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A inovação, enquanto geradora de competitividade, é um factor fundamental de

desenvolvimento económico. A inovação é o processo que permite gerar novos produtos ou melhorar produtos existentes, bem como a criação ou melhoria de processos produtivos de modo mais eficiente.

Podemos considerar dois processos básicos de inovação, e encontramos exemplos de ambos na Terceira. Inovação gerada a partir de desenvolvimento científicos que chegam até ao mercado e, por outro lado, necessidades de mercado que são satisfeitas por desenvolvimento de produtos ou serviços para responder a estas necessidades.

Ilustração 2 - Modelos Tradicionais de Inovação

Apesar da simplicidade conceptual atractiva destes modelos, na realidade a inovação não ocorre de modo tão linear, sendo geralmente recursivos e cíclicos nesta execução.

Adicionalmente, constata-se que nem todas as iniciativas de inovação concluem com sucesso

Ciência Engenharia Produção Marketing Comercialização Science Push

Necessidades de

Mercado Desenvolvimento Produção Comercialização Market Pull

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no mercado, ou sequer atinjam esse patamar. Além de novos produtos ou serviços, o processo inovador gera também novas competências e conhecimentos nas organizações, aumentando por esta via a competitividade dos recursos.

Assim, as organizações individualmente têm mais dificuldade em serem inovadoras de sucesso em sectores altamente especializados e num contexto de elevada incerteza. Pelo contrário, o ambiente mais fértil para a inovação tende a envolver redes de agentes económicos que participam em processo colaborativos de longo-prazo em meios de comunicação intensa entre as partes com vista o prosseguimento de objectivos comuns.

A inovação cada vez mais deriva da interacção de entidades ligadas em rede, com modos de interacção mais complexos, o que acarreta maiores exigências na capacidade de as

organizações gerirem a teia de relações, estando as empresas inseridas em redes de investigação, marketing ou produção em simultâneo. Na economia do mundo moderno, a cooperação em rede muitas vezes é o modelo organizacional mais eficiente e inovador. O apoio a uma política de desenvolvimento da inovação local, pode ser efectuado através de:

• Investimento em infra-estruturas: centros de investigação, parques tecnológicos ou

incubadoras;

• Apoios às empresas para a inovação, financeiros ou não, através de aplicação de

“design”, elaboração de protótipos, patentes, capital-semente;

• Transferência de conhecimento: formação, bolsas de estágios científicos, projectos

conjuntos universidade-empresa, consultoria;

• Suporte dos organismos locais, através de políticas de compras focalizadas em

produtos/serviços inovadores locais, suporte a eventos/feiras de divulgação da

inovação local, suporte a aplicações-piloto/demonstrações de novos produtos/serviços nos organismos locais, externalização (outsourcing, concessão ou outros modelos de aquisição externa de serviços e produtos locais)

Nas fileiras da carne e do leite, que tão importantes são para a economia dos Açores e da ilha Terceira em particular, é possível desenvolver produtos Premium, para o que é importante o contributo colaborativo de todos os intervenientes na cadeia de valor.

Utilizando a Investigação científica é possível desenvolver, a partir de tratamento de produtos básicos ou através de novos processos de criação/produção, produtos com características que se traduzem em elevado valor (preço) no mercado.

Está em crescimento em todo o mundo uma classe de consumidores, com elevado poder de compra, que por razões de protecção contra os perigos para a saúde dos produtos

massificados, ou de prestígio, está disposta a pagar preços elevados por produtos com as características atrás indicadas:

• Em primeiro lugar, há que conhecer bem os consumidores, no caso presente os da

carne e do leite e seus derivados, nos mercados alvo. A segmentação dos consumidores permitirá descobrir nichos de necessidades não satisfeitas ou insuficientemente correspondidas.

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• Em segundo lugar, os investigadores/cientistas serão contactados no sentido de

procurar nos produtos existentes, que no caso dos Açores eles já conhecem bem, as características distintivas que podem ser gerados por métodos que garantam a qualidade e originalidade dos produtos.

• Em terceiro lugar, os produtores devem estar permanentes informados das

oportunidades que vão surgindo de forma a incentivar a inovação nos métodos de criação/produção.

• Por último, estes produtos são trabalhados por gestores de marca associando as suas

características aos Açores e porque não á ilha Terceira.

Estes quatro grupos de especialistas (Estudos de Mercado, investigadores/cientistas, produtores e gestores de marca) não podem trabalhar individualmente mas inseridos em redes nacionais e internacionais (institutos de I&D, associações e organizações de produtores e outras instituições nacionais e internacionais).

Investigações que estão a ser realizadas a milhares de quilómetros de distância (por exemplo na Nova Zelândia) podem encontrar nos Açores condições naturais óptimas para o

desenvolvimento de produtos.

O desenvolvimento de um novo produto de forma isolada numa única instituição pode levar vários anos. Num exemplo, que se apresenta em baixo, a carne com Omega-3 foram

necessários 10 anos de investigação para preparar as condições para a comercialização do produto.

Os investigadores/cientistas que trabalham nos Açores podem não ter todos os meios necessários para efectuar um trabalho daquele tipo mas nada os deve impedir de participar com o seu conhecimento num processo que esteja a decorrer por exemplo na Nova Zelândia, dando como contrapartida a utilização das condições naturais que possuem nos Açores para trazer para a Região investimentos em projectos de I&D e em projectos de produção.

Pontos Fortes Pontos Fracos

• Dinamização recente da inovação de produtos (especialmente derivados do leite, fileira da carne e serviços turísticos)

• Fraco nível de comunicação entre geradores de inovação (conhecimento), produtores e comercializadores, espacialmente no sector primário onde existem capacidade e valências

desenvolvidas em todos os 3 âmbitos • Fraca gestão dos canais de

comercialização externos, apesar de esforços governamentais na

implementação de estruturas promotoras da exportação, que ainda não produziram os efeitos desejados

Oportunidades Ameaças

• Projectos de I&D em meios de produção (agrícola, pecuária e outros)

• Articulação tripartida entre produtores,

• Dificuldade de comunicação entre intervenientes com culturas e linguagens distintas (meio académico, sectores

149 investigadores e

comercializadores/gestores de canais de mercado

• Criação de espaços institucionais de comunicação entre os intervenientes na cadeia de valor (investigação, produção, comercialização) com especial foco no relacionamento inter-fileiras / clusters (leita, pesca, carne e outras)

produtivos, administração publica, instituições financeiras)

• Falta de iniciativa e liderança entre os participantes que mobilize os

“stakeholders” para a acção