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5.1.MODELO DE INVESTIGAÇÃO E MODELO DE ANÁLISE

No presente capítulo será apresentado o modelo de investigação seguido para o desenvolvimento deste estudo, considerando as diversas etapas que são necessárias ter em atenção para a sua realização, assim como o modelo de análise desenvolvido para o estudo empírico da investigação.

No que diz respeito ao modelo de investigação, foi considerada uma adaptação do modelo apresentado por Brunt et al. (2017). Este modelo foi simplificado, sendo que no modelo original são incluídas outras duas etapas para além daquelas que serão apresentadas em seguida, nomeadamente a redefinição do problema inicialmente definido, da informação necessária e da pergunta de partida, e uma fase de teste (Brunt et al., 2017: 50-51). Desta forma, mantiveram-se apenas as etapas consideradas mais pertinentes para esta investigação, ficando o modelo final organizado em 7 etapas distintas (Figura 18).

Figura 18 | Etapas do modelo de investigação (Fonte: adaptado de Brunt et al., 2017: 50-51).

1. Definição do problema e pergunta de partida 2. Identificação da informação e conceitos necessários ao estudo 3. Definição de objetivos 4. Desenvolvimento de um modelo de análise 5. Recolha de dados 6. Análise dos dados

recolhidos

7. Apresentação de conclusões

Após a definição da problemática de estudo, da pergunta de partida38 e dos conceitos a serem aprofundados (etapas 1 e 2), é necessário definir objetivos para o estudo (etapa 3). Esses objetivos são os seguintes:

7. Aprofundar os conceitos de turismo industrial e turismo criativo, aplicados ao desenvolvimento de uma rota turística.

8. Conhecer casos de turismo industrial na Europa e em Portugal.

9. Apresentar e analisar a oferta de turismo industrial existente nos concelhos de Almada, Seixal e Barreiro, passível de integrar em rota.

10. Identificar os benefícios do turismo industrial aliado ao turismo criativo para o desenvolvimento destes destinos.

11. Identificar a promoção feita ao produto nestes destinos.

12. Apresentar propostas/sugestões de valorização do produto e destinos em análise. Após este passo, e feita a revisão da bibliografia relativamente aos conceitos associados à temática, passamos para a construção do modelo de análise de maneira a que seja possível alcançar os objetivos pretendidos e dar resposta à pergunta de partida inicialmente estabelecida (etapa 4). Tendo em conta os nossos pressupostos, a abordagem qualitativa foi considerada a abordagem mais apropriada para o modelo de análise por termos intenção de analisar opiniões, entender os pontos de vista e as medidas concretas para o desenvolvimento do produto. Tal como Veal (2006: 40) refere, esta abordagem engloba a recolha de uma quantidade considerável de informação a partir de um reduzido número de indivíduos (através de entrevistas e de análise de documentos, por exemplo), ao contrário do que acontece com a abordagem quantitativa que se foca em questões mais específicas e recolhidas a partir de um grupo mais alargado de indivíduos, focando-se em questões diferentes (dados quantitativos através de inquéritos por questionário, por exemplo) daquelas que queremos aprofundar com o estudo.

Enquanto métodos de recolha de dados (etapa 5), como foi exposto no ponto 4.2., foi utilizada a recolha de dados estatísticos previamente existentes junto dos órgãos camarários dos três destinos e da empresa Baía do Tejo39. Cingimo-nos a estas entidades

por o nosso intuito passar por compreender a procura e a oferta maioritariamente em

38 ‘Qual o potencial de desenvolvimento turístico, económico e social de uma rota de turismo industrial e criativo nos concelhos de Almada, Seixal e Barreiro?’.

39 Gestora dos parques industriais do Seixal e Barreiro, do Museu Industrial e Casa-Museu Alfredo da Silva no Barreiro e do território da Margueira em Almada onde vai nascer a Cidade da Água.

relação ao turismo industrial e criativo, o aproveitamento do património edificado para a constituição do produto, assim como as políticas que são e podem vir a ser consideradas para a salvaguarda deste património e a implementação do produto em análise.

Como os dados estatísticos e os dados presentes nos planos analisados apenas forneciam algumas informações relativamente ao que era necessário para responder aos objetivos e pergunta de partida definidos, foi necessário desenvolver outro modelo de análise, neste caso a aplicação de entrevistas junto dos órgãos camarários de Almada, Seixal e Barreiro e da empresa Baía do Tejo, para entender outros aspetos a que os documentos/dados anteriores não conseguiam dar resposta, como o interesse que estes órgãos têm pela implementação do produto de turismo industrial e criativo, e como é que este tem contribuído e poderá contribuir para o desenvolvimento dos destinos, sendo assim possível recolher a restante informação necessária para a conclusão do estudo.

Dentro das diferentes tipologias de entrevistas existentes, optou-se pelas semiestruturadas porque, tal como Beedie (2018) explica, mesmo estas estando organizadas com questões definidas desenvolvidas considerando determinado tema, proporcionam uma discussão mais aberta e menos limitada dos temas/questões abordados e possibilitam o surgimento de novas questões e/ou temáticas inicialmente não consideradas, estando planeadas, neste caso concreto, tendo em atenção aquilo que é desenvolvido por cada entidade/em cada destino e a pertinência que cada uma dessas mesmas entidades tem para o estudo. Assim, as entrevistas semiestruturadas tornam-se menos limitadoras do que as entrevistas estruturadas por estas não darem azo ao desenvolvimento de outros temas e perguntas que, por norma, são iguais para todos os entrevistados, e mais organizadas e estruturadas que as entrevistas não-estruturadas, onde não existe um fio condutor para guiar as possíveis respostas dos entrevistados, focando- se apenas num tema e não em questões específicas (Beedie, 2018).

Após a formulação e aplicação das entrevistas para recolha dos dados necessários (etapa 5), seguir-se-á para a apresentação e análise desses mesmos dados (etapa 6) que estará presente no ponto 6. Por fim, apresentar-se-ão as conclusões tiradas de todo o estudo realizado (etapa 7), juntamente com as informações recolhidas através dos modelos de análise, conseguindo dar resposta à pergunta inicial que foi definida, assim como aos objetivos que foram definidos para o presente estudo, estando estas conclusões presentes no ponto 7.

5.2.FORMULAÇÃO DAS ENTREVISTAS E APLICAÇÃO DAS MESMAS

Após a revisão da literatura feita relativamente às diversas temáticas, juntamente com a análise dos planos de desenvolvimento turístico de cada um dos destinos e do PPCG, assim como a definição do presente modelo de análise, foi possível formular um guião de entrevista adaptado a cada um dos intervenientes que foram propostos entrevistar e que foram indicados anteriormente. As entrevistas foram organizadas por temáticas, começando por perguntas gerais relacionadas com o papel do setor do turismo, os produtos e promoção turística de cada entidade, o produto de turismo industrial, o de turismo criativo e o de turismo industrial e criativo. De seguida foram definidas questões dentro destas temáticas nomeadamente em relação ao património existente, a aposta no produto ou a continuidade de desenvolvimento do mesmo, a aposta na conjugação do turismo industrial com o turismo criativo, entre outras.

Considerando que Almada não tem produto de turismo industrial desenvolvido no destino, ao contrário do que acontece no Seixal e no Barreiro, e que a Baía do Tejo é uma entidade privada, foi necessário existir uma adaptação dos guiões considerando a realidade de cada um dos intervenientes, pelo que o número de questões variou entre as 16 e as 21 perguntas. Ainda assim, foram mantidas algumas questões idênticas em todos os guiões de maneira a podermos fazer uma comparação entre as respostas dadas e perceber a posição de cada uma das entidades.40

Após a formulação das entrevistas, foi iniciado o contacto com cada uma das entidades através de e-mail onde foram expostos o objetivo principal e a temática do estudo, assim como pedido que as mesmas fossem realizadas presencialmente. Estas foram realizadas conforme a disponibilidade de cada um dos intervenientes, sendo que as duas primeiras entrevistas foram com o Eng.º Paulo Matias (Diretor de Projeto e Desenvolvimento) na sede da Baía do Tejo no dia 17 de julho de 2019, e com a Dr.ª Ana Filipa Quadrado (Chefe da Divisão de Turismo da CMA) e as Técnicas Superiores Isabel Moreira e Catarina Lopes no posto de turismo de Cacilhas, onde se encontra a respetiva Divisão, no dia 19 de julho de 2019.

Com o reforço do envio do e-mail inicial, o Dr. Rui Braga (Vereador do Gabinete de Inovação, Desenvolvimento Económico e Turismo da CMB) agendou a entrevista para o dia 06 de agosto de 2019 na sede do Departamento de Planeamento, Gestão Territorial

e Equipamentos. No entanto, a Dr.ª Carla Russo (Coordenadora do Gabinete de Desenvolvimento Económico e Turismo da CMS), por falta de disponibilidade da sua parte para a realização da entrevista presencialmente, aceitou responder às questões via e-mail. Ainda assim, após os vários esforços feitos para que nos fossem enviadas as respostas às nossas questões e os diversos contactos feitos anteriormente para a marcação de uma reunião presencial, a entrevista não foi realizada até à data de conclusão da presente dissertação.

Relativamente às entrevistas presenciais, como foi referido anteriormente em relação às entrevistas semiestruturadas, caso fosse pertinente poderíamos abordar outros temas ou questões (no caso da entrevista à CMB, foi colocada uma questão ao longo da conversa que não se encontrava indicada no guião inicial41). De referir que, no início de cada uma das entrevistas, pedimos se seria possível gravar a conversa para que nos fosse possível transcrever as mesmas para mais tarde podermos apresentar as respostas recolhidas, sendo que informámos cada um dos entrevistados que esta recolha de informação seria apenas para fins académicos e que os resultados/respostas dadas seriam apenas apresentadas na presente dissertação.