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2.4 CONTRATO DE TRABALHO DO ADOLESCENTE APRENDIZ

2.4.2 Definição do Contrato de trabalho do Menor Aprendiz

2.4.2.10. Extinção do Contrato de Aprendiz

Seguindo a regra geral dos contratos de trabalho, o contrato de aprendizagem possui hipóteses de cessação de sua vigência elencadas na CLT e nas legislações pertinentes à matéria conferindo, assim, a temporalidade do contrato, em razões de suas características especiais. Neste sentido, no artigo 433 da CLT, alterado pela Lei nº 11.180/2005, podemos observar que o contrato de aprendizagem extinguir-se-á no seu termo, ou quando o aprendiz completar 24 (vinte e quatro) anos, ressalvada a hipótese prevista no § 5o do artigo 428 desta Consolidação, ou ainda de forma antecipada quando incidir em hipóteses específicas (BRASIL, 2005).

Alargando as causas que findam o contrato de aprendizagem o artigo 433, da CLT, nos seus incisos apresenta as hipóteses seguintes: o desempenho insuficiente ou inadaptação do aprendiz à tarefa; falta disciplinar grave; ausência injustificada à escola que implique em perda do ano escolar; e a pedido do aprendiz, observando um leque maior de opções, para o encerramento desta atividade de trabalho.

Dentre estes pontos, dois merecem atenção especial. O primeiro, o desempenho insuficiente ou a não adaptação à tarefa que executa durante a aprendizagem, que não podem ser caracterizadas por práticas como o atendimento de metas nas organizações, uma vez que este tipo de trabalho é excepcionalmente focado na oportunidade de fazer aprender um ofício, e não exigir resultados oriundos de estratégias empresariais para aumento de vendas, ou lucros.

O segundo ponto é a ausência injustificada à escola não havendo regularidade da freqüência escolar. A preocupação com a continuidade dos estudos é um aspecto

fundamental na questão do trabalho do menor e a conciliação entre escola e trabalho ainda é uma tarefa árdua para muitos trabalhadores, que as vezes se entregam a triplas jornadas, na busca de manutenção de seus postos de trabalho em concomitância com a busca por uma melhor qualificação através do avanço nos estudos regulares. Neste dualismo, a educação sempre fica em segundo plano. Esta hipótese não serve para aprendizagem, em seu sentido mais social, pois desvirtua a proposta inicial do tipo especial de trabalho (AMAZARRAY et al, 2009).

Insta anotar, afinal, que apesar de não corresponder a uma ação direta do aprendiz, são competentes também para promover a extinção do contrato de aprendizagem, os pais ou responsáveis legais do adolescente aprendiz em questão, conforme artigo 408, CLT, posto que até os 18 anos estes são responsáveis pela proteção dos interesses do menor.

3 DA NECESSIDADE DE PROTEÇÃO A CRIANÇA E AO ADOLESCENTE E UM BREVE RESGATE HISTÓRICO DE SUAS CONDIÇÕES DE TRABALHO

A inserção das crianças e adolescentes2 no ambiente de trabalho não é recente, datando de muito antes do modelo de produção capitalista existente à época da Revolução Industrial, quando, indubitavelmente, constatou-se um período de grande exploração da mão- de- obra infanto-juvenil nas fábricas. De forma que, com exceção de sociedades mais democráticas e ricas, o trabalho infanto-juvenil ainda constitui um sério problema social na maioria dos países, sobretudo na geopolítica dos países subdesenvolvidos.

Assim, a necessidade de proteção declarada ao trabalho infanto- juvenil foi crescente em todo o mundo, sobretudo, na esteira da luta pela universalização dos direitos humanos levantada pela Revolução Francesa. Entretanto, encontrou barreiras ao longo do seu percurso histórico em razão da mercantilização da força de trabalho e, mais ainda, nas regiões subdesenvolvidas, onde as instituições democráticas foram mais difíceis de se consolidar e onde os sistemas econômicos e sociais contribuem para reiterar o quadro de exploração. Contudo, também, não se pode esquecer que os países, hoje dito desenvolvidos, inicialmente exploraram a mão- de- obra infanto- juvenil de forma violenta. A época da Revolução Industrial é emblemática, quando a criança e o adolescente eram submetidos ao trabalho desumano em fábricas, formando uma parcela da superpopulação relativa do trabalho disponível para o capital e conveniente para o funcionamento da lógica do mercado (MARX, 1990; MOURA, 1982; TUTTLE,1999; KASSOUF, 2007; OLIVEIRA, 2009; SANTOS, 2009).

O trabalho realizado por crianças e adolescentes passou a ser alvo de atenção à medida que órgãos de proteção aos direitos humanos passaram a levantar a bandeira de combate à exploração do trabalho infantil, no mundo, e interferir nas relações sociais, observando, em especial, a situação do menor trabalhador, que em razão da situação de descaso, em épocas de maior arbitrariedade nas relações de trabalho, como no início da Revolução Industrial, exercia trabalhos em situações perigosas e insalubres para sua

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Como a legislação brasileira faz uma classificação para determinar como crianças aqueles com menos de 12 anos e como os adolescentes aqueles que possuem idade entre os 12 anos completos e até os 18 anos incompletos, utilizaremos, neste trabalho, a terminologia “trabalhadores juvenis”, ou jovens aprendizes, para designar aqueles na faixa etária especial que têm a possibilidade de exercer uma atividade de trabalho formal, como o caso da aprendizagem, compondo um perfil de adolescentes com 14 anos completos até 18 anos incompletos.

condição de ente em formação, situações que se repetem hodiernamente em muitas empresas de países subdesenvolvidos (TUTTLE, 1999). Neste contexto, afirma-se que:

O aproveitamento do trabalho adolescente vem acompanhando o desenvolvimento da história do trabalho através dos tempos. Essa exploração persistiu entre diversos povos pelo mundo, causando repulsa à sociedade, o que impulsionou a criação de leis de proteção ao menor, em uma tentativa de acabar com o proveito do seu trabalho de forma exploratória e precária. (SANTOS et al; 2009, p.825)

Neste sentido, localizar o jovem adolescente na história de construção da regulação de proteção à sua atividade laboral é fundamental no estudo em tela e, para tanto, faz- se necessário um resgate sobre a evolução da proteção do trabalho realizado por crianças e adolescentes. A proposta aqui é apresentar momentos de importância histórica na criação da regulamentação de proteção ao trabalho destes entes em diversos países, destacando a atuação de órgãos fundamentais na construção de valores e de uma normatividade universal como a Organização Internacional do Trabalho- OIT e outros que cuidam da proteção do trabalho em idade especial. Na mesma linha discorremos sobre o trabalho de crianças e adolescentes no Brasil atentando para as razões de sua legitimação e pontuando sobre as questões mais recentes do trabalho precoce, a partir de dados do IBGE e da PNAD.

3.1. ESCORÇO HISTÓRICO DA PROTEÇÃO INTERNACIONAL AO TRABALHO