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Exploração, Categorização e Análise dos Dados

CAPÍTULO 3 – O PROCESSO DE ANÁLISE

3.3 Exploração, Categorização e Análise dos Dados

2. ANÁLISE: Envolve os mecanismos de compreensão e tematização

B1. Análise Crítica – Envolve a relação entre documento e pesquisador e sua validade no contexto da pesquisa. Para esse ponto são adotados dois princípios de validade.

I. Crítica Interna: Procura estabelecer a confiabilidade da informação encontrada através da verificação da credibilidade de quem as produziu, seja um autor específico, um órgão oficial ou uma instituição pública. Segundo Bell (1993, apud Calado e Ferreira S.D.)

algumas questões são fundamentais para estabelecer uma validade interna aos documentos, são elas: que tipo de documento se trata? Que diz de fato o documento? Quem os produziu? Qual a finalidade? Quando e em que circunstâncias? Está completo? Qual a origem social e a tendência política quando de sua elaboração? É possível observar distorção ou emissão de informação?

II. Crítica Externa: Procura identificar a validade do documento a partir de sua origem. O objetivo é verificar se o documento não é forjado, falso ou manipulado, para isso utiliza-se da verificação e confrontação de informações, como o período de elaboração do documento em relação ao contexto de quem o escreveu, a verificação da caligrafia (quando presente), e teste químico (quando necessário em documentos antigos).

Os documentos de fontes primárias analisados foram submetidos aos princípios de crítica interna e externa para sua validação, sendo descartados aqueles cujas informações não puderam se adequar a esses princípios.

B2. Exploração do Dado. Visa obter as informações a partir da exploração total das informações em suas múltiplas dimensões. O objetivo é o acesso ao documento, sua leitura e interpretação a partir das informações obtidas.

B3. Categorização. Após a exploração do documento, o passo seguinte foi a categorização das informações encontradas a partir dos pressupostos definidos a priori na problemática e objetivos da pesquisa. O intuito foi enquadrar os fenômenos em categorias que pudessem ser reagrupadas de forma a mostrar a realidade a partir de uma observação macro.

A análise dos documentos da UNESCO identificou as ações de cada país em campos mais críticos do desenvolvimento nacional em que a educação não-formal tornou-se importante ferramenta. A partir dessa concepção, foi adotada uma categorização específica tanto sobre a posição geopolítica dos países quanto do enquadramento dos programas, projetos e ações citados nos documentos, com objetivo de criar um panorama comparativo e uma análise mais clara das políticas empregadas em diversos contextos. Assim a categorização ficou definida em:

I. Categorização Global39: a partir dos indicadores socioeconômicos do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), PIB per capita e expectativa de vida, os países foram divididos em 3 categorias tomando como referência a estatística descritiva e a obtenção dos

valores ordenados em Quartis40. Esses indicadores foram os selecionados por serem os mais comumente utilizados pelos organismos internacionais como ferramenta de comparação dos avanços sociais e econômicos dos países. Dessa maneira, as categorias foram assim definidas:

Grupo 1: Países com renda per capita, expectativa de vida e IDH elevados, demonstrado pela alocação acima do último quartil (quartil 75) de todos esses itens.

• Grupo 2: Países que apresentam, pelo menos, dois desses indicadores no valor central da amostra (quartil 50) , o que denota um padrão de razoabilidade em alguns itens e baixo padrão em outros.

• Grupo 3: Países que apresentam, pelo menos, dois de seus indicadores no primeiro quartil (quartil 25), o que mostra fragilidade em relação aos demais países do grupo analisado no que tange aos indicadores sociais e econômicos. Os valores de cada quartil para os 3 indicadores ficou definido em:

Divisão em 4 partes Q1 Q2 Q3 Q4

Novo Agrupamento Q2

e Q3 Quartil 25 Quartil 50* Quartil 75

IDH 0,463 0,543 0,634

PIB per capita US$ 1.470,00 US$ 2.767,00 US$ 7.200,00

Expectativa de vida 54 anos 64,7 anos 73 anos

Quadro 7 – Valores de Quartil para os indicadores de categorização dos países. Fonte: Autor.

* Optou-se por unir o Q2 e Q3 originais em um único bloco por representarem 50% do valor amostral dos dados, sendo, portanto, os valores de 25 e 75 os extremos inferior e superior da amostra o que representa as exceções em termos de posicionamento dos indicadores adotados.

O objetivo dessa categorização foi o de verificar se as políticas de educação não- formal locais sofrem modificações a partir dos diferentes contextos internacionais e as distintas realidades nacionais.

II. Categorização Local: A construção e definição dos elementos constituintes da categorização local de enquadramento dos programas e projetos levaram em consideração a própria definição de educação não-formal que a UNESCO adota, bem como os campos de ação e possibilidades de uso desse modelo educacional para a obtenção de determinados objetivos em ambiente macropolítico e social. A concepção dos sistemas de avaliação e

40 Quartil faz parte da Estatística Descritiva e seu objetivo é dividir o conjunto ordenado de dados em partes

iguais a partir do valor da mediana, deixando cada parte representar exatamente ¼ da amostra. O ponto central representa 50% da amostra sendo as posições dos extremos inferior e superior correspondendo aos 25% de exceção respectivamente.

orientação das políticas de educação não-formal, RVA e NFE-MIS, compreendeu indicativos de como as categorias poderiam ser baseadas e definidas para o entendimento da implementação de tais políticas em cada país analisado. Dessa forma, cinco categorias centrais foram adotadas durante a análise dos relatórios da UNESCO e tomadas como referência para a compreensão da educação não-formal em cada país. Salienta-se, contudo, que as análises aqui realizadas tomam como referência o recorte metodológico de utilização apenas dos relatórios da UNESCO disponibilizados em seus bancos de dados, o que não define, a priori que, o que a organização disponibiliza sejam os únicos movimentos no campo da educação não-formal em cada país, podendo, portanto, haverem outras ações não citadas em seus documentos oficiais.

Os relatórios da organização pré-determinam algumas categorizações próximas ao definido no quadro 8; no entanto, diferem-se em termos de aplicação conceitual de sua definição prática pela ausência de alguns pontos chaves que determinam o rumo de cada ação.

Categoria Descrição

Aprendizagem

Faz referência ao uso do sistema não-formal de educação para a obtenção de padrões definidos pela educação básica. Incluem-se nessa categoria as políticas de alfabetização, e educação de jovens e adultos.

Habilidades para Vida

Faz referência a ações que visam desenvolver habilidades pessoais com intuito do fortalecimento individual e coletivo de uma determinada comunidade. Incluem-se nessa categoria políticas de qualificação e recolocação profissional.

Vida em Comunidade

Faz referência às ações de desenvolvimento comunitário e fortalecimento da vida coletiva. Incluem-se nessa categoria ações de aprendizagem em áreas como saúde e prevenção, nutrição e alimentação, entre outras ações.

Desenvolvimento Comunitário

Faz referência a políticas que favoreçam o desenvolvimento econômico e social de determinada comunidade. Incluem-se nessa categoria ações de expansão de infraestrutura, geração de renda e empreendedorismo.

Treinamento Vocacional

Faz referência a políticas de especialização profissional, orientadas pelos interesses nacionais em setores críticos. Incluem-se nessa categoria ações de educação não-formal com vistas à formação laboral técnica.

Quadro 8 - Categorização de enquadramento dos programas, projetos e ações em cada país. Fonte: Autor