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1 O EXEMPLO DAS REPÚBLICAS DOS ESTADOS UNIDOS E DA FRANÇA

No documento A educação republicana em Condorcet (páginas 53-62)

A felicidade pública, no sentido em que é configurada por Condorcet, depende do gozo de direitos. Ou seja, ao povo o que mais interessa é que seus direitos se efetivem. É a prática da cidadania que sugere pensar o bem-estar comum no horizonte de uma distribuição mais igual do gozo de direitos. É defensável, dessa maneira, que a instância da economia seja

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Arendt (2004) indica que, diferentemente do que se propaga na tradição em que prospera o preconceito moderno segundo o qual a política constitui uma necessidade imperiosa oriunda da natureza humana, a política só começa no momento em que cessa o predomínio das necessidades materiais e da força física. Uma vez que o homem depende dos outros em sua existência, ele encontra vantagens na condição política de convivência. A política trata da convivência entre os diferentes e da organização dos homens para certas coisas em comum. Para a filósofa, o homem não é essencialmente político e a política não corresponde a uma atividade que brota da intimidade de cada homem, senão que surge no entre-os-homens, totalmente fora, portanto, dos homens, estabelecendo-se como relação. Contra a possível determinação e distinguibilidade do futuro está, indica Arendt, o fato de que o mundo se renova a cada dia por meio do nascimento e, pela espontaneidade dos recém-chegados, está sempre se comprometendo com um novo imprevisível. Apenas quando os recém-nascidos são privados de sua espontaneidade, de seu direito a começar algo novo, é que o curso do mundo pode ser previsto de maneira determinística. Arendt avalia que os preconceitos opostos a uma compreensão teórica daquilo que de fato está em jogo na política dizem respeito a quase todas as categorias políticas nas quais estamos habituados a pensar, mas, sobretudo, à categoria do meio-objetivo, segundo a qual a coisa política corresponde a um fim situado fora de si mesmo; à concepção de que o conteúdo da coisa política é a força; e, ainda, à convicção de que o domínio é o conceito central da teoria política. Arendt recupera a noção de dignidade da política e os fatos jurídico- normativos estabelecidos pelas grandes revoluções do século 18, ou seja, explicita sua compreensão de política ao mesmo tempo em que expõe suas ideias a respeito da educação, um instituto, segundo a autora, essencial para que o mundo dos adultos seja apresentado responsavelmente às crianças.

entendida como artifício do homem, relacionada com a satisfação de suas necessidades, sejam elas fictícias ou não. A economia é útil às associações políticas de indivíduos e aos negócios entre nações na medida em que, regulada e vigiada, se ajusta à exigência de que a igualdade social se efetive, o que implica reconhecer que o critério racional da igualdade constitui um propósito político para os membros de uma nação.

A felicidade e a prosperidade de um povo, assinala Condorcet (1945a), não aumenta com a desgraça ou a debilidade de seus vizinhos. A felicidade pública, pelo contrário, se amplia com a prosperidade dos outros povos, com o exemplo de boas leis, da repressão de abusos, de novos meios de indústria, enfim, de todas as vantagens que podem nascer da comunicação das luzes. A massa de gozos comuns e a facilidade de reparti-los com mais igualdade representa, segundo o filósofo, para todos os povos, o efeito necessário do progresso de cada um deles. Excepciona essa regra, atenta Condorcet, o caso de um povo que, extraviado por uma falsa política, fatigue seus vizinhos com sua ambição e busque, por meio de guerras, monopólios ou leis proibitivas do comércio, dar-lhe, a suas próprias expensas, um poder perigoso e uma prosperidade inútil.

O autor explicita no texto “Sobre o sentido da palavra revolucionário42” que o termo,

em seu sentido geral, exprime tudo o que pertence a uma revolução. A revolução Francesa teria constituído pela primeira vez uma república para a qual a liberdade teve por base uma extensa igualdade de direitos. O espírito de uma revolução social, para Condorcet:

é um espírito apto a produzir, a dirigir uma revolução feita em favor da liberdade. Uma lei revolucionária é uma lei que tem por objeto manter esta revolução e acelerar ou regular seu curso. Uma medida revolucionária é aquela que pode assegurar seu sucesso. Entende-se então que estas leis, estas medidas, não são do tipo daquelas que convêm a uma sociedade pacífica, mas que o caráter que as distingue é de serem próprias somente a um tempo de revolução, ainda que inúteis ou injustas em outro tempo43.

Uma revolução só deve prosseguir o tempo necessário para que se estabeleça uma nova ordem social mais justa. Quando um país recupera sua liberdade através de uma revolução, pode ocorrer que muitos homens procurem produzir uma contrarrevolução, prevê Condorcet. Se confundidos com a massa de cidadãos, esses contrarrevolucionários podem

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“Sur le sens du mot révolutionnaire”, escrito em 1793, disponível no portal Gallica, da Biblioteca nacional da França.

43 Do original: “[...] est un esprit propre à produire, à diriger une révolution faite en faveur de la liberté. Une loi

révolutionnaire est une loi qui a pour objet de maintenir cette révolution, et d'en accélérer ou régler la marche. Une mesure révolutionnaire est celle qui peut en assurer le succès. On entend alors que ces lois, ces mesures, ne sont pas du nombre de celles qui conviennent à une société paisible ; mais que le caractère qui les distingue, est d'être propres seulement à un temps de révolution, quoique inutiles ou injustes dans un autre”.

tornar-se perigosos para a nova ordem, razão pela qual não configuraria uma injustiça que os cidadãos exigissem, nesse caso, uma lei repressiva:

Façamos leis revolucionárias, mas para adiantar o momento em que nós cessaremos de necessitar fazê-las. Adotemos medidas revolucionárias, não para prolongar ou ensanguentar a revolução, mas para a completar e precipitar seu final44.

Quanto à independência dos Estados Unidos da América, Condorcet considera que o simples bom senso teria sido suficiente para que os ingleses percebessem que não gozavam de mais direitos que os outros ingleses nascidos em territórios sob sua soberania na América. Essa desigualdade, característica de um regime colonial, contribuiu para que os povos norte- americanos renunciassem à condição de nação subjugada e proclamassem a independência:

Viu-se então, pela primeira vez, um grande povo liberto de seus grilhões dar- se pacificamente sua Constituição e as leis que ele acreditava as mais apropriadas para fazer sua felicidade; e como sua posição geográfica, seu antigo estado político o obrigavam a formar uma república federativa, viu-se preparar, ao mesmo tempo, treze constituições republicanas, tendo por base o reconhecimento solene dos direitos naturais do homem e, por primeiro objeto, a conservação destes direitos” (2013, p. 161)45

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Condorcet destaca a utilidade do exemplo do povo estadunidense para todos os povos da humanidade. Diferenças de clima, de costumes e de Constituição não anulariam a potência desse exemplo. Esse povo sinalizou que os direitos devem ser os mesmos em todas as partes e, com isso, nos fez compreender a influência que o gozo de direitos irradia sobre a prosperidade comum. O filósofo repudia a opinião segundo a qual as leis não poderiam ter sobre os povos mais que um império passageiro e, também, a de que os corpos políticos estariam condenados a dissolver-se depois de alguns instantes de vida mais ou menos brilhantes.

Os ingleses, segundo Condorcet (1945a), já haviam experimentado a sorte de uma república que cessou de ser livre por governar súditos ao invés de representar e favorecer o

44 Idem: “Faisons des lois révolutionnaires, mais pour accélérer le moment où nous cesserons d'avoir besoin d'en

faire. Adoptons des mesures révolutionnaires, non pour prolonger ou ensanglanter la révolution, mais pour la compléter et en précipiter le terme”.

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Trecho original do “Esquisse”: “On vit alors pour la première fois un grand peuple délivré de toutes ses chaînes, se donner paisiblement à lui même la constitution et les loix qu’il croiait les plus propres à faire son bonheur, et comme sa position géographique, son ancien état politique l’obligeaient à former une republique fédérative, on vit se préparer à la fois dans son sein treize constitutions républicaines, ayant pour base une reconnaissance solemnelle des droits naturelles, et pour premier objet la conservation de ces droits” (2004, p. 396).

bem-estar comum dos cidadãos. Contudo, pondera o autor, até mesmo as repúblicas poderiam não ser livres se inscrevessem súditos ao invés de cidadãos. Uma monarquia pacífica, perora o autor, poderia até mesmo provocar inveja ao orgulho republicano, com a sorte de seus afortunados súditos, caso um legislador sábio respeitasse os direitos dos homens.

O trabalho escravo admitido em alguns dos Estados confederados dos Estados Unidos envergonhava os homens ilustrados daquele país, relata Condorcet. Eles já haviam compreendido essa injustiça perigosa, razão pela qual a escravidão não deveria permanecer por muito tempo maculando a razoabilidade das leis norte-americanas. O filósofo avalia que muitos republicanos da América ainda se apoiavam em preconceitos ingleses, não compreendendo que leis proibitivas de comércio e impostos indiretos constituíam um atentado ao direito de propriedade.

Condorcet (1945a) acentua que somente a violência poderia retirar a liberdade de quem já a gozou. Em outros termos, para que um cidadão consentisse em deixar de ser livre, seria necessário, para retirar-lhe essa dignidade, o uso da violência. Felizmente, todo homem, qualquer que fosse sua religião, opinião e princípios, estaria seguro de encontrar asilo político na América, comemora o filósofo. Se na Inglaterra a indústria de seus habitantes não deixava recursos aos estrangeiros, de tal modo que sua riqueza rechaçava a pobreza, nos Estados Unidos, distintamente, a indústria apresentava aos estrangeiros esperanças sedutoras, oferecendo ao pobre a oportunidade de, ali, encontrar uma subsistência mais fácil, uma prosperidade mais segura e suficiente para saciar seus desejos, como prêmio por seu trabalho.

A emigração de europeus para a América implicaria, aponta Condorcet (1945a), outros motivos que o simples desejo de bem-estar. Unicamente o oprimido poderia ter vontade de transpor o longo obstáculo do oceano e do desconhecido. A Europa, sem ter que temer grandes emigrações naquela época, encontraria na América um freio para ministros que experimentassem a tentação de governar demasiadamente mal. A opressão europeia, desse modo, chegaria a ser necessariamente menos intensa se restasse um asilo a quem ela marcou como vítima.

É de utilidade pública, advoga Condorcet (1945a), que se garanta mais liberdade em matéria de comércio. Essa liberdade pode ser igualmente útil aos proprietários, aos cultivadores, aos consumidores e aos assalariados. Se os princípios da liberdade de comércio supõem formalmente que não se possa ceder a clamores desordenados ou a preconceitos populares, o fato é que, para o autor, a república deveria ajudar aos mais necessitados nos tempos de escassez. Condorcet propôs que as leis reguladoras do comércio não violassem o direito a dispor de propriedades nem limitassem o exercício legítimo da liberdade; questionou

quais seriam os meios mais eficazes de se obter mais gozo com um mesmo trabalho. O autor destaca que uma maior difusão da ilustração e da indústria, um melhoramento das relações com os demais povos e uma igualdade maior na distribuição desses mesmos meios entre os membros da sociedade, podem auxiliar no alcance desses objetivos.

A economia política mais razoável, para Condorcet (1945a), seria aquela para a qual a prosperidade do comércio e a riqueza nacional fossem equilibradas com a justiça. Um grupo de homens reunidos não deveria, nesse sentido, ter o direito de fazer o que de cada homem em particular pudesse configurar uma injustiça. Os interesses de poder e de riqueza de uma nação se fragilizariam ante o direito inegociável de um só homem:

[...] de outro modo não haveria diferença entre uma sociedade regrada e uma horda de ladrões. Se dez mil, cem mil homens tem o direito de ter um homem como escravo, porque seu interesse o demanda, por que um homem forte como Hércules não poderia ter o direito de sujeitar um homem fraco à sua vontade? Tais são os princípios de justiça que devem guiar o exame dos meios que podem ser empregados para destruir a escravidão46.

Na cultura da livre concorrência, limitada às regras republicanas, o preço poderia ser fixado reciprocamente pelos proprietários e trabalhadores, enquanto que na cultura escravocrata o marco regulatório do preço invariavelmente estaria condicionado à ganância ou à barbárie dos proprietários. Junto a essas apostas políticas e econômicas, Condorcet (1945a) reivindicou ao seu tempo que a abolição da escravatura fosse acompanhada de um programa humanitário, financiado pelo Estado e o patronato, que provesse garantias de cidadania aos negros libertos, inclusive o sustento dos órfãos, enfermos e mais idosos que, ao deixarem seus senhores, poderiam, se essas providências não fossem tomadas, padecer de fome e outras moléstias. Esse programa político-humanitário de libertação dos escravos incluía estratégias de segurança pública frente à previsível ira dos proprietários contrariados em seus interesses econômicos exploratórios47.

46 Fragmento do texto “Réfléxions sur l’esclavage des nègres” (1781): “[...] autrement il n’y a plus de différence

entre une société réglée et une horde de voleurs. Si dix mille, cent mille hommes ont le droit de tenir un homme dans l’esclavage, parce que leur intérêt le demande, pourquoi un homme fort comme Hercule n’auroit-il pas le droit d’assujettir un homme foible à sa volonté? Tels sont les principes de justice qui doivent guider dans l’examen des moyens qui peuvent être employés pour détruire l’esclavage” (2009, p. 73).

47 Tais narrativas da desigualdade social e política nos convidam a pensar em teses de José Bonifácio de Andrada

e Silva, filósofo que, em terras brasileiras, sugeriu que se oportunizasse a civilização dos índios brasileiros, a abolição do tráfico de escravos, a melhoria da sorte dos então cativos e a sua progressiva emancipação. Andrada e Silva calcula que, em sua época, cerca de quarenta mil indivíduos eram arrancados anualmente dos seus lares para serem transportados ao Brasil, destinados a trabalhar, assim como seus filhos e netos, indeterminadamente, por todas suas vidas, em favor de senhores que em muitos casos não deixavam de demonstrar sua brutalidade. Afirmava-se que a vinda dos escravos africanos equivalia a um ato de caridade, por terem eles sido supostamente livrados de serem vítimas de autoridades despóticas e, além disso, por lhes ter sido apresentado o privilégio da

Condorcet (1945a) considera que os homens logo se habituam com necessidades fictícias e que, aos poucos, com a redução da grande desigualdade de fortunas, essas necessidades também poderiam ser experimentadas por aqueles a quem a pobreza ainda impedia de satisfazer. A ampliação dos meios de satisfazer essas necessidades fictícias implicaria, argumenta o filósofo, tornar os efeitos da desigualdade de fortunas menos sensíveis e menos perigosos para a tranquilidade comum. Se alguma vez, por hipótese, a influência lenta, porém segura, de uma boa legislação, destruísse de vez as desigualdades na Europa, então desapareceriam, também, por suposto, as necessidades fictícias que as fizeram nascer, ou, melhor dito, não restariam senão as indispensáveis para conservar a espécie humana.

Com a independência dos Estados Unidos, o povo francês encontraria, sugere Condorcet (1945a), as vantagens de adquirir os produtos que considerasse necessários, mas que estivessem em falta no momento, procurando um melhor preço e viabilizando que se

luz do evangelho que todo cristão deveria promover. Dizia-se ainda que os negros puderam mudar de um clima horrível para um outro fértil e ameno. Dizia-se, por fim, que, devendo os criminosos e prisioneiros de guerra ser mortos imediatamente pelos seus bárbaros costumes, seria um favor que se lhes fazia comprá-los para lhes conservar a vida, ainda que em cativeiro: “E por que continuaram e continuam a ser escravos os filhos desses africanos? Cometeram eles crimes? Foram apanhados em guerra? Mudaram de clima mau para outro melhor? Saíram das trevas do paganismo para a luz do evangelho? Não, por certo, e, todavia, seus filhos, e filhos desses filhos, devem, segundo vós, ser desgraçados para todo o sempre” (1998, p. 51-52). O luxo e a corrupção nasceram entre os brasileiros antes que a civilização e a indústria, lamenta Andrada e Silva. Aos senhores que afirmavam implicar a libertação dos escravos uma violação do direito à propriedade, o filósofo contradita: “Não vos iludais, senhores, a propriedade foi sancionada para o bem de todos, e qual é o bem que tira o escravo de perder todos os seus direitos naturais, e se tornar de pessoa a coisa, na frase dos jurisconsultos? Não é, pois, o direito de propriedade, que querem defender, é o direito da força, pois que o homem, não podendo ser coisa, não pode ser objeto de propriedade. Se a lei deve defender a propriedade, muito mais deve defender a liberdade pessoal dos homens, que não podem ser propriedade de ninguém, sem atacar os direitos da providência, que fez os homens livres, e não escravos; sem atacar a ordem moral das sociedades, que é a execução estrita de todos os deveres prescritos pela natureza, pela religião, e pela sã política: ora, a execução de todas estas obrigações é o que constitui a virtude” (1998, p. 60-61). O filósofo reivindicou a libertação progressiva dos escravos incluindo providências humanitárias ainda hoje pensadas como indispensáveis caso realmente houvéssemos querido integrá-los à sociedade nacional. A civilização dos povos brasileiros deveria ser construída à luz do exemplo da civilização europeia, exceto quanto aos maus hábitos havidos naquele continente, considerados incompatíveis com os princípios da justiça, tais como a demasiada ganância e o modo intransigente com que se exercia o poder público. Após de ter sido afastado de suas funções na Assembleia Constituinte por ato do imperador Dom Pedro I, Andrada e Silva publicizou suas críticas mais agudas quanto ao modo inconsequente pelo qual, segundo ele, também no Brasil o poder político era exercido: “Quando os brasileiros acordaram do sono pesado da opressão europeia, quiseram ser um povo livre e independente, e sonhavam gozar da segurança e justiça e das imunidades do direito constitucional; porém, qual será agora o seu abatimento e desesperação, vendo-se enganado e sofrendo males piores que os do antigo sistema colonial? Sem liberdade, sem propriedade, sem segurança legal. E, será inesperado, e impossível, que arrisquem, um dia, tudo para realizarem enfim seus desejos ardentes?” (1998, p. 224). Andrada e Silva avalia que um governo reiteradamente injusto pode mesmo assim permanecer impune, o que é mais fácil quando se possui riquezas e se sabe aliciar e influenciar aqueles de quem se necessita para manter o poder. Contudo, num contexto de precário financiamento, o que pode se avizinhar é a própria destruição desse governo. O filósofo antevê que a situação desapontadora em que se encontrava o Brasil em seus primeiros anos de independência justificava seu temor de que o povo viesse a se revoltar alcançando a condição de uma grande força política. Em sua opinião, se em toda parte o trono necessitava mostrar sua magnificência, muito mais necessitava o governo brasileiro, que àquela época estava cercado de repúblicas e povoado por homens que não conheciam senão as distinções sociais de ser brancos e de ter dinheiro.

tivesse a máxima segurança de não sentir sua falta. Encontraria, ainda, os meios de aumentar a venda de produtos nacionais manufaturados, aproveitando o interesse dos cultivadores em multiplicar a produção. Aumentaria, dessa maneira, ao mesmo tempo a indústria e a atividade dos que realizam a elaboração. Para o filósofo, ademais, a produção não aumentaria num país pelo comércio de exportação sem que resultasse dela uma sobre-abundância de produtos e um menor perigo de escassez, de sorte que seria possível contar, entre as vantagens do comércio exterior, as que uma nação adquirisse de suas indústrias e de suas próprias habilidades em negociar.

Condorcet (1945a) avalia, no contexto do comércio internacional do final do século 18, que era mais vantajoso para um país exportar produtos que exigissem maior trabalho,

No documento A educação republicana em Condorcet (páginas 53-62)