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Exploração de Novos Recursos Marítimos

A iniciativa “Blue Growth”, da Direcção-Geral Europeia dos Assuntos Marítimos e das Pescas, pretende definir a dimensão marítima da Estratégia Europeia 2020. Neste âmbito foram identificados como sectores emergentes de elevado potencial, numa fase de per- desenvolvimento, na economia marítima:

• Biotecnologia Azul –O oceano profundo é um ecossistema de elevado potencial e

interesse estratégico que também será melhor explorado no futuro. Vários estudos científicos tem vindo a demonstra a existência de novos recursos genéticos no subsolo marítimo, ricos em novas formas de vida, novas bactérias incluindo proteínas e enzimas da denominada “ biotecnologia azul”. Ainda numa fase preliminar de

investigação, onde encontram-se exemplos de aplicação em bio-polímeros projectados para ser biodegradáveis em apenas algumas semanas, o que será uma melhoria

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importante em relação aos polímeros petroquímicos actualmente disponíveis, que não são biodegradáveis. As principais empresas interessadas neste sector são as

relacionadas com a indústria farmacêutica, química e cosméticos.

• Energias Renováveis Oceânicas – O potencial de energias renováveis oceânicas

encontra-se numa fase em que ainda não é competitiva relativamente a outras energias alternativas. As mais promissoras são a energia das marés, das ondas, osmótica (água salgada e água doce) e por conversão térmica (quentes e frias a superfície e profundidade).

• Mineração Marítima – o potencial mineral do subsolo oceânico apresenta indícios de

elevado valor, no enanto, os impactos no ecossistema ainda não estão

suficientemente identificados para uma exploração sustentável. OS estudos apontam para que em 2020 cerca de 5% da produção mineral seja marítima e em 2030 já atinja uma quota de 10% (10 biliões de euros).

Há, no entanto, que considerar que estas actividades estão, em geral, numa fase de I&D intensivo, muitas vezes patrocinadas por empresas que impedem a divulgação publica dos resultados alcançados; carecem de elevados investimentos financeiros e, por outro lado, os impactos ambientais ainda não estão devidamente determinados, conhecendo riscos sobre o equilíbrio dos ecossistemas e a biodiversidade marinha.

Em Setembro de 2012 o Governo dos Açores anunciou o envio para publicação dos avisos públicos para a atribuição de direitos de prospecção e pesquisa em cinco áreas (Moreto, Saldanha, Famous, Verdelho e Arinto) no fundo do mar dos Acores à empresa Nautilus Minerals Inc. Na mesma altura foi aprovada legislação que estabeleceu o regime jurídico de revelação e aproveitamento de recursos geológicos do território marinho da R.A. dos Açores. O Governo declarou que para a Região, os 3 milhões de metros quadrados da plataforma Continental em torno dos Açores abrem novos horizontes no aproveitamento de sulfuretos maciços polimetálicos com uma riqueza em cobre que é mais de uma dezena de vezes superior á do minério explorado em terra, a que acrescem concentrações de outros metais de grande valor.

A Nautilus Minerals Inc. está a desenvolver na Papua Nova Guiné o primeiro projecto mundial de extracção de ouro e cobre de depósitos submarinos de sulfuretos em sistemas hidrotermais profundos.

Neste contexto, procurou-se apresenta-se mais á frente informação constitui um referencial de comparação para um futuro projecto de mineração na R.A. dos Açores.

Potencial de Mineração Submarina nos Açores

Enquadramento

Em Setembro de 2012 o Governo dos Açores anunciou o envio para publicação dos avisos públicos para a atribuição de direitos de prospecção e pesquisa em cinco áreas (Moreto, Saldanha, Famous, Verdelho e Arinto) no fundo do mar dos Acores à empresa Nautilus

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Minerals Inc. Na mesma altura foi aprovada legislação que estabeleceu o regime jurídico de revelação e aproveitamento de recursos geológicos do território marinho da R.A. dos Açores. O Governo declarou que para a Região, os 3 milhões de metros quadrados da plataforma Continental em torno dos Açores abrem novos horizontes no aproveitamento de sulfuretos maciços polimetálicos com uma riqueza em cobre que é mais de uma dezena de vezes superior á do minério explorado em terra, a que acrescem concentrações de outros metais de grande valor.

A Nautilus Minerals Inc. está a desenvolver na Papua Nova Guiné o primeiro projecto mundial de extracção de ouro e cobre de depósitos submarinos de sulfuretos em sistemas hidrotermais profundos.

Neste contexto, procurou-se recolher informação que permita constituir um referencial de comparação para um futuro projecto de mineração na R.A. dos Açores.

Experiências noutras regiões do mundo

Desde que as dragas do HMS Challenger, numa viagem de descoberta científica na década de 1870, levantaram das profundezas "um número imenso de nódulos de formato mais ou menos circular" que se tem conhecimento de que muitos minerais se podem encontrar no fundo do mar.

No entanto, a maioria desses objectos em forma de ameixa - conhecidos como nódulos de manganês, apesar de conterem vários outros minerais – situam-se a muitos quilómetros de profundidade. A Rússia explora alguns nas suas águas territoriais no Golfo da Finlândia e outros países possuem licenças de exploração, mas nunca foi considerado económico passar á fase de extracção.

Na década de 1960, depósitos minerais de um tipo diferente foram encontrados no Mar Vermelho, onde a expansão dos fundos oceânicos impele a separação lenta da África e da Arábia. Um alongamento semelhante ocorre sempre que duas placas tectónicas se afastam, por exemplo, no Rift das Galápagos ao largo do Equador, e foi aqui em 1977 que as primeiras fontes hidrotermais em águas profundas foram descobertas. Essas aberturas formam fissuras em áreas vulcânicas do fundo do oceano através as quais a água do mar se escoa, senda aquecida por rochas quentes, por vezes em fusão. A água dissolve minerais nas profundidades

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da crosta da Terra antes de subir como um géiser a partir do fundo do mar a temperaturas até 400° C.

Esse fluido de depósitos minerais, se for rico em ferro e enxofre, emerge e forma uma nuvem de "fumo” preta, a partir da qual, quando em contacto com a água fria do fundo, os minerais se precipitam. Formam-se chaminés altas, que crescem até seis metros por ano, em torno delas vivem estranhas criaturas: vermes tubulares gigantes, sem boca, estômago ou ânus, que se alimentam de micróbios cuja energia deriva não do sol, mas de compostos químicos existentes nos fluidos da crosta. Ao longo do tempo as chaminés colapsam, criando depósitos de alto teor em sulfuretos, os quais constituem hoje motivo do maior interesse por parte dos exploradores mineiros de profundidade.

As fontes hidrotermais desse tipo encontram-se aproximadamente a cada 100 km (54 milhas náuticas), ao longo dos cerca de 65.000 km de montanhas submarinas. Elas encontram-se também em bacias vulcânicas "back-arc", bacias geológicas desenvolvidas por esforços tensionais em zonas situadas atrás do arco magmático de regiões de convergência de duas placas tectónicas. Muitas dessas bacias estão no Pacífico Ocidental, sendo parte de um enorme "anel de fogo" que se dispõe numa ferradura desde o Norte da Nova Zelândia, através da Indonésia, as Filipinas e o Japão, na direcção Leste pelas ilhas Aleutas e depois para Sul, ao longo da costa do Pacífico Norte e América do Sul, abrangendo a maioria dos vulcões activos e adormecidos do mundo.

Uma das razões porque as formações de sulfuretos maciços polimetálicos recebem tanto interesse dos exploradores é que os metais que elas contêm – nomeadamente o cobre, o ouro, o zinco e a prata são altamente concentrados. Outra é que essas formações são frequentemente de grandes dimensões, com 200 metros ou mais de largura e de comprimento, dezenas de metros de espessura, e podem conter vários milhões de toneladas de minério. Todas situadas na superfície do leito do mar, e muitas estão somente 1-2 km abaixo do nível médio das águas.

A essa profundidade a tecnologia desenvolvida para a indústria offshore de petróleo pode ser utilizada para a mineração. Em particular, as bombas de água e os tubos de sucção desenvolvidos para trazer petróleo para a superfície podem ser utilizados para trazer minerais (misturados com água) desde uma mina de sulfureto. A indústria de petróleo também desenvolveu veículos operados remotamente (Remotely Operated Vehicles - ROV) para construir valas para os pipelines no fundo do mar, que podem ser adaptados para o corte de minério, mesmo que se encontre a grandes profundidades. Em geral, a tecnologia de máquinas necessárias para a mineração em águas profundas já não é uma novidade. Existem robots que podem atingir profundidades de 11 quilómetros.

A De Beers, explora diamantes ao largo das costas da Namíbia e da África do Sul. No passado, estas pedras com qualidade de gemas foram transportadas pelas águas do rio Orange e, desde então, foram varridas ao longo da costa, algumas até deram á costa empurradas pelas marés e pelos ventos. Mas essa exploração fica-se pelos 100 metros de profundidade.

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Benchmarking para um projecto de mineração no mar dos Açores

Embora tratando-se de um tipo de projecto que utiliza técnicas já maduras na área de pesquisa e exploração do gás e do petróleo existem muito poucas experiências concretas. Assim, o benchmarking com o projecto Solwara 1 e as actividades da Nautilus Minerals Inc, são do maior interesse (ver ” Benchmark e Estudo de Casos”).

Benchmarking Estratégico

• Encontrar a melhor forma de promover o projecto de mineração a nível regional,

nacional e internacional (junto de empresas mineiras e fundos financeiros).

• Preparar a interacção com outros sectores da economia da R.A. dos Açores,

nomeadamente a nível industrial, energético, portuário e de transportes marítimos e logística.

• Avaliar o impacto ambiental dos projectos já estudados ou em execução.

• Encontrar as melhores formas de comunicação com as populações tendo em vista

captar a adesão de todos a projectos que constituem um desafio para a economia da R.A. dos Açores.

Benchmarking Funcional

• Analisar a organização das operações de prospecção, pesquisa e mineração submarina

em zonas do mar dos Açores onde existem sulfuretos polimetálicos.

• Identificar os equipamentos e sistemas utilizados pelas empresas de mineração

submarina, tendo em vista preparar com antecedência os meios humanos e técnicos de que possam vir a necessitar localmente. Para a Região é de todo o interesse aumentar o valor acrescentado regional.

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• Identificar na R.A. dos Açores a melhor localização para essas infra-estruturas. Por

exemplo, porto onde instalar base logística, com cais de descarga das barcaças com minério, parque de minério, cais para exportação, zona industrial para concentrar o minério antes de ser exportado, etc.

Pontos Fortes Pontos Fracos

• Disponibilidade de infra-estruturas (portuárias e aeroportuárias) para apoio às futuras actividades de exploração de recursos subaquáticos

• Algumas actividade poderão ser realizadas em zonas mais distantes da Terceira que de outras ilhas dos Açores

Oportunidades Ameaças

• Suporte logístico das futuras actividades de exploração de recurso subaquáticos • Participação nas actividades científicas de

biotecnologia, minerais, equipamentos de exploração e outras nos quadros das redes de I&D públicas e privadas

• Algumas actividade poderão ter impactos ambientais adversos que deverão ser acutelados à partida de modo a não prejudicarem o meio ambiente fundamental à ilha Terceira e

eventualmente impactos adversos em outras actividades económicas locais