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2.4 AUDITORIA GOVERNAMENTAL

2.4.2 AUDITORIA GOVERNAMENTAL NO BRASIL

2.4.2.5 O RELATÓRIO DE GESTÃO

Este tópico inicia apresentando as considerações quanto à necessidade de elaboração do Relatório de Gestão para atendimento de regulamentos instituídos. Mais adiante tece objetivamente comentários sobre a estrutura do Relatório de Gestão.

O Relatório de Gestão é um instrumento gerencial, onde o administrador público, em atendimento a um preceito legal, divulga o resultado de sua gestão. Neste caso, o Art. 14 da Instrução Normativa n.º 47/2004 estabelece que o Relatório de Gestão emitido pelos responsáveis é um componente obrigatório65 na organização dos processos de contas do gestor de recursos públicos. Ainda, a estrutura básica do Relatório de Gestão (Figura 10) encontra-se disciplinada anualmente pelas Decisões Normativas do TCU.

Na DN/TCU-81/06, as informações necessárias à construção do referido relatório encontram-se listadas no “Anexo II”, e o “Anexo X” pode ser consultado para obter outras

65 DN-81/2006, Art. 5º - A organização dos processos de contas observará o detalhamento dos conteúdos gerais e

específicos das peças previstas no art. 14 da Instrução Normativa n.º 47/2004, a saber: I – relatório de gestão, conforme Anexo II […]

instruções que podem auxiliar no preenchimento da peça. Vale ressaltar que as contas serão organizadas e devem ser apresentadas ao Tribunal de Contas da União, como ocorreu no exercício de 2006, fundamentadas nas disposições daquela Instrução Normativa.

Figura 10- Estrutura Básica do Relatório de Gestão Fonte: Decisão Normativa 81/2006.

Pela análise da estrutura do Relatório de Gestão é possível segmentá-la em partes distintas, tal ação visa auxiliar na interpretação do resultado obtido e contextualizado no item “4 - Análise e Interpretação dos Dados”. Assim, têm-se os grupamentos:

1. “Identificação da Unidade Jurisdicionada” (item 01);

2. “Avaliação dos Programas Governamentais” (itens 02 a 05);

3. “Avaliação da Gestão das Transferências Governamentais” ( itens 06 a 10); 4. “Gestão de Recursos Humanos e Apenamento” (itens 12, 13, 15, 16 e 17); 5. “Atuação da TCU” (item 14);66

6. “Gastos com Cartão de Crédito” (item 11);67

Neste sentido, o “grupamento 1” diz-se da “Identificação da Unidade Jurisdicionada”, conquanto o “grupamento 2”, “Avaliação dos Programas Governamentais”, trata da concepção, execução, monitoramento, controle e avaliação de desempenho dos programas,

66 Entende-se que cabe item específico para as providências adotadas para dar cumprimento às determinações da

CGU expedidas no exercício ou as justificativas para o caso de não cumprimento, tendo-se que o julgamento das contas pelo TCU não guarda a seqüência cronológica das Prestações de Contas.

67 As informações de “Diárias e Passagens”, “Suprimento de Fundos”, “Gastos com Cartão de Crédito” e

cuja fonte de recursos é pública. A mesma sistemática de análise aplicada ao “grupamento 1” foi estendida aos demais itens em destaque, enfatizando, os “Grupamentos 1 e 2” estão vinculados diretamente ao objeto de estudo.

Vale enfatizar que a criação dos “grupamentos” foi necessária para dar forma ao propósito do trabalho, uma vez que garantiu o resultado dos testes de verificação do grau de simetria entre as estruturas do Relatório de Gestão e das informações gerenciais do SIGPLAN. Além disso, os grupamentos puderam auxiliar na solução de possíveis inconsistências do processo de convalidação da simetria entre os sistemas ao delimitar o campo de informações necessárias à construção do processo, da mesma forma, poderiam desempenhar o papel de facilitadores da interoperabilidade entre o Relatório de Gestão, SIGPLAN, SIAFI e SIORG.

Outra questão, esses grupamentos são de vital importância para auxiliar na aplicação de trilhas de auditoria68, limitada ao escopo do trabalho planejado, por exemplo, Auditoria de Programas realizada durante o exercício ao invés de Auditoria de Gestão, onde a avaliação cobre em toda a extensão os atos de gestão do titular concernentes à execução do programa, e não, tão somente, sobre a gestão das contas da unidade.

Para o futuro, no caso de uma nova concepção na forma de apresentar as contas públicas, por exemplo, por Programas ao invés de Unidade Administrativa (UA) como determina as normas atualmente, os grupamentos poderiam ser bastante úteis, a saber:

1. Grupamento 1 – utilizado automaticamente69 para elaborar o Relatório de Gestão, seja a prestação de contas por Programas ou por Unidades Administrativas, ao mesmo tempo, poderá garantir a interoperabilidade entre o Relatório de Gestão e o SIGPLAN;

2. Grupamento 2 – idem;

3. Grupamentos 3, 4, 5 e 6 – utilizados para auxiliar a prestação de contas por Unidade Administrativas.

A maior valia ou mesmo a utilidade subsidiaria desses grupamentos seria para a situação em que uma Unidade Administrativa tivesse pouca ou quase nenhuma associação com os programas sob sua gestão, ou, uma UA onde impera ações transversais. Neste caso, os

68 Trilhas de Auditoria, no âmbito da CGU, constitui grupo de procedimentos para realizar determinada

indicadores para avaliar essas UAs poderiam ser incomensuráveis. Sobre esse possível impedimento, comenta Vieira –“Entrevistado - 5”:

[...] Por outro lado, para os casos em que o índice de aderência entre unidade administrativa e programas é de 50%, tanto faz prestar contas, seja o titular da UA ou o gerente do programa. Porque se o índice de aderência deles é muito grande, ou seja, o programa é realizado só por UA e a UA só contém o programa, talvez não faça diferença. Para os demais programas, aqueles chamados de multisetoriais, que perpassam por vários ministérios, realmente, fica muito difícil isolar essas variáveis.

Assim, além de minimizar os efeitos desse óbice, os grupamentos 3, 4, 5 e 6 poderiam ser utilizados para elaboração dos indicadores necessários à avaliação daquelas UAs, de tal forma que o resultado seria um alinhamento entre todos os processos de prestações e tomadas de contas, sejam por UAs, sejam por Programas.

Conforme já aduzido anteriormente, os grupamentos 3, 4, 5, 6, na atual grade do “Anexo II – Relatório de Gestão”, “itens – de 6 a 18”, não estão contemplados no escopo deste trabalho, sem prejuízo de seu uso como fonte para outras pesquisas e de interferir na interoperabilidade entre os Sistemas de Informações Organizações do Governo.