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7. C ONCLUSÕES FINAIS

7.1. S ÍNTESE E ANÁLISE CRÍTICA DOS RESULTADOS

Dos dados recolhidos, foi possível perceber a dimensão da oferta e procura turísticas (global e do turismo industrial e criativo) dos destinos em estudo, assim como os recursos que poderiam ser integrados numa rota turística conjunta subordinada ao tema. De uma forma geral, os três territórios apresentam diversas lacunas na parte da oferta, principalmente no que diz respeito a alojamento e ao aproveitamento de recursos para a criação de oferta turística. Ainda assim, são aspetos que nos últimos anos têm vindo a ser referenciados nos planos de desenvolvimento turístico e devem ser realmente implementados para que se verifique o crescimento efetivo dos territórios e a sua afirmação enquanto destinos de excelência.

Neste aspeto, o Seixal pode ser visto como um exemplo devido à atenção que a autarquia tem colocado no desenvolvimento do destino e das diversas propostas consideradas para o crescimento dos produtos (com grande foco no turismo industrial). Desde 2006, aquando da publicação do PEDT, até à atualidade, têm vindo a ser ponderadas várias opções para alojamento (algumas através do reaproveitamento de antigos edifícios industriais), assim como se têm implementado ações para o crescimento dos produtos turísticos, sendo o turismo industrial e criativo um deles. Dentro destas ações, é de salientar o aproveitamento do património para espaços museológicos, de restauração e de lazer, e a organização dos mesmos em rotas turísticas, e a aposta em atividades para a dinamização e conhecimento dos locais e das indústrias anteriormente desenvolvidas, assim como a organização de eventos para complementar e diversificar a oferta. Para além disto, a Baía do Tejo também tem intenções de desenvolver trabalho neste sentido, nomeadamente no Alto Forno da Siderurgia Nacional, que será recuperado e terá um centro interpretativo (Matias, 2019).

No caso do Barreiro, este panorama é similar, mas com uma dimensão mais reduzida. O alojamento é um tópico que não aparece referenciado no PEDTVB (publicado em 2016) pela necessidade de ser devidamente ponderado considerando a capacidade e a procura do destino, daí que a prioridade seja desenvolver e tornar os recursos atrativos para que se justifique a pernoita dos visitantes. Neste sentido, ao longo do plano são referenciadas diversas ações para a continuidade do trabalho até então realizado para o desenvolvimento dos produtos, principalmente o turismo cultural e o turismo industrial,

contando também com propostas para o turismo criativo. A grande aposta da autarquia tem sido o aproveitamento dos recursos para a criação de espaços museológicos, ateliers e residências de artistas, integrando muitos destes em rotas turísticas para contar a história local. Para além disto, a autarquia também tem a intenção de conjugar o turismo industrial com o criativo para consolidar aquilo que já existe e criar um maior leque de oferta que consiga atrair mais visitantes ao destino, assim como apostar numa rota conjunta de turismo industrial (sendo a única autarquia que, nos seus planos, considera esta possibilidade) (Braga, 2019). Alguns destes trabalhos têm vindo a ser feitos em conjunto com a Baía do Tejo, considerando a gestão que esta faz de algum do património industrial, vendo com bons olhos estas propostas para o desenvolvimento do produto.

No que diz respeito à oferta em Almada, ao contrário dos outros territórios onde o turismo industrial e criativo e as rotas turísticas são produtos já implementados, aqui isso não acontece. No caso do alojamento, existe intenção e preocupação de fazer crescer esta oferta por existir a consciência de que é, de facto, necessário aumentar a capacidade de alojamento, principalmente na zona de Almada onde existe a maior procura por turismo cultural e onde estes estabelecimentos são escassos. No entanto, é necessária a existência de investimento privado para que isso avance. Para além da questão do alojamento, no PEVDTCA (publicado em 2011) são apontadas diversas ações para valorizar e desenvolver os produtos existentes, sendo que no caso específico do turismo industrial e criativo não existe qualquer referência a ações para o seu desenvolvimento. Tendo em conta a história do destino, a sua ligação a várias indústrias anteriormente aqui sediadas e as diversas infraestruturas que ainda se encontram no território, principalmente nas zonas do Cais do Ginjal, Lisnave e Margueira/Caramujo, seria de esperar que já se verificasse algum aproveitamento destes vestígios para fins museológicos, criação de novos espaços ligados à temática criativa e para a criação de rotas ligadas ao tema.

Apesar dos fatores condicionantes, o turismo industrial e criativo é um segmento que é visto pela CMA com agrado, principalmente considerando a história inerente ao território (Quadrado et al., 2019). A possibilidade de se inserir o património existente numa rota turística conjunta é vista pela autarquia como uma mais valia devido a todas as vantagens que traria para o desenvolvimento do território, não só em termos económicos, mas também turísticos e sociais (Quadrado et al., 2019). No caso do Cais do Ginjal, o facto de os edifícios aqui localizados serem privados dificulta a que se avance com o

plano existente para o seu desenvolvimento que conta com espaços para cultura, restauração, indústrias criativas e outros (Quadrado et al., 2019). O mesmo acontece na zona da Margueira/Caramujo onde também existem fatores que podem vir a impossibilitar o desenvolvimento do plano que está a ser desenvolvido para a reconversão da área(Quadrado et al., 2019). Ainda assim, é um local que tem vindo a ganhar com investimentos privados que aproveitaram os antigos armazéns para criar locais de restauração e lazer. Nos antigos estaleiros da Lisnave onde vai nascer a Cidade da Água, este projeto poderá trazer uma nova vida ao destino, apesar das poucas referências em termos turísticos sem ser o Museu da Água e espaços para eventos (Matias, 2019).

No que diz respeito à rota turística conjunta, este é um projeto que tem de se tornar prioritário e que é visto pelas autarquias como uma mais valia para o Arco Ribeirinho Sul devido a todo o potencial que traria ao Barreiro, Seixal e Almada. É um projeto que tem vindo a ser abordado entre as autarquias e a Baía do Tejo, e que o Dr. Rui Braga acredita ter capacidade pelo facto de o turismo industrial já estar implantado e por existirem os recursos necessários para que seja um produto consistente, considerando aquilo que cada um dos destinos tem para oferecer (Braga, 2019). Considerando a globalidade da oferta do território, acabaria por ser criado um produto completo, competitivo e atrativo, principalmente considerando a sua consolidação através desta rota. Ainda assim, apesar de existirem reuniões e de se ter conhecimento da existência dos elementos considerados necessários, esta é uma ideia que continua apenas presente no papel (Braga, 2019).

No caso da procura, esta ainda demonstra resultados relativamente baixos, apesar de nos últimos anos ter vindo a aumentar principalmente em Almada (destino com mais procura) e Seixal (quer em termos gerais, quer em relação ao turismo industrial devido ao aumento do número de circuitos organizados pelos núcleos do Ecomuseu e das atividades aqui desenvolvidas). Esta questão não parece estar relacionada com as acessibilidades, visto que existem diversas alternativas que contribuem para que se chegue de Lisboa até aos vários territórios do Arco Ribeirinho Sul numa questão de minutos, assim como entre os três territórios. Assim sendo, este indicador pode ser influenciado pelos produtos e recursos turísticos que podem despoletar mais ou menos interesse, juntamente com a promoção que é feita. Esta última questão foi abordada pelas autarquias e Baía do Tejo e estas têm consciência de que a promoção tem de ser trabalhada relativamente aos meios

e canais utilizados, à informação divulgada e ao público-alvo considerado (Quadrado et al., 2019; Braga, 2019; Matias, 2019).