tema para a (e na) vida.

Em seguida foi realizada uma leitura coletiva de um texto sobre o “Sistema Reprodutor Feminino”, com uso do livro didático, retomando o que o vídeo já apresentara, conforme consta no Anexo A (DIÁRIO DE AULA DA PROFESSORA PESQUISADORA, 2017, p.5-9).

Utilizaram-se mapas e peças anatômicas ao mesmo tempo em que eram feitas explicações, contribuindo na mediação dos conteúdos/conceitos, com entendimento,

identificação e reconhecimento das partes do Sistema Reprodutor, bem como suas respectivas características anatômicas e funções.

Durantes as explicações do Sistema Reprodutor Feminino, foi possível perceber que os meninos participaram mais, perguntavam quando tinham dúvidas. Já quando iniciamos as explicações e discussões sobre o Sistema Reprodutor Masculino, os meninos ficaram mais intimidados e também tentavam deixar claro que conheciam muito bem o corpo. Já as meninas participaram mais efetivamente perguntando e argumentando.

Uma das perguntas foi “como se formam os gêmeos?” - Aluno Alex -. (DIÁRIO DE AULA DA PROFESSORA PESQUISADORA, 2017, p. 10). Então, com auxílio de um desenho no quadro foi mostrado como dois óvulos são fecundados cada um por um espermatozoide diferente, formando dois zigotos que é o caso dos gêmeos bivitelínicos ou dizigóticos e outro desenho mostrando um óvulo sendo fecundado por um espermatozóide e após algumas divisões esse grupo de células se divide em dois originando os gêmeos univitelínicos ou monozigóticos.

Na sequência de explicações, a estagiária expôs sobre as características do saco escrotal e sobre a necessidade de manter a temperatura dos testículos mais baixa do que a temperatura corporal e que, por isso, o saco escrotal fica fora do corpo. E uma das perguntas que surgiu foi: “Porque, às vezes, os testículos dos bebês não descem. Como que fica? Tem

cirurgia né?” - Aluno Paulo- (DIÁRIO DE AULA DA PROFESSORA PESQUISADORA,

2017, p.10). Nesse momento foi necessário explicar que essa não descida dos testículos se chama criptorquidia e assim explicar o que é. Possivelmente esse aluno conhecia um caso e queria mais esclarecimentos porque ele já sabia da possibilidade da intervenção cirúrgica, então ele já tinha um conhecimento prévio. A explicação da professora nesse caso veio complementar e o conhecimento do cotidiano nesse momento dialoga com o conhecimento escolar.

Era essa curiosidade de um dos alunos, mas, que poderia ser também de outros colegas, e que talvez pelo fato de ser um colega que fez a pergunta, todos os demais colegas se envolveram na discussão.

Mesmo não estando previsto para esta aula trazer tais conceitos, não poderíamos deixar de tratá-los. O momento era, pois, para a discussão, já que o aluno perguntou sobre, e considerando que talvez até a aula na qual iríamos discutir, conforme a previsão, já não seria mais de interesse deles. Possivelmente, isso produziu um significado para esse aluno, pois era de seu interesse. Pode-se inferir que todos esses alunos, ou grande parte deles, já tiveram esse conteúdo no ensino fundamental, porém são grandes as hipóteses de que na época isso não

tenha sido significativo para eles. Alguns disseram lembrar-se de ter estudado, mas não lembravam como acontecia, outro disseram nunca ter visto.

Esses momentos em que os alunos questionam situações do dia a dia, relacionando com os conceitos estudados na disciplina de Biologia são o “fechamento do elo” entre os conceitos do currículo e as vivências ou experiências dos alunos. Pode-se afirmar, também, que o interesse do aluno contribui para que ele consiga significar o conceito e assim se apropriar do conhecimento. É preciso instigá-lo e provocá-lo a críticas, a discussões, para que ele não fique apenas na descrição dos conceitos e conteúdos, mas faça com que os compreenda.

Nesta dissertação, defende-se a ideia de que o aluno, a partir de discussões e estudo de forma contextualizada, dialogante com os conhecimentos do cotidiano, aprende e compreende os conceitos. Isso nos faz refletir sobre o que afirmam Freire e Shor (1987, p. 165) “o domínio escolar das palavras só quer que os alunos descrevam as coisas, não que as compreendam ”. E não é esse o entendimento que se tem, acredita-se num currículo baseado em conceito, porém, que dialogue com os conhecimentos do cotidiano do aluno e que possibilitem que ele descreva e também compreenda.

Cabe ressaltar que, no contexto da prática escolar de que trata a presente dissertação, os conteúdos e conceitos disciplinares de Biologia foram objetos de estudos sistemáticos ao longo das aulas, contando, entre outros recursos instrucionais, com o uso sistemático de livros didáticos de Biologia que os abordavam, ou seja, em nenhum momento houve descuido em relação ao cumprimento do papel curricular essencial da escola: propiciar o acesso pedagógico aos estudantes dos conteúdos e conceitos disciplinares de Biologia.

Young (2011, p. 621) discorre que “o enfraquecimento da base de disciplinas do currículo tornará mais difícil para os estudantes distinguirem entre ‘objetos de pensamento’, ou conceitos que constituem um currículo, e suas experiências.”. O autor discute a noção de recontextualização ao tratar da sua proposição de “currículo de engajamento”, centrado em disciplinas, destacando que ele “leva em conta as transformações globais da sociedade que aconteceram e ainda estão acontecendo”, fazendo alusão ao “enfraquecimento das fronteiras entre as disciplinas escolares e o conhecimento cotidiano”. O mesmo também discute sobre linhas de argumentação “a favor de um currículo escolar interdisciplinar ou temático por ser mais afinado com o mundo ‘como está se tornando’ (YOUNG; MULLER, 2010, apud YOUNG, 2011, p. 621)”.

Sendo assim, a escola não pode ficar trabalhando somente com o conhecimento especializado, técnico, como também não somente com o conhecimento do cotidiano. A

escola tem a função de mostrar que o conhecimento cotidiano tem uma teoria por trás, teoria essa que a escola precisa ensinar para diferenciar o conhecimento escolar do conhecimento do cotidiano. Young (2007) discute a distinção entre conhecimento “dependente do contexto”, que se define ao se resolver problemas específicos no cotidiano, é um conhecimento prático, como saber preparar um defeito mecânico ou elétrico. Esse tipo de conhecimento diz a um indivíduo como fazer coisas específicas. Outro tipo de conhecimento é o conhecimento independente do contexto, ou “conhecimento teórico” desenvolvido como generalização em busca da universalidade. Trata-se de um conhecimento geralmente relacionado às ciências. O conhecimento científico é descontextualizado, por sua natureza, cabendo ao professor propiciar, por meio do ensino, o desenvolvimento de atividades que promovam formas de relação entre ciência e cotidiano, a exemplo do desafio assumido na prática docente que serviu de campo empírico para a presente investigação.

A necessidade do estudo para o aluno não está dada, é o professor que necessita intermediar, desenvolver, buscar criar a necessidade de aprender. Nesse sentido, a escola não pode descuidar do conhecimento teórico, pois é sua unicamente essa responsabilidade.

O trabalho pedagógico do professor e o currículo mesmo na sua distinção são dependentes e mutuamente responsáveis por dialogar com os conhecimentos do aluno e a partir disso provocar interesse e expectativas de novos conhecimentos. Essa não é tarefa fácil para os professores e nem para quem faz o currículo nas escolas, quem sabe por tamanha dificuldade que, com frequência se cai no que Freire e Shor chamam de currículo dicotomizado. “Um currículo dicotomizado e sem emoção provocará os vários tipos de alienação negativa” (FREIRE e SHOR, 1987, p. 167).

O presente estudo busca mostrar que a pesquisa em sala de aula sobre temas da realidade do aluno possibilita diálogos entre conhecimento escolar e conhecimento do cotidiano, na tentativa de promover a participação e consequentemente a visão crítica dos estudantes, o que contribui para um caminho contrário ao da alienação.

Nas aulas do Dia 04, as atividades iniciaram com correção das escritas encaminhadas na aula anterior. Alguns não haviam feito a tarefa de casa. Quando indagados por que não fizeram, responderam que esqueceram, porém os que esqueceram, foram justamente os que com maior frequência não fazem as atividades solicitadas.

É previsível que um ou outro adolescente não demonstre interesse pelo estudo dos conteúdos e conceitos trabalhados pela escola, todos ao mesmo tempo e com o mesmo envolvimento e participação ativa. Considerando essas situações os professores e a escola buscam incentivar seus alunos, através de conversas e atividades diferenciadas. Os

professores têm buscado entender quais motivos influem para tal dificuldade ou desinteresse em envolver-se nas atividades escolares. Parece que alguns adolescentes precisam que alguém fique o tempo todo lembrando, estimulando, cobrando e falando da importância de eles fazerem as atividades e estudar. Ressalta-se, porém, que a grande maioria desenvolveu as atividades propostas tanto de sala de aula, quanto de pesquisa.

Faz-se destaque aqui a uma das questões respondidas pelos alunos: “Descreva onde

acontece a produção dos espermatozoides e o caminho percorrido por eles até a ejaculação:”. A aluna Alana produziu a seguinte resposta: “... os testículos tem formato oval e é no seu interior, em minúsculos túbulos longos, que se formam os espermatozoides. O epidídimo faz a conexão entre os testículos por meio da união dos ductos. Os espermatozoides ficam armazenados na curva da cauda do epidídimo, perto do inicio do ducto deferente, até o momento da relação sexual. Ducto deferente é uma estrutura que possui dois tubos longos, finos e com paredes grossas. É por meio dele que os espermatozoides passam para chegar ao ducto ejaculador, o qual passa pela próstata até chegar à uretra, por onde são eliminados durante a ejaculação” (ARQUIVO Q, 2017, p.03).

A aluna construiu uma resposta bastante detalhada, o que demonstra seu interesse pelo conteúdo e também pelo estudo, pois, poderia ter respondido de forma mais simples e menos minuciosa. Esses detalhes de caracterizar, por exemplo, os ductos deferentes, quando a questão não pedia tantos detalhes, mostra que ao mesmo tempo em que aluna buscava resposta para a pergunta simples e direta, também buscava melhor entender as características dos órgãos envolvidos. Esse movimento do aluno buscar, compreender e conhecer o processo em determinados fatos no estudo de biologia, mais precisamente no estudo do corpo, é importante para que ele signifique esse aprendizado, como já discutido de forma fundamentada, nesta dissertação. Entender como e onde acontece a produção dos gametas, em se tratando do estudo do Sistema Reprodutor, é fundamental para o aluno. Quando o aluno significa o conceito, ele se apropria do conhecimento e o conteúdo estudado na escola passa a ter significado e sentido para ele. Daí a importância da flexibilidade por parte do professor no conteúdo que está trabalhando, cabendo o mesmo encontrar caminhos e formas para mostrar que o conteúdo é necessário.

Havia o entendimento e a percepção de que as atividades, no caso desta referida, na forma de questões, permitem que o aluno possa fazer uma retomada e revisão daquilo que foi estudado, de uma forma particular sua, na forma de entender, expressar por escrito, para que ficasse registrado aquilo que ele estudou e aprendeu. Como exemplo, pode-se usar a questão citada anteriormente e apresentada para que os alunos retomassem seus estudos em casa. Por

meio de perguntas como essa, os alunos passam a rever, de forma sistemática, o que vão estudando em aula, produzindo registros com explicitação dos conhecimentos que se encontram em processo de construção. E assim ocorreu com os que fizeram as atividades, a partir das leituras que permitiram complementar suas respostas.

Nessa relação professor e aluno, em suas respectivas funções de ensinar e de estudar, a maior responsabilidade, sem dúvida alguma, sempre será do profissional responsável pela condução da educação escolar, sendo que o envolvimento e a participação ativa do aluno interferem de forma direta na organização da prática do professor. Enquanto os alunos questionam e participam, o professor também se sente coparticipante de forma motivada e desafiada a prosseguir, buscando formas mais condizentes de produção do conhecimento escolar, pela pesquisa. Porém quando, em uma turma o professor percebe alunos apáticos ao assunto em questão cabe a ele buscar outras didáticas e principalmente mostrar o quanto determinado conteúdo é importante ser ensinado e aprendido, pois, possivelmente nem todos os conteúdos despertam o mesmo interesse ao mesmo tempo nos alunos adolescentes.

A participação dos alunos nas atividades escolares, independentemente de serem na aula ou em atividades de casa, interfere diretamente no processo de ensino, de estudo e de aprendizagem. Da participação ativa deles nessas atividades, emerge um maior engajamento e comprometimento com seus processos de estudo e de aprendizagem, sendo do professor a responsabilidade de propor e conduzir o processo de ensinar. De acordo com Luck (2012) a participação em seu sentido pleno:

Caracteriza-se por uma força de atuação consciente, pela qual os membros de uma unidade social reconhecem e assumem seu poder de exercer influência na determinação da dinâmica dessa unidade social, de sua cultura e de seus resultados, poder este resultante de sua competência e vontade de compreender, decidir e agir em torno de questões que lhe são afeitas (LUCK,1996, apud, LUCK, 2012, p 19).

Cabe expressar a percepção, a partir do processo de pesquisa desenvolvido no contexto escolar, que o desinteresse do aluno pode estar relacionado com certa falta de identificação e implicação dos adolescentes em relação à chamada cultura escolar, ou cultura de ter que estudar na escola. Até mesmo os estudantes têm a percepção de que, em certas escolas, no município ou na região, há maiores exigências, uma espécie de cultura com maior responsabilização dos estudantes pelos estudos. E, por vezes, a família também desenvolve de forma diferenciada certos hábitos culturais que favorecem, ou não, na direção de promover a responsabilidade do adolescente pelos estudos. Há quem afirme que nas escolas da Rede Particular de Ensino isso é necessário, não nas escolas públicas.

Nesta dissertação a aposta está situada, em especial, na escola pública, na promoção do ensino com o diferencial de qualidade social que lhe cabe propiciar a todos os cidadãos.

Considerando tantas dificuldades relatadas pelos profissionais da educação, o que de fato se observa no dia-a-dia dos professores, cabe à instituição escola repensar suas atividades curriculares e pedagógicas, refletindo criticamente sobre elas. Percebe-se a falta de participação dos alunos nas atividades de sala de aula, então por que ficar insistindo em modelos tradicionais que não cabem mais, por que os professores sentem-se insatisfeitos com os resultados de seu trabalho na escola. Quando há tentativas de promoção de mudanças, é importante valorizá-las e buscar avanços na sua compreensão, podendo comemorar cada pequeno avanço percebido. E, caso os resultados não sejam exatamente aqueles esperados, permite aos professores ter a tranquilidade de que tentaram desenvolver avanços, propondo e conduzindo práticas diferentes.

Cabe ressaltar, também, a importância da percepção e valorização da nossa responsabilidade como professores que somos, em toda e qualquer prática vivenciada na escola. Seja pautada em modelos tradicionais, ou não, ela necessita estar pautada em fundamentos teóricos e técnicos bem fundamentados, para que seja conduzida com conhecimento educacional, sem o que não haveria responsabilidade como profissional. E, como discute Young (2011, p. 615), “as disciplinas reúnem ‘objetos de pensamento’ como conjuntos de ‘conceitos’ sistematicamente relacionados”.

Assim, toda e qualquer prática pedagógica necessita contemplar os conteúdos/conceitos previstos para serem ensinados em cada respectiva disciplina e etapa escolar. Isso permite reafirmar a importância da relação de profunda imbricação entre o currículo e a pedagogia escolar, tal como vem sendo defendido ao longo deste texto e, caso isso não aconteça, não estaríamos sendo responsáveis em nosso trabalho na escola. Como já exposto nesta dissertação (com menção ao próprio PPP da escola), se há liberdade do professor na condução de sua prática, por sua vez, tal liberdade é limitada pela necessidade de que ele cumpra sua responsabilidade essencial na garantia de que as teorias e conceitos tipicamente escolares sejam ensinados.

Isso também situa e referenda a importância da compreensão e da atenção, na escola, às fases dinâmicas que constituem os processos de desenvolvimento dos alunos, entendendo que seu desenvolvimento biológico ou físico se inter-relaciona e se transforma juntamente com outras dimensões, incluindo a intelectual, emocional, afetiva, espiritual, sociocultural, entre outras.

Considerando que a pesquisa se desenvolveu com alunos do Ensino Médio, ou seja, com adolescentes, torna-se pertinente trazer excertos daquilo que refere o PPP da escola:

Já no Ensino Médio, nos deparamos com o desafio pela busca da compreensão a respeito do que significa ser jovem estudante nos dias de hoje. Nesta etapa de ensino, buscamos o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética, o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico, e a preparação para o mundo do trabalho. Isso significa a busca da formação humana que contemple a totalidade de nossos jovens estudantes. Trabalhar com essa etapa de ensino, requer dos professores reconhecer as “Juventudes” que habitam no ambiente escolar, pois é o professor que tem importante papel na mediação entre ser jovem e ser estudante. Educar nesse cenário requer maior inserção no universo juvenil, a fim de aprender a ouvi-los, mapear suas potencialidades e estabelecer posicionamentos interpessoais significativos. A escola nesse sentido tem importante papel no que se refere à aprendizagem, mas também é o lugar social de vivencia e experiência da condição juvenil (CEJL, 2016, p. 15).

Falar da formação humana na sua totalidade, em se tratando de jovens adolescentes, remete a pensar em todo e qualquer estudo e aprendizagem para a vida. Particularmente no caso da disciplina de Biologia, fica a responsabilidade com relação ao ensino e ao estudo dos conteúdos e conceitos, como aqueles que se referem ao conhecimento sobre o desenvolvimento do corpo humano, visto como um todo; considerando a fase do desenvolvimento do adolescente marcada como momento de descobertas de transformações do corpo e de formação de suas personalidades.

No seguimento da aula que é, aqui, objeto de análise e discussão, foi apresentado um vídeo sobre Gametogênese, o qual diferenciava a espermatogênese (formação de espermatozóides) da ovulogênese (formação de óvulos) e suas fases ou estágio de desenvolvimento. Também, fez-se uso de um texto que trata da Gametogênese para complementar as discussões, o qual encontra-se no Anexo B: Texto 02 (DIÁRIO DE AULA DA PROFESSORA PESQUISADORA, 2017, p.12).

A partir da leitura e discussão do texto percebeu-se que os alunos têm bastante curiosidade em saber e discutir sobre esses assuntos. Por exemplo, consta no DIÁRIO DE AULA da Professora Pesquisadora (2017, P.17), que os alunos perguntaram, na aula, sobre: “Quais são os dias com maiores chances de gravidez”, sobre “o fluxo de menstruação” e

sobre “as cólicas menstruais”. Na medida em que os textos se referiam as suas vivências,

eles manifestavam interesse, o que ampliava o empenho e participação das aulas. Tais questionamentos destacaram-se. O texto abordava muitos conceitos, alguns já conhecidos deles outros não. Aproveitou-se o momento e a discussão para fazer uma breve explicação, porém necessária, sobre o ciclo menstrual, para que pudessem entender o período da ovulação e período fértil.

Durante essa conversa que tratou do cotidiano com embasamento teórico e cientifico, reforçaram-se vários conceitos referentes a esse conteúdo, em especial o conceito de ovulação, que trata da liberação do ovócito secundário que passa a ser chamado de óvulo,