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Subsídios à implantação da gestão ambiental em áreas militares do exército brasileiro, tendo como estudo de caso o campo de instrução de Formosa GO.

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAL

SUBSÍDIOS À IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL EM ÁREAS

MILITARES DO EXÉRCITO BRASILEIRO, TENDO COMO ESTUDO

DE CASO O CAMPO DE INSTRUÇÃO DE FORMOSA-GO

Autor: Arnaldo Silva Santos

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Seixas Brites

(2)

ARNALDO SILVA SANTOS

SUBSÍDIOS À IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL EM ÁREAS

MILITARES DO EXÉRCITO BRASILEIRO, TENDO COMO ESTUDO

DE CASO O CAMPO DE INSTRUÇÃO DE FORMOSA-GO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do titulo de Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Seixas Brites

(3)

Ao meu Deus,

Que sustenta minha vida em suas mãos e guia-me os passos,

tudo que tenho e sou vem de tuas mãos Senhor. Mesmo sem

merecer, me envolves com teu amor e por isso eu sou mais

(4)

Agradecimentos

À minha amada esposa Lúcia, pelo apoio incondicional, compreensão, pela

ausência, e incentivo, para o coroamento da jornada.

Aos meus filhos Andrey, Adryel e Rafael, pela inspiração em continuar a

saga do aprendizado.

Ao professor Dr. Ricardo Seixas Brites, pela orientação segura e

competente.

Aos professores Doutores Antonio José, Paulo Ricardo, Suely Farias,

Laércio, Paulo Carneiro, Luis Fernando Bessa, e ao Msc Alexandre, pelos

ensinamentos transmitidos.

Ao Comandante do CIF, período 2004, Cel César, pelo apoio essencial à

realização da pesquisa.

Aos meus colegas de mestrado, pelas horas em que estivemos juntos, cada

um com sua porção ajudando no crescimento, em especial, às minhas

colegas de equipe: Josefina, Claudia, Cristina e Micheli.

À Universidade Católica de Brasília e ao Curso de Mestrado em

(5)

“Para o Exército Francês, a proteção ambiental não é

considerada um constrangimento, em razão de custos

ou da obrigatoriedade na modificação de práticas e

de equipamentos. O seu engajamento se traduz na

busca da melhoria em termos de eficácia,

credibilidade e transparência. Qualquer que seja a

orientação dada ao Exército ficam assinalados,

sempre, três objetivos: a manutenção da sua

capacidade de atuação; o incremento de uma cultura

ambiental no pessoal; e a melhoria da sua imagem

(6)

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi levantar subsídios que permitam ao Exército Brasileiro (EB) implantar a Gestão Ambiental (GA) em suas Organizações Militares (OM), adaptando a metodologia utilizada nas normas da série ISO 14000, desenvolvendo documentos contendo formulários, exemplos comentados e procedimentos guias a fim de orientar a implantação de um plano de gestão ambiental numa organização típica do EB. A proposta de gestão ambiental de áreas militares utilizou como referência a metodologia adotada no Sistema de Gestão proposto por Bonnet (2003), para o Comando da Aeronáutica, inserindo ao sistema de gestão proposto, a variável relacionada à implantação da Excelência Gerencial no Exército (PEG-EB), que está baseada nas normas da série ISO 9000, buscando-se a integração de ambos. Trata-se de uma abordagem inovadora para organizações militares no Brasil que por meio desse trabalho terão condições de expandir seus programas de qualidade e adotar a variável ambiental como forma de mitigar os impactos provocados no ambiente devido à ação de suas atividades. O modelo proposto é baseado nas etapas previstas na ISO 14001 e foi adaptado à realidade do EB, para aplicação no Centro de Instrução de Formosa (CIF), em Formosa-GO. A existência de uma Política Ambiental no EB e de Diretrizes para elaboração de Planos Básicos de Gestão Ambiental, aliados a uma estrutura organizacional, já definida e voltada para a implantação da gestão ambiental no EB, foram considerados como diferenciais positivos, em relação ao proposto para a Aeronáutica, por facilitar o trabalho de implantação da gestão ambiental no EB. A Avaliação Ambiental Inicial foi executada através do levantamento de aspectos e impactos ambientais, da legislação ambiental e dos procedimentos de gestão existentes, possibilitando o levantamento de subsídios necessários à formulação da Política Ambiental e de objetivos ambientais ao Comando do CIF. Utilizou-se os formulários de levantamento e avaliação de significância dos impactos, aplicados por Bonnet (2003), no COMAER, sendo criticados e considerados apropriados. A complexidade da legislação ambiental levantada e a importância da adequada qualificação de Coordenadores Ambientais justificam a necessidade de sensibilização e capacitação da equipe Ambiental que também será a equipe do PEG-EB, em fase de implantação no Exército. Os resultados demonstraram a viabilidade da aplicação da gestão ambiental no EB, utilizando-se as fases propostas nas Normas da série ISO 14001, a metodologia aplicada por Bonnet (2003) e a experiência no trato da questão ambiental por forças armadas de outros países.

(7)

ABSTRACT

The aim of this paper is to assist the Brazilian Army (EB) in implementing Environmental Management (GA) in its Military Organizations (OM), by adapting the methodology that is used in the IS0 14000 series norms, developing documents that contain forms, commented examples and guideline procedures that will orient the implementation of an environmental management plan in a typical Brazilian Army organization. The environmental management proposal for military areas adopted as its reference the methodology incorporated in the Management System proposed by Bonnet (2003), for an Air Force Command. It includes in the proposed management system a variable related to the implementation of Managerial Excellence in the Army (PEG-EB), which in turn is based on the ISO 9000 series norms, and attempts to integrate both. It is an innovative approach for military organizations in Brazil. Thanks to this initiative, the military will be in a position to expand their quality programs and adopt an environmental variable that will mitigate the impacts unleashed on the environment due to their activities. The proposed model is based on the stages foreseen in ISO 14001 and was adapted to the reality of the Brazilian Army, for application in the Formosa Instruction Center (CIF), in Formosa, state of Goias. The existence of an Environmental Policy in the Brazilian Army and Guidelines for the drafting of Basic Environmental Management Plans, in conjunction with an organizational structure, already defined and focused on the implementation of environmental management in the Brazilian Army, were considered positive differentials, with respect to what was proposed for the Air Force, because they facilitate the implementation of environmental management in the Brazilian Army. The Initial Environmental Evaluation consisted in the identification of environmental aspects and impacts, the environmental legislation and the existing management procedures, allowing us to identify what would be needed in order to define an Environmental Policy and the environmental objectives of the CIF Command. We used the forms for identifying and evaluating the significance of the impacts, applied by Bonnet (2003), in the COMAER. These were examined and considered appropriate. The complexity of the environmental legislation and the importance of adequate qualification for Environmental Coordinators justify the need for sensitization and the training of the environmental team that will also act as the PEG-EB team, during the implementation stage in the Army. The results demonstrated the feasibility of applying environmental management in the Brazilian Army, adopting the stages proposed in the ISO 14001 Norms, a methodology applied by Bonnet (2003) and the experience of armed forces in other countries in dealing with environmental issues.

(8)

SUMÁRIO

RESUMO ...vi

ABSTRACT ...vii

INDICE...viii

LISTA DE QUADROS ...x

LISTA DE FIGURAS ...xi

LISTA DE ABREVIATURAS...xii

1. INTRODUÇÃO...13

1.1 Contextualização e formulação do problema ...13

1.2. Justificativa...20

1.3. Objetivos...21

2. REFERENCIAL TEÓRICO...22

2.1 O contexto da Gestão Ambiental...22

2.1.1 A Gestão Ambiental ...22

2.1.2. A ISO 14.000...27

2.1.3 O modelo de integração ISO 9000 versus 14.000 ...36

2.1.4 A gestão ambiental e a ecoeficiência...38

2.1.5 A gestão de resíduos sólidos...40

2.2 A gestão ambiental em áreas militares (Brasil) ...45

2.2.1 O Exército Brasileiro e a GA...45

2.2.2 O Programa Excelência Gerencial no Exército Brasileiro -PEG/EB ...60

2.2.3 As áreas do EB destinadas às práticas militares...62

2.2.4 O caso da Base Aérea de Anápolis...65

2.3 A gestão ambiental em Forças Armadas de outros países...66

2.3.1 Estados Unidos da América (EUA)...67

2.3.2 Alemanha...70

2.3.3 Portugal...71

2.3.4 Espanha...73

2.3.5 França ...74

2.3.6 OTAN ...74

2.3.7 Argentina ...75

3. MATERIAL E MÉTODOS...77

3.1. Aspectos Gerais ...77

3.2. O Caso em estudo-Centro de Instrução de Formosa (CIF) ...80

3.2.1. Histórico da área...80

3.2.3 Caracterização da Área, Meio Físico e Biótico ...84

3.2.4Instalações, Usos e Impactos Ambientais...89

3.3 A aplicação da ISO 14001 em detalhes...95

3.3.1 Política ambiental para o CIF (Cláusula 4.2) ...95

3.3.2 O planejamento da gestão ambiental...97

3.3.3 A implementação e operação da gestão ambiental...118

3.3.4 A verificação e a ação corretiva ...131

(9)

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO...137

4.1 Orçamento e Recursos...137

4.2 Estabelecimento da política ambiental ...138

4.2.1 Sugestão de Política Ambiental...138

4.2.2 Escolha da Equipe Ambiental...139

4.2.3 Avaliação Ambiental Inicial...141

4.3 Planejamento ...158

4.3.1 Sugestões de Objetivos Ambientais ...158

4.3.2 Sugestões de ações a serem implantadas na Gestão Ambiental ...159

4.4 Perspectivas e dificuldades...162

5. CONCLUSÕES...164

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...168

ANEXOS...176

ANEXO A – MODELO FORMULÁRIO ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS ...176

ANEXO A – MODELO FORMULÁRIO ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS ...177

ANEXO A – MODELO FORMULÁRIO ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS ...178

ANEXO A1 – FORMULÁRIO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS-REFEITÓRIO...179

ANEXO A2 – FORMULÁRIO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS-ENFERMARIA ...180

ANEXO A3 – FORMULÁRIO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS-TRANSPORTES ...181

ANEXO A4 – FORMULÁRIO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS-SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS ...182

ANEXO A5 – FORMULÁRIO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS-EXERCICIOS DA OM ...183

ANEXO B - PROJETO DE INOVAÇÕES E MELHORIAS...184

ANEXO C- CONCEPÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL DO EB ...185

ANEXO D- TEXTO SUBSÍDIOS À POLÍTICA AMBIENTAL ...187

(10)

LISTA DE QUADROS

1 QUADRO 1- Mudanças nas Normas ISO 14001:2004...33

2 QUADRO 2 –Requisitos da nova estrutura da ISO 14001:2004...34

3 QUADRO 3 – Benefícios da Gestão Socioambiental...46

4 QUADRO 4 – Dados sobre os campos de Instrução do EB...63

5 QUADRO 5 – Quantitativo de descargas, chuveiros e torneiras no CIF...94

6 QUADRO 6 – Consumo de água e energia em 2004 no CIF...95

7 QUADRO 7 – Exemplo preenchido de formulário de entradas e saídas (AAI)...98

8 QUADRO 8 – Guia de Aspectos e Impactos Ambientais mais comuns no CIF...102

9 QUADRO 9 – Objetivos e Metas Ambientais para o CIF...111

10 QUADRO 10 – Matriz de Responsabilidades...119

(11)

LISTA DE FIGURAS

1 FIGURA 1 – Motivação para proteção ambiental na empresa...25

2 FIGURA 2 – O Sistema de Gestão Ambiental segundo a ISO 14001...29

3 FIGURA 3 – Gestão Ambiental de Resíduos...44

4 FIGURA 4 – Estrutura organizacional do EB...50

5 FIGURA 5 – Visão geral do SIPLEX...51

6 FIGURA 6 – Estrutura Organizacional do SGAEB...57

7 FIGURA 7 – Áreas do EB sob jurisdição das Regiões Militares...62

8 FIGURA 8 - Localização do Campo de Instrução de Formosa (GO)... ...81

9 FIGURA 9 – ETE da Lagoa Feia (em construção)...82

10 FIGURA 10 – Viatura lançadora- Sistema Astros ...83

11 FIGURA 11 - Instalações administrativas do CIF...83

12 FIGURA 12 – Área de impactos de tiros...84

13 FIGURA 13 – Área de estacionamento de tropas...90

14 FIGURA 14 – CAIXA D’ água da área de estacionamento de tropas...91

15 FIGURA 15 – Fossa Sépticas da área de estacionamento...92

16 FIGURA 16 - Área de cascalheira...92

17 FIGURA 17 – Córrego Josefa Gomes no centro de Formosa...93

18 FIGURA 18 – Organograma do CIF...122

19 FIGURA 19 – Hierarquia de documentos para o CIF...134

20 FIGURA 20 – Local de queima de lixo no CIF...144

(12)

LISTA DE ABREVIATURAS

AAI = Avaliação Ambiental Inicial ACE= Alto Comando do Exército

ANVISA = Agência Nacional de Vigilância Sanitária CA = Coordenador Ambiental

CCOMSEX= Centro de Comunicação Social do Exército CIE= Centro de Inteligência do Exército

C J C Ex= Consultoria Jurídica do EB

CONSEF= Conselho Superior de Economia e Finanças COTER= Comando de Operações Terrestres

CONAMA = Conselho Nacional do Meio Ambiente DoD = Departamento de Defesa Americano

EA = Equipe Ambiental EB = Exército Brasileiro

EME= Estado-Maior do Exército EBNET= Rede do tipo intranet no EB ETE = Estação de Tratamento de Esgotos FHE= Fundação Habitacional do Exército GA= Gestão Ambiental

Gab Cmt= Gabinete do Comandante F Ter= Força Terrestre

INTRANET = Rede interna do tipo internet IPA = Indicador de Performance Ambiental

ISO = Organização Internacional para Normatização MMA = Ministério do Meio Ambiente

MSDS=Material Safety Data Sheet (Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico) NATO = OTAN

OM= Organização Militar

OTAN = Organização da Aliança do Tratado do Atlântico Norte PQSP= Programa da Qualidade no Serviço Público

PEG-EB= Programa Excelência Gerencial do Exército Brasileiro PA = Política Ambiental

PGRSS = Programa de Gestão de Resíduos dos Serviços de Saúde RA = Representante Ambiental

RSS = Resíduos dos Serviços de Saúde

SEBRAE = Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SGA = Sistemas de Gestão Ambiental

SGEx= Secretaria Geral do Exército

(13)

1. INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização e formulação do problema

A idéia do meio ambiente como fonte de recursos categorizados como bens livres,

inesgotáveis tornou-se ultrapassada. O despertar da consciência ecológica nos governos, na

sociedade e nas organizações rompeu antigos paradigmas, emergindo uma nova concepção

sobre o meio ambiente, sua esgotabilidade e a necessidade de preservação dos recursos

naturais como forma de preservação das futuras gerações, incorporando-se a esse novo

paradigma as estratégias das organizações e governos.

Segundo Kurban (1998), o Brasil, detentor de um vasto patrimônio natural, mantinha

desde os anos 50 uma postura estratégica de privilegiar o crescimento de curto prazo,

mediante a modernização maciça e rápida dos meios de produção. O resultado foi a profunda

degradação do ambiente, agravada pelo acelerado processo de urbanização das grandes

cidades.

O quadro conjuntural vivido pelo Brasil é descrito por Capobianco (1990 apud

Donaire, 1999, pg. 33):

Primeiro, o modelo de desenvolvimento adotado no Brasil, baseado em uma industrialização rápida e concentrada, criou suas primeiras deseconomias de escala. Estas se manifestaram pelo agravamento de certos problemas urbanos, em especial o crescimento da poluição industrial, a falta de saneamento e os problemas de abastecimento de água que afetam as populações das principais cidades do país.

Com a 1ª Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente o país inaugura uma

nova fase, onde se manifesta a vontade política no tratamento da problemática ambiental. Essa

(14)

Especial de Meio Ambiente, do tratamento dispensado às questões ambientais no II Plano

Nacional de Desenvolvimento e da publicação de várias leis, dentre elas a que estabelece a

Política Nacional do Meio Ambiente.

Ao conter as questões pertinentes ao meio ambiente, a Constituição reconhece sua

importância para o conjunto de nossa sociedade. O reconhecimento do ambiente como um

valor que transcende o direito pessoal, que implica para os Estados um dever de uso racional

dos recursos naturais, tendo em vista sua preservação, não apenas para as gerações presentes,

mas também para gerações futuras.

A idéia de uma equidade intergeracional, juntamente com idéias de sustentabilidade

e obrigações com gerações futuras, segundo Machado (2003), deve servir como princípio em

todas as leis.

Bonnet (2003), destaca o aumento da conscientização para os aspectos ambientais,

em todos os setores da atividade humana. Ressalta que o tema ecologia tornou-se uma

preocupação de cidadãos comuns e de partidos políticos, de instituições governamentais e

não-governamentais, de universidades e dos meios de comunicação de massa. No entanto,

apesar do aumento da consciência ambiental, as medidas decorrentes mostraram-se ineficazes

na redução da degradação ambiental, resultando no surgimento de modelos mais eficazes na

redução dos impactos:

Surgiu o modelo de gerenciamento ambiental completamente integrado à organização. A partir daí começaram a ser desenvolvidas normas que permitiram a sistematização num modelo único de gestão.

A Organização Internacional para Normatização (ISO) reuniu em um conjunto denominado série ISO 14000 as normas existentes de gerenciamento ambiental e a ISO 14001 prevê o modelo de Sistema de Gestão Ambiental.

(15)

A questão ambiental constitui um aspecto relevante na condução das atividades de

praticamente todas as organizações, inclusive das Forças Armadas. Segundo Bonnet (2003),

os Estados Unidos da América já implantaram os seus Planos de Gestão Ambiental em grande

parte de organizações do Departamento de Defesa (DoD), nos moldes previsto pela Normas

das séries ISO 14000.

Em época de acentuada globalização, as Forças Armadas do Brasil não poderiam ficar

à parte dos processos que envolvem a questão ambiental. Segundo FLECK (2000), a Lei

Complementar Nº 97, de 09 Jun 99, no artigo 16, dispõe sobre a organização, o preparo e o

emprego das Forças Armadas, conferindo às três Forças Singulares uma atribuição subsidiária

geral, como cooperar com o desenvolvimento nacional e a defesa civil e no artigo 15 a

participação em operações de paz.

A Lei complementar nº 117 de 2 de setembro de 2004 alterou a Lei Complementar nº

97, citada acima, adicionando o artigo nº 17 A, que acresceu, ao rol das ações subsidiárias do

Exército, a atuação, por meio de ações preventivas e repressivas na faixa de fronteira terrestre

contra delitos transfronteiriços e “ambientais”, isoladamente ou em coordenação com outros

órgãos do Poder Executivo. Desse contexto emerge o ordenamento político-estratégico do

Exército Brasileiro (EB) para o cumprimento de sua missão constitucional.

O EB, para o cumprimento de sua missão constitucional, necessita manter-se apto e

adestrado. Para tal, é imprescindível o desenvolvimento permanente e contínuo do

(16)

Além da lei fundamental e da Política do Meio Ambiente, o aparato formal existente

para o controle ambiental é amplo e avançado, exigindo cuidados redobrados de indivíduos e

organizações responsáveis por atividades capazes de causar danos ao meio ambiente.

A utilização do terreno para o treinamento torna o EB um potencial causador de danos

ao meio ambiente. Apenas a adoção do aparato formal não é suficiente para garantir a

preservação e a utilização responsável dos recursos naturais, no preparo e emprego das OMs.

É necessária a adoção de mecanismos de gestão que permitam a utilização de forma racional e

que possibilite uma preservação continuada.

Segundo Antunes (2002), embora a tecnologia da informação e o avanço dos materiais

de emprego militar venham permitindo uma maior utilização da simulação por computador, o

terreno, especialmente até o escalão brigada, é de fundamental importância para o preparo da

tropa. Não é possível substituir determinadas habilidades requeridas do soldado ou da tropa

apenas utilizando simuladores. O exercício no terreno também lhes fará sentirem-se mais

seguros quando cumprindo uma missão. O terreno é o habitat natural do soldado. Não se

substitui o realismo de uma instrução de orientação em campanha por simulações em

computador.

Cresce no EB a importância e a urgência na adoção de sistemas gerenciais capazes de

permitir o cumprimento da missão constitucional atribuída às Forças Armadas, conforme

previsto no artigo cento e quarenta e dois da Constituição Federal:

(17)

Para bem cumprir sua missão é imprescindível que o EB goze de uma boa imagem

junto à população. Em 2000 o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE),

realizou uma pesquisa sobre o item “confiança nas instituições”, os resultados foram

favoráveis em relação a imagem do EB, pois o Exército detém 83 % de confiança; a Igreja 73

% e a Imprensa 62%. Sobre a importância do Exército: para 82% dos entrevistados, o

Exército faria falta para o país. Quanto à imagem do Exército, 80% vêem o Exército como

eficiente, 61% como moderno, 93% importante e 89% como motivo de orgulho. A maior

parte dos entrevistados opinaram que o Exército deve proteger o país das invasões, manter e

desenvolver as fronteiras [caso do Calha Norte], garantir a ordem e as instituições, participar

de missões de paz no exterior e continuar a desenvolver ações subsidiárias. Os resultados da

pesquisa estão disponíveis na página da Academia de História Militar Terrestre do Brasil

(2000).

O resultado confirma pesquisas anteriores e é interpretado pelo EB como um

incentivo, para que continuem a cumprir, com dedicação e entusiasmo, as missões que lhes

são atribuídas. Isso significa também uma responsabilidade cada vez maior na busca da

eficiência e da operacionalidade, sem descuidar da preservação ambiental no desempenho de

suas atividades, pois segundo Donaire (1999) a necessidade de preservação incorpora-se às

estratégias das organizações e governos.

A instituição crê que a sua imagem depende do que cada um dos seus integrantes,

anonimamente, é capaz de transmitir e realizar, em cada palavra, em cada gesto e em cada

ação. Crescendo a importância da preservação ambiental como fator de promoção da imagem

(18)

Para aumentar sua eficiência operacional e administrativa o EB desenvolve, desde o

ano de 1992, programas de qualidade com base nas normas de série ISO 9000, sendo que está

em curso a implantação do Programa Excelência Gerencial, chamado de PEG-EB, que busca a

disseminação da excelência na gestão para todas as suas organizações militares até o ano de

2006.

O PEG-EB busca a excelência da gestão no EB, não contemplando ações específicas

para a gestão ambiental. Segundo Donaire (1999), a implantação da gestão ambiental é a

resposta dada pelas empresas para controlar os impactos causados, isto é, representa uma

mudança organizacional, motivada pela internalização ambiental e externalização de práticas

que integram o meio ambiente e a produção.

Embora a GA esteja direcionada para as empresas privadas, os princípios da gestão

ambiental, conforme descrito pelo mesmo autor, podem ser adaptados à gestão pública.

Além de melhorar a imagem institucional, a adoção da gestão ambiental trará

sustentabilidade operacional ao EB, por introduzir, também, conceitos de ecoeficiência aos

seus processos administrativos e operacionais, permitindo-lhe melhor emprego dos recursos

públicos.

Almeida (2002) revela que para ser sustentável, uma empresa ou empreendimento tem

que buscar em todas as suas ações, decisões, processos e produtos, incessante e

(19)

O autor destaca ainda que a ecoeficiência é uma filosofia de gestão empresarial que

incorpora a gestão ambiental. É uma forma de responsabilidade ambiental corporativa,

encorajando as empresas de qualquer setor a tornarem-se ambientalmente mais responsáveis.

Responsabilidade implica preocupação com as questões relacionadas às sanções

impostas pela legislação ambiental, pois a ação no terreno por ocasião de alguns exercícios,

poderá comprometer a imagem da instituição, caso os aspectos da legislação ambiental sejam

ignorados. Atualmente, não há mais espaço para que o meio ambiente seja tratado de maneira

irresponsável pelas organizações ou indivíduos.

Se as empresas que buscam ganhos financeiros já estão incorporando às suas

estratégias de negócios a preocupação com o meio ambiente, com maior razão, as

organizações públicas, que estão a serviço da população e do Estado, também deverão

incorporar os valores ambientais às suas práticas de gestão. Nesse sentido o EB, por meio de

sua Política de Gestão Ambiental, criada em 2001, deu o primeiro passo para incorporar os

valores ambientais à gestão de suas atividades, entretanto, é necessário um passo maior para

operacionalizar a referida política.

Finalizando, este trabalho pretende contribuir para operacionalização da Política

Ambiental no EB, buscando responder ao seguinte problema: com base nas normas da série

ISO 14000, na metodologia utilizada por Bonnet (2003), que foi utilizada na proposta de

gestão ambiental para a Base Aérea de Anápolis, Goiás, e as experiências, no trato da questão

ambiental, de Exércitos de outros países, estudadas por Campos (2003), e utilizando o Centro

de Instrução de Formosa (CIF) como estudo de caso, é possível levantar os subsídios

(20)

1.2. Justificativa

O Exército, para manter-se permanentemente integrado à Nação e apto a atuar no

cumprimento de sua missão constitucional, desenvolve uma série de atividades com vistas ao

seu preparo e emprego.

As Organizações Militares (OM) realizam trabalhos e exercícios em área urbana, rural

e nos aquartelamentos que, por serem desenvolvidos em contato com o meio ambiente

(terreno) ou se utilizarem de recursos naturais podem, efetiva ou potencialmente, causar

alguma poluição ou degradação ambiental.

Nesse sentido, Campos (2003) destaca que o terreno sempre foi considerado um dos

fatores preponderantes da decisão no planejamento das operações militares. Os exercícios e as

manobras realizadas para o adestramento da tropa procuram simular a guerra a mais próxima

possível de uma situação real. Para tanto, os campos de instrução são preservados para

oferecer o cenário adequado para cada situação que o combatente poderá defrontar-se no

campo de batalha. Hoje, esses campos de instrução formam verdadeiras ilhas de coberturas

vegetais preservadas nas áreas mais antropizadas das diversas regiões do país.

Dentre os Campos de Instrução, pertencentes ao Comando do Exército, destaca-se o

CIF, em Formosa, Goiás, que segundo Silvestre (2003), já foi cogitado por ambientalistas

para ser transformado em Parque Nacional, pelo seu elevado grau de preservação, que abriga

grande variedade de espécimes da fauna e da flora do bioma cerrado, juntamente com o

Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e o Parque Estadual de Terra Ronca, as três

(21)

O EB formulou em 2001 sua política ambiental (PA), diretriz estratégica de gestão

ambiental (DEGAEB), e, em 2003, a orientação para a elaboração dos planos básicos de

gestão ambiental, sendo que até o momento a gestão ambiental não foi operacionalizada.

O Programa Excelência Gerencial do Exército (PEG-EB), em fase de implantação no

EB, mobilizou a instituição para a cultura da gestão pela qualidade com base na ISO 9000,

sendo o momento oportuno para inserir a variável ambiental, com base na ISO 14000 e

demais práticas a serem levantadas neste trabalho.

1.3. Objetivos

Esta dissertação tem como objetivo geral levantar subsídios que permitam a

elaboração de uma proposta de gestão ambiental (GA) para aplicação em organizações

militares do Exército Brasileiro, a partir do Programa Excelência Gerencial do Exército

(PEG-EB) tendo como estudo de caso o Campo de Instrução de Formosa.

Analiticamente, esse objetivo pode ser desdobrado nos seguintes objetivos

específicos:

1. levantar os principais aspectos da gestão ambiental praticada por Forças Armadas de

outros países;

2. construir um referencial, teoricamente fundamentado, que possa servir, como subsídio,

à implantação da GA no CIF, a partir do PEG-EB; e

3. estruturar as etapas de implantação da GA, proposta para o CIF, com base na

metodologia prevista nas Normas ISO 14001 e adaptando os instrumentos utilizados

(22)

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O contexto da Gestão Ambiental

2.1.1 A Gestão Ambiental

Gestão ambiental é a forma pela qual a empresa se mobiliza, interna e externamente, na conquista da qualidade ambiental desejada. Sistemas de gestão ambiental reduzem os impactos negativos de sua atuação sobre o meio ambiente e melhoram o gerenciamento de riscos.

Poucas empresas podem resistir às multas e ações penais cada vez mais comuns e mais pesadas em casos de acidente ambiental, além dos danos à imagem da empresa frente a consumidores cada vez mais sensíveis e exigentes. Daí a importância da prevenção propiciada pelos SGAs. ( Almeida, 2002, p.107)

Segundo Berna (2004), a questão ambiental é uma realidade que chegou

definitivamente às empresas modernas. Deixou de ser um assunto de ambientalistas

denominados “eco-chatos” ou românticos, convertendo-se em SGA (Sistema de Gestão

Ambiental), PGA (Programa de Gestão Ambiental), ISO 14.001 e outras denominações. Com

isso, a empresa [ou organizações] ecológica estará se antecipando às auditorias ambientais

públicas além de promover a redução de custos e riscos com a melhoria de processos e a

racionalização de consumo de matérias-primas; diminuição do consumo de energia e água e

redução de riscos de multas e responsabilização por danos ambientais.

Segundo Tachizawa (2004), a atitude e postura dos gestores das organizações em

todos os segmentos econômicos nos anos 90 passaram de defensiva e reativa para ativa e

criativa. Na nova cultura, a fumaça passou a ser vista como anomalia e não mais como

vantagem. Assim, as empresas começaram a apresentar soluções para alcançar o

(23)

Para Bacellar (2000), a empresa tem responsabilidades que vão além da geração de

riquezas para seus acionistas, investidores e dirigentes. Ela tem responsabilidades para com o

desenvolvimento social. Sua contribuição ao bem público não é apenas gerar empregos e

pagar imposto. Ela precisa comprometer-se com a sociedade com ações duradouras que

levem em conta o bem-estar da comunidade na qual está inserida.

Desta maneira, para Almeida (2002), a responsabilidade social corporativa é o

comprometimento permanente dos empresários de adotar um comportamento ético e

contribuir para o desenvolvimento econômico, melhorando simultaneamente a qualidade de

vida de seus empregados e de suas famílias, da comunidade local e da sociedade como um

todo.

Neste sentido, Donaire (1996) diz que o retorno do investimento, antes entendido

simplesmente como lucro e enriquecimento de seus acionistas, passa fundamentalmente pela

contribuição e criação de um mundo sustentável.

As Forças Armadas não estão dissociadas desse contexto de preocupação e

responsabilidade com o meio ambiente. A Política de Defesa Nacional estabelece em seu

parágrafo 4.6 que as Forças Armadas deverão estar ajustadas à estatura político-estratégico da

Nação (Presidência da República, 1996). O Exército Brasileiro está presente em todos os

Estados Brasileiros, possuindo vasta “capilaridade”, mantém sob sua guarda um patrimônio

de oito milhões de metros quadrados de área construída em quartéis e, segundo Campos

(24)

O contexto da gestão ambiental que deve nortear as políticas estratégicas das

empresas, em relação à questão ambiental, deverá nortear as ações a serem empreendidas pelo

EB na adoção da gestão ambiental.

O EB não deverá estar dissociado da responsabilidade social que constitui uma das

bases do desenvolvimento sustentável. Para Almeida (2002), políticas econômicas saudáveis,

instituições democráticas sólidas que atendam às necessidades das pessoas e melhor

infra-estrutura são a base do crescimento econômico sustentado, erradicação da pobreza e criação

de empregos. Liberdade, paz e segurança, estabilidade doméstica, respeito pelos direitos

humanos, igualdade entre os sexos, políticas orientadas ao mercado e compromisso geral com

a sociedade são fatores essenciais para o desenvolvimento sustentável. Gestão Ambiental,

portanto, traz agregados valores relacionados à responsabilidade social que poderão ser muito

bem utilizados em favor da imagem da instituição, facilitando o cumprimento de sua missão

constitucional.

Souza (2000), corrobora a afirmação acima ao dizer que as estratégias de marketing

ecológico, adotadas pela maioria das empresas, visam à melhoria de imagem tanto da empresa

quanto de seus produtos, através da criação de novos produtos verdes e de ações voltadas pela

proteção ambiental.

Desse modo, o gerenciamento ambiental passa a ser um fator estratégico que a alta

administração das organizações deve analisar, inclusive as organizações públicas que, embora

(25)

A gestão ambiental proposta para o EB deverá contemplar em suas ações os passos,

enumerados por Elkington & Burke (1989 apud Donaire, 1999), necessários à excelência

ambiental, que são os seguintes:

1 - Desenvolva e publique uma política ambiental. 2 - Estabeleça metas e continue a avaliar os ganhos.

3 - Defina claramente as responsabilidades ambientais de cada uma das áreas e do pessoal administrativo (linha de assessoria).

4 - Divulgue interna e externamente a política, os objetivos e metas e as responsabilidades.

5 - Obtenha recursos adequados.

6 - Eduque e treine seu pessoal e informe os consumidores e a comunidade. 7 - Acompanhe a situação ambiental da empresa e faça auditorias e relatórios. 8 - Acompanhe a evolução da discussão sobre a questão ambiental.

9 - Contribua para os programas ambientais da comunidade e invista em pesquisa e desenvolvimento aplicados à área ambiental.

10 - Ajude a conciliar os diferentes interesses existentes entre todos os envolvidos: empresa, consumidores, comunidade, acionistas etc. ( Elkington & Burke, 1989 apud Donaire, 1999, p.50)

Callenbach et al (1993), analisam as variáveis que motivam a empresa à proteção

ambiental (Figura 1) sendo aplicável às organizações públicas e ao EB.

Figura 1 - Motivação para proteção ambiental na empresa [organizações]

Fonte: Callenbach et al (1993, p.26)

Segundo Stapleton et al. (1996 apud Kurban, 1998) a gestão ambiental consiste num

processo contínuo de planejamento, implementação, revisão e melhoria das ações que uma

(26)

voltadas para: a prevenção no trato com o meio ambiente; a recuperação do meio ambiente

degradado; a avaliação da degradação futura; e a potencialização dos recursos ambientais.

Para Souza (2000), a gestão ambiental pode ser definida como o conjunto de

premissas que buscam conciliar o desenvolvimento e a qualidade ambiental, através do estudo

e acompanhamento da capacidade de suporte do ambiente e das necessidades estipuladas pela

sociedade como “imprescindíveis” à sua sobrevivência. Para tal, torna-se necessária a

utilização de recursos e ferramentas criadas pela legislação e ditados pela política ambiental,

além dos instrumentos intrínsecos e ações da sociedade, todos esses capazes de salientar a sua

real importância.

Lanna (1995) define gestão ambiental como o processo de articulação das ações dos

diferentes agentes sociais que interagem em um dado espaço, visando garantir, com base em

princípios e diretrizes previamente acordados, a adequação dos meios de exploração dos

recursos ambientais, naturais, econômicos e socioculturais, às especificações do meio

ambiente.

Porter (1995) relaciona o desenvolvimento de uma estratégia competitiva ao

desenvolvimento de uma fórmula ampla para o modo como uma empresa irá competir,

associando metas e políticas necessárias ao cumprimento das metas.

Desta maneira, a questão ambiental, nos dias de hoje, passa a constituir uma

oportunidade estratégica para a empresa que quer agregar valor à sua imagem e se diferenciar

(27)

destinação de recursos públicos necessários ao cumprimento de sua missão, poderia utilizar a

variável ambiental como estratégia de diferenciação em relação aos demais órgãos.

2.1.2. A ISO 14.000

A ISO, International Organization for Standardization, é uma organização

internacional fundada em 1947, sediada em Genebra, Suíça, que elabora normas

internacionais, conhecida mundialmente, por meio das Normas da série 9000, que refere-se

aos padrões de qualidade a serem alcançados na produção de bens de consumo ou prestação

de serviços nas empresas ( Donaire, 1999).

Bonnet (2003) refere-se ao trato das questões ambientais, citando as normas emitidas

pelo BRITISH STANDARD INSTITUTE- BS 7750, preparada pelo Comitê de Política de

Normalização Ambiental e da Poluição da Inglaterra e formada como referencial para outros

países. Prossegue, informando que em 1996, a ISO oficializou as primeiras normas da série

ISO 14000 com base na BS 7750, estabelecendo diretrizes para implementação de sistema de

gestão ambiental nas diversas atividades econômicas que possam afetar o meio ambiente e

para a avaliação e certificação destes sistemas, com metodologias uniformes e aceitas

internacionalmente.

Quanto a NBR ISO:14001 (ABNT, 1996) observa-se que o objetivo da Norma é

prover as organizações de um sistema de gestão ambiental eficaz, passível de integração com

os demais objetivos da organização sendo concebida para aplicação em todos os tipos de

(28)

Uma certificação ISO 14001 não garante que uma empresa ou ente em particular,

alcance o melhor desempenho ambiental possível. Ela somente atesta que foram instalados os

elementos básicos de um sistema de gestão ambiental. As melhorias contínuas a que se faz

referência na norma reportam-se a melhorias continuas no sistema gerencial, e não no

desempenho ambiental diretamente.

Portanto, a finalidade principal de um sistema de gestão ambiental é a de fornecer a

uma organização um processo estruturado e um contexto de trabalho com os quais ela possa

alcançar e controlar sistematicamente o nível de desempenho ambiental que estabelecer para

si. O nível real de desempenho, os sucessos e o resultado em relação a todo o entorno,

depende do contexto econômico, da regulamentação e de outras circunstancias que impactam

direta e indiretamente o processo.

Segundo Barbieri (2004), a criação e operação de um sistema de gestão ambiental

(SGA), próprio ou baseado num modelo genérico, é considerado um acordo voluntário

unilateral, porém a empresa deverá comprometer-se a alcançar um desempenho ambiental

superior às exigências legais, devendo haver contribuição da organização para que ela atue

conforme a legislação num primeiro momento, porém buscando as melhorias que a levem a

superar as mencionadas exigências.

Lamprecht (1997) afirma que a ISO 14001 não estabelece exigências absolutas para o

desempenho ambiental, mas tão somente um compromisso (estabelecido na política ambiental

da empresa) de cumprir a legislação e regulamentos aplicáveis e de realizar melhorias

contínuas.

(29)

Como exemplo, não se verifica na norma ISO 14001 a especificação dos quantitativos

de materiais e efluentes que podem ser colocados no meio ambiente. A norma estabelece,

entretanto, que a alta direção deve definir e aplicar uma política ambiental na organização de

forma a assegurar que haja um compromisso de obedecer a legislação ambiental relevante, as

regulamentações e outras exigências às quais se propõe a organização.

2.1.2.1 Implantação da Gestão Ambiental conforme a norma ISO 14001

A estrutura prevista na ISO 14001 para um Sistema de Gestão Ambiental está

representada na Figura 2.

Figura 2- O Sistema de Gestão Ambiental segundo a ISO 14001

(30)

Segundo Valle (2000), tendo como objetivo o aprimoramento contínuo das atividades

da empresa, através de técnicas que conduzam aos melhores resultados, em harmonia com o

meio ambiente, deve-se realizar e seguir normas e diretrizes mínimas a partir da política

ambiental, alcançando assim a gestão ambiental:

a) Manutenção de canal de comunicação e diálogo permanente com seus empregados e a

comunidade, visando ao aperfeiçoamento de ações ambientais conjuntas.

b) Manter o sistema de gestão ambiental de forma que suas atividades atendam à legislação

vigente e aos padrões estabelecidos pela empresa

c) Exigir de seus fornecedores produtos e componentes com qualidade ambiental compatível

com a de seus próprios produtos.

d) Educar e treinar seus funcionários para que atuem sempre de forma ambientalmente

correta.

e) Desenvolver pesquisas e a adoção de novas tecnologias que reduzam os impactos

ambientais e contribuam para a redução do consumo de matérias-primas, água e energia.

f) Assegurar-se de que seus resíduos são transportados corretamente e em segurança até o

destino estabelecido, de acordo com as práticas ambientais reconhecidas.

Segundo Tibor e Feldman (1996), os elementos de um Sistema de Gestão Ambiental

incluem a criação de uma política ambiental, o estabelecimento de objetivos e alvos, a

implementação de um programa para alcançar esses objetivos, a monitoração e medição de

sua eficácia, a correção de problemas e a análise e revisão do sistema para aperfeiçoá-lo e

melhorar o desempenho ambiental geral.

Segundo Ribeiro (1999 apud Moura, 2005a) a norma ISO 14000 define e estabelece

(31)

os aspectos e impactos ambientais dos processos (produção, serviços, distribuição, etc),

implementar ações para cumprir as metas e objetivos estabelecidos; realizar avaliações e

ações corretivas, e quando necessário, a sua revisão.

Para tanto, a organização deve preparar-se, seguindo os passos abaixo:

1) Definição da Política Ambiental, por escrito, e ser distribuída a todos os interessados e

envolvidos, tendo como principais pontos o compromisso do cumprimento da legislação

ambiental e a melhoria contínua de desempenho ambiental.

2) Diagnóstico Ambiental Inicial, deve ser realizado de forma a permitir conhecer

detalhadamente o estado atual da empresa.

3) Avaliação dos Impactos Ambientais, dentro dos aspectos técnicos e fontes de dados

existentes, formar perfil dos impactos possíveis e a extensão dos mesmos nas diversas

dimensões.

4) Elaboração de um Programa Ambiental, que determine estratégias, linhas de atuação e a

descrição de responsabilidades que permitam à empresa alcançar os objetivos e metas

ambientais definidos.

5) Implementação de um SGA, é o estabelecimento de um sistema de procedimentos

operativos e de controle que assegurem a implantação com êxito, da política e do programa

ambiental.

6) Realização de Auditorias Ambientais, os mecanismo de avaliação, sendo realizado através

de auditorias internas periódicas, com a freqüência dependendo do grau de risco das

atividades e dimensão do processo.

7) Estabelecimento de um Sistema de Comunicação, imprescindível para a atualização dos

(32)

2.1.2.2 Principais mudanças nas novas normas ISO 14001:2004

Decorridos oito anos da versão inicial da ISO 14001, edição 1996, a ISO publicou no

dia 15 de novembro de 2004, a primeira revisão da ISO 14001 –Sistemas de Gestão

Ambiental - Requisitos e diretrizes para uso. Uma das principais razões para a revisão da ISO

14001:2004 foi o de alcançar um número e variedade cada vez maior de usuários em todo o

mundo, incluindo as pequenas e médias empresas, além das grandes corporações, principais

usuários da ISO 14001.

Esta revisão foi o resultado de anos de trabalho dos membros do TC 207 da ISO,

responsável pela elaboração e revisão da família de normas da série ISO 14000, em especial o

SC 1, sub-comitê responsável pelas normas de Sistema de Gestão Ambiental, ISO 14001 e

ISO 14004.

Embora a ISO 14001:2004 seja muito semelhante à edição de 1996, existem

mudanças que podem afetar um SGA já implementado ou a ser implementado, como é o caso

do EB.

Para que as mudanças introduzidas na ISO 14001 sejam consideradas na formulação

da gestão ambiental para o CIF e Organizações Militares do EB, as mesmas poderão subsidiar

(33)

Quadro 1- Mudanças nas normas ISO 14001:2004

ISO 14001:1996 ISO 14001:2004

Sumário Sumário Prefácio Prefácio Introdução Introdução 1- Objetivo e campo de aplicação 1 Escopo

2- Referências normativas 2 Referências normativas

3- Definições 3 Termos e definições

4 Requisitos do sistema de gestão ambiental 4 Requisitos do sistema de gestão ambiental

4.1 REQUISITOS GERAIS 4.1 REQUISITOS GERAIS

4.2 POLÍTICA AMBIENTAL 4.2 POLÍTICA AMBIENTAL

4.3 PLANEJAMENTO 4.3 PLANEJAMENTO

4.3.1 Aspectos Ambientais 4.3.1 Aspectos ambientais

4.3.2 Requisitos legais e outros 4.3.2 Requisitos ambientais legais e outros 4.3.3 Objetivos e metas 4.3.3 Objetivos, metas e programa(s) 4.3.4 Programa (s) de gestão ambiental 4.4 IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO 4.4 IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO 4.4.1 Recursos, funções, responsabilidades e

autoridades

4.4.1 Estrutura e responsabilidade 4.4.2 Competência, treinamento e conscientização

4.4.2 Treinamento, conscientização e competência

4.4.3 Comunicação

4.4.3 Comunicação 4.4.4 Documentação

4.4.4 Documentação do SGA 4.4.5 Controle de documentos 4.4.5 Controle de documentos 4.4.6 Controle operacional

4.4.6 Controle operacional 4.4.7 Preparação e atendimento a emergências 4.4.7 Preparação e atendimento a emergências 4.5 VERIFICAÇÃO E AÇÃO CORRETIVA 4.5 VERIFICAÇÃO E AÇÃO CORRETIVA 4.5.1 Monitoramento e medição

4.5.1 Monitoramento e medição 4.5.2 Avaliação do atendimento aos requisitos legais e outros

4.5.2 Não- conformidade e ações corretivas e preventivas

4.5.3 Não-conformidade e ação corretiva e preventiva

4.5.3 Registros 4.5.4 Controle de Registros

4.5.4 Auditoria do SGA 4.5.5 Auditoria interna 4.6 ANÁLISE CRÍTICA PELA

ADMINISTRAÇÃO

4.6 ANÁLISE CRÍTICA PELA DIREÇÃO

Anexo A: Diretrizes para uso da especificação Anexo A - Diretrizes para uso da norma Anexo B: Correspondência entre a ISO 14001 e a

ISO 9001

Anexo B - Correspondências entre a ISO 14001:2004 e a ISO 9001:2000

Anexo C: Bibliografia Anexo C: Bibliografia

(34)

Quadro 2- Requisitos da nova estrutura da ISO 14001:2004

Cláusula Maiores mudanças contidas na ISO 14001:2004

4.1 Requisitos gerais A norma agora inclui requisito para: -Melhoria contínua do SGA;

-Definição e documentação do escopo do SGA

4.3.1 Aspectos ambientais Aspectos precisam ser identificados dentro do escopo definido do SGA e requer ser documentado. A ISO 14001:2004

também requer que a organização considere os aspectos ambientais no estabelecimento, implementação e manutenção de seu SGA.

4.3.2 Requisitos ambientais legais e outros

A cláusula 4.3.2 requer que a organização determine como os requisitos legais e outros se aplicam aos aspectos ambientais. A organização também deve considerar estes requisitos no estabelecimento, implementação e manutenção de seu SGA. 4.3.3 Objetivos, metas e

programa(s)

Cláusula 4.3.3. da ISO 14001:2004 resulta da fusão das cláusulas 4.3.3 “Objetivos e Metas” e 4.3.4 “Programa (s) de Gestão Ambiental” da ISO 14001:1996. Revisão inclui um requisito adicional em que os objetivos e metas precisam ser mensuráveis, consistentes com os requisitos legais e outros, e comprometidos com a melhoria contínua.

4.4.1 Recursos, funções, responsabilidades e

autoridades(era 4.4.1 Estrutura e Responsabilidade)

Na revisão 2004, a administração é requerida a “assegurar a disponibilidade” de recursos ao invés de “fornecer recursos” tal como descrito na versão 1996. A lista de recursos

necessários foi expandida para incluir infra-estrutura. Há também um requisito estabelecendo que o representante da administração forneça à alta administração, recomendações para a melhoria do SGA.

4.4.2 Competência, treinamento e conscientização(era 4.4.2 Treinamento, conscientização e competência)

A ISO 14001:2004 declara que na organização, “qualquer pessoa desempenhando funções para ela ou em seu nome, sejam competentes para desempenhar suas funções, caso as atividades tenham potencial de causar um impacto ambiental significativo, além de estarem conscientes dos aspectos ambientais associados a suas atividades”. Esta mudança, considerando que “todas as pessoas” inclui os sub-contratados onsite e outras pessoas que não os empregados da

organização, que podem desempenhar atividades que possam causar um impacto ambiental significativo. Um novo requisito para manutenção de registros para evidenciar apropriada educação, treinamento ou experiência foi adicionado a cláusula 4.4.2.

(35)

Cláusula Maiores mudanças contidas na ISO 14001:2004 4.4.4 Documentação(era 4.4.4

Documentação do SGA)

A cláusula 4.4.4 não foi objeto de alteração, mas foi atualizada para melhor alinhamento com a ISO 9001:2000. A ISO 14001:2004 requer que a documentação inclua:a) política, objetivos e metas ambientais; b) descrição do escopo e dos principais elementos do sistema da gestão ambiental e sua interação e referência aos documentos associados;c)

documentos, incluindo registros, requeridos por esta Norma;e d) documentos, incluindo registros, determinados pela organização como sendo necessários para assegurar o

planejamento, operação e controle eficazes dos processos que estejam associados com seus aspectos ambientais

significativos.

4.4.5 Controle de documentos Mudanças relacionadas a formatação da cláusula 4.4.5 para melhor alinhamento com a ISO 9001:2000. Uma clarificação adicional for feita para definir Registros com um tipo especial de documento na qual requer controle. Uma adição no requisito objetiva assegurar que documentos de origem externa (ex: MSDS, permissões, licenças) que são necessários para o sistema, são identificados e sua distribuição controlada. 4.4.6 Controle operacional Esta cláusula não teve mudanças significativas. Como nas

outras cláusulas, o termo “implementação” foi adicionado ao “estabelecimento e manutenção de procedimentos” para clarificar as ações requeridas para evidenciar a conformidade com a ISO 14001:2004.

4.4.7 Preparação e atendimento à emergências

Esta cláusula não teve mudanças significativas. A norma revisada clarifica o requisito de que a organização, na situação real de emergência, deve responder de forma a prevenir e mitigar impactos ambientais adversos associados. 4.5.1 Monitoramento e

medição

A cláusula 4.5.1 não inclui nenhum requisito adicional substancial. O requisito para assegurar os equipamentos utilizados para a medição e monitoramento sejam mantidos calibrados, foi estendido para incluir “ou verificado”. “A organização deve assegurar que equipamentos de

monitoramento e medição calibrados ou verificados sejam utilizados e mantidos e deve reter os registros associados”. 4.5.2 Avaliação do

atendimento aos requisitos legais e outros

Esta cláusula foi separada da 4.5.1 para tornar-se uma cláusula específica e inclui a clarificação e uma adição a estrutura da ISO 14001:1996. Incluída na cláusula 4.5.1 na versão 1996, o requisito para a avaliação periódica da conformidade com os requisitos legais e outros, este requisito foi renomeado para a cláusula 4.5.2 na ISO 14001:2004 e inclui a avaliação da conformidade com outros requisitos a qual a organização tenha subscrito. Esta clarificação também inclui o requisito para a manutenção dos registros da avaliação periódica do

Atendimento a Requisitos Legais e Outros. 4.5.3 Não conformidade e ação

corretiva e preventiva(era 4.5.2 Não-conformidade e ações corretiva e preventiva)

A revisão desta cláusula alinha os requisitos para identificar e corrigir não-conformidades de forma similar com o requisito da ISO 9001:2000. Definições claras são fornecidas para ações necessárias para prevenir, investigar, identificar, avaliar, revisar e registrar não-conformidades, ações corretivas e ações

(36)

Cláusula Maiores mudanças contidas na ISO 14001:2004 4.5.4 Controle de

Registros(era 4.5.3 Registros)

Controle de registros foi simplificado, reordenado e reformatado para melhor alinhamento com a ISO 9001:2000. A revisão descreve que registros precisam demonstrar conformidade com o SGA e de “resultados obtidos”. Resultados são entendidos como sendo resultados de auditorias, ações corretivas, controle operacional, programas para atingir os

objetivos e monitoramento. 4.5.5 Auditoria

interna(era 4.5.4 Auditoria do SGA)

Existem duas adições chave nesta cláusula. Primeira, a revisão adicionou que o processo de auditoria interna precisa estar associada a retenção dos registros. Segunda, a revisão considera a seleção de auditores e afirma que os auditores selecionados devem assegurar objetividade e

imparcialidade no processo de auditoria. Esta exigência é importante na escolha de um auditor interno. A organização precisa assegurar que o auditor tem liberdade de predisposições e outras influências que podem afetar sua objetividade.

4.6 Análise crítica pela administração

A cláusula 4.6 na ISO 14001:2004 inclui algumas importantes mudanças para alinhamento com a ISO 9001:2000. O objetivo da cláusula é a mesma, mas a revisão explica de forma detalhada como a análise crítica fornece meios para alcançar a sustentabilidade contínua, adequação e eficácia do SGA. A revisão inclui entradas específicas para o processo de análise crítica (nem todas estavam na ISO 14001:1996), incluindo: •resultados das auditorias internas e das avaliações do atendimento aos requisitos legais e outros;•comunicação proveniente de partes

interessadas externas, incluindo reclamações;•o desempenho ambiental da organização;•extensão na qual foram atendidos os objetivos e metas,•situação das ações corretivas e preventivas,•ações de

acompanhamento das análises anteriores,•mudança de circunstâncias, incluindo desenvolvimentos em requisitos legais e outros relacionados aos aspectos ambientais; e•recomendações para melhoriaSaídas

específicas para a análise crítica incluem: melhoria contínua e decisão e ações para possíveis mudanças na política ambiental, nos objetivos, metas e em outros elementos do sistema da gestão ambiental, consistentes com o comprometimento com a melhoria contínua.

Fonte: Moura (2005b)

2.1.3 O modelo de integração ISO 9000 versus 14.000

Conforme mencionado acima, já existe uma base para a implantação da gestão

ambiental no EB, havendo uma sólida estrutura e cultura voltada para programas de

qualidade, com base na ISO 9000. Em 1992 o Estado- Maior do Exército iniciou o seu

(37)

Organizações do Exército, elaborando em 1996 um manual de ferramentas da

qualidade(EME, 1996), que possibilitou a disseminação da cultura no EB. Recentemente,

adotou o PEG-EB, como forma de melhorar sua gestão, sendo que a base do mesmo é a ISO

9000.

Segundo Viterbo Júnior (1998), a integração entre as normas ISO 9000 e 14000 deve

ser buscada como forma de reduzir esforços e recursos, bem como evitar as reações contrárias

de correntes de multiplicidade de programas em andamento na organização.

O autor considera que a gestão ambiental deveria ser utilizada pela organização como

a forma de administrar as relações entre suas atividades e o meio ambiente que as abriga,

considerando as expectativas das partes interessadas, comportamento utilizado também na

gestão pela qualidade total. Nesse caso, o foco da gestão ambiental é a empresa e não o meio

ambiente, o que exige uma mudança em seus produtos, processos e serviços buscando

reduções nos impactos ambientais por eles causados.

Empresas como a Coopersul, que obteve a certificação ISO 14001 em 1998, já havia

obtido a certificação pela ISO 9002, em 1996, e o Prêmio Nacional em Qualidade em 1997,

utilizou a integração como estratégia para a obtenção da certificação ISO 14001 e o alcance

dos objetivos ambientais1.

1Informação obtida no endereço

(38)

2.1.4 A gestão ambiental e a ecoeficiência

A utilização dos conceitos e práticas da ecoeficiência poderá dar uma dinâmica

desejável à implantação da Gestão Ambiental em áreas do EB, uma vez que está

voltada para o incremento da eficiência dos processos das organizações, resultando em

redução de custos e ganho ambiental, decorrente da redução dos resíduos e recursos

naturais utilizados.

Segundo Huang (2005), Secretário Geral do World Business Council for

Sustainable Development (WBCSD) da Republica da China, o termo “ecoficiência” foi

introduzido em 1992 pelo WBCSD através da publicação de seu livro Changing

Course, sendo endossado pela Conferência do Rio (Eco 92) como uma forma das

organizações implementarem a Agenda 21 no setor privado. Em Seu artigo o autor

menciona que de acordo com o WBCSD, a ecoeficiência é obtida pela entrega de bens

e serviços com preços competitivos que satisfazem as necessidades humanas e trazem

qualidade de vida, progressivamente reduzindo impactos ambientais dos bens e

serviços através de todo o ciclo de vida para um nível, no mínimo, em linha com a

capacidade estimada da Terra em suportar. Este conceito descreve uma visão para a

produção de bens e serviços que possuam valor econômico enquanto reduzem os

impactos ecológicos da produção. Em outras palavras, ecoeficiência significa produzir

mais com menos.

O conceito é aplicável a qualquer organização que deseje desenvolver suas

(39)

O mesmo autor esclarece que, segundo o WBCSD, a ecoeficiência está

assentada nos seguintes elementos:

• Reduzir o consumo de materiais com bens e serviços.

• Reduzir o consumo de energia com bens e serviços.

• Reduzir a dispersão de substâncias tóxicas.

• Intensificar a reciclagem de materiais.

• Maximizar o uso sustentável de recursos renováveis.

• Prolongar a durabilidade dos produtos.

• Agregar valor aos bens e serviços.

Dentre as vantagens para o EB que poderão advir da utilização da ecoeficiência

destacam-se as seguintes:

• Redução de custos devido a otimização do uso de recursos e da redução de capital destinado a infra-estrutura.

• Redução dos riscos e responsabilidades derivadas pela minimização dos danos.

• Condições ótimas de segurança e saúde ocupacional.

• Embora tenha características de organização voltada para a rotina, um aumento da eficiência e competitividade, em relação aos outros órgãos públicos que concorrem

para o recebimento de recursos orçamentários, favorecem a inovação.

(40)

• Melhor relacionamento com os órgãos ambientais, com a comunidade e a mídia.

2.1.5 A gestão de resíduos sólidos

De acordo com Viterbo Junior (1998), até o final da década de 60 a preocupação com

os resíduos originados da atividade industrial era mínimo, seja em relação ao volume gerado

ou aos locais e formas de descarte dos mesmos. A partir dessa época, com a crescente

industrialização, ficou claro que o excesso de poluição e a disposição inadequada de resíduos

poderiam ocasionar acidentes e danos ao meio ambiente.

Um dos graves problemas verificados não apenas no CIF, mas em particular na cidade

de Formosa, diz respeito à gestão de resíduos sólidos. Segundo depoimentos do senhor Telmo

Heinen- Secretário de Agricultura., Pecuária e Meio Ambiente de Formosa (GO), a cidade

não dispõe até o momento de um código de postura que discipline a coleta de lixo. É comum a

prática de depositar restos de construção diretamente nas ruas, o que, provavelmente,

contribui para o assoreamento do Córrego Josefa Gomes, que deságua na Lagoa Feia.

O carreamento de material sólido para a Lagoa Feia apresenta como efeito o

assoreamento da Lagoa Feia, com redução de sua extensão e morte parcial do braço que passa

por trás da guarda do CIF, pois com a sedimentação houve crescimento da vegetação.

Lima (s/d), em seu trabalho sobre resíduos mostra que a situação do Brasil é

dramática, em particular nas grandes cidades, onde as opções para a destinação final de

dejetos tornam-se cada vez mais escassas, fato comprovado em Formosa-GO, o que favorece

(41)

serviços de saúde, provocando impactos ambientais negativos. O autor mostra sua

preocupação com a falta de política efetiva para o setor que provoca, em curto prazo,

degradação ambiental e comprometimento da qualidade de vida da população.

A implementação da gestão ambiental no EB irá demandar conhecimento da

legislação vigente sobre a gestão do lixo, destacando-se os conceitos e práticas definidas nas

Normas técnicas NBR – 10004.

Segundo dados da revista eletrônica Ambiente Brasil (2005), os resíduos sólidos,

que representam o maior volume na área de estudo, compreendem a denominação genérica

para determinados tipos de lixo produzido pelo homem. São divididos em grupos, tais

como: lixos domésticos, comerciais e industriais, públicos e de fontes especiais, que são

aqueles que, em função de determinadas características peculiares, passam a merecer

cuidados especiais em seu acondicionamento, manipulação e disposição final, como é o

caso de alguns resíduos industriais antes mencionados, do lixo hospitalar e do radioativo.

Quando se fala em tratamento, cita-se o exemplo de Almeida (2003), que implantou

um projeto de reciclagem, com base no sistema de compostagem, no Regimento de Cavalaria

de Guarda, em Brasília, utilizando minhocas. O projeto mostrou-se viável e incorporou as

ações de planejamento2 previstas no Programa Excelência Gerencial do EB, contando com

parcerias de empresas privadas3. O projeto mostrou-se vantajoso sob o aspecto econômico,

uma vez que o produto da compostagem era comercializado e gerava receitas, sob o aspecto

administrativo, pois já não havia a preocupação com o destino a ser dado ao lixo, e também

2 O planejamento e a execução do projeto seguiu a metodologia prevista no PEG-EB, sendo montada uma matriz

(42)

educativo, por envolver grupos de militares no processo de reciclagem, e toda a Organização

Militar (OM) empenhada na seleção do lixo para que houvesse aumento da produção.

Quanto à geração de lixo hospitalar no CIF, os pequenos atendimentos médicos e

odontológicos realizados na seção de saúde daquela OM, e o emprego de materiais de uso

veterinário considerados como lixo hospitalar, utilizam materiais classificados como lixo

hospitalar, tais como: gazes, algodões, seringas descartáveis, curativos, recipientes de

remédios, pomadas, etc, que, sem dúvidas, requerem cuidados especiais para a sua

disposição.

Como observa Barbosa (2003) a disposição, coleta e tratamento dos resíduos

sólidos de saúde (RSS)– o chamado lixo hospitalar – tem sido alvo de grande

preocupação da sociedade moderna, que se mostra indignada ao saber que materiais como

seringas, agulhas, bisturis, curativos e bolsas de sangue contaminado, tecidos e partes

anatômicas de corpos humanos, bem como remédios e drogas vencidos, dentre outros,

todos integrantes de uma grande lista de resíduos gerados nos estabelecimentos de saúde e

órgãos congêneres, são depositados livremente em lixões, a céu aberto, onde ficam em

contato direto com catadores, animais e insetos.

O autor explica que o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), expediu

a Resolução n° 5/93, estabelecendo padrões de qualidade ambiental em relação ao RSS,

em consonância com a NBR 1004 (ABNT), classificando-os em quatro grupos: A – Risco

Biológico (sangue e hemoderivados, dentre outros); B – Risco Químico (drogas e resíduos

farmacêuticos); C – Risco Radioativo; e D - Comum (os resíduos não enquadrados nos

3 A Empresa Capital Recicláveis forneceu o material para a confecção de coletores próprios para o lixo do

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demais grupos). Por essa norma, o CONAMA recomenda a destruição dos materiais

enquadrados nos grupos A e B, através de incineração ou esterilização a vapor, de forma a

anular suas características físicas, químicas e biológicas; recomenda também o

cumprimento das normas do CNEN (Conselho Nacional de Energia Nuclear) quanto aos

resíduos radioativos do grupo C; e por fim a disposição dos demais materiais do grupo D

em aterros sanitários.

As Normas Técnicas consideram como lixos infectantes os Resíduos do grupo A

(apresentam risco devido à presença de agentes biológicos): sangue e hemoderivados;

excreções e líquidos orgânicos; meios de cultura; tecidos; órgãos; fetos e peças

anatômicas; filtros de gases aspirados de áreas contaminadas; resíduos advindos de área de

isolamento; resíduos alimentares de área de isolamento; resíduos de laboratório de análises

clínicas; resíduos de unidade de atendimento ambiental; resíduos sanitários de unidades de

internação e objetos perfurocortantes; provenientes de estabelecimentos prestadores de

serviços de saúde. Os estabelecimentos deverão ter um responsável técnico, devidamente

registrado em conselho profissional, para o gerenciamento de seus resíduos.

Outra questão a ser considerada no CIF, em relação ao lixo gerado, é quanto ao

óleo proveniente das manutenções de viaturas.

Foram criadas pela Agência Nacional de Petróleo portarias que disciplinam o

mecanismo de coleta de óleos lubrificantes usados, cujos conteúdos objetivam reforçar o

cumprimento da Resolução 9/1993, de 31 de agosto de 1993, instituída pelo CONAMA,

que foi revogada pela Resolução CONAMA nº 362, de 23 de junho de 2005. Esta

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instrumento prioritário para a gestão ambiental. Assim, todo o óleo lubrificante usado ou

contaminado deve obrigatoriamente ser recolhido e ter destinação adequada, de forma a

não afetar negativamente o ambiente, sendo proibido qualquer descarte em solos, águas

subterrâneas, no mar e em sistemas de esgoto ou evacuação de águas residuais.

Na página da CETESB, na internet, são encontrados alguns trabalhos que

destacam a importância do controle da poluição e do gerenciamento de resíduos,

conforme mostra a Figura 3.

Figura 3-Gestão Ambiental de resíduos

Fonte: CETESB (2005)

A figura 3 mostra esquematicamente um modelo de gerenciamento ambiental,

Imagem

Figura 1 - Motivação para proteção ambiental na empresa [organizações]
Figura 2- O Sistema de Gestão Ambiental segundo a ISO 14001  Fonte: ABNT. NBR ISO 14001 (1996, p.3)
Figura 3-Gestão Ambiental de resíduos  Fonte: CETESB (2005)
Figura 4- Estrutura Organizacional do EB  LEGENDA:
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Referências

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