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Expansão no quadro docente e diversidade de formação dos professores

OFERTADAS Nº DE INGRESSANTES

3.3. Expansão no quadro docente e diversidade de formação dos professores

Analisamos nesse tópico, a expansão promovida do quadro docente, a partir da análise dos docentes entrevistados na pesquisa. O quadro de docentes efetivos foi constituído em dois momentos. No primeiro momento, no período de 2009 a 2011 com as dez vagas instituídas pelo REUNI e de 2014 a 2017 com as vagas do Procampo. Os primeiros semestres foram realizados com a contribuição de docentes das Faculdades de Agronomia, Pedagogia e Letras e outros docentes parceiros do Frec como colaboradores que propuseram a sua criação, pois a

primeira turma iniciou-se em julho de 2009. Os docentes entrevistados todos ingressaram a partir do edital Procampo.

Os docentes entrevistados realizaram os concursos públicos das vagas ofertadas no Procampo. Na Licenciatura, eles foram realizados para potencializar as quatro áreas do conhecimento ofertadas na Licenciatura em Educação do Campo e por isso se tornou mais diversificada também a formação exigida aos docentes. Discutiram, nas entrevistas, o acesso às informações sobre os concursos e suas motivações para a inserção na Licenciatura. Para a análise desse tópico foram categorizadas, a partir da migração realizadas em busca de estudo e trabalho, a realização da formação em nível de graduação e Pós-graduação, bem como as experiências de trabalho e aproximação ou não com a Educação do Campo, bem como as motivações para ingressar na Licenciatura em Educação do Campo.

Construímos uma análise apoiada no estudo realizado por Sguissardi e Silva Junior (2008) sobre o trabalho docente no ensino superior a partir de um analise da intensificação do trabalho docente e de uma “nova sociabilidade produtiva” induzida pelas políticas da avaliação da pós-graduação no país se configurando em um produtivismo acadêmico centrado na individualidade do pesquisador e na concorrência entre as agências formativas.

Um grupo de docente entrevistados apresenta desde sua formação a luta pelo direito a educação, principalmente se vinculando ao projeto por sua história como camponeses, pelas dificuldades enfrentadas para ter acesso à formação ou através de sua vinculação ao Campus de Marabá, seja pela graduação ou pela atuação na construção da Educação do Campo, a partir dos cursos do Pronera.

Uma das entrevistadas apresenta sua formação inicial em Pedagogia, como curso intervalar, realizado pelo Campus de Marabá, na cidade de Xinguara. Foi à única que conseguiu acesso a Universidade Pública, dentre os irmãos. Ela relata que:

Então, eu terminei a graduação porque na verdade, eu fiz a graduação em Xinguara, também, intervalar. Foi a primeira turma de Pedagogia lá. Então, eu só conseguir finalizar meu curso porque toda Etapa que eu ia, tinha um rancho que meu pai preparava um rancho (compra). E nesse rancho, às vezes era um saco, aquele saco de fibra, às vezes ele mandava dois sacos de rancho, para eu ficar os dois meses lá. Então, tudo que era de alimento não perecível, eu levava. E levava um trocadinho, para comprar legume, carne, essas coisas. Mas foi justamente o trabalho na agricultura, que fez com que eu tivesse condições de ter acesso ao estudo. Então, dos dez filhos, eu fui a única filha, que cursou universidade pública, né! Tem outra que cursou uma universidade particular. Então fora eu, caraca, isso é grave!! Dos dez filhos, nenhum outro curso universidade pública. Mas assim, eu sou a quinta filha, então eu acabei tendo certa proteção, né. Então, isso acabou conspirando também (Dandara, docente, entrevistada em 08/02/2019).

Sua origem em uma família migrante, que constituiu sua sobrevivência no vínculo entre o garimpo e o trabalho na agricultura, faz apresentar sua trajetória de acesso à Educação básica:

Sou filha de agricultores. Então a minha trajetória está muito relacionada, é muito semelhante com a trajetória de muita gente, que veio para cá em busca de terra, né, que foi trabalhar na agricultura e a agricultura era a principal forma de sustento. Os meus pais trabalharam um tempo na área de garimpo, mas sempre articulando a questão da agricultura com garimpo. Então, uma família de agricultores, éramos dez filhos, uma família muito grande. Aí chega um dado momento que a minha mãe se impôs, no sentido de dizer assim: Olha, está todo mundo crescendo, os meninos estão crescendo, não tem acesso a escola, a gente precisa pensar outra forma de se organizar. Esse posicionamento da minha mãe foi com quem fez que a gente saísse da área rural, na verdade, saísse não, né. Fosse para a área urbana. Então, um dos bairros, lá em Curionópolis, nos bairros que estavam começando, que era o bairro da Paz. E aí, o meu pai comprou uma casinha lá e a gente ficava então, sempre nessa história de um lote e na cidade. Aí a família fracionada, né. Então, o pai ficava no lote, trabalhando e a gente ficava na rua, estudando. Então, no final de semana era todo mundo no lote. Férias era todo mundo para o lote! Então, durante muito tempo foi assim. Na verdade, todo meu ensino fundamental, foi nesse lá e cá. O Ensino Médio também foi nesse lá e cá. E na graduação também (Dandara, docente, entrevistada em 08/02/2019).

Após justificar os vínculos com o campo, apresenta sua experiência profissional, a partir do contato com os sujeitos coletivos que atuavam na assessoria e como movimento de Mulheres. Ela destaca as várias experiências formativas anteriores, a convivência com os sujeitos coletivos que foi lhe apresentada à temática do campo como luta política e as bases da Educação do Campo:

Então, assim, antes da Licenciatura em Educação do Campo, eu estava no IFPA Campus Rural, também como professora de Educação do Campo. Na época, era isso, a vaga lá no IFPA, era professora de Educação do Campo. Tem uns elementos assim anteriores, que eu acho interessante registrar porque assim quando eu tava em Xinguara (fazendo a graduação em Pedagogia). Eu passei a ter contato com CPT. Eu passei aí para algumas formações da CPT, a conviver com Freire Henri (Henri des

Roziers), e com outros agentes da CPT. No último ano da Pedagogia, eu casei e fui

morar em Conceição do Araguaia. Em Conceição do Araguaia, aí eu tive contato com o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) e com Sindicato de Conceição do Araguaia. Na região do sul do Pará é a referência, é o sindicato, né. Então, se tem uma história muito interessante de resistência, uma história bem combativa. Então, a minha inserção no Movimento de Mulheres, acabou trazendo forte para mim, essa temática do Campo. Até então... Eu avalio hoje que eu acabei internalizando essa versão ao campo porque assim mesmo filha de agricultor, sendo sustentada por esse trabalho, eu negava. Eu não falava que meu pai era agricultor, eu falar outra coisa, entendeu! Então, o contato com os sujeitos coletivos, sujeitos coletivos mesmo né! Porque o movimento de mulheres, o sindicato, a CPT, foi o contato com esses sujeitos coletivos, que fez com que percebesse que eu também vivia uma grande contradição, né! De negação desse campo, da minha história, da minha identidade (Dandara, docente, entrevistada em 08/02/2019).

Foi essa atuação que permitiu o contato com o projeto formativo na Licenciatura em Educação do Campo, atuando no Campus Rural de Marabá e depois realizando o concurso público para a Unifesspa em 2015.

E a partir daí, que a temática campo, passa a ser uma temática relevante para mim. Foi o que me inspirou a ir para o mestrado em Belém, foi o que me inspirou, depois, o que me inspirou também, a vir para o Campus Rural Marabá também. [...] Eu fiquei dois anos, na Assistência Técnica e Extensão Rural. Eu fiquei em São Félix do Xingu. Eu fiquei dois anos. Aí depois eu saio de lá, para ganhar o meu primeiro filho, né. Aí, eu tinha feito um concurso para o IFPA Campus Rural. Porque assim, qualquer pessoa que olhasse a proposta do Campus Rural Marabá, né, ia dizer assim: Cara, isso aí é maravilhoso!!! Uma proposta pedagógica única, negócio fora do Normal, então assim, quando eu li a proposta pedagógica do Campus Rural Marabá, eu me encantei. E eu realmente, fiquei durante um bom tempo, lá em São Félix do Xingu, com o nome do Campus Rural, fixado na parede, como horizonte que eu queria estar, né!!! O lugar que eu queria estar!!! Lá, também eu trabalhava, trabalhei um pouco na Licenciatura em Educação do Campo de lá e fiquei boa parte do tempo na coordenação da especialização do Saberes da Terra né [...] Foi 2015, no primeiro semestre de 2015. Acho que em maio ou junho por aí em fiz o concurso e vim para a Unifesspa (Dandara, docente, entrevistada em 08/02/2019).

Outra entrevistada, que nasceu na região, destaca em sua trajetória a memória das safras da Castanha-do-Pará, que alterava o cotidiano das cidades pois os homens passavam vários meses no trabalho de coleta desse fruto nas matas, de onde extraia a maior renda das famílias:

Nasci em Itupiranga. Nesses meses que os homens iam para o castanhal, ficava uma cidade de mulheres e crianças. Praticamente né, mudava, ficava uma cidade só mulheres e crianças. Os homem estão todos para o meio da mata. Foi nessa dinâmica que nós crescemos, né. Então, nesse período, chegou em Itupiranga, um grupo de padres, que já era desse Teologia da Libertação, né. E eu cresci também ali, no meio deles. Cresci ouvindo celebrações que falavam das coisas da região. [...] Então, tinha aquele pé na comunidade, das tradições... minha comunidade era [..] (Miha, docente, entrevistada em 16 de fevereiro de 2019).

Sua memória como infância destacava a convivência com os padres e feiras, que vieram para a Amazônia, a partir da Teologia da Libertação, realizando o trabalho nas Comunidades Eclesiais de Base (CEB) na atuação da Igreja Católica em sua vertente da Teologia da Libertação. A temática da ausência do direito a educação também foi destacada. A descrição da ausência de um sistema de ensino municipal, nos anos de 1970, apresentando um relato em quais condições acessou a escola. Ela relatou:

Eu fui expulsa da minha cidade [...] quando fala expulsa pela negação dos processos. Eu fiz sexta série duas vezes e não valeu para Seduc. (Eu estudava junto com a minha mãe porque a minha mãe estudou até a 4ª série e parou porque não tinha mais para onde estudar!). Tinha um grupo de mulheres, um grande grupo de pessoas, que tinha estudado até a quarta série e que tinha acabado (não havia os níveis de ensino). E aí, vamos montar a turma, vamos montar a turma de sexta série. Eu estudei com o Secretário de Educação, com os meus professores, isso eu, menininha. Eu terminei a quinta série, fomos fazer a sexta. Todo mundo junto estudando. Manda para Seduc, a turma teve tudo, tudo que a Seduc pedia: _Língua estrangeira (Francês, o meu

francês, eu fui para França, era esse Francês da escola, da sexta série. Eu fiz dois anos porque eu fiz duas sexta série [...] Era uma Freira que chamava Irmã Silvia, [...]. Ela que ensinou nós, na cidadezinha lá), Técnicas Agrícolas, teve OSPB, teve artes, que não chamava artes, era educação artística. Todas as disciplinas que precisava para sexta série, teve!!!. Aí todo mundo passou e tal. Fizeram todos os boletins e a Seduc não aceitou. Então, não deu certo. Acertaram lá (em Belém) a forma da Seduc analisar o nosso processo e disseram: _ “Vamos fazer tudo de novo! Nós fizemos tudo de novo, do mesmo jeito!”. Os mesmos professores, as mesmas disciplinas! Mas para mim foi bom, eu aprendi o Francês, quer dizer, aprendi um pouco. Aí, foi de novo para a Seduc aí a Seduc não aceitou de novo. A mamãe me tirou. _ “Não, eu vou ficar no mesmo, não tenho como sair, mas tu vai para Marabá! Tu vai para continuar a estudar!” E eles voltaram a estudar, até que a Seduc depois, regularizou o ensino (Miha, docente, entrevistada em 16 de fevereiro de 2019).

Nas sedes dos municípios do sudeste do Pará, na década de 1970, não havia um sistema público de educação constituído, apenas a primeira a quarta série do ensino fundamental. Outro agravante era que os municípios que constituísse turmas de ensino fundamental, a escolarização de 5ª a 8ª série, na nomenclatura da época, tinha seu processo pedagógico desenvolvido, era conferido e certificado, com base nas exigências burocráticas para certificação pela Secretaria Estadual de Educação (SEDUC) em Belém, capital do Pará.

Os critérios estabelecidos para certificação e a lista de disciplinas para o ensino fundamental, incluía as obrigatórias instituídas pela ditadura militar: Organização Social e Política Brasileira – OSPB e Educação Moral e Cívica, Técnicas agrícolas, Educação artística. Ela relata os entraves para realização desse processo, distante mais de seiscentos quilômetros da instituição que realizaria o ensino. Constitui um retrato do descaso do governo no Pará como a educação das populações do campo e cidade porque não era entendido como um direito, mas constituía em um privilégio.

Percebemos na fala da entrevistada o destaque para o acesso a língua estrangeira, o Francês. As freiras, que vieram atuar na formação das CEBs, não se limitavam ao trabalho pastoral, elas também contribuíram como professoras, na formação dos jovens das cidades circunvizinhas porque eram tinham conhecimentos considerados aptos para lecionar.

Ela destaca a migração em diversos momentos, para acessar sua escolarização, pela ausência de escola de ensino fundamental. Ela destacou as condições em que conseguiu estudar:

E aí, eu vim para Marabá porque não tinha o que fazer, não tinha onde estudar! Não tinha perspectiva! Me mandou primeiro para Marabá, para terminar primeiro o fundamental, para depois vê o que iria fazer, né! Aí, eu vim para Marabá para morar com os outros, né, na casa dos outros. Primeiro não era parente, depois eu morei com meu padrinho, depois minha tia, expulsa pela Hidrelétrica de Tucuruí porque ela morava em Jacundá velho e foi expulsa e veio morar em Marabá. Mas só que minha tia tinha dezoito filhos. Nós éramos vinte e cinco pessoas para comer um quilo de carne. Minha família e a família da minha tia passava muita dificuldade. [...] Então, foi difícil, não foi fácil. Aí eu fiz o ensino médio, entrei no ensino médio

aqui. (em Marabá) [...] Depois, apareceu uma oportunidade de eu ir para Belém, o meu primo já estava lá. Olha as contradições da vida, meu primo tinha passado para sargento da Aeronáutica. _Ave, Maria, era uma autoridade na minha cidade! Então, como ele tinha uma condiçãozinha melhor, os primos irmãos todos foram morar com ele em Belém. E eu fui, fiz o último ano do Ensino médio em Belém. Depois, eu entrei na universidade. Fui morar com outra tia, era muito mais pobre porque ela foi funcionária... era professora leiga do Estado. E ela, ela ganhava um salário de miséria! Ela tinha oito filhos. [...] Mas valeu a pena, eu quase desisto do curso porque a dificuldade que eu vivia era grande [...] Mas eu não me arrependo. Eu gostei demais do meu curso! O movimento estudantil para mim foi maravilhoso. Me inserir no movimento estudantil, eu participava do “Pula Roleta”, das Marchas dos Estudantes até São Brás! A sociologia para mim foi muito legal. Foi muito importante na minha vida! Mas é uma coisa que eu venho lá da Teologia da Libertação. Aí eu digo, eu me encontrei no curso de Ciências Sociais! Meu avô queria que eu fizesse direito, aí eu fiz o primeiro vestibular para Direito, mas eu não passei. Depois eu fiz para Ciências Sociais e daí passei. Eu sou Socióloga. Me chamo Socióloga. Eu fiz o curso de Ciências Sociais, lá em Belém, me formei em 1988. Eu fiz os dois: bacharel e licenciatura! E em 1989, eu fiz a Licenciatura. Meu bacharel eu fiz em 1998, fiz mais um ano de pedagógica, aí fiz a Licenciatura. E em 1990, eu vim para Marabá, quando terminei. Eu trabalhar na Emater, em Belém aí eu tive que esconder o contrato porque a minha formação e a minha postura crítica incomodava.[...] Então eu acabei saindo, eu pedi licença para trabalhar aqui na região, quando eu me formei. Eu vim trabalhar no Cepasp – que é o Centro de Educação, Pesquisa e Assessoria Sindical e Popular. E eu vim trabalhar no primeiro assentamento dessa região que foi o Araras (Miha, docente, entrevistada em 16 de fevereiro de 2019).

Estudar se deu com o “incentivo da mãe” e “com a ajuda de muitas pessoas da família”, em meios a muitas migrações, em várias cidades do Estado. Fez o ensino fundamental na sede do município em Itupiranga. Continuou o ensino fundamental e iniciou o ensino médio em Marabá. Concluiu o ensino médio em Belém, onde também fez sua graduação em Sociologia na UFPA. A solução encontrada pela sua família foi realizar as diversas migrações, mobilizadas pela negação do direito a educação.

A possiblidade para continuar sua formação no mestrado foi apresentada como resultado do seu trabalho em entidades de assessoria ao movimento sindical. Foi indicada para cursar o mestrado na França, a partir de um projeto interinstitucional:

O mestrado é interessante. Como eu trabalhava no Cepasp, conheci todos esses grupos, participava das discussões do CAT. A partir dessa relação, teve um projeto grandão, que era Internacional e interinstitucional que era para discutir o avanço da pecuária na Amazônia Continental. E eles estavam procurando pessoas que tivessem esse debate, na região. Eles já tinham pessoas da área da Agronomia, das Ciências Biológicas, Antropólogos e tal, de outras áreas Eles queriam alguém daqui da região, das Ciências Sociais que tivesse essa inserção nesse grande movimento local. Eu tinha trabalhando muito na época do CAT, aí me indicaram para fazer parte desse grupo. Era um grupo que ia fazer essa pesquisa, mas que dentro da pesquisa, tinha um processo de qualificação, de formação, que a gente ia poder fazer a pós- graduação. O CIRAD, uma instituição francesa e eu fui fazer essa pesquisa: no Peru, na Argentina, no Brasil, aqui nessa região e no nordeste paraense e no Equador. Nos fomos percebendo essa dinâmica da expansão da pecuária. E depois, eu fui para França [...] Eu me lembrando da minha sexta série, dos dois anos de francês, não, eu

vou para a França. Claro que meus dois anos de Frances não foram suficientes, mas me deram uma base muito boa. E aí foi bom demais. Eu vim para o Brasil para fazer a pesquisa, eu fiz a minha pesquisa em Uruará, eu tinha feito a pesquisa do projeto em Uruará e eu tinha acumulado bastante dados sobre a participação das mulheres na pecuária e de como a pecuária foi importante daquela região ali, para os pequenos agricultores. Eu visitei as comunidades de lá, nos lotes, eu conversei e dialoguei. Então meu trabalho de mestrado foi nessa linha (Miha, docente, entrevistada em 16 de fevereiro de 2019).

Seu trabalho permitiu sua inserção nas atividades desenvolvidas no Programa CAT, já descrito no capítulo dois, e a relação com uma rede de pesquisadores internacional, que atuavam na Amazônia, permitindo as condições de fazer o mestrado na França como bolsista de uma instituição, como parte de uma equipe de pesquisa interinstitucional.

Outros docentes apontam também sua origem migrante. A migração para Marabá, para estudar a graduação com a criação dos cursos de Licenciatura ofertados no período regular em Marabá. No qual teve contato com a formação ofertado no curso Pronera Letras. O estudo na graduação e sua atuação na condição de bolsista, foi apresentado como os espaços formativos que permitiram vivenciar o ensino, pesquisa e a extensão com assentados na Educação do Campo. Depois, direcionar sua atuação para a formação:

Eu sou de Goianésia do Pará. Eu sou natural de Imperatriz, como quase sessenta por cento da população da região de Marabá, né. Mas eu vim aos seis anos de idade e cresci em Goianésia. Aí vim para cá, para fazer universidade, a graduação e fiquei. Durante a minha graduação. Minha experiência de trabalho de trabalho remunerado, primeiro eu tive iniciação científica, então, a minha primeira experiência como bolsista de pesquisa foi no Núcleo de Estudo Linguísticos e Literários (NUCLEART), no curso de Letras, onde eu fazia pesquisa no campo da Etnolinguística e cultura popular e produção discursivas, que foi orientado pelo professor C. F.. Ali o foco era pensar a formação discursiva, aspectos culturais a partir de uma festa religiosa. [...] Aí, depois, em 2006 foi implantado o curso de Letras Pronera. Aí eu fui bolsista também, era bolsista administrativa e também de

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