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Enquanto profissionais do campo da Psicologia Social do Trabalho, estamos sempre discutindo as conseqüências do trabalho, bem como as representações que os indivíduos constroem sobre seu próprio trabalho e sua condição de trabalhador. Questiona-se a qualidade das condições que são oferecidas nos ambientes laborais, bem como os modelos de gestão produtiva vigentes. Inúmeros aspectos podem ser inseridos nesse debate, porém, elegemos aqueles que podem ser tratados a partir da subjetividade das trabalhadoras envolvidas nesta pesquisa.

Borsoi (2005) afirma que o que parece ocorrer em regiões de recente industrialização, como Horizonte, “é também um processo de ‘reeducação’ dos trabalhadores, de seus ritmos de trabalho e de vida, formas de consumo, hábitos, modos de pensar e agir”. (p. 32). Segundo a autora, a partir do momento em que iniciam suas atividades nas indústrias, os trabalhadores, e às vezes seus familiares também, precisam aprender, inclusive, determinados hábitos, como postura durante as refeições e cuidados higiênicos com o próprio corpo.

Buscamos então privilegiar a própria experiência das entrevistadas, o que elas dizem sobre sua condição de mulher, sua trajetória de vida, em casa, no trabalho e / ou na comunidade.

Um dos aspectos que se destaca é a forma de gerenciamento da produção utilizada pelas fábricas de Horizonte, que, de acordo com Borsoi (2005), caracteriza-se como um modelo híbrido, que agrega elementos do toyotismo e, principalmente, do taylorismo-fordismo:

Se, por um lado, essas empresas estão investindo dentro de uma lógica reestruturada, pelo outro, continuam atuando a partir do paradigma fordista de produção. Inovação tecnológica e alguns aspectos da organização da produção as colocam com um pé no modelo toyotista, entretanto, o tratamento concedido à força de trabalho, no que diz respeito às exigências em torno do perfil de trabalhador a atuar na produção está longe do que reza a cartilha da reestruturação. A força de trabalho é preparada para o trabalho fragmentado, seriado, típico da proposta taylorista. (p. 71).

Essa fragmentação e simplificação do trabalho aparecem de modo claro na fala de Valquíria, quando relata sua experiência de operária na Sapatos:

Pra mim foi um desafio trabalhar num canto fechado, com muita gente.[...] foi um desafio grande porque eu passei a fazer coisas que eu não queria e sim por obrigação, por ser mandada. Eu trabalhava na marcação de bico. Tinha que marcar o sapato na altura certa e tinha, vamos supor, determinado tanto, fazer tantos pares de sapato em tal horário. Aquilo pra mim era demais, tava puxando o meu limite. Eu sabia que eu era capaz de trabalhar, fazer coisas e mais coisas, mas não naquele local. [...] Eu não passei nem dois meses, foi um desafio. Eu acho assim, lá fora tinha coisas melhores pra mim. Até que eu gostava do que eu fazia, não gostava era do modo como fazia, como a gente era pressionado.

Parece que quem experimentou o ritmo de trabalho fabril, com todas as condições de precarização que são oferecidas e a pressão por produtividade, não quer mais se submeter a postos de trabalho desse tipo, a não ser em último caso. Letícia também tem algo a dizer sobre isso:

Saí em um corte que teve, uma mudança na firma, diminuiu a quantidade de funcionários. Não tenho vontade de voltar pra lá. Não sei porque, mas não tenho vontade, só se não tiver outra opção [...] Eu tô procurando outro meio melhor. Não quero voltar porque quero realizar meu sonho, prefiro trabalhar por conta própria. A gente tem que trabalhar doente lá. Eu tenho um problema urinário que até hoje eu não consigo segurar.

Entre as entrevistadas, três afirmam que não se vêem novamente exercendo funções operacionais nessa indústria (Valquíria, Letícia e Rosalba) e quatro falam do desejo de assumir uma vaga na produção de uma fábrica, em especial, na Sapatos.

Quando a metodologia desse estudo foi elaborada, e enquanto a pesquisa de campo foi sendo realizada, se indagava da percepção das pessoas acerca do processo de industrialização como um todo do município, qual a opinião delas sobre o tipo de emprego que comumente é oferecido por todas as empresas e sobre as transformações que estão ocorrendo. Contudo, na quase totalidade das abordagens, a Sapatos surge sempre como referência principal entre as pessoas da região e também entre todas as entrevistadas em diversos momentos: nas atividades e nas avaliações do projeto “Alinhavando Sonhos / Construindo Realidades”, nos eventos sociais, nas visitas de políticos etc. As demais fábricas eram até mencionadas, mas não com a mesma ênfase.

É admirável a representatividade que essa indústria de calçados tem no imaginário dos moradores do distrito industrial de Horizonte. Não só no imaginário, mas também na realidade da vida dessas pessoas: dos 14.829 trabalhadores com carteira assinada no final de 2007, quase nove mil estavam trabalhando na Sapatos. Ou seja, podemos suspeitar que os moradores de Horizonte, provavelmente, têm alguém da família ou um conhecido próximo que trabalha ou já trabalhou lá.

Vestir o uniforme dessa empresa, entrar no ônibus da sua rota de empregados, ter a carteira de trabalho assinada com o seu carimbo, mencionar que trabalha na Sapatos, ter a possibilidade de efetivar compras a prazo, facilitada por esse emprego, parecem ser um diferencial de status social não somente nesse município, como também nas cidades vizinhas.

Alia-se a isso ainda o fato de a indústria oferecer alguns “benefícios” que nem sempre são disponibilizados pelos outros estabelecimentos, como cesta básica mensal, prêmios por produtividade, brindes no final do ano, transporte para o local de trabalho com variedade de rotas. Segundo Crisália, o ônibus da Sapatos “Vinha pegar, vinha deixar. Imagina se fosse na Flor16, que o ônibus só passa na BR. Não é diferente uma empresa que só dá o transporte que passa na BR? Então, pra mim, o povo que trabalha lá reclama às vezes de barriga cheia”.

A política da Sapatos de não recontratar ex-funcionários, independentemente do motivo da saída, colabora para a exaltação dessa empresa, pois provoca nos trabalhadores que se encontram fora dela uma espécie de sentimento de arrependimento pela oportunidade perdida. Isso pode, de certa forma, ser percebido nas falas de Virgínia e Valquíria:

Eu saí, mas porque me botaram pra fora. [...] Queria trabalhar lá. Porque é assim, é verdade, é um sonho que eu tenho de voltar pra lá. É um sonho pequeno, é, mas acho que tudo começa pequeno. O povo diz ‘Virgínia, teu sonho é muito pequeno; tu quer trabalhar aqui, quando todo mundo quer sair’. Pois todo mundo quer sair e eu quero é entrar.

Ele [marido] já trabalhou na empresa também. Ele corre todos os dias atrás porque ele saiu da empresa por conta de uma fatalidade, não por que ele queria, foi uma fatalidade que aconteceu aqui fora, que ele teve que faltar. Então a empresa demitiu ele. Até hoje ele luta pra entrar e não conseguiu ainda.

Se essas mulheres não podem ser contratadas, seus filhos podem. Contudo, quando essa contratação é almejada, que seja, preferencialmente, em funções de maior nível de escolaridade, e não em funções operacionais:

Gostaria de ver meus filhos trabalhando na Sapatos. Não no serviço pesado, porque assim, nenhum dos dois tem preguiça de trabalhar, tudo que tem pra fazer eles é disposto, eles faz. Mas eles pensa muito. Sempre falei que a firma é boa. “Ô mãe, pois um dia nós vamos, também vamos trabalhar lá”. Porque eu acho que os jovens de hoje têm oportunidade tão maiores que a gente tinha, que eles podem arranjar uma coisa melhor. Pode, se eles se prepararem bem, eles podem arranjar uma coisa melhor. A Sapatos ela tem umas oportunidades para o jovem que tá se preparando direitinho, tem coisas lá que realmente eles podem fazer. (Virgínia).

Portanto, as opiniões se misturam: ao mesmo tempo em que se observa um enaltecimento da Sapatos, os atuais e ex-operários da indústria têm consciência das condições precárias de trabalho e das conseqüências negativas para a sua vida, de forma que nem sempre querem aderir novamente a esse tipo de serviço. Às vezes, uma pessoa que não deseja voltar para as fábricas não consegue expressar ou não quer expor os reais motivos disso.

Uma questão central de debate sobre o mundo do trabalho diz respeito ao prejuízo à disponibilidade do tempo que pode ser destinado a outras esferas da vida. Em Borsoi (2005), vemos que “o trabalhador fabril vive sob a cisão trabalho-casa”, em que a sua vida fora do ambiente laboral é “regulada, controlada” pelo trabalho para que se mantenha “sua eficiência muscular e nervosa”. (, p. 29). Isso fica bem claro na fala de Crisália:

Quatro anos que eu passei na firma, eu não tinha tempo de sair de casa. Meu tempo mais era dentro da firma do que em casa. [...] Fazia muita extra pra poder conseguir ganhar melhor. [...] Tinha dia que saía de manhã cedo, tinha

de me acordar três horas, pra deixar almoço, pros meninos merendar e almoçar. Tinha dia que chegava seis horas da noite, pra fazer extra. O tempo que eu tinha era de chegar em casa, fazer minhas coisas e dormir.

A hora extra, por sinal, é um elemento bastante exigido pelas empresas do ramo industrial, principalmente em períodos de grande demanda de produção. Chegar em casa logo após o final do expediente normal parece ser um acontecimento raro entre os operários dessas fábricas, tornando difíceis o acesso ao lazer e a conciliação entre trabalho e descanso.

A escolaridade mínima e a qualificação profissional são quesitos cada vez mais cobrados nas seleções de novos trabalhadores em Horizonte. O coordenador do IDT do município, em exercício no início de 2009, relata que candidatos sem o diploma de Ensino Fundamental praticamente não são mais contratados, assim como aqueles sem nenhuma experiência profissional ou comprovação de capacitação, o que é sabido pelas mulheres entrevistadas:

Muita coisa mudou em Horizonte. Poucas pessoas hoje trabalha na agricultura, porque, como não existia empresa, o povo vivia da enxada, não tinha outro meio de sobreviver a não ser o campo, plantando feijão, milho, macaxeira, mandioca. Esse era o meio de sobrevivência que até hoje existe aqui, mas é pouco, devido as empresas que hoje elas trabalham, tem poucas pessoas que continuam, até porque não tem o grau de escolaridade que as empresas exige, aí acabam vivendo da agricultura mesmo. Quem não tá nas empresas é porque não tem escolaridade. A maioria que não estuda ainda não sabe nem assinar o nome. (Valquíria).

Entretanto, entre as mulheres entrevistadas, a busca pela escolaridade e até da qualificação profissional está em segundo plano, o que será discutido no tópico seguinte.

Um ponto que merece atenção é o assédio moral no trabalho, como foi mostrado anteriormente na história de Valquíria, que pediu a sua dispensa do posto de serviço por estar sendo bajulada por um funcionário ao qual estava subordinada. Situações como essas podem ser evitadas ou amenizadas quando há maior organização entre os trabalhadores, por exemplo, por meio de sindicatos que, efetivamente, direcionam suas ações em prol dos trabalhadores. De acordo com Borsoi (2005), “os sindicatos acabam permanecendo quase sempre alijados do processo de mediação entre capital e trabalho”. (p. 137). Contudo, esse fortalecimento é um desafio ainda longe de ser alcançado pelos operários não apenas de Horizonte, mas também das fábricas de

Fortaleza, de outros municípios cearenses e dos novos territórios industriais do Nordeste.

Querendo ou não, a inserção nas indústrias foi o passo inicial de muita gente rumo a melhorias em relação ao poder aquisitivo, à educação, e, especialmente, à conquista da casa própria. Todas as mulheres entrevistadas, assim como as outras participantes do projeto, possuem residência, que foi obtida a partir do trabalho delas ou de membros da família nas indústrias: “Mudou muita coisa. Eu digo pras minhas irmãs: hoje eu sou uma pessoa rica. Meu sonho era uma casa, hoje eu tenho minha casa” (Valquíria); “Pra mim foi uma ajuda boa, um pontapé inicial. Passei sete anos e nove meses”. (Letícia).

Esse é um fato também presente no estudo envolvendo operários de Horizonte, no qual Borsoi conclui: “Os opostos ter / não-ter são constantes no discurso de todos referindo-se a um outro par de opostos: antes / depois do trabalho nas fábricas”. (2005, p. 160).

7.2 QUESTÕES DE GÊNERO E DE RAÇA RELACIONADAS AO TRABALHO Para Moraes (2005), as questões de gênero e raça estão entrelaçadas e fazem parte de um contexto complexo, perverso, injusto, de muita luta diária, de muitas insistências e desistências. A autora bem resume, de forma metafórica, o seu ponto de vista sobre a situação da mulher negra na atual sociedade brasileira: “Fazemos parte de um contingenciamento de mulheres-objeto. Ontem a serviço de frágeis sinhazinhas e de senhores de engenhos tarados. Hoje, empregadas domésticas de mulheres de classe média e alta, ou de mulatas tipo exportação”. (p. 17).

Tendo em vista o fato de o projeto “Alinhavando Sonhos / Construindo Realidades” ter sido pensado inicialmente para um público multiplamente alvo de preconceito e discriminação no mercado laboral (mulher, jovem, negra), algumas questões relativas a esses temas merecem ser destacadas. Além disso, um dos núcleos de execução foi um território quilombola, que é permeado por uma série de aspectos culturais e vem sendo foco de atenção de políticas públicas nacionais e municipais, o que fora mencionado anteriormente.

Segundo o Manual de Formação da Oxfam, 1999, a palavra gênero foi usada pela primeira vez na década de 1970, por Ann Oakley e outros autores, no intuito de descrever aquelas características de mulheres e homens que são socialmente

determinadas, em contraste com aquelas que são biologicamente determinadas. (MORAES, 2005).

As pessoas nascem machos ou fêmeas e aprendem com os grupos sociais que convivem a tornarem-se meninos e meninas, homens e mulheres. São ensinados, no dia-a-dia, comportamentos, atitudes e relacionamentos adequados, papéis e atividades de meninas e meninos. Esse aprendizado é incorporado, determinando a organização da identidade de gênero.

O sentido do termo gênero é diferente de papéis, porque gênero constitui o sujeito, faz parte de sua construção social, ultrapassa a idéia de desempenho de um simples papel que lhe é determinado por outrem.

O debate sobre gênero está no campo social, pois é nesse espaço que as relações acontecem na prática e que as desigualdades e as discriminações se efetivam. Compreendemos que as desigualdades entre homens e mulheres são construídas no campo social, e não determinadas pela diferenciação biológica. Contudo, encontra-se extremamente disseminada a idéia de que a divisão de papéis entre homens e mulheres é determinada pela diferenciação biológica.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), podemos observar um panorama em nível mundial em que as mulheres:

a) são responsáveis por 2/3 do trabalho realizado e recebem 1/3 dos salários; b) são detentoras de 1/10 da renda;

c) representam 2/3 dos analfabetos;

d) detêm menos do que 1/100 das propriedades;

e) representam aproximadamente 70% dos quase 1,3 bilhão de miseráveis. No cenário internacional e nacional, as mulheres têm cada vez mais aumentado seu espaço nas esferas social, política e econômica, mas é no âmbito da família que se têm observado as mudanças mais expressivas.

As relações de gênero apresentam-se desiguais e diferentes em vários aspectos da vida cotidiana. No que pese homens e mulheres exercerem atividades na esfera da produção e da reprodução, tanto do âmbito público como no privado, no governamental e no comunitário, as atividades domésticas e familiares são associadas às mulheres.

Para ilustrar a situação feminina no território brasileiro, tomamos as informações da Síntese de Indicadores Sociais 2007 (IBGE, 2009), pesquisa realizada a cada dez anos pelo IBGE e que contempla os dados do censo de 2006.

A escolaridade tem um papel importante sobre as condições de vida das pessoas, além de ser um dos princípios atribuídos para medir a desigualdade. É considerada um elemento estratégico de mudança da realidade social de um país. Nas áreas urbanas brasileiras, a escolaridade média das mulheres é de 7,4 anos para a população total e de 8,9 anos para as ocupadas.

A maior participação das mulheres no mercado de trabalho tem se concentrado em quatro grandes categorias ocupacionais que, juntas, compreendem cerca de 70% da mão de obra feminina: serviços gerais (30,7%); trabalho agrícola (15%); serviços administrativos (11,8%); e comércio (11,8%). No Nordeste, 26,6% das mulheres, em 2006, eram trabalhadoras agrícolas.

Para as mulheres ocupadas com média de 12 anos de estudo, a inserção no mercado de trabalho é mais intensa nas atividades de educação, saúde e serviços sociais (44,5%). O aumento da qualificação feminina tem se intensificado nos últimos anos: das pessoas que freqüentavam estabelecimentos de ensino em 2006, a proporção de mulheres era de 57,5%.

O número de mulheres que são indicadas como a pessoa de referência da família passou de 10,3 milhões em 1996, para 18,5 milhões, em 2006, o que certamente está relacionado com a maior participação das mulheres no mercado de trabalho e representa uma contribuição feminina para o rendimento da família.

Entre os tipos de estrutura familiar, a maior proporção de mulheres “chefes” encontrava-se em famílias que não contavam com a presença do marido e os filhos tinham 14 anos ou mais de idade. Cuidar sozinha dos filhos não é uma tarefa fácil para as mulheres, uma vez que recaem sobre elas não somente a responsabilidade pelo sustento da família, mas grande parte dos afazeres domésticos e todo o processo de educação e cuidado dos filhos.

Nas famílias nas quais a mulher era a pessoa de referência, cerca de 31% delas viviam com rendimento mensal de até ½ salário mínimo per capita; no caso das famílias com chefia masculina esse percentual era de 26,8%.

Outra desigualdade de gênero apresentada no âmbito da família diz respeito à divisão dos afazeres domésticos. Somente metade dos homens da pesquisa realizava atividades em casa, enquanto que nove em cada 10 mulheres tinham essa atribuição. No Ceará, os números relativos a essa questão são 46,7% para homens e 90,3% para as mulheres. Ainda há discrepância quanto à jornada média semanal despendida nesses

afazeres: as mulheres trabalham 24,8 horas, ao passo que os homens não atingem sequer a metade desse período.

Trazendo a discussão de gênero para a localidade pesquisada, há várias ocorrências a serem postas em debate. A primeira delas está vinculada ao próprio projeto “Alinhavando Sonhos / Construindo Realidades”: os dados que seguem não foram pesquisados anteriormente, quando da elaboração do projeto, mas a área de atuação escolhida acabou indo ao encontro de uma realidade de Horizonte.

De acordo com informações disponibilizadas pelo MTE, através do Perfil do Município, 17 apenas as contratações de profissionais para as atividades de Administração Pública superam, em número, as contratações do público feminino em relação ao masculino, conforme tabela a seguir:

TABELA 3 - Número de empregos formais em Horizonte (31 de dezembro de 2007).

Atividade Masculino Feminino Total

Extrativa Mineral 3664 3 3667

Indústria de Transformação 6.390 4.842 11.232

Serviços Industriais de Utilidade Pública 0 0 0

Construção Civil 139 4 143

Comércio 422 169 591

Serviços 346 134 480

Administração Pública 764 1.160 1.924

Agropecuária 374 46 420

Total das Atividades 8.471 6.358 14.829

Idade de 16 a 24 anos 2.671 1.807 4.478

Fonte: RAIS/2007 - MTE

Ao analisarmos os números relativos às ocupações mais numerosas no município, observamos que a quantidade de mulheres contratadas formalmente para a função de costureiro na confecção em série superou em mais de 800% a quantidade de homens no ano de 2007, como mostra a tabela abaixo:

TABELA 4 - Ocupações com maiores estoques em Horizonte (31 de dezembro de

2007).

Função Masculino Feminino Total

CBO 784205 Alimentador de linha de produção 1.970 1.951 3.921

17 Perfil do Município: produto integrante do Programa de Disseminação de Estatísticas do Ministério do

Trabalho e Emprego (MTE), que tem como fonte o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), que oferece um acesso simplificado a informações sobre a composição do emprego e sobre a movimentação de trabalhadores regidos pela CLT em todo o país.

CBO 764205 Costurador de calçados, a máquina 2.013 1.733 3.746 CBO 763210 Costureiro na confecção em série 53 436 489 CBO 991405 Trabalhador da manutenção de

edificações

159 286 445

CBO 411005 Auxiliar de escritório, em geral 169 196 365 Fonte: RAIS/2007 - MTE

Daí que a atividade de costura, tanto de confecções quanto de calçados (atividade da Sapatos), realmente constitui uma porta de entrada para as mulheres nas indústrias. A contratação de operários para esses setores exige certo nível de