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A força da avaliação presente na trajetória profissional da pesquisadora foi o elemento fundamental da gênese desta pesquisa. A experiência pessoal como docente, desde o período de formação inicial, foi fortemente influenciada pelo movimento de revisão conceitual da Didática15, bem como pelas discussões sobre as teorias da reprodução.

A efervescência do debate sobre o papel social da escola, dos conteúdos escolares e das práticas educativas, a partir da busca pela compreensão dos processos formativos da escola e sua vinculação às ideologias presentes na vida social, abriu caminho, também, para os

estudos da Sociologia da Avaliação e apontaram para a necessidade de sair da “ mistificação da escola à escola necessária” (RODRIGUES,1998, p.01).

À experiência docente da pesquisadora, somaram-se, subseqüentemente, as de gestão, a atuação em movimentos de representação de classe. Paralelamente, emergiam, nesse período, as discussões sobre o professor e seu fazer e ampliaram-se as pesquisas sobre a prática docente, bem como sobre os movimentos de professores e a questão da formação em serviço. Destacam-se, nesse cenário, os trabalhos de Libâneo (1988), Nóvoa (1992); Zeichner (1993); dentre outros. Importantes autores publicaram trabalhos nesse período

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Refiro-me ao movimento da década de 80 conhecido nos meios acadêmicos pelas produções sobre a “Didática em Questão” (...) em que se buscou a compreensão dos processo de ensino, não somente a partir dos conteúdos ensinados, mas também, das formas de organização em que eles se processam e da análise do conteúdo ideológico presente nos mecanismos de classificação subjacentes às práticas escolares. Também, produções referentes à reconstrução da Didática (MARTINS 1998, p.158) discutiam a democratização do ensino, visando não somente a garantir o acesso à escola, mas também a permanência e a aprendizagem dos alunos.

enfocando a prática docente na universidade. Dentre eles, Lima (1995); Veiga (2001);Dalben ( 2002); Amaral (2000); além de outros.

O interesse da pesquisadora pela Educação Superior foi-se ampliando até o ingresso no mestrado. A partir daí, a pesquisa realizada nessa etapa, já citada anteriormente, (INEZ, 2004), suscitou a vontade e o desejo de investigar a avaliação sistêmica por meio das experiências dos professores que possuíam um determinado tempo na docência, nesse nível de ensino, e que, por isso, vivenciaram experiências de avaliação sistêmica. Na verdade, o intuito é compreender sentidos atribuídos por esses sujeitos à avaliação na Educação Superior, além de leituras que fazem das interferências da avaliação no funcionamento das instituições.

O interesse por um trabalho que analisasse políticas educacionais a partir do olhar dos professores nasce da trajetória profissional descrita, cujas experiências mais marcantes foram aquelas em que estavam presentes as reflexões sobre a função da escola e a formação do professor no trabalho. Esse interesse foi ampliado a partir dos estudos sobre sentidos e significados que os professores constroem sobre as ações cotidianas no contexto escolar e na relação com o contexto mais amplo ao qual as instituições estão vinculadas.

Nessa perspectiva, é que, nesta pesquisa, buscou-se adentrar o campo da Educação Superior, recortando as experiências de avaliação dos professores, por acreditar que elas se

configuram como espaços de produção de conhecimentos sobre o funcionamento da Educação Superior e as representações sociais sobre esse nível de ensino.

Ao tomar como objeto de estudo os efeitos produzidos pela avaliação da Educação Superior na dinâmica das instituições, a partir da reflexão dos professores sobre as experiências vividas, tentou-se buscar respostas a questões que acompanham a trajetória de professora desse nível de ensino, tais como: De que modo a avaliação da Educação Superior tem sido compreendida pelos professores? Em que medida as experiências de avaliação vividas por nós, professores, tem contribuído para a ampliação de concepções e para o enriquecimento de nossas práticas educativas? Como se relacionam políticas e práticas de avaliação num contexto de ricas experiências e de crescimento da produção acadêmica sobre este tema? Quais as interferências da avaliação da Educação Superior na construção de um campo de valores que orienta as práticas escolares e, em conseqüência, a ação dos sujeitos envolvidos?

As experiências vividas pela pesquisadora, já citadas anteriormente, sustentam o pressuposto básico desta pesquisa de que há uma força mobilizadora que constrói modos de ver, de conceber e de reproduzir ou revalidar as políticas de avaliação através das práticas educativas. Isso quer dizer que os mecanismos internos da chamada dinâmica institucional vão reproduzindo os efeitos de uma política em estado de implantação no exercício cotidiano dessas práticas. Mas, ao mesmo tempo, esse não é um processo de mão única, pois os sujeitos desse cotidiano interferem, também, construindo outras possibilidades de

recriação e de reinvenção do cotidiano, através das manifestações de “negociação e resistência” (GIMENO SACRISTÁN, 1995).

Assim, busca-se analisar leituras que os professores fazem do conjunto das experiências de avaliação da Educação Superior, vividas por eles e os efeitos que os processos de avaliação têm produzido nas práticas pedagógicas das instituições, na configuração desse campo de estudos e no desenvolvimento de políticas para esse nível da Educação. As análises aqui presentes se sustentam na idéia de que os professores, não apenas implantam as propostas contidas nas políticas, mas reconstroem essas propostas, a partir de suas visões de mundo, de escola, de ensino e de aprendizagem, tal como afirmam Lessard e Tardif (2005. p.51), os professores analisam suas experiências profissionais, interpretam o trabalho como é vivenciado e como recebem significados por/para eles.