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2.2 A gestão ambiental em áreas militares (Brasil)

2.2.1 O Exército Brasileiro e a GA

O fato do EB não ser uma organização que tenha por objetivo o lucro, poderá suscitar questionamentos quanto às razões pelas quais ele deveria adotar a gestão ambiental em suas organizações militares. Um desses questionamentos seria: quais as vantagens que a adoção da gestão ambiental traria ao Exército?

Para responder esta e outras indagações em relação aos benefícios que a adoção da gestão ambiental pelas organizações militares do EB poderá trazer pode ser ressaltado, de forma resumida, os ganhos administrativos, operacionais e de imagem à instituição, uma vez que os princípios válidos para as empresas sobre a questão ambiental, também são aplicáveis às Forças Armadas, estando o EB inserido nesse contexto.

Segundo Hanrigton e Knight (2001), dentre as inúmeras vantagens de uma GA eficaz, que poderá atender ou até mesmo superar os requisitos definidos na ISO 14000, destacam-se as seguintes:

- Comunica, de forma clara, as expectativas da administração aos funcionários. - Maior previsibilidade do desempenho organizacional.

- Aceitação internacional do SGA organizacional.

- O SGA poderá constituir-se em base para todas as atividades de melhoria organizacional.

- O SGA permite a minimização dos erros, ao exigir a obrigatoriedade da documentação e instruções de trabalho.

- O SGA reduz o tempo de trabalho de um funcionário redistribuído, pois não há necessidade de “reinventar a roda”.

Ainda, segundo North (1992), citado por Donaire (1999), a adoção da gestão ambiental, em sua abordagem socioambiental, mostra-se vantajosa em alguns aspectos para as empresas. Os aspectos listados pelo autor, no quadro 3, são válidos também para o EB ou qualquer outra organização pública, em particular aquelas relacionadas à economia de custos e aos benéficos estratégicos, uma vez que os ministérios, autarquias, fundações, ou qualquer outra instituição pública, concorrem para a obtenção de recursos orçamentários.Sendo assim, a gestão ambiental serve como instrumento capaz de melhorar a eficiência no emprego de recursos públicos.

Quadro 3 – Benefícios da Gestão Socioambiental

BENEFÍCIOS ECONÔMICOS Economia de custos

- Economias devido à redução do consumo de água, energia e outros insumos.

- Economias devido à reciclagem, venda e aproveitamento de resíduos e diminuição de efluentes. - Redução de multas e penalidades por poluição.

Incremento de receitas

- Aumento da contribuição marginal de “produtos verdes” que podem ser vendidos a preços mais altos. - Aumento da participação no mercado devido à inovação nos produtos e menos concorrência.

- Linhas de novos produtos para novos mercados.

BENEFÍCIOS ESTRATÉGICOS

- Melhoria da imagem institucional. - Renovação do “portfólio” de produtos. - Aumento da produtividade.

- Alto comprometimento pessoal. - Melhoria nas relações de trabalho.

- Melhoria e criatividade para novos desafios.

- Melhoria das relações com os órgãos governamentais, comunidade e grupos ambientalistas. - Acesso assegurado ao mercado externo.

- Melhor adequação aos padrões ambientais.

Fonte: North,1992, in Donaire,1999 (adaptado)

2.2.1.1 Atividades potencialmente impactantes desenvolvidas na Força Terrestre

Quais seriam as razões que tornariam necessárias a adoção da gestão ambiental no EB?

No preparo e emprego da tropa há potencial para causar danos ao meio ambiente. No levantamento das principais atividades desenvolvidas pelo EB, Kurban (1998) identifica algumas atividades potencialmente causadoras de impactos ao meio ambiente, destacando as seguintes:

a) Na realização de operações ou instrução militar (todas são aplicáveis ao CIF): - tiro de armamento, fogos de artilharia, lançamento de foguetes e mísseis; - detonações de granadas e explosivos;

- emprego de lança-chamas ou agentes químicos;

- ocupação de áreas de estacionamento (acampamentos, bivaques e acantonamentos); - operações de transposição de cursos de água e ribeirinhas;

- destruição de explosivos e munições; e

- trabalhos de fortificação de campanha e camuflagem. b) Nas atividades logísticas:

- transporte de cargas perigosas (combustível, explosivos e produtos químicos); - depósitos de produtos químicos e combustíveis; e

c) Nas fábricas, laboratórios, arsenais militares e parques regionais: (não ocorrem no CIF) - fabricação de explosivos e munições;

- fabricação e recuperação de armamento; - repotencialização de viaturas;

- fabricação de baterias, material elétrico, eletrônico e de telecomunicações; - fabricação e reparo de embarcações e estruturas flutuantes;

- testes e experiências, na área de pesquisa e desenvolvimento, envolvendo artefatos e engenhos de lançamento, e agentes químicos, biológicos e nucleares (QBN);

- serraria e desdobramento de madeira;

- fabricação de artefatos de espuma de borracha;

- fabricação de produtos farmacêuticos e veterinários; e - serviços de galvanoplastia e fosfatização.

d) Nos Campos de Instrução: - criação de animais;

- silvicultura (apicultura, piscicultura, etc); (não ocorre no CIF)

- exploração econômica da madeira ou lenha (ocorreu apenas quando houve o alagamento de pequena área para formação da represa de Queimado).

e) Nas demais Organizações Militares: - depósito e manipulação de combustíveis; - criadouro de fauna silvestre;

- produção de energia termoelétrica; (não ocorre no CIF)

- estações de tratamento de água (ocorre no CIF, em área adjacente cedida à prefeitura de Formosa).

As atividades acima são desenvolvidas no EB, presente em todo o território nacional, o qual é dividido em sete comandos militares de área. Esses grandes comandos são constituídos por divisões de exército, brigadas e organizações militares de diversas naturezas. Para fins de apoio logístico e defesa territorial, são divididos em regiões militares (RM), conforme Figura 4.

Os Comandos Militares de Área são responsáveis pelo planejamento, preparo e emprego das tropas em suas áreas. As RM coordenam as atividades logísticas de suprimento, manutenção, transporte, saúde e pessoal, além de participarem do Sistema do Serviço Militar e de realizarem obras nos quartéis, em sua área de jurisdição.

Figura 4- Estrutura Organizacional do EB LEGENDA:

C DOC Ex- Centro de Documentação do Exército EGGCF- Gráfica do Exército. FHE-Fundação Habitacional do Exército IMBEL- Industria de Material Bélico Fund Osório- Fundação Osório

EME- Estado-Maior do Exército

LEGENDA:

ACE-Alto Comando do Exército CONSEF- Conselho Superior de Economia e finanças

Gab Cmt- Gabinete do Comandante CIE- Centro de Inteligência do Exército CCOMSEX- Centro de Comunicação Social do Exército

CJCEx-Centro Jurídico do Comando do Exército

SGEx- Secretaria Geral do Exército.

LEGENDA DGP- Departamento -Geral do Pessoal DEC- Depto. De Engenharia e Construção DEP- Depto Ensino e Pesquisa COTER- Comando de Operações Terrestres DCT- Departamento de Ciência e Tecnologia SEF-Secretaria de Economia e Finanças DLog- Depto Logístico

Figura 4- Estrutura Organizacional do EB Fonte: EME, 2005

2.2.1.2 O Sistema de Planejamento do Exército (SIPLEx)

As ações que visam capacitar o EB para o cumprimento de missão constitucional estão previstas em seu sistema de planejamento administrativo (SIPLEx) que discorrem sobre o preparo e emprego da Força Terrestre (FT).

Campos (2003), apresenta um resumo do SIPLEx, mostrando que o mesmo é um sistema de planejamento condensado em uma reunião de sete livros que tem como objetivo a manutenção e o aprimoramento da desejada unidade de pensamento e ação. Em seu estudo, destaca que todas as ações da Força devem estar condicionadas à missão do EB, à doutrina militar terrestre, aos objetivos estabelecidos na política militar terrestre e à concepção estratégica do Exército, o que é possível por meio do SIPLEx (Figura 5).

SIPLEX- VISÃO GERAL

SIPLEx M Miissssãão do doo E Exxéérrcciittoo A AVVAALLIIAAÇÇ SIPLEx A Avvaalliiaaççããoo d doo E Exxéérrcciittoo POLÍTICA SIPLEx P Poollííttiiccaa M Miilliittaarr T Teerrrreessttrree SIPLEx C Coonncceeppççããoo E Essttrraattééggiiccaa d dooEExxéérrcciittoo SIPLEx D Diirreettrriizzeess E Essttrraattééggiiccaas s SIPLEx- P Pllaannooss p p O O E X E C U Ç Ã E ESSTTRRAATTÉÉGGIICCA A SIPLEx- P Pllaannooss B Báássiiccooss AVALIAÇÃO/REALIMENTAÇÃO

Figura 5- Visão Geral do SIPLEx

No extrato do SIPLEx (EME, 2002) identificou-se que este é composto de 7 livros, conforme conteúdos resumidos expressos abaixo, cuja concepção estratégica baseia-se na metodologia da análise geral para o detalhamento em diversos planejamentos.

- O SIPLEx-1(Livro 1), retrata a missão do Exército e serve de farol para as três fases do sistema: a da avaliação, a da política e a da estratégia. Expõe e interpreta a missão da Força que está clara e definida no artigo 142 da Constituição Federal de 1988.

- O SIPLEx-2 (livro 2) é exclusivo para a avaliação.

- O SIPLEx-3 (livro 3), da Política Militar Terrestre (PMT), define a segunda fase e os objetivos. A 3ª fase é composta dos demais livros.

- O SIPLEx-4 (livro 4) esclarece a Concepção Estratégica do EB (CEE).

- O SIPLEx-5 (livro 5) dá as diretrizes e, definindo as ações, permite a confecção dos Planos Básicos.

- O SIPLEx-6 (livro 6) são os Planos Básicos dos órgãos componentes do EB. - O SIPLEX-7 são os Planos Operacionais.

Campos (2003) destaca que a missão é o farol que guia todas as atividades do Exército sendo orientada pela destinação constitucional, por leis complementares e pela Política de Defesa Nacional. O autor esclarece que a missão da Força é: defender a Pátria; garantir os poderes constitucionais; garantir a lei, garantir a ordem; cooperar com a defesa civil; e participar de operações internacionais.

Segundo o autor, há uma estreita relação entre o Exército e a questão ambiental, pois quando se aborda a defesa da Pátria, há referência à preservação da integridade do patrimônio nacional e dos recursos materiais. A relação é percebida, ainda, nas ações subsidiárias decorrentes, tanto nas cooperações com o desenvolvimento nacional quanto com a defesa

civil. Para tanto, em suas ações essenciais são previstas providências de preparo e de emprego. Tanto uma quanto a outra irão, obrigatoriamente, colocar o EB em contato com o meio ambiente.

Campos (2003) destaca que o SIPLEx-2, o livro da avaliação, vislumbra as tendências de evolução da arte da guerra, as inovações tecnológicas e seus reflexos no material de emprego militar, as prováveis ameaças nos âmbitos interno e externo e a correlação desses fatores com as necessidades futuras tendo em vista o emprego, a organização e a articulação, o preparo e a evolução da Força Terrestre. Na análise da conjuntura mundial, dentre outras considerações, há a ressalva quanto à polarização em torno das causas ambientais e ecológicas. Quanto à conjuntura, se registra a conscientização da população no que diz respeito à preservação do meio ambiente. O objetivo-síntese da Força ficou estabelecido em sua capacidade para atuar, eficazmente, no cumprimento de suas missões. Dos objetivos-gerais do Exército, três deles podem explicar a relação do EB com o meio ambiente: a necessidade de capacitação para atuar como instrumento de combate; a necessidade de preservação da imagem junto à opinião pública; e a sua contribuição para o desenvolvimento nacional e a defesa civil. Além disso, esse livro prevê as políticas e as diretrizes a serem desenvolvidas. Das 14 políticas ali definidas e reforçadas no SIPLEx-3, regulando o que fazer, a 12ª refere-se à Gestão Ambiental no EB.

Ressalta ainda que o SIPLEx-4 provê a Concepção Estratégica do Exército (CEEx) e inicia a fase estratégica – a do “como fazer”. Ele direciona para a organização, a articulação, o preparo e o emprego da Força, evidenciando a necessidade do adestramento. Ou seja, deixa evidente a necessidade de utilização do terreno para buscar o nível de capacitação almejado e a sua conseqüente relação com o meio ambiente.

Campos (2003) ainda, ao referir-se ao SIPLEx-5, esclarece que o mesmo apresenta as diretrizes estratégicas que, por sua vez, transformam a orientação estabelecida na Política Militar Terrestre na CEEx em ações estratégicas de curto, médio e longo prazos a serem desenvolvidas pelos diversos órgãos. Essas ações condicionam o planejamento estratégico subseqüente. As diretrizes atribuem as responsabilidades de planejamento nos diversos níveis e estabelecem metas a serem atingidas. Esse livro serve de base para a confecção do SIPLEx- 6 (Planos Básicos) e SIPLEx-7 (Planos Operacionais).

O mesmo autor ao citar o SIPLEx-6 mostra que o livro apresenta a reunião dos Planos Básicos. Eles são planos de preparo, elaborados pelo EME e pelos órgãos de direção setorial, detalhando as ações estratégicas outrora previstas. Conclui com o SIPLEx-7, revelando que trata-se do livro dos Planos Operacionais que define os planos de emprego. Esses planos, baseados nas diretrizes do SIPLEx-5, são elaborados pelos Comandos Militares de Área e aprovados pelo Comando de Operações Terrestres (COTER). Eles são orientados para as ações na defesa externa, na defesa territorial e na garantia da lei e da ordem.

2.2.1.3 A Política Ambiental e a Diretriz Estratégica de Gestão Ambiental no Exército (DEGAEB)

Campos (2003), ao tratar da Política Ambiental no EB, expressa no SIPLEx-3, menciona os aspectos da orientação geral que esta define no EB e o incremento de ações de gestão ambiental nos empreendimentos e atividades do Exército. Destaca que, como toda política, a finalidade principal do livro 3 é estabelecer objetivos a atingir; ou seja – “o que fazer”. Os objetivos estabelecidos pela Política de Gestão do Exército Brasileiro são enumerados abaixo.

a. Colaborar com a implementação da Política Nacional do Meio Ambiente, elaborando políticas, diretrizes e planos para o Exército e promovendo a sua execução;

b. Colaborar com as ações do Governo Federal na gestão ambiental, realizando acordos e convênios, bem como participando, eventualmente, em forças-tarefas; c. Manter ligação com os Ministérios do Meio Ambiente e da Defesa, a fim de atuar em harmonia com a orientação geral da Política Nacional do Meio Ambiente e com a legislação específica das Forças Armadas;

d. Implementar e desenvolver, no Exército, a gestão ambiental, permitindo a continuidade do cumprimento de sua destinação constitucional e atribuições subsidiárias;

e. Participar da cooperação de gestão ambiental com exércitos de nações amigas, ou promovê-la mediante a realização de acordos, intercâmbios, reuniões e conferências; f. Formar recursos humanos especializados em gestão ambiental, com a finalidade de elaborar estudos e decorrentes relatórios de impactos ambientais, referentes aos empreendimentos e às atividades a serem realizados pelo Exército;

g. Promover a educação ambiental, valendo-se do Sistema de Ensino do Exército, conforme estabelecido no Regulamento da Lei de Ensino do Exército e do Sistema de Instrução Militar do Exército Brasileiro;

h. Incentivar, junto ao público interno, a mentalidade de prevenção, preservação, conservação, melhoria e recuperação do meio ambiente;

i. Praticar a preservação ambiental, empregando os meios disponíveis e adotando medidas que evitem a degradação do meio ambiente;

j. Executar a recuperação ambiental, sempre que possível, nas áreas sob a jurisdição do Exército (EME, 2001, p. 1-2).

Para viabilizar o cumprimento dos objetivos estabelecidos no SIPLEx-3, o Comandante do Exército, em 6 de novembro de 2001, expediu a Portaria nº 571, aprovando a Diretriz Estratégica de Gestão Ambiental do Exército Brasileiro (DEGAEB).

Segundo Campos (2003) aquela diretriz procurou estabelecer, em suas premissas básicas, importantes aspectos norteadores, tais como:

- Recomendou a fiel observância da legislação ambiental para a realização de atividades e empreendimentos militares, principalmente aqueles passíveis de causar degradações.

- Orientou à necessidade de conscientização de todos os escalões para a busca da qualidade e a capacitação de recursos humanos.

- Determinou a realização de ações voltadas à criação de hábitos, visando a implementação das ações definidoras da gestão ambiental: prevenir, preservar, conservar, melhorar e recuperar.

- Definiu a necessidade de adoção de medidas ambientais preventivas quando da realização de atividades e empreendimentos militares.

- Colocou o Sistema de Ensino do Exército e o Sistema de Instrução Militar do EB (SIMEB) com a finalidade de buscar comprometer o público interno no assunto.

- Associou a necessidade da realização de ações com a disponibilização de recursos. - Acenou para a possibilidade da realização de convênios.

- Definiu que as preocupações ambientais, apesar da importância, não devem inibir ou deformar as características próprias das ações militares.

Assim, segundo o mesmo autor, para cumprir os objetivos foi fundamental a concepção de um sistema próprio de gestão ambiental. Por conseguinte, foi criado o Sistema de Gestão Ambiental do Exército Brasileiro (SGAEB), conforme Anexo H. Na sua idealização, ficou preconizado que as suas ações deveriam estar em consonância com a Doutrina Militar Terrestre (DMT) e com a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA). Disso se depreendeu, claramente, a firme intenção de que deveria haver uma conciliação sinérgica das ações que visam o preparo e o emprego da Força Terrestre entre o que prescreve a política ambiental. Também, essas diretrizes especificaram que dever-se-ia buscar a proteção ambiental nos cinco níveis dessa gestão: conscientização, prevenção, preservação, recuperação e cooperação. A Figura 6 especifica os órgãos componentes do SGAEB.

Legendas: MMA- Ministério do Meio Ambiente MD- Ministério da Defesa CONAMA- Conselho Nacional do Meio Ambiente

Sect Pltc, Estrt e Ass Inter- Secretaria de Planejamento

Estratégico e Assessoria Interna

Org Asse – Órgão de Assessoramento EME- Estado Maior do Exército COTER- Comando de Operações Terrestres C Mil A – Comando Militar de Àrea ODS- Órgãos de Direção Setorial G Cmdo/GU- Grandes Comandos/Guranição U/Su Ind- Subunidade individual

Sect Pltc, Estrt e Ass Inter MD

Org Asse EME COTER

Comando do Exército ODS Órgãos de Apoio C Mil A G Cmdo/GU L E G E N D A ______ Subordinação --- Vinculação

MMA – Ministério do Meio Ambiente Ind – Independente

MMA

CONAMA

U/Su Ind

Figura 6- Estrutura Organizacional do SGAEB Fonte: DEGAEB

O Sistema concebido, visando o atendimento o qual prescreve o SIPLEx-6, que é a confecção dos Planos Básicos, orientou os Órgãos de Direção Setorial do Exército (ODS) (Departamento Geral do Pessoal, Departamento de Engenharia e Construção, Departamento de Ensino e Pesquisa, Departamento Logístico, Secretaria de Ciência e Tecnologia, Secretaria de Tecnologia da Informação e Comando de Operações Terrestres), para que pudessem desenvolver atividades ou empreendimentos passíveis de causarem danos ou degradações ambientais, para que elaborassem os seus respectivos Planos Básicos de Gestão Ambiental do Exército Brasileiro (PBGAEB) e os remetessem ao Estado-Maior do Exército para avaliação e consolidação. Dessa consolidação, o PBGAEB do Exército deve ser remetido ao Comandante da Força para aprovação e conseqüente execução.

Quanto à execução, ficou estabelecida a forma descentralizada, cabendo a cada órgão o gerenciamento da gestão em suas áreas de responsabilidade.

As DEGAEB estabeleceram, também, que a avaliação das ações deveria ser realizada de forma contínua por todos os órgãos desse sistema, visando sua realimentação, baseada em indicadores de desempenho. Àquela época, foram estabelecidos os seguintes indicadores:

- ações realizadas, junto ao público interno, de incentivo à mentalidade de prevenção, preservação, conservação, melhoria e recuperação ambientais;

- ações de gestão ambiental realizadas; - recuperação de áreas degradadas;

- objetos de convênios ou documentos afins firmados; - normas de gestão ambiental elaboradas ou atualizadas; - cadastramento das atividades e empreendimentos militares;

- especialidade e destino de militares registrados no Cadastro Técnico Nacional de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental; e

- atividades e empreendimentos militares submetidos a licenciamento ambiental.

Na estrutura organizacional decorrente, ficou estabelecida uma vinculação técnica entre o Sistema de Gestão Ambiental do EB (SGAEB), o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e a Secretaria de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais do Ministério da Defesa.

O próprio Estado- Maior do Exército ficou sendo o órgão central do SGAEB. Além disso, o EME ficou responsável pelas missões de orientar o planejamento, coordenar, controlar e avaliar as ações de gestão ambiental no EB; ademais, ficou encarregado de representar o EB junto ao CONAMA e de firmar convênios com outros exércitos.

Os órgãos de Direção Setorial4, além da elaboração dos PBGAEB, ficaram responsáveis por elaborar as listas das atividades e dos empreendimentos militares passíveis de poluição ou degradação ambiental e de informarem ao EME aquelas que exigiriam o licenciamento ambiental.

2.2.1.4 Orientação para a elaboração dos planos básicos de gestão ambiental

Em 18 de julho de 2003, o Boletim do Exército nº 29 publicou a Portaria nº 050-EME, do dia 11 do mesmo mês, aprovando a Orientação para a Elaboração dos Planos Básicos de Gestão Ambiental. Esse documento teve a finalidade de oferecer subsídios aos ODS para a elaboração dos respectivos PBGAEB.

Quando tratou dos cuidados essenciais com o meio ambiente, aquelas orientações estabeleceram:

[...] b. Para determinadas atividades de adestramento da tropa, nas áreas de instrução, deverão ser avaliados os riscos de danos que estas poderão representar para o meio ambiente, com a finalidade de adotar medidas impeditivas ou mitigadoras do impacto ambiental, principalmente na implementação das seguintes ações:

- corte de árvores em Áreas de Preservação Ambiental (APA); - caça a animais silvestres;

- limpeza de campos de tiro;

- realização de trabalhos de organização do terreno (OT);

- realização de tiros de armas de qualquer calibre com munições que possam provocar incêndios ou outros danos ambientais;

- controle da instrução de Guerra Química, Bacteriológica e Nuclear quanto ao uso adequado de artefatos bélicos lesivos ao meio ambiente e quanto ao seu grau de poluição;

- uso de áreas para estacionamento de tropas; e - uso de cursos de água.

c. Nas atividades de rotina das Organizações Militares, deverá ser dado o destino ambientalmente adequado aos:

- dejetos líquidos (óleos, lubrificantes, combustíveis, solventes etc); - resíduos sólidos (lixo doméstico, lixo hospitalar, baterias e pilhas); e

- resíduos gasosos (controle e fiscalização do nível da emissão de gases das viaturas) (BRASIL, EME, 2003, p. 9-10).

Pela primeira vez, em relação à gestão ambiental, ficou estabelecida a obrigatoriedade do envio pelos ODS, dos respectivos planos e, a partir de 2004, foi determinado que a remessa para avaliação e consolidação deverá ocorrer, regularmente, até o dia 15 de março de cada ano.

Ainda, uma contribuição importante na elaboração desses planos poderá ser o manual de campanha – C 5 - 39 – Instalações na Zona de Combate, aprovado pelo EME, em 27 de novembro de 2002. Nele, há conteúdo sobre instalações de água fria e de esgoto e, principalmente, o tratamento desse último.

Portanto, como pode ser verificado através das ações do EB, por meio de seu