• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 1. FUNDAMENTOS TEÓRICOS

1.3 SEQUÊNCIA DIDÁTICA

1.3.2 O trabalho com Sequências Didáticas

1.3.2.1 Etapas da construção de uma sequência didática

O procedimento de sequência didática tem a função de auxiliar o estudante a se desenvolver e de se aprimorar em um determinado gênero de texto o qual possui maior dificuldade, ou que ele não domina ou domina parcialmente – sempre os gêneros secundários. Esse procedimento atua de tal forma que o estudante passa a ter um contato mais íntimo com o gênero estudado sendo que a dificuldade apresentada seja objeto de reflexão do estudante e em seguida, através das etapas a serem elencadas, essas dificuldades possam ser sanadas ou minimizadas (DOLZ, NOVÉRRAZ E SCHNEUWLY, 2004, p. 83).

O foco de uma sequência didática não é fazer o aluno dominar um gênero, mas sim auxiliar, por meio de atividades de linguagem, sua proficiência na língua. Em relação ao estudo apresentado o objetivo é desenvolver mais a leitura e mecanismos linguísticos de entendimento e compreensão dos enunciados dos problemas matemáticos.

Os pesquisadores supracitados estabeleceram uma sucessão de passos para a construção de uma sequência didática. Inicialmente, é necessário que a situação seja apresentada ao estudante, de forma que ele saiba o que está sendo proposto, qual a finalidade de o conteúdo ser tratado de tal forma; ou seja, é preciso explicitar qual o sentido da atividade a fim de mobilizar as capacidades de agir do aluno.

Após a apresentação dos motivos pelos quais o professor adotará tal procedimento, os estudantes se defrontarão com sua primeira produção textual. É por meio dela que eles perceberão a problemática existente e a visualizarão dentro do contexto apresentado. Como estou em relação ao que me foi proposto? Consigo interpretar o que está sendo solicitado? Como fazer? Vários questionamentos por parte dos estudantes podem ser levantados.

Para o professor, é nesse momento que o aluno conseguirá captar pela observação, os primeiros subsídios para prosseguir (e até mesmo aprimorar) na sequência de atividades. É nessa fase que é possível a realização de ajustes, a criação de módulos e a visualização de adaptações.

A primeira produção deve oferecer uma situação de comunicação, conforme nos apresenta Dolz, Novérraz e Schneuwly (2004, p. 86), que seja suficientemente bem esclarecida a tal ponto que todos os estudantes consigam produzir algo, independente se o estudante é classificado como “bom” ou “fraco”. Nesse ponto, por meio da definição dos critérios de análise das proficiências dos estudantes – percebidos pelo professor, haverá o apontamento de qual a melhor forma de intervenção e percurso que o aluno deverá seguir, o que pode ocorrer como uma avaliação formativa.

A construção de módulos, nova etapa da sequência didática, que deve ser visualizada e construída pelo professor concebida após a análise da etapa em voga (primeira produção), possibilita ao docente abarcar as diferentes necessidades apresentadas individualmente pelos estudantes.

É de suma importância para a construção desses módulos que o professor se pergunte: Quais dificuldades da expressão oral ou escrita devem ser contempladas? Como construir um módulo para trabalhar um problema apresentado? Como extrair dos estudantes o que ele adquiriu nos módulos? (Ibid. p.87e 88).

Após a análise feita pelo professor relativa às perguntas levantadas para si próprio e das respectivas respostas, depara-se com o momento de preparação dos módulos. Para a construção dessa etapa, o professor precisa considerar a existência da realização de um trabalho em diversos níveis, do simples ao complexo, para que todos consigam avançar nas atividades objetivando uma produção final do estudante, variando as atividades, pois quando existe essa variação amplia-se a possibilidade de acesso ao aluno por diversos caminhos e oportuniza maiores chances de sucesso, diante da heterogeneidade encontrada numa sala de aula.

Quanto à capitalização das aquisições de conhecimentos, Dolz, Novérraz e Schneuwly (2004, p. 89-90) nos apontam que é

[...] realizando os módulos, os alunos aprendem também a falar sobre o gênero abordado. Eles adquirem um vocabulário, uma linguagem técnica, que será comum à classe e ao professor, e mais do que isso, a numerosos alunos fazendo o mesmo trabalho sobre os mesmos gêneros. Eles constroem progressivamente conhecimentos sobre o gênero. Ao mesmo tempo, pelo fato de que toma a forma de palavras técnicas e de regras que permitem falar sobre ela, essa linguagem é, também, comunicável a outros e, o que é também muito importante, favorece uma atitude reflexiva e um controle do próprio comportamento.

É necessário enfatizar, que para cada módulo concluído deve-se realizar a documentação dos registros dos conhecimentos adquiridos sobre o gênero trabalhado, no decorrer das atividades realizadas. Esses apontamentos podem vir em forma de constatações, lembretes ou até mesmo glossário. (Ibid. p.90)

Por fim, a última etapa, a produção final, aparece como uma avaliação do processo. É nesta fase que é possível ao aluno colocar em ação as noções e os instrumentos construídos no decorrer das atividades de linguagem previstas nos módulos. Nesse momento e através dessa produção, pode-se realizar uma avaliação somativa por parte do professor (Ibid. p. 90).

Dolz, Novérraz e Schneuwly (2004, p. 93) elencam algumas finalidades gerais para o estudo e a aplicação do procedimento de sequência didática.

[...] a) preparar os alunos para dominar sua língua nas situações mais diversas da vida cotidiana, oferecendo-lhes instrumentos precisos, imediatamente eficazes, para melhorar suas capacidades de escrever e de falar; b) desenvolver no aluno uma relação consciente e voluntária com seu comportamento de linguagem, favorecendo procedimentos de avaliação formativa e de autorregulação; c) construir nos alunos uma representação da atividade de escrita e de fala em situações complexas, como produto de um trabalho, de uma lenta elaboração.

Assim sendo, optou-se como fundamentação para as construções das sequências didáticas que fazem parte da dissertação, os autores Bernard Schneuwly, Joaquim Dolz e colaboradores (2004) que versam sobre os gêneros orais e escritos na escola e apresentam sequências didáticas para o oral e a escrita por meio de procedimento. Para tanto, esse procedimento será adaptado para a disciplina de Matemática por meio de resolução de problemas, aliando a elas (sequências didáticas) as estratégias de leitura apresentadas por Solé (1998).

1.3.3 – Levantamento de alguns estudos apresentados no ENEM, SIPEM e COLE relacionados ao tema do trabalho de pesquisa

A disposição primária quanto à realização do levantamento bibliográfico é de explorar os dados apresentados nos eventos ENEM, SIPEM e COLE e em conhecer em que época começou a surgir os primeiros trabalhos e a evolução deles, voltados ao assunto relacionado à competência leitora, atividades relacionadas à leitura e linguística, bem como a escrita por entender que ela está associada à leitura como forma de melhorar o desempenho dos estudantes na aprendizagem da Matemática no Brasil e no que estes trabalhos podem contribuir para o avanço da disciplina. O levantamento bibliográfico não leva em consideração somente os trabalhos voltados às situações de problemas matemáticos, mas sim a ênfase na leitura, interpretação de textos nas aulas Matemática.

Foram selecionados para esse trabalho de pesquisa e sob o critério de abrangência pública, os eventos: SIPEM – Seminário Internacional de Pesquisa em Educação Matemática, que teve sua 1ª edição no ano de 2000, o ENEM – Encontro Nacional de Educação Matemática com sua 1ª edição 1987, ambos promovidos pela Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM), entidade que tem por finalidade, promover a formação matemática da sociedade por meio de estudos e de divulgação dos trabalhos científicos relacionados ao ensino da Matemática, elaborados por profissionais do ensino, estudiosos e estudantes comprometidos com essa vertente e o COLE – Congresso de Leitura do Brasil, vinculado a ALB – Associação de Leitura do Brasil, associação que reúne profissionais ligados à leitura como estudantes universitários, jornalistas, editores, historiados, professores, etc..., também foi selecionado como um evento importante na panorâmica do estudo sobre

Leitura e compreensão textual nos conteúdos matemáticos. O COLE é um congresso que acontece bianualmente na UNICAMP e que teve seu início em 1978, sendo o último a 19ª edição em 2014. As publicações pesquisadas no Congresso de Leitura do Brasil (COLE) foi a partir do 12º evento em 1999, uma vez, que só a partir dele há publicação dos Anais disponível na Rede Mundial de Computadores (INTERNET).

1.3.3.1 ENEM – Encontro Nacional de Educação Matemática: Retrospectiva e avanços

Para este levantamento de apresentações e publicações, o evento foi dividido em três décadas/período. O 1º período compreendido de 1987 a 1997, o 2º período entre os anos de 1998 a 2007 e o 3º período entre os anos de 2008 a 2014, contemplando, dessa maneira as XI edições de realização do Encontro Nacional de Educação Matemática.

Quadro 2 – Levantamento Quantitativo de apresentações e publicações no ENEM ENEM Ano 1º Período 1987 a 1997 2º Período 1998 a 2007 3º Período 2008 a 2014

I ENEM 1997 Nenhuma publicação II ENEM 1998 Nenhuma publicação

III ENEM 1990 Nenhuma publicação IV ENEM 1992 Nenhuma publicação V ENEM 1995 3 Minicursos, 2 Comunicações de Experiência, 1 Apresentação de Pôster. VI ENEM 1998 4 Minicursos, 2 Comunicações Orais. VII ENEM 2001 1 Trabalho na modalidade Grupos de trabalho e 3 na Comunicação Científica. VIII ENEM 2004 2 Produções em grupos de trabalho, 1 mesa redonda. IX ENEM 2007 1 Relato de experiência, 1 pôster e 2 Comunicações Científicas X ENEM 2010 2 Palestras, 2 Relatos de experiência, 2 pôsteres, 5 Comunicações Orais XI ENEM 2013 Comunicação Científica – 9 trabalhos Tema: Práticas Escolares – 1 trabalho; Relatos de Experiência – 1 trabalho; Tema: Formação de Professores – 1 trabalho

ENEM – Encontro Nacional de Educação Matemática2

1.3.3.2 SIPEM – Seminário Internacional de Pesquisa em Educação Matemática

O SIPEM tem por objetivos principais promover a troca de experiência entre os diversos países que estudam a Educação Matemática, a ampla divulgação dos estudos produzidos no Brasil e a reunião dos pesquisadores brasileiros e estrangeiros possibilitando o avanço das pesquisas em educação matemática. O SIPEM acontece a cada três anos, com o início de suas atividades no ano 2000 (http://www.sbembrasil.org.br/sbembrasil/).

Segue abaixo o levantamento dos trabalhos que relacionam o ensino da matemática com a preocupação de associação entre ela e a linguística, a leitura, a compreensão textual e a competência leitora (apresentados no SIPEM até o momento – V SIPEM -2012 –, uma vez que o próximo será ainda em 2015).

Quadro 3 – Levantamento Quantitativo de apresentações e publicações no SIPEM

I SIPEM 2000 Nenhuma publicação

II SIPEM 2003 3 Trabalhos

III SIPEM 2006 Nenhuma publicação

IV SIPEM 2009 6 Trabalhos nos grupos:

Educação Matemática nas séries finais do ensino fundamental e no ensino

médio e Avaliação em Educação Matemática.

V SIPEM 2012 2 Publicações

SIPEM – Seminário Internacional de Pesquisa em Educação Matemática3

1.3.3.3. COLE – Congresso de Leitura do Brasil e a participação dos trabalhos de pesquisa em Educação Matemática

O processo de levantamento bibliográfico teve seu início nos anais e na organização das subdivisões das atividades do 12º COLE que aconteceu em 1999 com o objetivo primordial de realizar uma pesquisa quantitativa, na busca de uma catalogação dos trabalhos apresentados frente à evolução no número de produção sobre o tema. Essa delimitação ocorreu por motivo de disponibilidade deles (Anais) e da organização do Congresso no site da Associação de Leitura do Brasil (ALB).

Quadro 4 – Levantamento Quantitativo de apresentações e publicações no COLE

12º COLE 1999 Nenhum trabalho

apresentado

13º COLE 2001 Nenhum trabalho

apresentado

14º COLE 2003 1 Seminário

15º COLE 2005 8 Trabalhos

16º COLE 2007 2 Mesas redondas, 15

Comunicações Orais

17º COLE 2009 17 Trabalhos

apresentados

18º COLE 2012 15 Mesas redondas, 1

Minicurso e 9 Comunicações Orais

19º COLE 2014 1 Minicurso, 10

Comunicações Orais COLE – Congresso de Leitura do Brasil4

Por meio do trabalho de pesquisa de levantamento bibliográfico nestes congressos, em que a finalidade foi analisar o avanço nos estudos que dizem respeito à relação entre leitura, interpretação textual e o ensino da Matemática foi possível verificar uma forte tendência no aumento dos estudos que fazem essa correlação entre a Leitura e a Matemática bem como a disponibilidade de uma gama

de materiais, como pesquisas apresentadas, sequências didáticas de Matemática com ênfase na competência leitora, relatos de experiências e práticas educativas que servem de apoio aos profissionais que buscam embasamentos para a elaboração de sua prática em sala de aula, além de mostrar as várias vertentes do ensino como a formação continuada do professor que já está abordando esta problemática.

O capítulo 2 a seguir, vem tratar sobre o objetivo do trabalho de pesquisa, da descrição do produto confeccionado a partir do trabalho realizado e também como exigência do Curso de Mestrado Profissional, o contexto da pesquisa, dos participantes da pesquisa e dos instrumentos utilizados para a coleta dos dados.