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A prática de actividade desportiva, oferece um grande leque de possibilidades para que o praticante se sinta realizado, quer seja, através da socialização, ou seja, pelo bem-estar e auto-realização que esta possibilita.

Nesse contexto, torna-se relevante primeiro procurar saber quais os motivos que levam à prática ou não prática de actividades desportivas, para posteriormente tentar compreender aquilo que o pode ter determinado (Nunes, 1995).

A pesquisa sobre a motivação, que leva o indivíduo a procurar realizar actividades físicas é sem dúvida, uma das áreas de estudo mais importantes da Psicologia Desportiva, fornecendo informações potencialmente úteis para o técnico e o atleta (Cratty, 1983).

A maioria das investigações em psicologia geral e psicologia do desporto, têm como foco o estudo da motivação. Esta tornou-se uma influência dominante no desenvolvimento da psicologia social e do desporto nos últimos anos, sendo o

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termo motivação, usado tão frequentemente em vários contextos que parece que todos sabem definir o que é motivação ( Duda, 1993).

Podem ser variadíssimos, os motivos que influenciam os praticantes de desporto, tal facto se justifica ao verificar que o mesmo atleta possa alterar a sua performance conforme a época ou o dia, uma vez que, pessoas, acontecimentos, experiências novas nas suas vidas podem influenciar os sentimentos relativos à equipa, ao técnico, aos colegas, aos dirigentes aos adeptos, que inevitavelmente influenciam o indivíduo e a sua consequente motivação para a realização da actividade desportiva.

Segundo, (Littman (1958, citado por Castuera, 2004), define que a motivação se refere ao processo ou condição que pode ser fisiológico ou psicológico, inato ou adquirido, interno ou externo ao organismo ao qual determina ou descreve o que ou respeito a que, se inicia a conduta, se mantém, se direcciona, se selecciona ou finaliza; este fenómeno também se refere ao estado pelo qual determinada conduta se adquire ou se deseja; também se refere ao facto de que um indivíduo aprenderá, recordará ou esquecerá certo material de acordo com a importância e o significado que o indivíduo dê à situação.

Por ser considerada por muitos autores, como tema chave de qualquer acção humana, a motivação tem sido muito estudada e discutida em diferentes ambientes. A sua importância em diversas áreas é inquestionável, no desporto e na actividade física, tem grande relevância, mesmo quando se questiona rendimento, quando se fala em aderência ou adesão a qualquer programa de actividade física (Moreno, Dezan, Duarte e Schwartz, 2006).

Valente (2004) ressalta que, a complexidade dos aspectos relacionados com a temática da motivação, se encontra relacionada com determinada escolha ou preferência que os indivíduos demonstram por determinada actividade. A contínua participação na actividade desportiva e a aderência com que o indivíduo coloca no desenvolvimento da mesma são sustentadas a partir da

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influência de factores situacionais, sociais, pessoais e da própria actividade em si.

Uma preocupação fundamental dos investigadores interessados em optimizar a motivação dos jovens no contexto da actividade física e no impacto de bem- estar físico na população, em geral, é a compreensão dos diversos processos motivacionais que determinam os níveis de desenvolvimento da educação física ou em qualquer outro contexto desportivo (Standage, Duda e Ntoumanis, 2003).

Bear, Connors e Paradiso (2006), declaram que a motivação pode ser pensada como a força que compele um acontecimento a acontecer. Os mesmos autores declaram ser útil considerar que a probabilidade e a direcção de um comportamento variam com o nível da motivação (“força”) que compele a executar esse comportamento. Além disso, enquanto a motivação pode ser requerida para que certo comportamento ocorra, ela não garante que o mesmo aconteça.

De acordo com Castuera (2004), a definição de Littman, expressa que os fenómenos motivacionais integram um conjunto de aspectos biológicos, emocionais, cognitivos e sociais, inter-relacionados entre si, e que são subjacentes ao resultado final que é a conduta observável. Todos esses aspectos têm influência na persistência, na intensidade e na frequência da conduta e a sua vez interactuam entre eles aumentando, mantendo ou diminuindo a conduta.

Tojeira (1992), refere que um estudo realizado sobre a juventude portuguesa em que Pais, J. M. (1989) adianta que um conjunto dos mais de 50% de jovens que não pratica regularmente nenhuma actividade desportiva, apenas30,2% destes o justificam por não gostarem, apontando sim vários motivos entre os quais como não tendo tempo 51,4%; por falta de instalações desportivas 32,9%; não tendo dinheiro 20,6%; não me traria qualquer vantagem 14%; não tenho com quem praticar 10,9%; etc. Entretanto, dos restantes jovens que praticam regularmente desporto os motivos porque o fazem são mais

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consensuais, salientam-se principalmente dois: contribui para ser saudável 69,9% e é bom para o desenvolvimento físico 58,0%.

Pode-se então concluir que quem pratica regularmente desporto tem plena consciência da influência positiva que exerce para o seu bem-estar e saúde.

Segundo Serpa (1990), os principais motivos que levam a realização de práticas desportivas coincidem globalmente em todos os indivíduos, podendo variar a ordem ou a ponderação de acordo com o sexo, a modalidade ou a experiência, mas de um modo geral, os jovens desportistas revelam motivos semelhantes no envolvimento da prática desportiva.

Segundo Domingues, Araújo e Gigante (2004), os possíveis factores que podem levar ao sedentarismo são a ausência de conhecimento sobre a forma como realizar exercício físico, bem como a sua finalidade, as limitações de alguns grupos populacionais e percepções distorcidas acerca dos benefícios.

Numa pesquisa realizada em Espanha por Moreno, Cervelló e Martínez (2007), estes tentaram comprovar os efeitos dos cinco motivos sobre o género, a idade, a forma da actividade, o tempo e os dias de prática contando com a participação de 561 adultos praticantes de actividades físicas não competitivas. Os resultados indicaram, que as pessoas de maior idade deram mais importância aos motivos relacionados com a saúde, enquanto os mais jovens deram prioridade aos motivos relacionados com a aparência. Em relação ao género, as mulheres deram menos importância aos motivos de competência do que os homens. As pessoas que praticavam por mais tempo, apresentaram motivos de diversão e saúde, e os que praticavam há menos dias apontaram motivos de saúde. Os sujeitos que praticavam em programas orientados mostraram motivos relacionados ao social, à saúde e à competência.

Outras pesquisas sobre motivação à prática de actividade física também foram conduzidas. Por exemplo, na pesquisa de Hellín, Moreno e Rodriguez (2004), esses autores contaram com a participação de 1107 praticantes de actividade física da região de Múrcia na Espanha, com idades entre 15 e 64 anos, e identificaram que os sujeitos mais jovens, tinham uma maior inclinação para as competições e uma maior preocupação com a imagem corporal e a estética,

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enquanto os sujeitos com idade mais avançada praticavam por motivos lúdicos, relaxantes e de relação. Em relação ao género, esses mesmos autores encontraram que as mulheres, apresentaram uma maior preocupação com a imagem corporal e a estética do que os homens.

Já numa pesquisa realizada com estudantes universitários americanos, por Kilpatrick, Hebert e Bartholomew (2005), esses autores identificaram que os homens apresentaram uma maior motivação acerca do desafio, competição, força, resistência e reconhecimento social, enquanto as mulheres apresentaram maior motivação na variável de controlo do peso, e ambos, homens e mulheres, reconheceram a importância da actividade física para um estado de saúde positivo. Esses mesmos autores também verificaram que existia uma maior motivação entre praticantes de exercício, para aspectos como força, resistência, aparência, controle do stress e controle do peso, enquanto os praticantes de desporto apresentaram maior motivação para aspectos como afiliação, desafio, competição e reconhecimento social.

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