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Etapa I: Coleta de dados com os sujeitos-alunos 49

Com o intuito de adentrar no mundo social dos alunos e conhecer seus processos de interação com o objeto de conhecimento e suas práticas ordinárias relacionadas com as tecnologias e mídias, apresentamos a pesquisa aos alunos e os convidamos a participar. Para isso, junto com cada um dos sujeitos-professores, apresentamos o projeto em sete turmas, explicamos sobre nossa presença na escola e convidamos 10% dos alunos de cada turma para uma conversa sobre suas práticas. Essa porcentagem variou entre 3 ou 4 alunos de cada turma. Assim, em nossa amostragem, totalizamos 24 alunos entrevistados individualmente. Esses dados compuseram o perfil dos nossos sujeitos-alunos.

Durante a conversa, com duração entre 8 a 12 minutos, fomos introduzindo questões que eram respondidas por eles. Nesse caso, utilizamos as orientações da entrevista semiestrutura, entretanto, esforçamo-nos para que o tom fosse descontraído e eles se sentissem à vontade para descrever seu dia a dia.

Quanto ao procedimento de entrevista semiestruturada, Macedo (2006, p. 105) enfatiza que se trata de um encontro face a face que visa “à compreensão das perspectivas que as pessoas entrevistadas têm sobre sua vida, suas experiências, sobre as instituições a que pertencem e sobre suas realizações, expressas em sua linguagem própria”. Já segundo Bogdan e Biklen (1994, p. 134) “a entrevista se assemelha muitas vezes a uma conversa entre amigos”. Os autores complementam a informação dizendo que “o processo de

entrevista requer flexibilidade [...] ser flexível significa responder à situação imediata” (BOGDAN; BIKLEN, 1994, p. 137).

Nessas condições, para “quebrar o gelo” e/ou a timidez, decidimos iniciar perguntando sobre como era o dia de cada um deles, se tinham um dia mais corrido, sendo ocupado ou mais calmo. Assim, eles foram informando o que costumavam fazer durante um dia inteiro. Perguntas simples, de contexto familiar, de forma que possuíam o domínio das respostas, embora cada pergunta exigisse um pensamento sobre como e onde realizavam suas ações cotidianas. Para efeito da pesquisa, todas as entrevistas foram gravadas em áudio.

Na interação da entrevista, fomos introduzindo outros assuntos sobre suas práticas e sua vida cotidiana relacionada com o conhecimento e a informação, como segue:

– Há quanto tempo estuda na escola-campo? – O que o motiva ir à escola todos os dias? – Como você descreve a escola-campo? – O que mais gosta de fazer na escola-campo? – E o que menos gosta?

– Durante o seu dia, como se comunica com seus amigos? O que faz para falar com eles?

– E para saber o que está acontecendo? Informar-se sobre a sua cidade, no Brasil e no mundo?

– Você assiste à TV? Que programa? – Ouve rádio?

– Costuma ler? O quê?

– Você costuma trazer algum aparelho tecnológico para a escola? Qual? Se a resposta fosse sim, perguntávamos: costuma usar em sala de aula ou deixa guardado? Por quê?

– Qual seu assunto/atividade preferido(a)? Algo que você gosta muito de falar ou fazer.

– Você costuma falar sobre esse assunto na escola?

– Alguma vez já saiu da escola e, por vontade própria, teve a vontade de saber mais sobre algum assunto que conheceu em aula?

– Você tem algum método, estratégia ou técnica para aprender? Como você estuda?

– Os seus professores costumam usar algum tipo de tecnologia eletrônica nas aulas? Quais?

– Eles incentivam vocês a usarem?

Como recomendado por Macedo (2006, p. 105), elaboramos um “roteiro flexível, no qual a informação inesperada possa ser valorizada e incluída”. Nessa perspectiva, fomos alterando a ordem das questões conforme as respostas dos alunos, além de ir introduzindo ou estendendo algum item quando necessário.

Ao descrever ou relatar sua prática cotidiana, os informantes estão construindo seu mundo social. A partir dessa ação, conhecemos sua interação com o objeto de conhecimento e em quais situações as tecnologias e mídias estão presentes nesse processo. Desse modo, chegamos às habilidades e competências ligadas ao letramento midiático que estão sendo mobilizadas por eles antes da intervenção em sala de aula pela aprendizagem transmídia.

Nas turmas cujas aulas em aprendizagem transmídia aconteceram, alguns alunos foram entrevistados novamente, a fim de identificarmos mudanças em sua prática interacional com o objeto de conhecimento, buscando, ainda, a mobilização de outras habilidades e competências. Nessa perspectiva, pinçamos algumas perguntas da primeira entrevista, focando o tempo da descrição ou do relato para o período em que a aprendizagem transmídia em sala de aula ocorreu.

Nessa direção, após o período de observação, retomamos as seguintes questões: – Mais recentemente, você saiu da escola e, por vontade própria, teve a vontade de saber mais sobre algum assunto que conheceu em aula?

Se a resposta fosse afirmativa, perguntávamos: o que você fez para saber mais? Como fez?

– Os seus professores incentivam o uso de tecnologias na sala de aula? E acrescentamos as seguintes questões:

– Para você, o que é uma boa aula?

Após a resposta: você tem participado de aulas desse tipo na escola? Se a resposta fosse sim, acrescentávamos: em quais disciplinas? – E o oposto disso, para você, o que é uma aula que não seja boa? Após a resposta, perguntamos: Qual delas acontece com mais frequência?

Desse modo, a partir do segundo momento de entrevistas semiestruturadas com os alunos, complementamos algumas informações que já havíamos obtido, bem como obtivemos dados significativos acerca da aprendizagem transmídia adotada pelos professores e sobre a prática pedagógica na escola. O roteiro das entrevistas semiestruturadas está disponível no apêndice F.

Dos 24 sujeitos-alunos, 16 participaram da segunda entrevista, pois 8 deles estavam ausentes no dia de entrevistas em cada turma. A tabela 4 apresenta os sujeitos-alunos que participaram da segunda entrevista.

Tabela 4 – Sujeitos-alunos na segunda entrevista

Nº Referência Gênero Idade Série

01 B_19 M 19 3º EM 02 C_16 F 16 3º EM 03 D_16 M 16 3º EM 04 E_17 F 17 2º EM 05 G_15 F 15 2º EM 06 H_16 M 16 2º EM 07 J_15 F 15 3º EM 08 K_16 F 16 2º EM 09 L_16 M 16 2º EM 10 M_16 M 16 2º EM 11 N_15 F 15 2º EM 12 O_16 F 16 9º EF 13 Q_16 M 16 9º EF 14 R_15 M 15 9º EF 15 S_17 F 17 9º EF 16 U_16 M 16 9º EF

Fonte: Autoria própria

Com o propósito de identificarmos, após a intervenção pedagógica em aprendizagem transmídia, algumas mudanças nas práticas de aprendizagem e no uso das tecnologias por parte dos alunos, bem como suas percepções acerca dos procedimentos adotados pelos professores no período da intervenção pedagógica, focamos nosso olhar nos relatos da entrevista 2.