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2. Fundamentação Teórica

2.2 Mentoria

2.2.2 Evolução da teoria sobre mentoria

Nos últimos anos, a mentoria surgiu como um tópico popular em diversos campos. Artigos sugerem que o sucesso na vida é, de alguma, forma relacionado ao fato de se ter um mentor ou de ser um mentor. Merrian (1983) analisa esse caso e busca resposta para saber até que ponto este entusiasmo pode ser comprovado por pesquisas e defende que os pesquisadores devem procurar compreender mais sobre o modo como a mentoria se relaciona com o desenvolvimento e a aprendizagem do adulto e examinar menos a maneira como a mentoria leva ao sucesso material.

Ao resgatar a evolução da teoria sobre mentoria, Pontes (2005) apresenta alguns estudos que têm avaliado o processo de mentoria a partir de diversos aspectos. Entre os aspectos abordados, têm-se as carreiras bem sucedidas, a qua ntidade e a qualidade de assistência recebida, o progresso na carreira e a satisfação com a carreira, as taxas de promoção e remuneração, maior compreensão da identidade e senso de competência, tipos de mentoria (formal versus informal), diversidade nas relações entre mentores e mentorados, relacionamento extra-organizacional, raça e gênero de mentores e mentorados e, ainda, as investigações voltadas a revisões da teoria (PONTES, 2005).

Os resultados de algumas pesquisas de natureza empírica têm trazido possíveis associações, no que diz respeito à mentoria e à aprendizagem do mentorado. Embora o propósito inicial desses estudos (Ahamad, 1994; Reesor, 1995; Silva, 2000; Kram, 2001; Lucena, 2001) não tenha sido unir especificamente esses dois temas. Todavia, pesquisas que abordem predominantemente mentoria e aprendizagem, ainda, estão em fase incipiente, com algumas exceções (Wood, 1997; Parsloe e Wray, 2000; Sullivan, 2000). Sullivan (2000), por sua vez, relaciona a mentoria com a aprendizagem, em especial, a aprendizagem de empreendedores.

Janasz e Sullivan (2004) mostram que há poucos estudos empíricos sobre a mentoria na faculdade e examinam as mudanças na carreira do professor. Além disso, por causa das mudanças ambientais sugerem que o modelo tradicional do professor ser guiado na sua carreira apenas por um único mentor pode não ser realístico ou desejável. Ao invés disso, os professores podem ser melhores assistidos por um portifólio de mentores que facilitam o desenvolvimento de competências na carreira do mentorado.

No atual nível de desenvolvimento da teoria sobre mentoria, ainda há muito para se explorar empiricamente sobre “como a mentoria se relaciona com a aprendizagem”, em

especial, quando se refere à aprendizagem de administradores educaciona is de ensino superior. Não obstante, pouco esforço tem sido dedicado para se investigar membros da faculdade em posições administrativas (AHAMAD, 1994).

Nos meios acadêmicos, as experiências de aprendizagem são centrais para a relação mentor-protegido. Sábio por ser mais velho e mais experiente, o mentor orienta e cultiva o intelecto do jovem aprendiz (MERRIAM, 1983).

Merriam (1983), em revisão crítica da literatura sobre mentoria, constatou que os estudos produzidos podiam ser divididos em três partes: o fenômeno da mentoria no crescimento e desenvolvimento do adulto, a mentoria no mundo dos negócios, e a mentoria nos meios acadêmicos. Esta pesquisa reitere-se, tem o objetivo de identificar e compreender os relacionamentos de mentoria que ocorre nos meio s acadêmico.

Com base na suposição de que um mentor facilita a aprendizagem dos indivíduos, algumas instituições de ensino superior estabeleceram programas formais de mentoria. Nesses programas, por exemplo, os estudantes novatos são designados para que professores ou estudantes mais velhos, denominados de mentores, os apóiem. Merrian (1983) argumenta que um mentor nesse contexto é equivalente ao instrutor e, tipicamente, não exerce a característica de influência mais intensa e penetrante da mentoria clássica.

Segundo descrição de Russell e Adams (1997) muitas pesquisas já existem sobre mentoria no campo educacional, todavia, o crescimento de pesquisas, nessa área, tem priorizado a investigação dos “benefícios da mentoria” para acadêmicos. Outro tópico pesquisado diz respeito à mentoria em escolas secundárias ou faculdades, para ajudar os estudantes no seu progresso acadêmico, particularmente com estudantes carentes, deficientes ou talentosos (RUSSELL e ADAMS, 1997).

Merriam (1983) tem apontado as lacunas deixadas pelos resultados das pesquisas que têm tentado associar a mentoria ao meio acadêmico. Para ela, nenhuma linha distinta de pesquisa pode ser traçada com relação à mentoria nos meios acadêmicos. Os estudos existentes variam desde a ligação da auto-realização de cientistas com a mentoria, até o delineamento dos requisitos críticos de um mentor, a fim de planejar treinamento em serviço e investigar administradoras mulheres. Devido à natureza idiossincrásica dos estudos disponíveis, pouca coisa pode ser dita com relação à prevalência da mentoria para professores ou administradores nos meios educacionais (MERRIAN, 1983).

2.2.2.1Mentoria na carreira profissional

Para membros da faculdade ascenderem dentro da administração, Ahamad (1994) descreve duas oportunidades de mentoria na carreira acadêmica: primeiro, durante a socialização da carreira individual em que o indivíduo cumpre período de treinamento como formando, antes de adquirir uma posição de “classe júnior” dentro da universidade; segundo, depois de tornar-se um membro da faculdade e pretender ascender dentro da organização.

Os indivíduos percebem, como mentores, não necessariamente aqueles em posições de autoridade. Os mentores podem incluir amigos, colegas, membros familiares e estudantes, bem como, diretor de faculdade, presidentes e reitor de universidade. Esses mentores desafiam, encorajam e apóiam o mentorado na decisão de procurar a direção para uma nova carreira na área administrativa (AHAMAD, 1994).

Kram e Isabella (1985) enfatizam o papel dos relacionamentos de pares no desenvolvimento das carreiras das pessoas.

Assim como Ahamad (1994), Reesor (1995), em seu estudo, também argumenta que a mentoria pode influenciar na carreira administrativa e que, na sua pesquisa, os mentores tiveram uma influência direta ou indireta sobre a decisão do mentorado de se tornar um administrador acadêmico. Os mentores não apenas criaram oportunidades, mas também encorajaram os mentorados a obter posições.

No estudo de Reesor (1995), curiosamente,os mentores que podem ter influenciado os mentorados para seguir a carreira administrativa eram todos eles também administradores acadêmicos.

Higgins e Kram (2001) advogam que os mentorados não necessariamente possuem um único mentor, mas uma rede de relações de desenvolvimento. Assim sendo, a visão da mentoria, como uma rede de relacionamentos voltada para o desenvolvimento do mentorado, é mostrada a seguir.