2.2 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DA GESTÃO
2.2.6 A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA DE AVALIAÇÃO
O Governo Canadense procurou integrar o monitoramento do desempenho dos programas com mensuração e avaliação, conquanto a Comunidade Australiana ao consolidar as reformas buscou enfatizar os objetivos e resultados dos programas, além de incentivar os administradores a agir com maior retidão na gestão pública, ter mais criticidade ao elaborar e
24 Fórum da Avaliação de Canberra - foi estabelecido em 1990 com o propósito de promover a melhor prática
na avaliação de programa. O fórum é uma rede interagência que representa a maioria dos departamentos da
Commonwealth e ACT Government, além de agências e algumas companhias do setor privado interessados em
assuntos de gerência da avaliação e do desempenho no setor público. Um pequeno grupo de facilitadores das agências participantes fixa os objetivos e programa o evento uma vez por ano. Providencia os oradores, focando a avaliação no contexto das melhores praticas de gerência do setor público. Os encontros do Fórum da Avaliação são realizados no período de 9.00AM a 11.00AM, normalmente, na terceira quinta-feira de cada mês, de fevereiro a novembro no restaurante do Lobby, Parkes, Australian Capital Territory. Em duas horas as pessoas podem ouvir sobre mudanças no setor público, como outras agências estão executando políticas e gerenciando os programas delas. O ponto de encontro é informal e os oradores são incentivados a serem divertidos e francos.
executar os programas, optando por maior eficiência, eficácia e efetividade do resultado da política pública implantada. O Brasil ao longo dos anos experimentou inserir processos na área governamental tendo como objetivo promover a melhoria da gestão e alocação dos recursos, buscando alcançar os resultados previstos nos programas e subsidiar a tomada de decisão em diferentes níveis da Administração Pública Federal.
Na década de 1930, o Estado assume um papel decisivo ao implantar a administração burocrática como meio de racionalizar os processos na esfera pública, um enfrentamento ao “patrimonialismo” instalado ou, de outra via, descenso do “coronelismo” e emersão do “clientelismo” e “fisiologismo”.
Uma tentativa de afrouxar as amarras burocráticas se apresenta com a publicação do Decreto-Lei 200/67. É tido como o marco inicial da administração gerencial no país quando fixa o planejamento e o orçamento como princípios de racionalidade administrativa ou quando dá primazia à competência e à informação no processo decisório.
Na década de 1980, destacam-se as criações do Ministério da Desburocratização e do Programa Nacional de Desburocratização – PrND, ambos objetivavam combater a higidez burocrática dos procedimentos e, em um segundo momento, o Programa Nacional de Desestatização buscava conter os excessos acometidos pela administração descentralizada decorrentes dos preceitos contidos no Decreto-Lei nº 200/67.
O marco mais importante da história do Brasil nos últimos anos foi à instalação da Assembléia Nacional Constituinte que em cinco de outubro de 1988 promulgou a nova Constituição brasileira.
O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado de 1995 apresenta conteúdo específico contemplando Sistemas Administrativos de Gestão Pública ou Sistemas Estruturadores25 com foco no controle e informações gerenciais. O Plano Diretor de 1995 fazia menção aos Sistemas Estruturadores descritos abaixo, com exceção ao Sistema Integrado das Empresas Estatais (SIEST ) e SIGPLAN:
1. Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI); 2. Sistema Integrado de Administração de Pessoas (SIAPE);
3. Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais (SIASG);
25 Sistemas de Gestão Administrativa de Governo (SGAs), são sistemas transversais com o propósito de atender
4. Sistema Integrado de Dados Orçamentários (SIDOR);
5. Sistema de Informações Organizacionais do Governo Federal (SIORG); 6. Sistema de Informações Setoriais de Planejamento, Orçamento (SISPLAN); 7. Sistema Integrado das Empresas Estatais (SIEST );
8. Sistema de Informações Gerenciais de Planejamento (SIGPLAN);
O ano 1999 ficou conhecido como o ano da ruptura, da quebra de paradigma no âmbito da administração pública. Neste ano foi criado o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) com o objetivo de “facilitar a transformação da Administração
Pública Federal” 26 e com a missão de “promover a gestão empreendedora de recursos para o desenvolvimento sustentável do País”.
A Agenda dos Eixos Nacionais de Integração foi responsável pelo produto mais significativo para o País - o “portfólio de oportunidade de investimentos públicos e privados
para o período de 2000-2007” (Figura 5) - que visava reduzir os custos de produção de bens
e serviços, fortalecer a competitividade entre os sistemas complexos da economia e aumentar a eqüidade, reduzir as desigualdades sociais e regionais. O trabalho ainda contribuiu com um banco de dados socioeconômicos para uso planejamento.
Figura 5 - Portfólio de Investimentos Públicos e Privados 2000-2007.
Criaram-se novas regras para elaboração do orçamento e do PPA. Segundo a Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos27, a avaliação do Plano Plurianual é “um processo contínuo e participativo de aperfeiçoamento da gestão governamental”. O
26 O Desafio do Planejamento Governamental – Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Secretaria de
Planejamento e Investimentos Estratégicos, 2002, p. 25.
27 O Desafio do Planejamento Governamental – Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Secretaria de
“Calendário do Ciclo de Gestão” (Figura 6), do ano de 2000, foi um evento bastante significativo à época, tinha por objetivo a integração do plano, do orçamento e da gestão.
Figura 6 - O Ciclo de Gestão do Gasto
Fonte: Secretaria de Estado do Planejamento de Sergipe.
O Ciclo da Gestão do Gasto28
compreende os processos de elaboração da
programação, considerando prévio diagnóstico do problema ou demanda da sociedade, a implementação dos programas, o monitoramento, avaliação e a revisão deles. A primeira avaliação de uma ação com enfoque gerencial foi a Avaliação do PPA, ano 2000.
No ano de 2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal também trouxe uma série de novas exigências a serem cumpridas. A gestão passou a ter o foco nos resultados para a sociedade.
Por esse contexto, é possível verificar que “o Governo vem concentrando suas ações em princípios da administração gerencial, na reorientação dos controles para resultados”, assim como ocorre no Governo Canadense e na Comunidade Australiana. Para tanto, tem planejado o desempenho de suas ações considerando a integração dos diversos sistemas de informações contábeis e ou gerenciais, com o propósito por formular políticas públicas com maior penetração das ações, e, por sua vez, possibilitar igualdade de oportunidades, satisfazendo as necessidades básicas da população.