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Fábrica Amazônia Paysandu, 1,2 e 4 109 Sim Dem.

Fonte: CUNHA, 1911, s.p.

Tabela 24: Caracterização dos estabelecimentos de Processamento, Preservação e Produção de Conservas de Frutas, Legumes e Outros Vegetais (CNAE - 15.2), Pelotas, 1911.

Os Trabalhadores, o Capital, o Faturamento e a Produção das Fábricas

Fábricas Trabalhadores Capital Faturamento Produção

Mestre Oper.

1 Fábrica de Caramelos e Compotas Marca “Águia” 2 12 10.000$ 20.000$ - 2 Fábrica de Conservas 1 15 5.000$ 7.500$ 12.000 3 Fábrica Schramm 1 17 8.000$ 14.700$* 18.000 4 Fábrica Aliança 2 130 300.000$ 800.000$ - 5 Fábrica Amazônia - - - - - Fonte: CUNHA, 1911, s.p.

Tabela 25: Identificação da importância dos estabelecimentos de Produção de Conservas (CNAE - 15.2), na área de estudo.

Estabelecimentos de Produção de Conservas na Área de Estudo Localização Trabalhadores Capital Faturamento

Número % Valor % Valor %

Área de estudo 132 73% 300.000$ 93% 800.000$ 95%

Demais áreas 48 27% 23.000$ 7% 42.200$* 5%

Em 1911, a Fábrica Amazônia tinha sido comprada pela Leal Santos e estava em processo de instalação e adaptação das máquinas, equipamentos e de reformas dos prédios. A partir de 1912 a Leal Santos, com sede localizada na cidade de Rio Grande, se consolidaria como um grande estabelecimento de produção de conservas.

Fábrica Aliança

Segundo Cunha (1911), quando a empresa do Asseio Público foi encampada pela prefeitura, em 1903, o empresário, farmacêutico e químico Antonio Leivas Leite aproveitou as edificações para instalação de seu novo empreendimento: a Fábrica Aliança.

Provavelmente, as primeiras instalações da Fábrica Aliança sejam as apresentadas na Figura 107, em que podemos verificar espaço compartimentado, possivelmente de utilização como estábulos para os animais que puxavam as carroças com os cabungos do serviço de Asseio Público.

O sócio gerente da empresa encampada, encontrando-se livre da responsabilidade e das preocupações assoberbantes de quem esta a mercê do público, e por contrato, amarrado ao poder municipal, aliviado desses compromissos, viu-se desocupado e por isso apto a encarreirar as suas aptidões para outras operações, mais consertaneas com seu preparo acadêmico. (CUNHA, 1911, s.p.)

Deste modo, a empresa começou como uma firma individual, de pequenas proporções, que produzia elixires e tônicos, indicados para enfermidades do fígado e do estômago. O empreendimento entrou em crise um ano depois de inaugurado, forçando o empresário a buscar novas alternativas. A crise deu origem à sociedade Leite, Nunes & Irmão, formada entre o empresário e os irmãos Adolpho Cyriaco Nunes de Souza e Emilio Nunes. (CUNHA, 1911)

A injeção de capital proporcionada pela sociedade fez crescer o empreendimento inicial. E ocupou prédios e terrenos adjacentes:

Depois de 1º de setembro de 1906, data de seu contrato, realizou consideráveis obras nos edifícios e no terreno, para aumento de suas acomodações, adquiriu maior número de máquinas e aparelhos, pô-la em pé de grande desenvolvimento, acrescentando-lhe em muito a capacidade produtiva. (CUNHA, 1911, s.p.)

Figura 107: Publicidade da "Fábrica Alliança". Pelotas. RS. Fonte: CARVALHO, 2011.

Em um primeiro momento, a nova associação investiu na diversificação dos produtos, com a inclusão da produção de conservas alimentícias. Após a remodelação e a ampliação, a fábrica Aliança passou a comercializar, além de elixires e tônicos, latas de legumes, peixes, carnes e feijoada. Em 1911, possuía fábricas de vinhos, sabão, sabonetes e perfumarias, além de produtos farmacêuticos. (Fig. 108) A diversificação do empreendimento, bem como os investimentos dos sócios, ficaram evidentes na descrição das instalações da Fábrica Aliança fornecida por Alberto Coelho da Cunha:

Trabalha com um motor de força de 24 cavalos, uma caldeira com força de 70 cavalos e 80 máquinas diversas.[...]A funilaria possui maquinaria esplendida, parte inglesa e parte alemã, toda movida a vapor pronta para produzir 10 a 12.000 latas por dia, de diversos tamanhos e feitios. São em 22 as máquinas em serviço, algumas movidas a pé e a mão: três para cortar folha, uma para enrolar, uma cravadeira instantânea de costurar latas, três frizadeiras, sedo duas para borda e frisos das latas cilíndricas e uma das latas retangulares; quatro cravadeiras que firmam o fundo das latas redondas duas das retangulares dessas quatro, só uma é movida a mão [...] [...] Há instalação elétrica que fornece força e luz para carpintaria e serraria onde se fazem caixões e caixotes para acomodar os produtos a exportar. Dentre suas máquinas se destacam duas serras, uma de aplainar, outra de aparelhar. [...]Na ferraria (secção) sobressaem entre milhares de ferramentas variadas, varias forjas e um torno automático. (CUNHA, 1911, s.p.)

Atualmente, não há reminiscências da antiga construção. Contudo, dada a importância econômica e as dimensões de sua instalação, foi possível determinar sua localização, por ser mencionada nos relatos. Dentre eles, a descrição de Alberto

Coelho da Cunha, segundo a qual a construção "Ocupa pela rua Marechal Deodoro os prédios números 1 e 2 [...]".

As anotações de Lopes Neto (1911), que, ao analisar o bairro Estaleiro, utiliza a localização do Grupo Aliança como ponto de referência para situar um estaleiro: "no extremo sul da rua Mal. Deodoro, no lugar onde se acha a fábrica de conservas alimentícias 'Aliança', próximo a antiga Caieira Carpena".

Figura 108: Publicidade do estabelecimento Leite, Nunes & Irmão, "Fábrica Aliança". Fonte: LOPES NETO, 1911.

Em 1911, em tempo de safra trabalhavam mais de 200 operários, entre homens e mulheres. Produziam marmeladas variadas, cuja produção, em 1913, ano “miserável de fruta”, foi de 400.000 latas – pêssegos, figos, bananadas, fruta caldas, compotas, geleias, conservas de carnes, peixes e legumes. (CUNHA, 1911) (Fig. 109)

Figura 109: (II) Seção de preparo de doces; (III) Seção de funilaria; (IV) Seção de conservas de

carne; (V) Seção de perfumaria e sabonetes; (VI) Depósito de produtos enlatados da "Fábrica Aliança". Pelotas. RS. Fonte: COSTA, 1922.

números 1, 2 e 4. A Fábrica Amazônia, fundada pelo Dr. Balbino Mascarenhas, funcionou nos dois primeiros anos, sob a razão social da firma Mascarenhas & Irmãos.

Montada para explorar conservas através de um sistema especial desenvolvido por seu inventor, a fábrica deveria conservar carne e produzir laticínios, inclusive leite, conservado fresco, por processo não conhecido. Porém, a empresa encontrou dificuldades e, aparentemente, o novo sistema de conserva não apresentou o resultado esperado. Ficou limitada à produção de compotas de frutas e marmeladas, do tipo vulgarmente usado. Em agosto de 1911 a fábrica foi vendida, com terreno, edificações e mecanismos, para a Leal Santos & Companhia. – proprietários de fábricas de biscoitos e de conservas, estabelecidos também na cidade de Rio Grande.

A Leal Santos era um estabelecimento com matriz em Portugal, que instalou filial na cidade de Rio Grande em 1889. Segundo Bueno (2009), o proprietário Francisco Leal Pancada, na época da instalação das fábricas na região, justificou que "o local não poderia ser mais apropriado, pois possuía frutas, legumes e peixes em abundancia".

Em 1906, a Leal Santos do Brasil se desvinculou da matriz. Em 1911, adquiriu a Fábrica Amazônia em Pelotas, cidade onde já tinha estabelecido uma fazenda para produção de frutas e legumes para as conservas que industrializava. (BUENO, 2009).

Segundo Monte Domec' (1916) a fábrica de Rio Grande era responsável pela fabricação de biscoitos; a filial de Pelotas processava as frutas, legumes e produzia os enlatados de carnes e peixes. (Fig. 110 e 111).

O estabelecimento fabril estava localizado junto ao Arroio Santa Bárbara. Conforme Figura 135, que a registrou sobre a ponte do Ramal Ferroviário, com, ao lado direito, as edificações da Fábrica Aliança e à esquerda, a fábrica Leal Santos. Notável na mesma fotografia é a significativa quantidade de barcos e o tamanho considerável dos mesmos junto às duas fábricas de conservas. (Fig. 112)

Com a construção da ponte da via férrea, os barcos veleiros de maior porte penetravam via arroio até este ponto, para cruzar as pontes somente com embarcações "chatas".

Esta fábrica, assim como a Aliança, em razão de sua elevada produção, tinha por objetivo produzir conservas para abastecer o mercado nacional, sendo importante estar em local com disponibilidade de mão de obra, facilidade para adquirir a matéria-prima e para enviar a produção para os diferentes destinos do litoral brasileiro.

Figura 110: "Rotulo da fábrica de biscoitos e

conservas" e "Anúncio industrial. Fábrica de Biscoitos e Conservas Leal Santos & Companhia".

Fonte: PESAVENTO, 1985.

Figura 111: "Sabor e requinte" anúncios da

Fábrica de Biscoitos e Conservas Leal Santos.

Fonte: BUENO, 2009.

Em 1916, juntando as unidades de Rio Grande, a fábrica e a fazenda em Pelotas e a fábrica de chocolates e o escritório comercial no Rio de Janeiro, estava constituída de um capital de 2.000 contos de réis e possuía 600 operários. (MONTE DOMEC', 1916) A fábrica em Pelotas ocupava 150 operários para a produção de conservas de carnes e de frutas. (CARRICONDE, 1922)

Figura 112: "Ponte do Ramal, Fábrica Leal Santos". Pelotas. RS. Fonte: MAGALHÃES N, 1989c.

processos de moagem, em farinha de trigo. Também tinha como subprodutos diversos farelos utilizados como ração animal. (Tab. 26 e 27)

Tabela 26: Identificação dos estabelecimentos de Moagem, Fabricação de Produtos Amiláceos - Moagem de Trigo e Fabricação de Derivados (CNAE - 15.5), Pelotas, 1911.

Identificação das Fábricas na Área de Estudo e das Edificações

Fábricas Endereço Anexo Área de

estudo

Ident. Prédio 1 Moinho Pelotense Marechal Deodoro, 301 52 Sim Dem.

Fonte: CUNHA, 1911, s.p.

Tabela 27: Caracterização dos estabelecimentos de Moagem, Fabricação de Produtos Amiláceos - Moagem de Trigo e Fabricação de Derivados (CNAE - 15.5), Pelotas, 1911.

Os Trabalhadores, o Capital, o Faturamento e a Produção das Fábricas

Fábricas Trabalhadores Capital Faturamento Produção

Mestre Oper.