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4.2 Aspectos Gerais sobre a proposta de CoInfo/Inclusão

4.2.3 Etapa 3: Pós-Busca

Após as atividades de pesquisa, os participantes receberam os Desafios 09 e 10, comprometendo-se a publicar o material produzido no AVA Goconqr proposto como continuidade do curso. Infelizmente não houve publicações e a maioria alegou o aumento de atividades escolares no final do ano letivo. Entretanto, uma das professoras considerou a possibilidade de adequar o projeto escolar que estava em andamento ao conteúdo pesquisado, gerando uma situação de comunicação de informação pós-pesquisa (fig.30).

Figura 29 - Registro fotográfico de situação de pós pesquisa

O registro fotográfico (fig.30) corresponde a momentos de uma situação ilustrativa da etapa de pós- pesquisa. Ao desenvolver um projeto escolar, cujo tema principal era “animais”, a professora organizou uma palestra sobre “animais domésticos” para familiares, alunos e funcionários da escola. A palestra foi proferida por um veterinário, que abordou temas como higiene, cuidados, vacinas, rotinas e características dos animais, especialmente cães e gatos. O diferencial desta atividade foi a introdução de elementos contributivos para a conscientização de uma educação inclusiva com a presença de líderes de uma instituição que cria, cuida e treina cães-guias para serem doados a pessoas com deficiência visual.

Na oportunidade, as crianças, familiares e funcionários da escola puderam interagir com os cães-guias e receber informações sobre os direitos de mobilidade da pessoa com deficiência, os procedimentos que devemos adotar e evitar quando encontramos um deficiente visual com seu cão-guia e as formas de colaboramos com esta iniciativa, como por exemplo, assumindo o papel de família-hospedeira. Uma situação escolar como esta alinha-se com as reflexões de Ainscow (2009) que afirma

[...] não iremos muito longe no apoio à participação e ao aprendizado dos estudantes se rejeitarmos identidades e histórias familiares ou se decidirmos não encorajar a participação dos funcionários da escola em decisões sobre atividades de ensino e aprendizagem (AINSCOW, 2009, p. 20).

A Competência em Informação dos professores colabora para a cultura informacional da escola e isso muda a visão da organização escolar. Normalmente os estudos sobre organização possuem um percurso verticalizado (organização para indivíduo), integrado ou sistêmico, mas não do indivíduo para organização. Neste aspecto, a Competência em Informação é uma categoria de desenvolvimento pessoal que muda o eixo para o indivíduo e não apenas na organização, embora esteja a ela relacionado. Embora o trabalho de Choo (2003) esteja relacionado a inteligência competitiva, que inclui aspectos de mercado e economia, sua visão sobre teoria organizacional abre possibilidade de considerar enquanto uma “organização do Conhecimento” na medida em que “[...] usam a informação para criar significado, construir conhecimento e tomar decisões [...] possui informações e

conhecimentos que a tornam bem informada e capaz de percepção e discernimento.(CHOO, 2003, p.14)

A experiência de CoInfo- Inclusão, no formato didático proposto e aplicado, está alinhada com essa visão organizacional de Choo (2003), que situa a informação como elemento-chave para o desenvolvimento de competências pessoais (especialmente competência em informação) com repercussões diretas na organização de suas rotinas, resultados e impacto social. O “efeito cascata” proposto por Choo (2003, p. 46-51) pode ser aplicado a partir da metodologia de CoInfo-Inclusão, considerando que a primeira cascata, “busca de significado”, pode ser acionada com as reflexões sobre as necessidades informacionais dos docentes numa perspectiva organizacional (exercício do quiz) e pelo planejamento de supressão destas necessidades (exercício do mapa mental). A segunda cascata “criação de conhecimento” se efetiva no próprio processo de pesquisa e no contato com a variedade de formatos informacionais. Já a terceira cascata – “tomada de decisões” – embora não possa ser considerada exclusivamente como “comunicação de informação”, conforme proposto pelo modelo CoInfo-Inclusão, certamente essa é uma decisão a ser incluída. Para Choo (2003, p.203-205) há quatro maneiras de processar o conhecimento: através da socialização, que inclui a partilha de experiência; da exteriorização, que inclui a reflexão coletiva; da combinação, que corresponde a ajustes de incompatibilidades inicias de conhecimentos e informações em prol da resolução de novos desafios; da internalização, pelo acesso à construção histórica materializada em documentos e narrativas organizacionais. A atividade do Quiz e dos mapas mentais podem ser úteis nestes processos, como estratégia também de avaliação coletiva de necessidades informacionais. Para Choo(2003)

As necessidades e os usos da informação devem ser examinados dentro do contexto profissional, organizacional e social dos usuários. As necessidades de informação variam de acordo com a profissão ou o grupo social do usuário, suas origens demográficas e os requisitos específicos da tarefa que ele está realizando. Os usuários obtêm informações de muitas e diferentes fontes, formais e informais. As fontes informais, inclusive colegas e contatos pessoais, são quase sempre tão ou mais importantes que as fontes formais, como bibliotecas ou bancos de dados on-line.(CHOO, 2003, p.79)

Assim, o exercício do Quiz e do mapa mental mobilizam o conjunto de informações disponíveis e potenciais da organização escolar, acionando atores e saberes numa perspectiva ecológica e sistêmica.

Um modelo de uso da informação deve englobar a totalidade da experiência humana: os pensamentos, sentimentos, ações e o ambiente onde eles se manifestam. Partimos da posição de que o usuário da informação é uma pessoa cognitiva e perceptiva; de que a busca e o uso da informação constituem um processo dinâmico que se estende no tempo e no espaço; e de que o contexto em que a informação é usada determina de que maneiras e em que medida ela é útil. (CHOO, 2003, p. 83)

A complexidade da prática educativa numa perspectiva inclusiva fomenta ações também complexas e exige novas reconfigurações. Nesta perspectiva instaura uma tendência propedêutica diferente daquela encontrada e discutida no início da pesquisa, de teor classificatório para ingresso no nível superior. A propedêutica que se descortina, após o desenvolvimento das atividades prescritas no formato pedagógico do modelo CoInfo-Inclusão, está mais alinhada com a concepção de Demo (1995). A propedêutica sobre a qual se debruça o autor se refere à própria constituição histórica do sujeito, para quem a reconstrução é um desafio constante. Para o autor

[...] sem esforço específico (re) construtivo não aparece competência, já que esta supõe espírito crítico e criativo, postura de sujeito capaz, interesse em conquistar espaço próprio e sobretudo em manejar o instrumento mais importante da cidadania moderna, que e o conhecimento inovador. (DEMO, 1995, p.10)

A competência na lógica de Demo (1997, p.19) é histórica e “[...] fundada em conhecimento inovador e adquire marcar o questionamento sistemático, crítico e criativo, exigindo, desde logo atualização permanente, ao lado da superação da mera cópia.” A competência em informação deve adquirir este caráter inovador e reconstrutivo, como fez a professora anteriormente mencionada, que alinhada com a proposta de Demo (1997, p. 51,52) insistiu numa marca formativa própria, refazendo sua própria prática pedagógica e demonstrando “[...] habilidade de encontrar para novos problemas novas soluções, com base na renovação permanente da capacidade de melhor conhecer e de melhor intervir”.

A execução dos desafios propostos para esta etapa, os quais estão relacionados à comunicação da informação, revelaram a necessidade de estudos numa perspectiva longitudinal. Adicionalmente também evidenciaram que a comunicação da informação no ambiente acadêmico diverge exponencialmente daquela que ocorre em situações didáticas cotidianas. Para aquelas o desafio estaria concluído com apresentação do produto acadêmico sobre os quais mencionamos em capítulo anterior. Já para estas, a pessoalidade torna os desafios um evento constante no real sentido de uma aprendizagem ao longo da vida.