• Nenhum resultado encontrado

EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DO PIS

No documento no Serviço de Urgência (páginas 71-79)

II. PROJETO DE INTERVENÇÃO EM SERVIÇO (PIS)

4. EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DO PIS

A execução e avaliação do projeto decorreram durante o período estipulado pela ESS e de acordo com o plano de estudos do 1º Mestrado em Enfermagem Médico-cirúrgico durante o estágio III. Durante o desenvolvimento do PIS esteve sempre presente a sua finalidade, a de contribuir para cuidados culturalmente competentes. Partindo deste pressuposto foram definidos objetivos, desenvolvidas atividades para a sua concretização e decididos indicadores de avaliação e utilizados os recursos ao nosso alcance. Assim empregando uma metodologia descritiva iremos analisar e avaliar de forma crítica cada objetivo e relatar as atividades e os recursos utilizados para atingir os objectivos assim, como o projeto na sua generalidade.

A avaliação do projeto é um processo contínuo, organizado e metódico que, partindo da recolha de dados e da sua análise, permite intervir para melhorar a relação entre o projeto e o problema,esta deve fornecer os elementos necessários que possibilitem redefinir a análise da situação, aferir em que medida os objetivos definidos estão adequados, a seleção e adequação dos meios utilizados, a eficiência ou seja a gestão dos recursos e meios para atingir os objetivos, descobrir novas necessidades de intervenção, realizar ajustamentos à medida das falhas ou necessidades detetadas e eventualmente definir novos objetivos ou estratégias (Ruivo, Ferrito, Nunes, & Estudantes, 2010).

Considerando que o projeto é um processo dinâmico, durante a fase de diagnóstico, planeamento e execução, houve vários momentos avaliativos.

Na construção da ferramenta de diagnóstico foi necessário ponderar qual a mais adequada, tendo sido eleito, após análise, o questionário com perguntas fechadas como o mais apropriado para o estudo em causa por ser, segundo alguns autores, o mais indicado para situações delimitadas no tempo e mais objetivas. Foi utilizada escala tipo Linkert, para que os enfermeiros pudessem responder às questões através de uma escala gradual, conforme o seu posicionamento pessoal, de acordo com o objetivo pretendido pelo autor, tendo em conta a recolha de informação que colaborasse na tomada de decisão e que permitisse a confirmação da pertinência do estudo.

Foi também ponderada a ferramenta de gestão a utilizar, tendo-se escolhido a análise SWOT de forma a considerar alguns aspetos mais pertinentes do projeto, as suas forças e fraquezas e corrigidas estratégias de acordo com os resultados obtidos.

Pág. 72 Foram contemplados aspetos como a adequação do tempo entre as várias fases do planeamento.

Foi essencial refletir sobre a importância do projeto para o SUG e para os enfermeiros, pesando as vantagens e impacto do planeamento e da resolução do problema para a qualidade dos cuidados culturais prestados aos doentes do SUG.

Em toda as fases do projeto foram efetuadas avaliações constantes e registos frequentes das atividades realizadas, de forma a constituir um guião para edificação do projeto. Momentos de reflexão e de avaliação constituíram também as reuniões com a Senhora enfermeira coordenadora do SUG, senhora enfermeira orientadora e coorientadora e senhora enfermeira tutora, que desempenharam uma atitude interativa de orientação e acompanhamento, condições tão necessárias para o reajustamento do planeamento do projeto e da delineação de estratégias e objetivos e para a sua materialização.

Para a concretização dos objetivos definidos para este projeto foi necessário a planificação de atividades/estratégias, a escolha destas deve secundar diretamente com os objetivos delineados, (Ruivo, Ferrito, Nunes, & Estudantes, 2010). Sempre que se justificou, uma vez que o projeto se afigurou como um processo dinâmico, foram consideradas e realizadas alterações das estratégias, para isso foi fundamental a ponderação e reflexão sobre a ação nas várias etapas de forma a não comprometer os objetivos determinados.

Em todos os objetivos específicos uma das estratégias definidas foi a pesquisa bibliográfica que se constituiu como uma prioridade e um fio condutor ao longo de todo o projeto e que permitiu o aporte de conhecimentos necessários para o planeamento e realização do mesmo.

A revisão da literatura incidiu sobre o tema em estudo, consultando a bibliografia disponível na biblioteca da ESS, na biblioteca do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) e da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Nova, incluiu também a utilização de motores de busca (B-on; MedLine; Cuiden; EmBase; Medscape) na pesquisa de sites científicos. Os enfermeiros constituem o maior grupo de prestadores de cuidados de saúde e os seus cuidados influenciam os resultados de saúde das pessoas, deste modo devem-se utilizar conscienciosamente critérios da melhor evidência cientifica disponível para a tomada de decisões sobre os cuidados a prestar a cada pessoa doente, (Ferrito, 2007).

Há que referir também os aportes teóricos em sala de aula, nas unidades curriculares Filosofia, Bioética e Direito em Enfermagem; Enfermagem Médico-cirúrgica I e II, Gestão de processos e Recursos, entre outros, igualmente necessários para a nossa construção enquanto enfermeiros especialistas e edificação do projeto.

Pág. 73 De seguida faremos uma descrição e avaliação sumária de cada um dos objetivos.

- Criar Glossário temático sobre aspetos e termos culturais da etnia cigana.

As atividades desenvolvidas decorreram de outubro de 2011 até junho de 2012, conforme previsto no cronograma, a elaboração do glossário temático (apêndice IX) foi concluída após reuniões com os recursos humanos envolvidos e alterações realizadas de acordo com sugestões apresentadas pelos mesmos. Após aprovação de enfermeira coordenadora do SUG foi impresso o glossário e divulgado à equipa de enfermagem do serviço acima citado, em junho de 2012 durante ação de formação realizada no âmbito do quarto objetivo.

Costa e Melo (1975, p. 716) definem Glossário como “um dicionário de termos técnicos de

uma arte ou ciência “, este torna-se importante pois permite explicar certas palavras pouco

conhecidas, neste caso, este glossário foi construído com a finalidade de partilhar com os enfermeiros do SUG alguns conceitos e termos linguísticos da cultura cigana com o objetivo de melhorar o conhecimento acerca desta comunidade. O conhecimento dos códigos culturais que estas comunidades apresentam como por exemplo a linguagem, as tradições e os costumes é uma condição importante para o reforço da interculturalidade nos serviços de saúde, (Fundación Secretariado Gitano, 2007).

- Elaborar um guia de acolhimento destinado aos doentes/ famílias de etnia

cigana do SUG.

No empenho de solucionar um dos problemas parcelares - inexistência de documento de acolhimento relativamente ao funcionamento do serviço de urgência vocacionado para indivíduos de etnia cigana - foi pensado como segundo objetivo específico a conceção de guia de acolhimento (apêndice X).

Segundo Costa e Melo (1975, p. 25) o termo acolhimento é definido como “acto ou

efeito de acolher; hospitalidade, recepção” e Cardoso e Pinto (2002, p. 12) referem que, “Um acolhimento caloroso, a prestação de informações úteis ao doente e a identificação das suas expectativas e preocupações podem diminuir a sua angústia e ansiedade e ajudar a construir uma relação de confiança e de ajuda”, a finalidade do guia de acolhimento, além de ajudar o

doente e a família a eliminarem sentimentos negativos foi também, de os informar acerca dos aspectos organizacionais da instituição/serviço de saúde.

Pág. 74 Na elaboração deste guia, tivemos assim em conta o conceito de humanização, pretendeu-se que a sua criação contribui-se para um atendimento personalizado e que funcionasse como um veículo de transmissão de informação e como um meio de aproximação entre o serviço/enfermeiro e o doente/família. Toda a informação importante sobre o desempenho das instituições prestadoras de cuidados e informação de carácter normativo devem estar acessíveis ao público, e a produção e difusão desta informação deve incluir na sua criação elementos do público a que se destinam, (Plano Nacional de Saúde, 2010).

Em relação a este objetivo específico, as atividades transcorreram igualmente no espaço temporal de outubro de 2011 até junho de 2012. Foram realizadas algumas reuniões nomeadamente com enfermeira orientadora, coorientadora, responsáveis por formação em serviço e enfermeira coordenadora do SUG para apresentação do documento e recolha de sugestões e orientações.

Procedeu-se igualmente à recolha de opinião junto dos doentes/famílias de etnia cigana, de forma a considerá-los como parceiros do projeto e não só como recetores de cuidados, um doente mais informado sobre as normas do serviço de urgência, bem como dos seus direitos e deveres, pode participar efetivamente no esforço melhoria que se deseja, este direito à informação está consignado na Carta dos Direito e Deveres Do Doente.

Nesta atividade salientamos os encontros informais com os responsáveis de equipa de enfermagem e enfermeiros, nos finais da passagem de turno, com a finalidade de recolha de opiniões e sugestões e eventuais alterações ao guia, daqui surgiram alguns melhoramentos que foram levados em consideração na elaboração final.

O guia de acolhimento foi pensado para a população em causa e de forma a transmitir informação de maneira simples e clara, foi construído com base em alguns parâmetros; pouco texto, pouca informação e linguagem concisa e concreta. Foram consultados outros trabalhos já existentes conjuntamente com subsídios bibliográficos, tendo existido a preocupação de adequar o conteúdo às características do serviço de urgência e à especificidade da comunidade em causa.

Após recolha de contributos dos pares e doentes e sugestões de enfermeira tutora, foram feitos melhoramentos em termos gráficos e de conteúdo

Após execução do documento final, foi pedido aprovação à enfermeira coordenadora do SUG.

O documento definitivo foi apresentado e divulgado no momento de ação de formação já mencionada.

Pág. 75 De uma forma geral a equipa de enfermagem considerou que o guia de acolhimento estava bem construído e dimensionado para as necessidades da população em causa.

O guia de acolhimento foi realizado em layout hospitalar e enviado para aprovação do gabinete de gestão de qualidade e posteriormente da administração hospitalar, aguardando neste momento a referida aprovação para a sua implementação.

- Formar a equipa de enfermagem.

No seu encontro com o doente/família/comunidade é necessário ao enfermeiro formação; formação técnica, formação humana, científica e cultural que este deve realizar ao longo da sua vida, de forma a adquirir novos conhecimentos e a manter uma constante atualização da prática, o contínuo processo de aprendizagem promove o desenvolvimento profissional, o crescimento pessoal e desenvolve competências promotoras da qualidade dos cuidados, (Benner, 2003).

De forma à concretização deste objetivo planeámos uma ação de formação em serviço sobre a especificidade cultural dos doentes de etnia cigana e comportamentos perante a saúde/doença, Ferreira refere que “(...) planear é essencialmente, fazer o retrato mental de uma

realização futura.“ (Ferreira, 1999, p. 130).

Na fase de planeamento da formação foi considerada a população alvo a que se destinou a sessão para que se pudesse adequar os conteúdos e a linguagem utilizada, do mesmo modo consideraram-se os aspetos logísticos, isto é onde o local onde iria acontecer a sessão e quais os materiais necessários. Ao planear a sessão pretendeu-se dar resposta às questões emitidas por Sousa “(...) formar quem, formar quando e formar onde?”, (Sousa M. , 1973, p. 101).

Foi definido como objetivo geral da ação de formação:

Sensibilizar a equipa de Enfermagem do SUG do Hospital X, para a importância da prestação de cuidados culturalmente congruentes aos doentes/famílias de etnia cigana.

E como objetivos específicos:

- Apresentar o projeto de intervenção em serviço. - Divulgar resultados do questionário efetuado.

- Partilhar conceitos de Enfermagem multicultural e transcultural.

- Transmitir conhecimentos acerca do povo cigano e seu comportamento perante saúde/doença.

Pág. 76 Efetuámos reuniões com enfermeira coordenadora do SUG e enfermeiras responsáveis por formação, para calendarização de ação de formação e igualmente com enfermeira orientadora e coorientadora para discussão de aspetos relacionados com a mesma, foram feitas algumas alterações relacionadas com a ordem de apresentação dos conteúdos.

Na calendarização da ação tivemos alguma dificuldade de forma a não coincidir com as ações apresentadas com restantes alunas do mestrado e a não sobrecarregar os enfermeiros do SUG. Realizámos o planeamento da sessão de formação (apêndice XI) e construímos diapositivos (apêndice XII) de acordo com o tema pretendido e acima referido.

A ação de formação foi divulgada através de cartaz preexistente no SUG, afixado no gabinete de enfermagem com a seguinte informação: Tema da formação, data, hora, local, tempo previsto, grupo destinatário e nome do formador, uma semana anterior à data prevista.

A sessão formativa foi realizada no dia 25 de junho de 2012 na sala de enfermagem e no período estabelecido em cronograma, cumprindo a temporalidade prevista e plano determinado. A sessão foi de aproximadamente de 40 minutos e realizada entre as 14:30 e as 15:10 horas, por este horário permitir que parte dos enfermeiros do turno da manhã e da tarde assistissem à formação. As estratégias utilizadas na sessão de formação encontram-se referenciadas em apêndice XI (plano de sessão de formação).Como recursos materiais e meios auxiliares optámos pela elaboração de

slides no Microsoft Power Point, apresentados através de projetor multimédia.

Na formação participaram vinte enfermeiros do SUG, enfermeira coordenadora, enfermeiras responsáveis por formação e coorientadora, estes demonstraram interesse no tema e no final da sessão foi criado um espaço de reflexão sobre diversidade cultural, focalizando a especificidade da comunidade cigana, partilhando experiências e esclarecendo dúvidas, foi aproveitada a oportunidade de reforçar junto dos pares a importância da disponibilização de guia de acolhimento, aos familiares e doentes aquando do internamento em SO e UIPA. Foi gratificante constatar a atitude motivadora da enfermeira coordenadora perante a pertinência e inovação do projecto.

No decorrer da formação, divulgámos formalmente o projeto de intervenção à equipa de enfermagem, o resultado dos instrumentos aplicados, assim como os documentos: guia de acolhimento e glossário temático.

A avaliação da ação de formação foi efetivada em conformidade com os parâmetros constantes no impresso mod.6/08 (apêndice XIII) do Núcleo de Investigação e Formação em

Pág. 77 Enfermagem do Hospital X. Dos resultados da avaliação que se encontram em apêndice XIV pode- se concluir uma avaliação geral qualitativa de excelente.

Importa referir também a Participação em Seminário Internacional no dia 15 de março de 2012, submetido ao tema “Ciganos Portugueses, Olhares Plurais e Novos Desafios numa Sociedade em Transição” que decorreu no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE.IUL) e que comtribuiu para desenvolver uma reflexão multidimensional e interdisciplinar sobre a situação presente dos ciganos portugueses.

- Identificar profissional de referência para a comunidade cigana e descrever as

suas competências.

Neste objectivo, recorremos novamente à pesquisa bibliográfica a fim de consolidar os conhecimentos até aqui adquiridos acerca da cultura cigana e das competências de mediação.

Outra atividade relacionada com o quarto objetivo específico, foi a visita a um Hospital Pediátrico com a finalidade de conhecer o papel do mediador cultural para os doentes de etnia cigana e as estratégias de resolução de conflitos.

Para tal, realizámos uma entrevista semi estruturada ao mediador cultural da instituição supra mencionada, onde ficamos a conhecer o papel desempenhado por um mediador cultural e a sua área de intervenção.

Para a realização da entrevista foi elaborado um guião de entrevista que se encontra em apêndice XV,esta foi efetuada no dia 4 de Junho de 2012, ao Sr. B O, mediador cultural do Hospital Pediátrico (o apêndice XVI consiste na transcrição de entrevista).

Na continuidade da persecução deste objetivo reunimos com enfermeira coordenadora do Serviço de Urgência e enfermeira responsável de formação em serviço, enfermeira orientadora e coorientadora e enfermeiros chefes de equipa, no sentido de serem aferidas estratégias para criação do profissional de referência para a comunidade cigana, tendo ficado decidido consensualmente que seria a autora do PIS a constituir-se como profissional de referência pois reunia as condições fundamentais; é coordenadora de equipa de enfermagem o que facilita a interligação com os outros elementos de direção e equipe geral, avalia regularmente os cuidados de enfermagem com restante equipa e pode apresentar-se como elemento facilitador da comunicação entre a instituição e as famílias de etnia cigana devido ao seu papel de coordenação.

Por outro lado a materialização do projeto e a pesquisa bibliográfica envolvida facultaram- lhe o referencial teórico e o background necessário que permitirão evidenciar e fundamentar as suas

Pág. 78 intervenções com os doentes/famílias de etnia cigana. Como enfermeira mais velha e com mais experiência pode evitar eventualmente o constrangimento de não ser do sexo masculino e de não pertencer à comunidade cigana.

Para a construção do perfil do enfermeiro de referência foram consultados os enfermeiros responsáveis de equipas de enfermagem do SUG, enfermeiro orientador e coorientador; a partir das sugestões apresentadas foram realizadas as alterações e correções necessárias até ao consenso e definição final. Foi assim construído um documento com o quadro de descrição de competências a partir da adaptação do documento emitido pela Ordem dos Enfermeiros em 2003 e pela revisão bibliográfica que se encontrou disponível sobre o tema (apêndice XVII).

A elaboração do perfil de competências do enfermeiro de referência para a comunidade cigana decorreu essencialmente da caracterização das competências profissionais do enfermeiro de cuidados gerais visto que estas competências são transversais a todos os enfermeiros independentemente do campo de ação e contexto de desempenho profissional, (Carrondo, 2006). Salientamos que o profissional de referência e o respectivo quadro de competências foram apresentados à equipa de enfermagem, no decorrer da formação em serviço que se realizou a 25 de junho de 2012, no âmbito do 3º objectivo.

Pág. 79

No documento no Serviço de Urgência (páginas 71-79)

Documentos relacionados