A experiência: visão dos aprendizes

Como nossas últimas aulas foram dedicadas à confecção das intervenções, o questionário foi aplicado pela professora de artes, que cedeu o seu horário para PI. O 2º F tinha 38 alunos, e no dia da aplicação 27 destes estavam presentes, os quais entregaram os questionários respondidos.

Identificamos que 5 alunos não gastaram mais que 5 minutos para responder ao questionário, deram respostas monossilábicas e não levaram a sério sua importância. Outros 3 questionários tinham respostas parecidas, ou seja, a famosa “cola” aconteceu entre eles. Houve consulta ao resumo do caderno de processos que eles receberam e usaram no projeto. Não transcrevemos todos os questionários respondidos, pois nosso objetivo não era tabular as respostas, pois eram perguntas abertas. Ressaltamos alguns pontos da visão dos alunos sobre a experiência e selecionamos respostas significativas. Ao final, teceremos breves comentários.

1_Descreva como foi o processo do projeto. Quais foram as etapas percorridas?

"Tivemos uma seleção de temas, fizemos várias pesquisas e definimos um tema. Em cima desse tema, criamos uma intervenção." Aluna J

"Nosso processo do projeto começou com um problema que era projetar uma intervenção artística, conectando o Japão e o nosso contexto de vida. A partir daí, fizemos pesquisas e interpretamos as pesquisas; depois. o nosso próximo passo foi propor ideias e testá-las, daí chegarmos a um produto final que são as intervenções." Aluno K

"Recebemos o desafio, pesquisamos o máximo possível sobre o tema e tivemos que interpretar essas características. Experimentamos formas diferentes de falar sobre

  esses conceitos e selecionamos o tema que mais nos interessou, até chegar a solução, que foram as intervenções." Aluna R

2_A metodologia para desenvolver o projeto foi baseada em alguns processos do design.

Você acha que isso contribuiu? Dê destaque para a etapa que mais contribuiu para o desenvolvimento do projeto.

"Sim. A etapa que mais contribuiu foram os exemplos de intervenções realizadas por outras pessoas." Aluna A

"Com certeza. A etapa de pesquisa e interpretação amplia os horizontes e traz mais ideias de como desenvolver o projeto. É a parte mais importante para chegar a um conceito criativo." Aluna D

"Sim. A de criar ideias e testar. Criamos várias ideias e testamos cada uma, até chegar em uma definida" Aluna J

"Sim, a etapa que mais contribuiu foi quando vi intervenções artísticas espalhadas por todo o mundo. Isso me fez ver como intervenções têm o poder de chamar atenção para determinado lugar e transmitir mensagens." Aluna M

"Quando a Samara fez um círculo, tirou alguns objetos e pediu para falar sobre eles, com a primeira, que veio na cabeça, eu achei uma ideia muito legal, você ver uma imagem e falar sobre, só com uma palavra." Aluna O

"Não, pois, para chegar em um tema específico, demorou muito, enrolou bastante, colocando outras coisas para fazermos." Aluna Q

"Sim, a parte de experimentar foi a de maior proveito pra entendermos na prática como seria o projeto final." Aluna R

3_Você usou o caderno de processo? Ele foi útil? Como?

"Não, não usei." Aluna A

"Sim, eu usei o caderno. E ele ajudou muito, porque cada ideia que eu tinha eu anotava no caderno e, no decorrer do projeto, eu só fui aperfeiçoando e juntando as ideias, para chegar num resultado final." Aluna C

"Sim, registramos as ideias que tivemos, e isso foi essencial para elaboração do projeto, pois trouxe mais organização e eliminou as possibilidades de perdermos informações, aliás, estava tudo anotado." Aluna D

"Sim, todas as aulas, a turma conversava entre si, e sempre tínhamos novas ideias. Eu as anotava, e delas surgiu o projeto que será apresentado na feira." Aluna M "Sim. Sim. Todos os meus rascunhos do projeto foram feitos nele, todas as informações." Aluna P

"Sim, ele me ajudou a organizar ideias e pesquisas, também ajudou por ser como uma agenda, para saber as datas para cada etapa a ser entregue." Aluna R

  Fig.45 – Algumas páginas do caderno de processo de um aluno.

4_O trabalho foi desenvolvido em equipe. O que achou disso? Você teria chegado aos

mesmos resultados se tivesse feito sozinho? Por quê?

"Foi ótimo, entrei em contato com pessoas da minha sala que não conversava. O trabalho requer intimidade com os participantes, e foi o que me fez chegar mais para perto." Aluna B

"Eu não gostei muito. Sim, eu acho que, se eu tivesse feito o trabalho sozinha, o resultado seria o mesmo ou melhor." Aluna C

"Foi uma forma inteligente de juntar a turma. Se o trabalho fosse individual, talvez, não teria os mesmos resultados. Como o empenho da turma, colaboramos mais quando fazemos juntos." Aluna D

"Eu sempre digo que, quando as forças se unem, ficam mais fácil de resolver problemas, então foi muito bom o trabalho em equipe, pois trabalhamos em equipe. Com certeza, o trabalho individual não teria um bom resultado, pois sempre um tem o conhecimento em algo a mais que o outro." Aluna E

"Não foi muito bom, não, pois algumas pessoas não cooperaram. E, sim, eu teria conseguido fazer sozinha." Aluna Q

"Foi maravilhosa a experiência de trabalhar em equipe, não teria sido a mesma coisa se tivéssemos feito individualmente, pois não teríamos as mesmas ideias, e não seria um trabalho tão elaborado." Aluna R

5_Vocês conectaram o seu contexto com uma cultura bem diversa, exercitaram diferentes

saberes e habilidades. Cite quais foram os seus maiores aprendizados com este projeto.

"Aprendi um pouco mais sobre a cultura do Japão e aprendi a fazer coisas com balão, jornal ou papel e gesso." Aluno I

"Conhecemos melhor a cultura dos dois países e também vimos que não é tão difícil ligar a cultura de dois países tão diferentes." Aluna H

"O trabalho em equipe, a flexibilidade, paciência, o respeito! Valores incríveis que exercemos ainda mais nestes últimos dias. Isso foi extremamente importante pra mim." Aluna M

"Aprendemos sobre o design, que tudo foi criado pelo homem, foi estudado e aprimorado para as pessoas terem acesso. Aprendemos sobre outras culturas e conseguimos até achar algumas coisas em comum." Aluna N

"O trabalho em equipe. Nós temos trabalhos em grupo desde o ensino fundamental, mas, pela primeira vez, eu soube o que é trabalhar em equipe. Fora todo o conhecimento sobre essa cultura que é tão diferente da nossa, que nós adquirimos." Aluna R

"Com esse projeto, conseguimos conhecer diferentes costumes, religiões, danças, etc. Também aprendemos a trabalhar e conviver com diferentes pessoas, compartilhar ideias e opiniões." Aluno S

6_Além de arte, quais outras áreas do saber você acha foram trabalhadas neste projeto?

"O conhecimento e a imaginação." Aluna A "A técnica." Aluna B

  "Sociologia, português, educação física, matemática, geografia, entre outros." Aluna C

"Trabalhamos questões sociais e aprendemos a organizar melhor um projeto, uma lição que levaremos além do ensino médio." Aluna D

"Relações sociais e histórias" Aluna E "História, Sociologia e Filosofia" Aluna J

"Sociologia, Relações Sociais, tirar o foco, bolar algo bem criativo. História do Japão e do Brasil (Cultura)." Aluna O

7_Toda intervenção artística traz significados. Pensando no tema escolhido e na intervenção proposta pelo seu grupo, qual mensagem você acha que vai passar?

"A mensagem da alegria, que não está só no Brasil, com o Carnaval, mas, sim, em todo o mundo, até mesmo no Japão, que é um país mais sério, focado na tecnologia, mais disciplinado." Aluna B

"Como me veio à mente agora o trabalho daquela artista que, com os defeitos nas cidades, ela fazia arte em cima daquilo. Me trouxe uma mensagem de cuidado, preocupação e respeito com o que necessitamos para viver sempre." Aluna E "Queremos mostrar às pessoas a expressão de sentimentos." Aluna F

"A intenção foi tocar o lado sensível das pessoas, espero que tenhamos conseguido. Aluna G

"Vai chamar a atenção para o nordeste do Brasil, mas com detalhes japoneses e detalhes de mangá." Aluna J

"Eu espero que as pessoas, ao ver as imagens, reflitam sobre a união, paz não só na época de Copa como no dia a dia." Aluna L

"Nossa intervenção traz uma mensagem contra o preconceito, afinal, devido os japoneses serem bastantes respeitosos. Com isso, passamos uma diferença entre os brasileiros e japoneses, pois, no Japão, todos respeitam sua cultura, o que não é o caso no Brasil. Aluno K

"Iremos transmitir a imagem de uma natureza viva através de origamis, mais precisamente, tsurus. Além disso, iremos passar a mensagem da longevidade, que é o significado do pássaro." Aluna M

8_Os projetos contribuem para tirar as ideias do papel, para torná-las realidade. Você sabia

que os passos seguidos ao longo do semestre podem ser adaptados para resolver diferentes tipos de problemas? Se pudesse escolher um projeto para desenvolver ou um problema para

resolver, qual seria?

"Às vezes, me sinto confusa quanto ao que quero ser daqui uns anos, que curso fazer na faculdade. Então, eu tomaria o projeto, para chegar a uma conclusão e fazer o que, da melhor forma, me faz feliz, para ficar satisfeita comigo mesma." Aluna D

"Sim, a interagir socialmente." Aluno I

"Sim, criaria um projeto, para tentar amenizar os preconceitos existentes na sociedade." Aluno K

"Sim. Eu resolveria mais projetos. Na verdade, tudo que fazemos, praticamente, passamos por todos os passos." Aluna P

  "Sim, na verdade, várias situações na vida precisam ser projetadas como uma construção, uma festa, filhos." Aluna R

Foi interessante avaliar a visão dos alunos sobre o processo. Mesmo que brevemente, com o questionário, foi possível identificar vários pontos positivos. A pergunta nº 1 era de caráter sintético, para ver como os alunos se lembravam do processo, e, para isso, alguns consultaram o caderno. A questão nº 2, sobre a etapa que mais contribuiu para cada um, as respostas foram diferentes, e notamos que as pessoas são envolvidas por situações e momentos bem distintos. Isso nos leva a acreditar que, se tivéssemos usado o mesmo tipo de aula em todos os encontros, impactaríamos uma parte da turma; ao alternarmos, aumentamos as chances de incluir mais gente. Pelas respostas, percebemos também que a maioria considerou o processo de forma positiva, e apenas uma aluna externou que foram muitas as atividades e que isso perturbou o processo.

O caderno não foi usado por todos, mas os que o usaram consideraram-no como agenda, espaço para registro de ideias e rascunhos, criatividade, organização e planejamento. A opinião sobre o trabalho em equipe, em geral, foi positiva, mas duas alunas relataram que preferiam trabalhar sozinhas, pois achavam que o resultado sairia igual. Para a maioria, o trabalho colaborativo teve sua importância, pois observaram que o resultado não seria o mesmo se tivessem feito trabalhos individuais. Inclusive, na pergunta sobre os maiores aprendizados do projeto, o trabalho em equipe e seus aspectos aparecem em algumas respostas, reforçando sua relevância. Entre os maiores aprendizados, as respostas foram variadas, passando pelo conhecimento da cultura dos países, pelas técnicas, pelos exercícios criativos e outros. Isso se aproxima da próxima pergunta sobre as outras áreas do saber que o projeto envolveu, a qual apresentou respostas diversas e ressaltou a transdisciplinaridade.

A questão nº 7, apesar de parecer simples, traz camadas de aprendizado. Reforça o poder expressivo da arte, a subjetividade de cada integrante do grupo, a capacidade de interpretar e criar significado. Mostra os alunos como sujeitos autorais, criativos, despertos. Assim, é possível vermos o resultado de um trabalho que estimulou aspectos racionais, sensíveis, sensoriais e imaginativos, revelados nas respostas dos alunos. A última pergunta é um pontapé para fora do processo que eles vivenciaram. O objetivo é que eles fizessem a conexão da experiência do projeto e vissem a possibilidade de levar isso para a vida real. Muitos conseguiram fazer a relação; outros podem levar mais tempo para perceber isso.