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4. SISTEMAS DE ALARMES PARA EMBARCAÇÕES E ERROS HUMANOS

4.5. Exigências das sociedades classificadoras

Apesar das principais sociedades classificadoras de embarcações possuírem requisitos similares sobre sistemas de alarmes, existe uma grande variabilidade no que diz respeito ao que se deve monitorar de acordo com o porte e função da embarcação. Esta seção tem por objetivo expor a base destas exigências de forma a familiarizar o leitor sobre o equipamento. Não se pretende criticar ou analisar estas exigências, e tampouco citá-las em detalhes.

O capítulo V da norma SOLAS (ver seção 2.3) trata na Regulamentação 15 sobre princípios de projeto de pontes de comando. Segundo esta diretriz, o projeto da ponte de comando deve ter como objetivo, entre outros, “minimizar o risco de erro humano e detectar este tipo de erro. No caso de ocorrer, a tripulação do passadiço e piloto devem tomar as ações apropriadas em tempo, através do sistema de alarmes e monitoramento” (IMO, 2004, p. 367).

A IMO ainda acrescenta outros objetivos para o sistema de alarmes, como permitir ao oficial devotar completa atenção à navegação segura do navio; permitir a identificação imediata de qualquer situação anormal que requer alguma ação para manter a navegação segura do navio; evitar distrações de alarmes que requerem atenção, mas não exercem influência na segurança da navegação ou que não requerem ação imediata para restaurar ou manter a navegação segura (IMO, 2007). Este último, indica que os alarmes devem ser minimizados, e somente os alarmes e indicadores requeridos pelas resoluções da IMO devem ser exibidos.

A norma ABS intitulada, “Guide for automatic or remote control and monitoring

for machinery and system (other than propulsion) on offshore installations”,

apresenta tabelas com os alarmes necessários para os seguintes sistemas (ABS, 2008a):

 Motores diesel

 Turbinas (a vapor ou gás)

 Caldeiras (a óleo, ou a óleo cru, ou metano)  Plantas de geração de energia elétrica  Aquecedores a óleo

 Motores a combustão

 Incineradores

 Geradores de gás inerte  Geradores de nitrogênio

 Caldeira de reaproveitamento de calor  Sistema de óleo combustível.

A Tabela 19 apresenta o exemplo específico dos alarmes exigidos para plantas de geração de energia elétrica. Os limites dos alarmes e pré-alarmes não são mencionados, pois são específicos de cada equipamento.

Tabela 19 – Tabela de alarmes para plantas de geração de energia elétrica – adaptado de (ABS, 2008a)

Sistema Alarme Exibição

Gerador Falha Em operação

Tensão Alta/Baixa Volts

Corrente Alta Amp.

Frequência Alta/Baixa Hz

Pressão do óleo no tubo de admissão Baixa Pressão

Bomba de resfriamento do gerador ou ventilador do motor Falha

Temperatura de resfriamento do gerador Alta Temperatura

Falha equipamento de aterramento Falha Terra

Temperatura da bobina estacionária Alta

Vazamento da água de resfriamento Vazamento

Falha interna fase-a-fase ou de aterramento Falha

Abaixo, encontram-se algumas citações de normas e diretrizes da IMO e das classificadoras Bureau Veritas (BV) e ABS sobre sistemas de alarmes:

 Um sistema de alarmes deve ser provido de forma a permitir prontamente a identificação de falhas nas máquinas e supervisão satisfatória dos equipamentos relacionados. O sistema pode ser arranjado em uma estação principal de controle ou, alternativamente, em estações de controle subsidiárias. No último caso, um monitor de alarmes deve ser instalado na estação de controle principal, exibindo nas estações subsidiárias a condição de falha (BV, 2005).

 A menos que justificado, o sistema de monitoramento e de controle devem ser separados (BV, 2005).

 O sistema de alarmes deve ativar um alarme sonoro e visual na ponte de comando em qualquer situação que requeira atenção de um oficial (BV, 2005).

O sistema de alarmes deve ser do tipo “self-monitoring”, ou seja, este deve alarmar uma condição de falha do próprio sistema. Os alarmes devem ser visuais e sonoros, e devem piscar quando ocorrerem. Para os painéis luminosos, estes devem apresentar um meio de testar todas as luzes, de forma a ser possível identificar um indicador ou alarme com a luz queimada (ABS, 2008a).

 Os alarmes devem ser reconhecidos manualmente, mudando do estado “piscando”, para o estado “aceso permanente”. O estado aceso permanente deve permanecer ativo até que a condição de falha seja retificada (ABS, 2008a).

 O sistema de alarmes deve ser continuamente alimentado, possibilitando um chaveamento automático em caso de perda da alimentação normal (BV, 2005).

 O reconhecimento dos alarmes deve ser possível somente na estação de controle ativa (BV, 2005).

 As cores dos alarmes e indicadores devem seguir a norma ISO 2412, denominada “Shipbuilding -- Colours of indicator lights” (IMO, 1991).

Algumas sociedades classificadoras, como a Germanischer Lloyd e ABS, fazem distinção entre os requisitos para sistemas utilizados em três situações: (i) embarcações com praça de máquinas permanentemente desguarnecida, quando a presença da tripulação não é exigida continuamente; (ii) embarcações com praça de máquinas temporariamente desguarnecida, quando a presença da tripulação não é exigida por um período definido, por exemplo, de 8 horas; e (iii) embarcações com praça de máquinas permanentemente guarnecida, onde a presença da tripulação é exigida continuamente (MARINHA DO BRASIL, 2005).

No caso de sistemas de alarmes para embarcações com praça de máquinas temporariamente ou permanentemente desguarnecida, existem ainda requisitos a serem cumpridos em relação a sinalização e reconhecimento dos alarmes:

 O alarme do chefe de máquinas deve ser ativado quando um alarme de máquinas não for reconhecido em até 5 minutos na praça de máquinas, ou na sala de controle. (BV, 2005; IMO, 1991) (IMO, 1991)  O alarme deve ter uma conexão com os compartimentos públicos dos

 O reconhecimento do alarme na ponte de comando não silencia o alarme sonoro na praça de máquinas. (BV, 2005)

Para os sistemas de alarmes baseados em computador, o “software” deve ser também verificado. A Germanischer Lloyd faz a certificação do “software” através de um questionário, que funciona como uma análise de risco qualitativa, avaliando a maneira com que o programa é desenvolvido e testado pelo fabricante, e as medidas de controle de qualidade, vulnerabilidade a falhas, e documentação (GL, 1996).

Em resumo, as exigências das sociedades classificadoras são mais focadas nas funções do sistema e na exibição dos alarmes, do que em requisitos físicos ou arquiteturas do sistema. Desta forma, os fabricantes possuem a flexibilidade de desenvolver seus sistemas a partir de qualquer plataforma como equipamentos próprios, CLPs industriais ou mesmo sistemas baseados em computador pessoal.