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2.4 Factores que influenciam ou não a prática desportiva

O contexto social é para a criança, uma fundamental referência quanto à criação de motivações, valores e normas de conduta na prática das suas actividades motoras e lúdicas. A criança desde tenra idade é motivada para a prática do desporto através de diversos agentes de socialização, nomeadamente, a família em primeiro lugar, as instituições desportivas oficiais ou privadas, a escola, o grupo de amigos, a televisão (essencialmente programas desportivos), etc (Neto, 1994).

Para (Bandura (1977, cit. Por Duarte e Silva, 1991),uma pessoa pode ser socializada para a prática desportiva da mesma maneira como pode ser motivada para uma orientação política ou religiosa.

Num estudo realizado por Pires (1993), pode-se concluir que os três motivos principais que influenciam as pessoas a praticar desporto são, o desejo de

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exercício físico, para o divertimento, para ocupar os tempos livres e para proporcionar bem-estar. Por sua vez, os motivos que levam as pessoas a não praticar desporto são essencialmente, a falta de tempo livre, o desinteresse pela prática desportiva, a idade, a saúde e a ausência de instalações apropriadas.

Um dos factores na perspectiva de Pereira, Neto e Smith (1997) que condicionam ou não a escolha das actividades de lazer, está relacionado directamente com o contexto social em que a pessoa se encontra inserida e também com as condições de vida que permitem uma melhor ou pior gestão do tempo escolar e familiar, o que acaba inevitavelmente por influenciar em grande parte as opções de tempos livres das crianças e jovens.

Ford (1991) sugere que diferentes variáveis do enquadramento familiar, como a profissão, a educação, a área de residência e o grupo sócio demográfico, podem ser factores potenciais para influenciar a prática de actividades físicas de crianças e adolescentes no seu tempo livre.

Pelo contrário, outros indicadores, segundo Ross e Gilbert (1989) realçam a importância que a acção dos pais podem ter nas práticas de actividade desportiva, particularmente no que se refere às práticas de actividade formal em clubes desportivos e/ou organizações comunitárias. Por exemplo, o papel dos pais para incentivar e motivar as actividades desportivas dos filhos é fundamental, onde o seu próprio exemplo é uma das melhores garantias de sucesso para a motivação positiva (Shephard, 1982).

Sallis e Owen (1999), referem que a classe social, medida pelo trabalho, que por sua vez parece associado ao grau de instrução e ao rendimento, afecta a natureza do lazer do sujeito e das suas práticas (como a actividade física), sendo os custos um importante factor que pode explicar a maior participação das famílias de classe média do que das classes mais desfavorecidas num grande número de actividades. Este factor parece ser potencialmente decisivo na facilidade de escolha e acessibilidade à prática de actividade física.

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Para Yang et al (1996), a família enquanto local de socialização desportiva pode ser vista como um factor que reflecte as influências culturais, económicas específicas de cada sociedade.

Biddle (1995), sublinha a importância do modo como as pessoas percebem as normas sociais e quanto estão dispostas a mudar na sua vida, por causa da importância que as normas sociais têm para eles. A importância da pressão dos amigos é especialmente relevante na adolescência. Se um adolescente tem um grupo de amigos que pratica actividade física, terá mais tendência ele próprio a praticar e mais facilidade em encontrar tempos de prática na sua rotina quotidiana.

A adolescência e, em seguida, a entrada no ensino superior ou no mundo do trabalho são períodos cruciais na manutenção ou no abandono da actividade física como parte do estilo de vida. Matos (1994), refere que algumas «tarefas de vida», específicas de algumas idades (p.ex. deixar a escola, arranjar emprego, casar, ter filhos…), são factores de risco para a adopção de um estilo de vida menos saudável e activo, uma vez que produzem um desequilíbrio que muitas vezes se reorganiza com outras prioridades, por constrições reais ou percebidas, a nível da ocupação do tempo, da mudança de residência, de carácter económico, etc.).

Dishman (1993) sublinha que o melhor impulsionador da prática da actividade física nos adultos, são os hábitos de actividade física na adolescência. Na passagem da infância para a idade adulta muitos factores podem influenciar as mudanças na actividade física de cada um.

Biddle (1995) refere que o facto da actividade física fazer parte do estilo de vida (saudável e activo) do jovem é uma garantia da prática da actividade física no futuro.

A importância da criação de um hábito precoce de prática de actividades físicas no quotidiano que acaba por influenciar a manutenção desse estilo de vida na idade adulta, foi também referida por Sallis e Hovell (1990) que defendem que

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as maiores associações com a prática da actividade física vêm da percepção de uma eficácia pessoal, dos conhecimentos relacionados com os benefícios da actividade física, das atitudes pessoais face à prática da actividade física e da prática da actividade física no passado.

Como vimos, Dishman (1993) defende que o melhor influenciador da actividade física nos adultos, são os hábitos de actividade física na adolescência.

Sallis e Hovell (1990) também referem esta importância de um estabelecimento precoce de hábitos de actividade física, organizados no âmbito de um estilo de vida saudável e activo, partilhado e valorizado pelos vários membros da família, como factor associado à manutenção de um estilo de vida saudável na idade adulta.

Pode-se então concluir que, um dos factores que mais influencia a prática de actividade física na vida adulta é o facto de este ser incutido o mais precocemente possível no estilo de vida dos indivíduos.

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CAPÍTULO III – METODOLOGIA

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