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Exclusão Social: construções e desconstruções

construções e desconstruções conceituais

A construção da ideia de exclusão social revela o desafio de considerar a diversidade de olhares das diferentes áreas de conhecimento, a sociologia, a economia, a filosofia, a psicologia e demais áreas que voltam suas atenções a essa temática. Na medida em que se constitui em questão atual e necessária de ser trabalhada, a nossa intenção é o aprimoramento do conceito de exclusão social ao considerarmos a complexidade do fenômeno que ora se revela sob o prisma de um outro lado do mesmo panorama social, a inclusão.

A exclusão revela-se um processo de múltiplas faces e de complexidade significativa pelas dimensões variadas que abrangem questões materiais da população, a dimensão política, as dimensões vinculadas às relações, e a dimensão subjetiva atrelada a essa ideia (SAWAIA, 2001). É possível considerar que, sob essa óptica, a exclusão envolve o ser humano em suas relações sociais de maneira integral e que inclui o sentir-se discriminado e, portanto, podem inclusive construir sentimentos de revolta que participam da sua subjetividade. Dessa maneira, Sawaia (2001, p. 9) manifesta que “a dialética inclusão/exclusão” não deveria ser compreendida unicamente por intermédio da explicação econômica tendo em vista que sua legitimidade pode se manifestar no cotidiano social associada à afetividade, a identidade, a sociabilidade e também pela consciência do fenômeno.

Permitimo-nos a um „hiato cultural‟ antes de delinear objetivamente o conceito de exclusão social e inserimos a ideia de „necessidades humanas‟ também constituídas por diferentes vertentes. Caliman (2008) orienta a respeito

47 da construção do conceito de necessidades humanas do ponto de vista filosófico, bem como segundo a teoria utilitarista e na perspectiva econômica.

A busca da felicidade e da sabedoria seria a direção considerada pela filosofia helenística como a mais adequada na medida em que expande a ideia de necessidades humanas. Como premissa, considerava-se „buscar o prazer e evitar a dor‟ entre estoicos, cínicos e epicureus e, nesse sentido, a sabedoria tem ênfase de valor. Portanto, o sentido de liberdade fica atrelado à „rejeição de coisas‟ e valorização das concepções espirituais e da vida simples. Assim a forma de se encontrar a felicidade, segundo os estoicos, constitui-se pelo distanciamento do que é entendido como „externo‟, ou seja, o trabalho, a propriedade e o corpo que estão associados a „desejos e necessidades incontroláveis‟. Essa atitude teria como consequência a diminuição de sentimentos de frustração e dor. Por outro lado, os epicureus consideram que o homem evita a dor e procura o prazer por uma tendência natural. O prazer está associado à tranquilidade mental e, assim, viver a vida de acordo com a natureza, quando o homem, se exime das necessidades entendidas a ser como riqueza ou fama. Finalmente os cínicos apresentam o caminho para a felicidade a ser atingida por intermédio do controle dos desejos e aquisições materiais e por conduzir-se pelas necessidades naturais - as primárias, espontâneas e universais (CALIMAN, 2008).

Nesse sentido, as verdadeiras necessidades humanas estão ligadas à natureza e têm um caráter universal ao contrário das falsas necessidades impulsionadas pelos desejos, que se caracterizam como artificiais e podem levar à dor.

48 A Teoria Utilitarista tem suas origens no pensamento epicurista inspirado na filosofia helenística em que considera “o governo dos homens unicamente pela lógica egoísta do cálculo do prazer e da dor, dos seus interesses e de suas preferências” (CALIMAN, 2008, p. 35). Nessa vertente, o homem precisa controlar os seus desejos em detrimento da verdadeira necessidade (derivadas da natureza) e eliminar as falsas necessidades provenientes do consumismo.

Nessa perspectiva teórica é possível evidenciar que: 1. As motivações fazem parte das origens dos interesses individuais; 2. Em uma visão da teoria da motivação, as razões das ações humanas estão associadas às necessidades; 3. Quem determina a limitação da pressão das necessidades nos indivíduos é a liberdade; e 4. É importante o controle dos interesses individuais, tendo em vista que o homem „não sabe controlar-se sozinho‟ (p.37) e assim o papel da sociedade organizada politicamente se estabelece de maneira objetiva (CALIMAN, 2008).

Para Hegel (apud CALIMAN, 2008) existem dois princípios fundamentais da sociedade civil: o primeiro aponta para o reconhecimento das necessidades no indivíduo que, no entanto, só são satisfeitas ao dirigir-se aos outros, ao constituir as bases da sociedade civil (a família e as classes sociais) e o segundo que diz respeito ao Estado originário da universalidade de ideias e das representações presentes nos indivíduos.

Outro conceito considerado importante é o de necessidades sociais as quais são construídas pelos grupos durante as suas interações, sendo reconhecidas e confirmadas por esses, e transitam entre as necessidades naturais dos indivíduos e o Estado que busca o controle social. Hegel afirma que as inúmeras transformações das necessidades ao mesmo tempo em que

49 criam diferentes maneiras de respostas dos sujeitos também se distanciam das suas próprias ideias originais, cada vez mais abstratas.

Assim, a volitividade humana (HEGEL, apud CALIMAN, 2008), é reconhecida é a capacidade de discernimento e deliberação. No entanto, o autor considera que a liberdade se constitui pela concordância entre os interesses e necessidades individuais e a universalidade dos interesses dos grupos sociais. Como crítica à Teoria Hegeliana podemos verificar a multiplicação de necessidades e a impossibilidade de sua realização, o que, consequentemente, cria um aglomerado de pessoas na „marginalidade estrutural‟ que gera a pobreza social.

Marx, crítico reconhecido ao capitalismo, revela que o fato de o homem ser percebido como „rico em necessidades‟ não exime esse modelo político de desapropriar dele não apenas os bens necessários à sobrevivência, mas, sobretudo, a capacidade de perceber as suas próprias necessidades.

Vale enfatizar aqui o conceito apresentado por Marx de “Alienação” das necessidades pontuada assim: “... se refere ao processo por meio do qual, no capitalismo, o homem é privado de sua riqueza humana em benefício da riqueza material” (HELLER, apud CALIMAN, 2008, p. 41). A alienação pode ser percebida, segundo Caliman (2008) pela separação entre o homem e sua produção no trabalho o que gera o distanciamento entre os indivíduos e suas necessidades quando supervaloriza o lucro. A satisfação das necessidades não é objetivo do capitalismo, sendo assim, a alienação das necessidades faz parte do capitalismo.

A dinâmica capitalista se constitui assim: na medida em que a prioridade é o lucro, as necessidades não são satisfeitas e então quem tem a posse dos

50 meios de produção ampliam suas riquezas enquanto que o operário mantém a troca entre sua força de trabalho pela sobrevivência (SPRINGBORG, apud CALIMAN, 2008).

Marx também apresenta conceitos relacionados a tipos de necessidades por ele percebidas:

a) Necessidades naturais – envolvidas com o caráter histórico-cultural próprio do ser humano, estas estão direcionadas para a sobrevivência e o sustento dos sujeitos (não corresponde ao instinto animal).

b) Necessidades essenciais – vinculadas às tradições, aspectos culturais e morais dos grupos e dos indivíduos. Propiciam um reconhecimento de pertença em determinada classe social ou sociedade.

c) Necessidades sociais – são necessidades socialmente produzidas e que têm consonância com a classe social na qual participa, onde a contribuição individual também é percebida nos grupos.

d) Necessidades radicais – estas surgem em meio ao crescimento da pobreza e da miséria como resposta à incompatibilidade entre as forças produtivas e as relações de produção capitalistas.

Ainda em relação ao entendimento a respeito do termo „necessidades‟ é importante delimitarmos uma diferenciação no conceito dessa palavra que no séc. XI era considerada uma justificativa para um ato. Antes desse período a associação era feita à condição de miséria ou à privação (ALBOU apud CALIMAN, 2008). A partir da Revolução Industrial essa nomenclatura passa a ser utilizada no sentido de „exigências‟ sociais e da própria natureza, que passam a ser percebidas pelos sujeitos.

51 Do ponto de vista econômico (liberalismo), a necessidade demonstra a sua saciação por intermédio do consumo que mobiliza e direciona os mecanismos de produção de bens para essa prática social. Por outro lado, as forças produtivas são orientadas para a criação de novos objetos em prol da satisfação das necessidades de consumo (capitalismo).

Em um panorama atual, ao vigorar o liberalismo e fomentar o neoliberalismo, os países considerados de economia emergentes experienciam dois aspectos, a interdependência entre os mercados internacionais e ao mesmo tempo, a delimitação do acesso de grandes faixas populacionais ao mercado de trabalho, nas quais se encontram os excluídos socialmente (os desocupados, os que participam do mercado informal ou ilegal, os sujeitos sem qualificação profissional, as pessoas com problemas de saúde, entre outros).

Como as necessidades são satisfeitas do ponto de vista econômico? Freund (apud CALIMAN, 2008) nos apresenta a seguinte dinâmica:

1) As necessidades partem em sua origem de uma força biológica e, portanto da natureza. Na medida em que a história dos sujeitos se constitui, esse dado se transforma em dado cultural (“realidade não-econômica que fundamenta a economia”, p. 48);

2) O dado subjetivo está relacionado ao desejo que corresponde a “uma representação da carência e da antecipação da satisfação” (p.48) é intrínseco a escolha do sujeito;

3) Das representações, normas compartilhadas e costumes sociais surgem os valores que constituem referencial para eleger o objeto apto a satisfazer; 4) Para a ação, ao ato de escolha, tem-se como pressuposto haver a consciência desse desejo e o aspecto volitivo do indivíduo (elementos da subjetividade);

5) Como fator motivacional é considerado o desejo que provoca o comportamento por intermédio de diferentes ações orientadas para que o sujeito consiga o objeto de escolha. Essas ações são reconhecidas e

52 compartilhadas, podendo, portanto constituir uma cultura social aceita, que o grupo, consequentemente, passa a desenvolver mediante, hábitos, técnicas e regras da sociedade na qual participa;

6) Na medida em que a satisfação acontece, as sensações de bem estar favorecem novas motivações para a construção de novas necessidades. As instituições religiosas, econômicas e políticas procuram facilitar e, ao mesmo tempo, controlar o acesso ao que é considerado fundamental para a realização das necessidades dos sujeitos. Apresentamos essa dinâmica no gráfico 1 a seguir:

Figura 1: Dinâmica a respeito de como as necessidades são satisfeitas (FREUND, apud CALIMAN, 2008).

Necessidades (biológicas) Bem estar Novas Desejo Necessidades

Fator motivacional Valores

Desejo

Consciência Vontade

Chama-nos a atenção o fato da consciência (juízo subjetivo) do sujeito ser lugar de confronto entre os desejos (fator de motivação) e os aspectos essenciais escolhidos e reconhecidos pelas normas e pelos valores da sociedade. Também ressaltamos que é lugar de intervenção educativa, segundo Caliman (2008) quando os indivíduos conseguem avaliar as diferentes

53 dimensões (política, religiosa, psicológica, econômica, social e outras) entre os seus desejos e sua escala de valores prioritários.

O estudo das necessidades humanas tem considerado (FISCHER, 1992 apud CALIMAN, 2008) três concepções a respeito do assunto em pesquisa: a perspectiva objetivista ou naturalista (correntes funcionalistas e positivistas) cuja base teórica se apoia na procura pelo prazer e conseqüente evitar da dor (estímulo-resposta); a concepção subjetivista ou socializante em que as necessidades são compreendidas como o produto das relações humanas na sociedade e construídas na interação entres os sujeitos (corrente interacionista e etnometodológica). E, por fim, a perspectiva realista (une objetivista e subjetivista) ao conceber o ser humano como em contínua busca da realização das próprias potencialidades específicas ao humano e, portanto, vinculadas ao cognitivo e ao espiritual do sujeito, sujeito esse o ator social e com autonomia para a construção cultural e da estrutura social do seu grupo.

Na construção do conceito de necessidade, alguns elementos são considerados:

a) A subjetividade – a necessidade é considerada como „imanente‟ ao sujeito que a identifica ou mesmo sem a identificar;

b) A urgência e tensão – a necessidade se coloca ao sujeito como uma exigência tanto do próprio sujeito (condições de sobrevivência) bem como relacionadas ao contexto social e dizem respeito a sua liberdade de escolha que podem ser orientadas aos valores e a realização do ser humano;

c) A proatividade – a intencionalidade própria dos sujeitos como tensão voltada para a realização da pessoa humana;

54 d) A plasticidade – as necessidades sofrem contínuas e paulatinas mudanças, de acordo com as diferentes modalidades de satisfação dessas;

e) A organização – como característica, a organização compõe o dinamismo das necessidades humanas em prol do fornecimento de recursos que visam à sobrevivência dos sujeitos.

Conhecer as suas características, das necessidades humanas, nos remete à importância de conhecermos a tipologia destas a que, no momento, nos atemos:

Existem as necessidades materiais (que dizem respeito à biologia do ser humano) como a necessidade de comer, de dormir, etc. relacionados ao nível pessoal. E temos em nível social as necessidades de educação, de alimentação, de habitação, de trabalho, bem como de crenças e de pertença de grupo. Além dessas, verificam as necessidades pós-materiais que estão atreladas à nossa condição de participante da sociedade e pelo que nos constituímos com características associadas à responsabilidade social e das realizações da pessoa humana em geral (nível social). Em nível pessoal (pró- materiais) existem as necessidades de afetividade, de conferir sentido à sua vida, de aspectos da autoestima do sujeito que correspondem às necessidades existenciais (CALIMAN, 2008, grifo nosso).

Existe outra categoria de „necessidades‟ ressaltada pelo autor como importante na formação do sujeito adulto, na evolução desse processo do sujeito – as necessidades formativas, tanto relacionadas ao contexto social (busca pelo conhecimento, pela formação profissional, por segurança, etc.)

55 quanto no âmbito existencial (necessidade de independência, de amor, de participação, de significado da sua vida) (POLETTI, 1988, apud CALIMAN, 2008, grifo nosso). A falta de realização das necessidades formativas pode gerar segundo Caliman (2008) reações individuais ou de grupo relacionadas à agressividade; ações marginalizantes, possíveis fugas da realidade e até a aceitação dessa condição de marginalizante.

Consideramos essencial apresentar o conceito de marginalidade apontado por Gallino (1978, apud Caliman, 2008):

Situação de quem ocupa uma posição localizada nos pontos mais externos e distantes, seja de um distinto sistema social, seja de mais sistemas pertencentes à mesma sociedade, em uma posição considerada fora de um dado sistema de referência, mas em contato com ele, ficando o sujeito excluído tanto da participação nas decisões que governam o sistema nos seus diversos níveis – decisões essas que são tomadas geralmente a partir

das posições centrais – quanto do gozo dos recursos, das garantias, dos

privilégios que o sistema assegura para a maior parte de seus membros, mesmo tendo (o indivíduo marginal) análogo direito formal e/ou substancial a ambas as coisas do ponto de vista dos valores mesmos que orientam o sistema (p.111-112).

Nesse sentido, entende-se por sistema social um setor da sociedade, e, portanto mais restrito, que apresenta uma legitimação e organização e que representa a sua própria racionalidade interna, sendo a sociedade o conjunto de grupos humanos, independentemente da forma de organização do sistema social.

Outro ponto de vista é a diferença entre marginalização e marginalidade: “na marginalidade „é um status fora dos confins do sistema (...), a marginalização é um processo no qual o indivíduo e grupos são expulsos e se encontram isolados no sentido negativo dentro do sistema social ao qual pertencem e do qual continuam a depender‟” (CATELLI, 1987, apud CALIMAN, p.112). Quem compõe o objeto da marginalidade é a exclusão dos privilégios,

56 dos recursos sociais, dos direitos humanos originada pela falta de acesso de participação dos sujeitos a essas necessidades fundamentais. Dessa maneira a exclusão, de acordo como o autor, evoca a condição de pobreza dos excluídos das condições de sobrevivência (necessidades fundamentais).

Para Wanderley (2001) coexistem no nosso país variadas causas relacionadas a pobreza e a exclusão, sem esquecermos da matriz escravista brasileira que mapeia todo o processo histórico da nossa sociedade e explicita, em relação a pobreza e ao pobre, explicações de como a sociedade brasileira tratou a questão social. A passagem do termo pobreza para exclusão tem o significado associado, de certa maneira, a ideia de que a desigualdade social não pode mais ser entendida como um processo temporário (NASCIMENTO, 1995, apud WANDERLEY, 2001).

De qualquer maneira, a compreensão da exclusão social é preciso ser percebida ao levarmos em conta o espaço (e o tempo) de referência que provoca a chamada „rejeição‟, categoria considerada fundamental nesse contexto (WANDERLEY, 2001).

No momento, retomamos o conceito de exclusão social depois de algumas considerações pertinentes e relacionadas ao entendimento social a respeito de necessidades humanas até chegarmos a questões que vinculam as condições sociais ao sujeito considerado excluído.

No nosso contexto brasileiro, Sposati (1996, p. 36) nos trás a ideia de exclusão social da seguinte maneira:

A desigualdade social, econômica e política na sociedade brasileira chegou a tal grau que se torna incompatível com a democratização da sociedade. Por decorrência, tem se falado na existência da apartação social. No Brasil a discriminação é econômica, cultural e política, além de étnica.

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Este processo deve ser entendido como exclusão, isto é, uma impossibilidade de poder partilhar o que leva à vivência da privação, da recusa, do abandono e da expulsão inclusive, com violência, de um conjunto de significativo da população, por isso, uma exclusão social e não pessoal. (...) Esta situação de privação coletiva é que se está entendendo por exclusão social. Ela inclui pobreza, discriminação, subalternidade, não equidade, não acessibilidade, não representação pública (p. 36).

Para a autora, a condição de excluído não é permanente, mas, sobretudo é importante a identificação das nossas capacidades de indignação e de inconformismos. Ela reforça a presença do estigma e da discriminação como mecanismos de apartação da inclusão e da importância de conhecer o significado desses para os sujeitos que deles sofrem (SPOSATI, 2006).

O conceito de „apartação social‟ proposta por Buarque (1993) considera o outro como um ser „à parte‟, um fenômeno de separação entre “não semelhantes” em todos os sentidos, dos serviços da sociedade, dos meios de consumo, e outros processos sociais de inclusão. É importante entender que „pobreza não significa, de maneira absoluta, exclusão‟ ainda que sirva de canal condutor, em alguns casos. É sabido que essa condição de pobreza rompe vínculos sociais e revela precariedades dos grupos sociais. A pobreza assume diferentes dimensões nas quais ressaltamos os apontados clássicos pobres dentre eles os indigentes, analfabetos ou subnutridos de uma população sem acesso ao mercado de trabalho, como os imigrantes nessas condições. Além da falta de acesso aos serviços governamentais também existe para essa camada social a ausência de poder, daí a aproximação entre o conceito de pobreza e a sua associação com a exclusão. A ideia de exclusão pode percorrer a trajetória da instabilidade no trabalho ou da fragilidade de vínculos sociais significativos como os da família, da comunidade e até das instituições sociais (BUARQUE, 1993) – são as diversas faces da exclusão.

58 O fenômeno da exclusão social tem sido „naturalizado‟ e o estigma compreendido como mecanismo que serve para promover o ciclo de reprodução da exclusão representada pela “aceitação” dos grupos sociais a respeito da sua permanência, portanto o próprio excluído manifesta comportamentos de conformidade. Por um lado, a sociedade que se mostra com fragilidade em seus laços vinculares e por outro, a exclusão com características de fatalidade associada ao conformismo social, como consequência também da fragilidade daqueles vínculos grupais (ESCOREL, 1995, apud WANDERLEY, 2001).

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