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2.1 O contexto da Gestão Ambiental

2.1.5 A gestão de resíduos sólidos

De acordo com Viterbo Junior (1998), até o final da década de 60 a preocupação com os resíduos originados da atividade industrial era mínimo, seja em relação ao volume gerado ou aos locais e formas de descarte dos mesmos. A partir dessa época, com a crescente industrialização, ficou claro que o excesso de poluição e a disposição inadequada de resíduos poderiam ocasionar acidentes e danos ao meio ambiente.

Um dos graves problemas verificados não apenas no CIF, mas em particular na cidade de Formosa, diz respeito à gestão de resíduos sólidos. Segundo depoimentos do senhor Telmo Heinen- Secretário de Agricultura., Pecuária e Meio Ambiente de Formosa (GO), a cidade não dispõe até o momento de um código de postura que discipline a coleta de lixo. É comum a prática de depositar restos de construção diretamente nas ruas, o que, provavelmente, contribui para o assoreamento do Córrego Josefa Gomes, que deságua na Lagoa Feia.

O carreamento de material sólido para a Lagoa Feia apresenta como efeito o assoreamento da Lagoa Feia, com redução de sua extensão e morte parcial do braço que passa por trás da guarda do CIF, pois com a sedimentação houve crescimento da vegetação.

Lima (s/d), em seu trabalho sobre resíduos mostra que a situação do Brasil é dramática, em particular nas grandes cidades, onde as opções para a destinação final de dejetos tornam-se cada vez mais escassas, fato comprovado em Formosa-GO, o que favorece as descargas clandestinas de toda a natureza de resíduos: domiciliares, industriais e de

serviços de saúde, provocando impactos ambientais negativos. O autor mostra sua preocupação com a falta de política efetiva para o setor que provoca, em curto prazo, degradação ambiental e comprometimento da qualidade de vida da população.

A implementação da gestão ambiental no EB irá demandar conhecimento da legislação vigente sobre a gestão do lixo, destacando-se os conceitos e práticas definidas nas Normas técnicas NBR – 10004.

Segundo dados da revista eletrônica Ambiente Brasil (2005), os resíduos sólidos, que representam o maior volume na área de estudo, compreendem a denominação genérica para determinados tipos de lixo produzido pelo homem. São divididos em grupos, tais como: lixos domésticos, comerciais e industriais, públicos e de fontes especiais, que são aqueles que, em função de determinadas características peculiares, passam a merecer cuidados especiais em seu acondicionamento, manipulação e disposição final, como é o caso de alguns resíduos industriais antes mencionados, do lixo hospitalar e do radioativo.

Quando se fala em tratamento, cita-se o exemplo de Almeida (2003), que implantou um projeto de reciclagem, com base no sistema de compostagem, no Regimento de Cavalaria de Guarda, em Brasília, utilizando minhocas. O projeto mostrou-se viável e incorporou as ações de planejamento2 previstas no Programa Excelência Gerencial do EB, contando com parcerias de empresas privadas3. O projeto mostrou-se vantajoso sob o aspecto econômico, uma vez que o produto da compostagem era comercializado e gerava receitas, sob o aspecto administrativo, pois já não havia a preocupação com o destino a ser dado ao lixo, e também

2 O planejamento e a execução do projeto seguiu a metodologia prevista no PEG-EB, sendo montada uma matriz

de projeto baseada nas seguintes perguntas: What (o que fazer?), Who (quem fará?), When (quando fará?), Where (onde?), Why (porquê?), how (como?) e How Much (quanto?)

educativo, por envolver grupos de militares no processo de reciclagem, e toda a Organização Militar (OM) empenhada na seleção do lixo para que houvesse aumento da produção.

Quanto à geração de lixo hospitalar no CIF, os pequenos atendimentos médicos e odontológicos realizados na seção de saúde daquela OM, e o emprego de materiais de uso veterinário considerados como lixo hospitalar, utilizam materiais classificados como lixo hospitalar, tais como: gazes, algodões, seringas descartáveis, curativos, recipientes de remédios, pomadas, etc, que, sem dúvidas, requerem cuidados especiais para a sua disposição.

Como observa Barbosa (2003) a disposição, coleta e tratamento dos resíduos sólidos de saúde (RSS)– o chamado lixo hospitalar – tem sido alvo de grande preocupação da sociedade moderna, que se mostra indignada ao saber que materiais como seringas, agulhas, bisturis, curativos e bolsas de sangue contaminado, tecidos e partes anatômicas de corpos humanos, bem como remédios e drogas vencidos, dentre outros, todos integrantes de uma grande lista de resíduos gerados nos estabelecimentos de saúde e órgãos congêneres, são depositados livremente em lixões, a céu aberto, onde ficam em contato direto com catadores, animais e insetos.

O autor explica que o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), expediu a Resolução n° 5/93, estabelecendo padrões de qualidade ambiental em relação ao RSS, em consonância com a NBR 1004 (ABNT), classificando-os em quatro grupos: A – Risco Biológico (sangue e hemoderivados, dentre outros); B – Risco Químico (drogas e resíduos farmacêuticos); C – Risco Radioativo; e D - Comum (os resíduos não enquadrados nos 3 A Empresa Capital Recicláveis forneceu o material para a confecção de coletores próprios para o lixo do

demais grupos). Por essa norma, o CONAMA recomenda a destruição dos materiais enquadrados nos grupos A e B, através de incineração ou esterilização a vapor, de forma a anular suas características físicas, químicas e biológicas; recomenda também o cumprimento das normas do CNEN (Conselho Nacional de Energia Nuclear) quanto aos resíduos radioativos do grupo C; e por fim a disposição dos demais materiais do grupo D em aterros sanitários.

As Normas Técnicas consideram como lixos infectantes os Resíduos do grupo A (apresentam risco devido à presença de agentes biológicos): sangue e hemoderivados; excreções e líquidos orgânicos; meios de cultura; tecidos; órgãos; fetos e peças anatômicas; filtros de gases aspirados de áreas contaminadas; resíduos advindos de área de isolamento; resíduos alimentares de área de isolamento; resíduos de laboratório de análises clínicas; resíduos de unidade de atendimento ambiental; resíduos sanitários de unidades de internação e objetos perfurocortantes; provenientes de estabelecimentos prestadores de serviços de saúde. Os estabelecimentos deverão ter um responsável técnico, devidamente registrado em conselho profissional, para o gerenciamento de seus resíduos.

Outra questão a ser considerada no CIF, em relação ao lixo gerado, é quanto ao óleo proveniente das manutenções de viaturas.

Foram criadas pela Agência Nacional de Petróleo portarias que disciplinam o mecanismo de coleta de óleos lubrificantes usados, cujos conteúdos objetivam reforçar o cumprimento da Resolução 9/1993, de 31 de agosto de 1993, instituída pelo CONAMA, que foi revogada pela Resolução CONAMA nº 362, de 23 de junho de 2005. Esta resolução considera que a reciclagem do óleo lubrificante usado ou contaminado é

instrumento prioritário para a gestão ambiental. Assim, todo o óleo lubrificante usado ou contaminado deve obrigatoriamente ser recolhido e ter destinação adequada, de forma a não afetar negativamente o ambiente, sendo proibido qualquer descarte em solos, águas subterrâneas, no mar e em sistemas de esgoto ou evacuação de águas residuais.

Na página da CETESB, na internet, são encontrados alguns trabalhos que destacam a importância do controle da poluição e do gerenciamento de resíduos, conforme mostra a Figura 3.

Figura 3-Gestão Ambiental de resíduos Fonte: CETESB (2005)

A figura 3 mostra esquematicamente um modelo de gerenciamento ambiental, cuja estratégia visa priorizar as ações de P2 (prevenção à poluição) dentro do contexto da

minimização de resíduos e /ou poluentes. Na impossibilidade de implementar ações de P2, outras medidas de minimização de resíduos, tais como reciclagem e reuso fora do processo, devem ser consideradas, pois promovem a conservação de recursos naturais e reduzem os impactos ambientais causados pelo armazenamento, tratamento e disposição final de resíduos.