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A Normativa Brasileira sobre o Trabalho Infanto juvenil: Constituição Federal-

2.4 CONTRATO DE TRABALHO DO ADOLESCENTE APRENDIZ

2.4.1 A Normativa Brasileira sobre o Trabalho Infanto juvenil: Constituição Federal-

Conforme perspectiva legalista, as regras inseridas na Constituição Federal- CF são de preponderância sobre todas as outras, determinando de forma superior o que deverá ser respeitado por outros diplomas legais, pontuando que suas normas não podem ser esquecidas perante a construção de direitos especiais, como, por exemplo, aqueles que tratam da matéria trabalhista.

No tocante à proteção do trabalho, e especificamente do trabalho infanto- juvenil, tem- se a garantia constitucional instituída através da CF de 1988 que, editada durante o regime democrático de direito, tem como fundamento maior o princípio da dignidade da pessoa humana, sendo com base neste princípio insculpidas todas as normas que estão contidas nesta Carta Magna, dentre eles, os que tratam da regulamentação do trabalho, no capítulo referente aos direitos sociais do cidadão brasileiro, onde encontramos as normas diretivas do trabalho do infanto- juvenil.

Devemos observar que logo no artigo 1º, inciso IV, da CF, encontramos, dentre os fundamentos que norteiam a formação da República brasileira, aqueles que se referem ao valor social do trabalho, bem como, no artigo 170, que trata da ordem econômica e social, o princípio da valorização do trabalho humano, que afirma possuir o trabalho um fundamento social, um valor moralmente significante e não apenas um valor monetário, objeto de comércio ou mercantilizável, por indivíduos ou organizações que buscam lucro.

É neste caminho que o legislador constitucional, ao visualizar este princípio aplicou reflexamente os mesmos valores para a proteção ao trabalho do menor, no capítulo que trata dos direitos sociais, bem como no capítulo referente à proteção da família, crianças e adolescentes e do idoso, retoma- se o ideal de proteção, cumulando no artigo 7º, inciso XXXIII, com o artigo 227, § 3º, incisos de I a III, onde podemos observar o seguinte conteúdo:

Art.227, §3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos: I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;

II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; III - garantia de acesso do trabalhador adolescente à escola;

Assegurado de forma constitucional, o trabalho para os adolescentes não deve ocorrer entre aqueles com menos de 14 anos, por ser esta uma faixa limítrofe, entre a possibilidade e a impossibilidade completa. De outro modo, para qualquer forma de atividade laboral, devem ser assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários, atendendo o direito a educação destes menores de forma obrigatória. Outras disposições são efetuadas no artigo 7º, inciso XXXIII da CF, que regula de forma objetiva a matéria, norteando a possibilidade de trabalho de menores, em condições especiais, no caso dos adolescentes, proibindo o trabalho insalubre, perigoso e penoso.

A Consolidação das leis do Trabalho- CLT é o diploma legal onde se estabelecem as normativas que vão gerir todas as relações de trabalho e emprego no Brasil, guardando em seu bojo normas de caráter individual e coletivo sobre a gerência jurídica das relações laborais. Durante grande parte da história do trabalho no Brasil os direitos inexistiram e condenavam a classe trabalhadora a uma situação de desamparo completo diante da relação capital versus trabalho. Somente em 1º de maio de 1943, entrou em vigência a CLT que consistia em uma Compilação de leis protetivas e regulatórias da relação de trabalho, traçando direitos mínimos a serem respeitados pelas partes que compunham a referida relação laboral. Cumpre anotar que da data inicial de sua construção até os dias atuais, a CLT já sofreu uma serie de modificações, tentando ajustar-se à realidade das relações de trabalho (GOMES, 2007; BARROS, 2008; MARTINS, 2008).

Atuando na regulamentação das relações de trabalho existentes à época de sua constituição original, não se afastou do trabalho infanto- juvenil. Assim, a CLT trata,

também, do trabalho pertinente aos menores, em especial da regulamentação e do combate às práticas ilícitas, regidas na legislação especial (Lei nº 11.180/ 2005; Decreto Lei nº5.598/2005; Lei nº 10.097/2000; etc.) que trata da matéria de proteção ao trabalho de jovens adolescentes.

É neste diploma legal, a CLT, que está o maior número de normas sobre o trabalho executado por crianças e adolescentes, tratando de temas referentes a idade de admissão, jornada, remuneração, vedações, excepcionalidades e tipos especiais de contrato, como o caso da possibilidade do contrato de aprendizagem para aqueles em idade inferior a 18 anos adentrar em mercado de trabalho. Cabe acrescentar que o trabalho realizado por crianças e adolescentes é tratado na CLT como trabalho de menores. Neste sentido a CLT traz nos artigos 424 e seguintes, o tratamento conferido por este diploma legal aos menores em situação de trabalho, especificamente na condição de aprendizes em empresas em todo o Brasil. Regula, portanto, as matérias de ordem salarial, pedagógicas e de saúde no ambiente de trabalho, para as atividades que envolvem o trabalho e os contratos de aprendizagem.

Um avanço importantíssimo dos direitos das crianças e dos adolescentes foi a publicação do Estatuto da Criança e do Adolescente- ECA, um diploma especial que visa o tratamento das questões envolvendo os direitos destes entes em situação de desenvolvimento, em todas as searas, inclusive a trabalhista. O ECA foi editado em 1990, após um período de adaptação as novas influências legais oriundas da CF de 1988, tornando-se um verdadeiro instrumento de proteção aos direitos daqueles que se encontram em idade inferior aos 18 anos. Atualmente, o ECA constitui a bandeira de proteção para qualquer violação dos direitos daqueles que figuram como criança e adolescentes, sendo mais um dispositivo onde o Estado ratifica normas protetivas inscritas na CF e na CLT.

A instituição do trabalho aprendiz consta no ECA sob norma inscrita no artigo 69, incisos I e II, onde encontramos argumentos expostos para a profissionalização do menor, no caso o adolescente. Por este diploma, sempre que há observância de trabalho do menor, este deve atender ao princípio do respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. Assim, a possibilidade de ingresso no mercado de trabalho em idade tão precoce deve ter por finalidade um aspecto pedagógico na sua execução, a formação profissional do adolescente.

Cabe anotar que qualquer espécie de trabalho é vedada ao menor de 14 anos, constituindo tal fato uma violação aos dispositivos legais vigente no país quanto a

matéria penal e trabalhista. Neste sentido, o ECA, adota explicitamente a possibilidade de realização unicamente do trabalho aprendiz por jovens adolescentes, no intervalo de 14 aos 18 anos, quando trata do menor trabalhador.